segunda-feira, 24 de agosto de 2015
Agenda de shows em Porto Alegre
segunda-feira, 15 de abril de 2013
The Smiths Party - Bar Saloon - Rio de Janeiro (13/04/2013)
sexta-feira, 13 de agosto de 2021
CLYLIVE ESPECIAL 13 anos do ClyBlog - Hímen Elástico - Woodstock Bar - Alvorada /RS (13/08/1993)
Pedaço do cartaz do evento |
Sim, ser canhoto era um pré-requisito para fazer parte da banda e nem precisava tocar bem. Se fosse canhoto estava dentro! Marcelo o “Fedor” era o destro, talvez o que mais se manteve no cargo, e Thiago Newman, o canhoto, que acho que foi quem participou do show que, certamente foi a apresentação mais insana daquela noite e que, curiosamente, não começou no palco.
Saímos eu, meu irmão, Nego Lê, nosso batera Cézah, o Pereba, e mais um amigo e personagem importante dessa cruzada, Diogo, o Tantã, rumo à Intercap, em Porto Alegre, para a reunião que daria início a saga.
Logo após a janta, todos naquele alvoroço se preparando para alçar ao que talvez fosse o voo mais ousado do nosso projeto hermenêutico, lembro da minha tia Iara, mãe dos guris Clayton e Daniel, meus primos e vocais da banda, nos encher de advertências sobre o uso do casaquinho, o cuidado com as companhias e aquela coisa toda de mãe.
Então chegou a hora, a trupe toda pronta e partimos para rua. Provavelmente eu levava alguma bebida mocozada na mochila, pois não lembro de um dia que saí durante os anos noventa onde não houvesse um vinho (hehehehe), mas o fato de já ter um trago, não impediu um dos atos que seria o marco daquela cruzada. Então, surge a dúvida: quem pegou a Cachaça Polteirgeist?
Lembro de o Pereba ter tomando mas também lembro do Tantã ser o primeiro a pegar o artefato.
Estávamos nós andando, não sei se próximo ao ponto de partida, quando numa encruzilhada nos deparamos com um despacho digno de uma legião de entidades e um dos nossos heróis teve a bendita ideia de pegar a cachaça pra tomar.
Então chegou o momento tão esperado! Lembro de ter começado com a Marcha Fúnebre, num bass distorcidão, usando o moletom, que havia sido confeccionado num tamanho descomunal, com o capuz caindo na cara, fazendo referência à morte ou a um ritual qualquer (hehehehehehe!). Logo vinha “Carolina” ("Dá um beijo no cangote, Carolina!") e “Ex” que deram o ritmo do que seria uma metralhadora de músicas que tocamos naquela noite. Sim, foi um petardo atrás do outro e lembro que meu irmão não ficou no palco pois passou o show correndo no salão, alucinado, e geral impressionada com o que estavam assistindo. (hehehehehehehe!!!) Enfim, memorável! Logo após toda aquele frenesi, fomos para Osvaldo Aranha celebrar o grande momento. Acho que foi a primeira vez que vi Clayton e Daniel por lá!!!!!!
Até hoje não sei como acabou aquela noite mas guardo na memória, mesmo que vaga, um espetáculo inesquecível.
Tínhamos a melhor banda de rock do Rio Grande do Sul dos
anos 90. Digo isso sem soberba, até porque, se sobrava qualidade, faltou
persistência a nós para prosseguimos e provar todo esse talento. A Hímen
Elástico, nossa banda, era uma mistura muito bem azeitada de todas as
referências que nós, integrantes, tínhamos: punk rock, hip hop, quadrinhos, samba,
poesia concreta, música clássica, revistinha adulta, skate, hardcore, desenho animado. De tudo
um pouco e tudo misturado emaranhando as mentes de Clayton Reis, meu irmão e
principal vocalista/letrista; Leandro Reis Freitas, o Lê, primo backing assim
como eu e dono de sacadas e ideias sempre criativas; Cezar “Pereba” Castro, o
melhor batera dessas bandas sulistas depois de Pezão; e o baixo, vocais, and
other instruments by Lucio Agacê, irmão de Lê e também nosso primo, um
turbilhão de musicalidade e o verdadeiro músico entre nós – não à toa, o cara
que mais seguiu por esse caminho entre todos nós depois da “dissolução” da
Hímen, como carinhosa e debochadamente nos apelidávamos,.
Compúnhamos juntos e de forma contributiva, aliás, como
sempre fizemos desde a infância, crescendo juntos como guris e seres criativos.
Se a sintonia entre nós era sanguínea, geracional e afetiva, na guitarra a
Hímen ainda reservava um charme à parte: sempre tínhamos um guitarrista diferente.
Sabe a The The, a P.I.L., a This Mortal Coil, todos com guitarristas móveis?
Pois é: éramos iguais. Dependendo da ocasião, algum amigo, familiar, parceiro
ou até fã nosso era contemplado – desde que soubesse minimamente tocar o
instrumento, visto que nenhum de nós tinha essa capacidade.
Todas essas características faziam da Hímen uma banda sui
generis, que botava no chinelo em musicalidade Comunidade Nin-Jitsu, Cidadão
Quem, Papas da Língua, Tequila Baby... todas as bandas de sucesso do RS na
época. E nada dessa de banda “couve”: nossas músicas eram todas escritas por
nós mesmos. O que não era de nossa autoria, transformava-se assim, como as
versões de Ramones e Legião Urbana, que emendávamos com uma de nossas canções,
“Fórmula de Bhaskara’, ou as ousadas versões de “Ego Sum Abbas” de CarminaBurana ou da techno-punk Suicide para o formato baixo-guitarra-bateria.
Tínhamos inteligência musical e repertório suficiente para gravar um disco,
certamente. Mas o fato é que não tivemos muito tempo de “estrada”. Embora as
músicas ainda existam, foram poucos os que, ao contrário das bandas de sucesso
do rock gaúcho, bem mais persistentes, tiveram o “privilégio” de nos ouvir. A
não ser numa fatídica, gélida, perigosa e memorável noite de rock ‘n’ roll que
nós promovemos.
Não vou lembrar com detalhes, pois lá se vão 28 anos, mas
recordo que ensaiamos algumas horas na tarde daquele 13 de agosto de 1993 num
estúdio que alugamos no Bom Fim. Terminados os ensaios, ‘simbora lá pra nossa
casa, meio do caminho para nosso destino final, para comer alguma coisa feita
por minha mãe, dona Iara, que levou as mãos à cabeça ao saber para onde iríamos
depois dali: Alvorada. E à noite! E numa sexta-feira 13! E na cidade mais
perigosa do Estado! Isso porque, naquela semana, a imprensa havia noticiado,
assombrada, vários assassinatos cometidos em Alvorada em que os criminosos
haviam decapitado suas vítimas. Misto de irresponsabilidade e descomplicação
juvenil, obviamente, fomos. Seria a primeira apresentação ao vivo da Hímen
Elástico! Nossas músicas, nós no palco! Adrenalina, rock ‘n’ roll! Não íamos
perder de jeito nenhum a oportunidade de fazer aquele show, nem que, para isso,
cortassem nossas cabeças!
Rock a gente associa a algo quente, infernal, furioso,
certo? Neste caso, porém, substitua-se o calor dos infernos por um frio dos
infernos. Sim: afora todas as justificativas que inibiriam qualquer ser
minimamente ajuizado de não sair de casa, fomos nós, sob uma temperatura quase
negativa, pegar dois busões em direção a Alvorada para desespero de minha mãe.
Além de caminhar trechos com os instrumentos nas costas, sabe como é pegar
ônibus de noite num fim de semana, né? Chá de banco. E com aquele frio! Deu pra
ver que a galera não tinha grana, né? Táxi? Impossível, muito caro. Carro
próprio? Àquela época, nem carteira aqueles guris tinham. Mas se faltava grana,
assim como para com nossas músicas, sobrava criatividade – e um bocado de
ousadia, confesso. No caminho para a condução, Cezar, quieto e sempre atento,
encontrou uma garrafa de cachaça inteirinha e quase intocada. Que alento para
aquele frio! E tudo bem pegar a bebida numa ocasião como aquela, não fosse a
cachaça ser de um despacho. E acham que a gente se intimidou com o santo? Que
nada! A insolência falou mais alto. Afinal, estávamos indo para um show de
rock, caramba! O NOSSO show de rock.
Foi realmente uma apresentação digna a que fizemos no
Woodstock Bar. Com uma formação de guitarra, baixo, bateria, voz e backing
vocals, abrimos, como numa homenagem àquela sexta-feira 13 maldita, com “A
Marcha Fúnebre”, (sim: trata-se de "Sonata para piano Nº 2 em si bemol menor, Op. 35", de Chopin),
que havíamos ensaiado bastante durante o dia, embasbacando quem assistia.
Seguiram-se nossas músicas: “Ex”, “Grandes Lábios”, E Daí?”, “Clayton” e
outras. Nossas músicas.
Voltando a memória para antes do show, lembro de minutos
antes de entrar no palco – pela primeira vez. Senti aquele famoso frio na
barriga que todo músico ou ator diz ter antes de começar o espetáculo. Dei mais
uns goles na nossa cachaça enfeitiçada e, não sei por que cargas d’água,
arranquei o lenço que eu levava na cabeça e o amarrei numa das pernas, logo
acima do joelho. Depois, foi só transe. Dito assim, parece um ato infantil, sem
propósito ou até irrelevante. Mas aquilo era rock, bebês. Dadas as devidas
proporções (afinal, considerávamos os melhores do nosso território, mas não do
planeta), é a pulseira de spike dos metaleiros; é a camiseta rasgada de Sid
Vicious; é o figurino extravagante do Elton John; é o tênis All Star dos
Ramones; é o crucifixo do Ozzy. Não é a música, mas faz parte. Afinal, rock não
é só som: é atitude. É o momento em que se experencia algo transformador: deixa-se
de ser somente a si próprio para se tornar, pelo menos por minutos, sua própria
criação artística.
Com todo o cenário que se pintou, de perigos tanto do além
quanto da vida real, posso afirmar que subir num palco é como ter a sua cabeça
cortada e entregue numa bandeja para o público. Como no mito de Salomé, sedução
e morte se amigam. É quase um milagre. Ou dá pra explicar de outra forma a voz
do Clayton ter voltado perfeitamente na hora do show depois de emborcar a nossa
aguardente magiada? Deus, ou melhor, o Diabo, pai do rock, fez-se presente
naquele dia para ele tão especial para nos permitir que a nós também fosse. E
foi.
Não eram muitos na plateia, certamente. Mas que quem esteve
lá, viu uma verdadeira banda de rock, isso, viu. A melhor do Rio Grande do Sul
da década de 90, o que muitos nunca souberam. Mas a gente, “hermenêuticos”, sem
modéstia, sabemos que sim.
Numa noite tão envolta em elementos sombrios, uma sexta-feira caindo em13, início do show à meia-noite, marcha-fúnebre, voz indo e vindo e tudo mais, não é de se duvidar que um fato externo tenha influenciado todo o contexto daquela jornada. Ainda na nossa ida, assim que saímos da minha casa, no meu bairro, ao passarmos por uma encruzilhada, com um respeitável despacho, vasto, abastado, repleto de guloseimas, bebidas, pipocas, galinhas e tudo mais, um amigo da banda, o Tantã, sem nenhum temor, passou a mão numa garrafa de cachaça e tascou uma bela golada. O Pereba, não se fazendo de rogado, não hesitou e também caiu dentro da cachaça da macumba. Entre risos, zoeira e muita imaginação, fantasiando que as galinhas do despacho levantariam e nos perseguiriam reivindicando a oferenda roubada, seguimos dali para o local do show, no episódio que ficou conhecido entre nós como a "Cachaça Poltergeist".
sexta-feira, 26 de agosto de 2022
14 anos, 14 convidados
E o clyblog chega a seus 14 anos de idade.
Parabéns para nós!
E parabéns para nós, principalmente, por, durante todo esse período de existência, termos tido a honra de contar com colaborações valiosas de convidados das mais diversas áreas. Escritores, jornalistas, músicos, fotógrafos, artistas, deram suas contribuições a partir de suas experiências, preferências pessoais e respectivos repertórios culturais, abrilhantando momentos especiais do nosso blog em datas importantes, números redondos de publicações ou em nossos aniversários anteriores.
Para comemorar os 14 aninhos e essas colaborações maravilhosas, relembramos aqui, exatamente, 14 momentos, 14 participações especiais, 14 grandes convidados que nos proporcionaram publicações de altíssima qualidade e conteúdo valiosíssimo para o Clyblog.
Então aí vão 14 participações de convidados durante os 14 anos, até aqui, de ClyBlog:
Em 2013, o escritor, teólogo, filósofo, ensaísta, crítico de arte, poeta e cronista gaúcho, Armindo Trevisan, nos deu de presente de Natal uma belíssima crônica que sugeria uma merecida reverência silenciosa a um momento tão importante como é o caso do nascimento de Cristo, no nosso Cotidianas Especial de Natal.
"(...)Que maravilhoso seria se, na comemoração do Natal, as nações cristãs, concordassem em instituir um minuto de silêncio em homenagem a tão grande Mistério!
Seria preciso que não se ouvisse som algum em nosso mundo!
Seria preciso que a paz, silenciosa como as estrelas (ao contrário de nossos ícones que, para serem ovacionados, inflamam as multidões) entrasse nos corações na ponta dos pés, e aí fizesse adormecer as almas ao som da Noite Feliz, traduzida para o português por um frei franciscano de Petrópolis, o qual preferiu o adjetivo feliz ao adjetivo original alemão stille: Noite Silenciosa! (...)"
Leia o texto na íntegra:
quarta-feira, 14 de fevereiro de 2024
"Dia dos Namorados Macabro", de George Mihalka (1981) vs. "Dia dos Namorados Macabro", de Patrick Lussier (2009)
Levando em consideração todas as restrições sofridas pela produção em sua época, e diante de um cenário atual mais livre, com muito mais recursos tecnológicos e tantas produções que não aliviam na violência gráfica, era mais que justo que "My Bloody Valentine" ganhasse um remake com tudo o que tinha direito e que lhe fora negado lá atrás. O remake aconteceu e não decepcionou! Nos deu sangue, crueldade, grafismo, criatividade nas execuções.
Parece que teremos então no confronto original versus remake uma vitória fácil da nova versão...
Engano!
Como aquele time que está desfalcado, que parece que não terá seus melhores jogadores, mas, momentos antes do jogo, anuncia que terá todo mundo à disposição, o time de 1982, com sua versão uncut, com todas as mortes, sem filtro, sem tarjas, sem desfoque, liberada há pouco tempo atrás, foi pro jogo em igualdade de condições. E aí, ó... tem jogo.
No filme original, depois de uma acidente, quando trabalhadores foram esquecidos numa mina por irresponsabilidade de seus supervisores, mais interessados em ir ao baile do Dia dos Namorados do que em conferir se todos já haviam deixado o local, o único sobrevivente resgatado dos escombros, Harry Warden, fugido de um hospital, um a o depois na mesma data, comete uma série de assassinatos como vingança por o terem deixado para morrer na mina, e por, mesmo em fã e ao acontecido com ele e seus colegas, no ano anterior, ousarem voltar a realizar o baile. Harry é apanhado, preso, mas, aí, sim, com as as novas mortes, todo o trauma da primeira tragédia, a 'sombra' de Harry e tudo mais, o baile passa a não ser mais celebrado na cidadezinha. As coisas ficam assim por 20 anos quando, sentindo que as coisas foram superadas, o prefeito e os habitantes da pequena Hanniger decidem voltar a fazer a festa do dia dos namorados.
Só que às voltas com o surgimento de novos cadáveres e corações humanos em caixas de bombom, acompanhados de macabros bilhetinhos ameaçadores exigindo a não realização dos festejos, o que sugeriria que Harry poderia estar de volta, o prefeito cancela o baile. Sem, no entanto revelar os verdadeiros motivos da decisão, de modo a não causar pânico generalizado, a garotada não totalmente convencida das razões do cancelamento e com tudo pronto para a festa, decide seguir com o plano do baile assim mesmo, por conta própria. E onde seria bom, uma vez que o prefeito fechou o salão da cidade? Na mina, é claro! Ah! Era tudo que o assassino queria! Lá o matador faz a sua festa, enquanto, na área urbana da cidade, o xerife recebe novas pistas e esclarecimentos sobre o paradeiro de Harry em relação ao hospital psiquiátrico onde se encontrava.
Embora basicamente na mesma tônica, a nova versão tem algumas diferenças: depois de sermos brevemente informados, ainda nos créditos iniciais, com manchetes de jornais, sobre os acontecimentos e desdobramentos sobre uma tragédia ocorrida numa mina na cidade de Harmony, na qual vários operários morreram numa explosão provocada por negligência, o único sobrevivente, Harry Warden, desperta do coma com uma fúria incontrolável e, ainda no hospital, nos oferece um banho de sangue brutal, tomando rumo em seguida à mina para se vingar dos que causaram a tragédia., pois a rapaziada da cidade está toda por lá curtindo e tomando umas cervejas.
Na mina, Harry encontra a rapaziada da cidade que está por lá curtindo e tomando umas cervejas e então continua sua jornada de selvageria vingativa. Trucida vários jovens com sua picareta, mas é contido por um dos rapazes e é baleado pela polícia que chegara ao local, fugindo seriamente ferido.
10 anos depois, a cidade tenta voltar ao normal. O xerife da época do massacre se aposentou, Axel, um dos jovens sobreviventes de Harry, virou xerife, o antigo dono da mineradora faleceu, seu herdeiro, Tom, voltou à cidade para se desfazer do negócio, e Sarah, sua ex-namorada, outra que escapou do maníaco, casou exatamente com o novo xerife. Mas o retorno de Tom coincide exatamente com novos assassinatos e deste modo, o herdeiro ausente da cidade por tanto tempo, passa a ser um dos principais suspeitos dos crimes. No entanto, os novos crimes têm a assinatura de Harry: caixas de bombom com um coração humano em seu interior, o que volta a levantar a dúvida se o psicopata teria realmente morrido no tiroteio na mina, dez anos antes.
Se por um lado, o remake tem a vantagem de nos apresentar mais suspeitos em potencial, principalmente, Tom, o filho pródigo da cidade, Axel, o xerife enciumado da esposa, a hipótese da possível sobrevivência de Harry, ou ainda, mais remotamente, de seu retorno sobrenatural, desperdiça toda uma boa trama com um desfecho um tanto... desapontador, cheio de clichês dispensáveis. Mas, mesmo assim, com alguns defeitos, conseguiu o mais importante que era encarar o original de igual para igual. Mas será que foi suficiente para desbancar um clássico?
Saberemos...
"Dia dos Namorados Macabro" (1981) - trailer
"Dia dos Namorados Macabro" (2009) - trailer
Os dois times começam o jogo a mil por hora: se no original temos a cena inicial pré-créditos, dentro da mina, com uma garota sendo pendurada numa picareta cravada na parede, na refilmagem, com alguns minutos a mais, temos o cenário de açougue do hospital na fuga de Harry, com tripas, mutilações e um banho de sangue. 1x1 rapidinho, em menos de cinco minutos.
O original tem o componente do baile que, na minha opinião colabora para o roteiro como um elemento simbólico marcante da recuperação emocional da cidade, item que o segundo filme praticamente ignora. Gol do filme de 1981! Em compensação a trama da nova versão é levemente mais complexa, tem mais subdesdobramentos, apresenta mais alternativas, sugere mais suspeitos e isso lhe dá uma certa vantagem sobre seu antecessor. Gol do time de 2009! 2x2, no placar.
Embora ambos tenham cenas importantes na mina, o primeiro explora melhor o ambiente: o subterrâneo, a escuridão, corredores estreitos, a sensação labiríntica, claustrofóbica, carrinhos de carga em trilhos como um trem fantasma... E tem as ferramentas (picareta, martelo, pá), assassino com máscara (de minerador), muitos jovens, nudez... Tudo muito slasher oitentista. Ah, isso é gol do time dos '80's. 3x2!
A garota pendurada no chuveiro, no vestiário da mina. Uma das boas mortes do filme de 1981 |
O remake até é mais gráfico, tem uma parte técnica melhor, tem mais sangue jorrando, mas ambos os filmes têm mortes excelentes e o original, cujas cenas mais fortes só foram vistas na íntegra agora na versão integral, não fica devendo em nada ao novo no que diz respeito à maquiagem e efeitos visuais. O primeiro tem a morte da senhorinha organizadora do baile torrada na lavanderia, a do dono do bar com a picareta atravessada na cabeça arrancando um dos olhos, a do garoto com a cabeça mergulhada na panela fervente com salsichas, a do mineiro alvejado com a pistola de pregos na cabeça, e especialmente a da garota pendurada pela cabeça no chuveiro com água jorrando pela boca. Muita qualidade de execução, tranquilidade na cara do gol, frieza. 4x2 para MBV original.
Uma pá pra alargar o sorriso da menina. Provavelmente, a melhor morte do remake e uma das grandes dos filmes slasher |
A favor do time de 2009, além de refazer com competência, respeito e reverência (e mais sangue) algumas das mortes, como a da máquina de lavar e a da picareta no olho, nos brinda com a espetacular cena da pá na boca da garota, partindo a cabeça em duas e fazendo a parte superior deslizar pela superfície da ferramenta. Gol de quem conhece do ofício. Gol de matador! E o time de 2009 diminui: 4x3.
Um charme do filme de 1981, que até está presente na nova versão mas que não tem a mesma ênfase são os bilhetinhos do nosso assassino dentro das caixas de coração (com coração), característica típica da festa de São Valentin, explorado aqui como advertências do matador para que não se leve adiante a ideia do baile, em versinhos nada carinhosos. Gol do filme original e o nosso matador sai fazendo coraçãozinho com as mãos para torcida. 5x3
O time do século XXI tenta um recurso típico de sua época para empatar o jogo mas não surte o efeito esperado. Concebido para 3D nos cinemas, o novo MBV tem muita coisa "jogada" na tela como a picareta voando em direção ao espectador, a bala saindo do revólver, o olho saltando da cabeça, o que a meu ver ao invés de se caracterizar em algo positivo, conferiu uma certa artificialidade e uma forçação em algumas cenas que só são filmadas de determinada maneira, de determinada posição, para favorecer o efeito e, no fim das contas, não jogam muito a favor.
E o placar fica assim. O time de 2009 faz bonito, enfrenta o original de cabeça erguida mas com o time de1981 completo, é difícil competir. Lamento,... aqui é mata-mata e só um pode sobreviver na competição.
No alto, os dois assassinos da mina, praticamente iguais, à esquerda o original e à direita o da refilmagem. Abaixo, seu tradicional 'presentinho' de Dia dos Namorados. Vai um docinho aí? |