domingo, 9 de outubro de 2016
John Lennon and Yoko Ono - "Double Fantasy" (1980)
quinta-feira, 14 de dezembro de 2023
John Lennon - "Plastic Ono Band" (1970)
por Roberto Sulzbach
Em 11 de dezembro de 1970, John Lennon lançava sua primeira investida pós Beatles: o "Plastic Ono Band". Vinte e nove anos depois, em 11 de dezembro de 1999, este, que vos escreve, nascia, em um hospital da zona norte de Porto Alegre, Rio Grande do Sul. Comemorar meu aniversário junto dessa obra chega a ser um motivo de orgulho. Um marco na música pop e um último prego no caixão do movimento hippie, o qual tinha o próprio Lennon como símbolo. O disco contou com Klaus Voormann, amigo desde a época que viveu em Hamburgo com o restante do Fab Four; Phil Spector, produtor e pianista; Billy Preston, também no piano; Yoko Ono, creditada como “ar” (Lennon depois explicou que ela montou a "atmosfera’ das músicas"); Ringo Starr, na bateria (por óbvio) e Mal Evans, creditado como “chá e simpatia”.
Meu primeiro contato com a obra foi em uma das milhares de vezes que assisti Os Simpsons com o meu pai, em uma época que a série ainda era criticamente aclamada como uma grande paródia da sociedade americana do fim do século XX/início do XXI. O segundo capítulo da décima quinta temporada da série, traz o retorno de Mona, mãe ausente do personagem Homer (por ser uma hippie ativista contra grandes corporações em fuga desde o final dos anos 60) em um episódio comovente. Ao final, Homer é “abandonado” novamente por sua mãe e após ela o deixar, não haveria música melhor para sintetizar o momento que “Mother”.
Julia Stanley, mãe de John, cedeu a guarda do filho, quando ainda era pequeno para sua irmã, por conta de denúncias de negligência com o próprio filho. O pai de Lennon, Alfred, era um marinheiro, que raramente se encontrava em Liverpool e não viu o filho crescer. Julia morreu quando John tinha apenas 16 anos de idade, vítima de um atropelamento, justo em um momento em que o garoto se reaproximava da mãe. “Mother” é a sintetização da raiva, tristeza e desabafo, em forma de berros, que estavam guardados no artista. A letra inicia com “Mãe, você me teve, mas nunca tive você; eu queria você, mas você não me queria.” “Pai, você me deixou, mas nunca te deixei; Eu precisava de você, mas você não precisava de mim”. Em seguida, John esboça uma despedida, como se quisesse abandonar esse passado com “agora, eu só preciso lhes dizer; adeus”, para que então, Lennon se contrarie na estrofe seguinte dizendo “mamãe, não vá! Papai, volte para casa”. De forma alguma é necessário ter passado por situação semelhante para entender o que John sentia em relação a sua família.
“Hold On” segue o disco com um riff de guitarra tranquilo, em que John começa a se acalmar e reafirmar que vai dar tudo certo. A música é doce e oferece um certo refúgio à pedrada que o ouvinte escutou, como um choro triste, e provavelmente emula o que Lennon passou ao longo das gravações do álbum (que era interrompido constantemente por crises de choro e gritos por parte dele). “I Found Out” trata sobre falsas religiões, cultos e até mesmo, a idolatria que ele exercia sobre uma massa gigantesca de ouvintes “eles não me queriam, então me fizeram uma estrela”, cantou.
Em “Working Class Hero”, em estilo Dylanesco (em "Masters of War", principalmente), Lennon escreve uma de suas maiores músicas. Apenas portando o violão, O "Herói da Classe Trabalhadora" se rebela contra o sistema imposto, e questiona toda a máquina capitalista e a eterna luta incentivada à população por subir na escada corporativa e econômica. A música causou impacto tão grande, que um tal de Roger Waters passou a questionar a produção de suas letras psicodélicas e começou a expor maiores críticas à sociedade, que resultou, inicialmente, em "The Dark Side Of The Moon", do Pink Floyd.
“Isolation” finaliza o lado A, abordando a solidão que o autor enfrentava, tanto por ter se separado de seus amigos, e banda, quanto pelas críticas que ele e Yoko sofriam constantemente por parte da mídia. “Remember” nos traz uma realidade paralela, em que Guy Fawks (membro da “Conspiração da Pólvora”, que planejava bombardear, em 1605, a Câmara dos Lordes) conseguiu colocar em prática seu plano. Uma anedota de aquecer o coração é que a canção foi gravada no dia do aniversário de Lennon, e felizmente, foi registrado em vídeo, os amigos John e Ringo recebendo a visita do outro ex-companheiro de banda, George Harrison, que entregou de presente, uma demo de “It’s Johnny’s Birthday” (de "All Things Must Pass", de Harrison).
Talvez a canção mais ingênua e doce de Lennon seja “Love”. Simples e direta: “O amor é real, real é o amor”. Não há muito o que dizer de uma música que, em poucas palavras, e um piano "silencioso", consegue transcorrer uma imensidão de significados que não podem ser quantificados. “Well Well Well” descreve pequenos casos da vida à dois de John e Yoko, como caminhar em um parque, dividir uma refeição e falar sobre temas como ‘revolução’ e ‘libertação das mulheres’. “Look at Me” nos traz um Lennon direto do “White Album”, perguntando ao ouvinte “quem que devo ser?”.
“God” é filosófica, existencial, e acima de tudo, impactante. Uma canção que começa com “Deus é um conceito pelo qual medimos nossa dor”, não tem como não chamar a atenção. Com um piano espaçado e dramático, Lennon subverte todas as crenças que possuía, e não possuía, dizendo que não acredita na Bíblia, tarot, Jesus, Hitler, Kennedy, Budha, Yoga, Elvis, Zimmerman (Bob Dylan), e mais importante, não acredita nos Beatles. Após citar sua antiga banda, uma pausa dramática precede a frase “eu só acredito em mim. Em Yoko e em mim”. Ele segue com “o sonho acabou” e “Eu era a Morsa (referência a I Am The Walrus), agora sou o John”. Ou seja, estamos diante do verdadeiro John Lennon, e que é necessário deixar o passado Beatle para trás. O álbum finaliza com “My Mummy’s Dead”, uma balada curta e poderosa, que faz o contraponto com “Mother”, pois ao invés dos berros, Lennon canta calmamente que ainda não superou a morte de sua mãe, mesmo que ela tenha morrido há tanto tempo.
Acima de tudo, "Plastic Ono Band" nos apresenta quem era o ser humano John Lennon, mesmo que ele tenha representado ¼ de um dos maiores fenômenos da música mundial. Da minha parte, acho uma coincidência barbara a pequena conexão de nascer no mesmo dia em que o disco foi lançado, anos antes. Mesmo com a perda do meu parceiro de Simpsons há muitos anos (e de música, inclusive era fã do Lennon), fico feliz de ter, tanto Homer, quanto John, para me acompanhar na sequência da minha caminhada sem ele.
FAIXAS:
1. "Mother" - 5:34
2. "Hold On" - 1:52
3. "I Found Out" - 3:37
4. "Working Class Hero" - 3:48
5. "Isolation" - 2:51
6. "Remember" - 4:33
7. "Love" - 3:21
8. "Well Well Well" - 5:59
9. "Look at Me" - 2:53
10. "God" - 4:09
11. "My Mummy's Dead" - 0:49
segunda-feira, 21 de outubro de 2013
ClyBlog 5+ Artistas Visuais
Como não falar das artes plásticas, das artes visuais? Impossível. Afinal, um dos objetivos do blog desde seu início, era exatamente servir de canal para a apresentação e expressão, inicialmente de minhas manifestações artísticas como gravuras, pituras, quadrinhos, etc., mas com o tempo ganhando possibilidades mais amplas. A seção COTIDIANAS, por exemplo, passou a ganhar ilustrações (de artistas conhecidos ou não) que tivessem alguma ligação visual ou referencial com os textos; as mini-HQ's foram ficando mais trabalhadas, mais ricas, mais artísticas; a fotografia foi ganhando força e espaço mas admito que ainda merece um destaque maior no blog; e ainda exposições, mostras e espaços passaram a ser destacados com frequência e qualidade, tanto que criarmos uma página especialmente para isso, a VAL E VEJA, coordenada pela parceira Valéria Luna.
Como se vê, o que não falta no clyblog é arte e, sendo assim, nada mais justo do que convidarmos 5 pessoas para participarem de mais esse especial dos 5 anos: clyblog 5+ artistas visuais.
1. Valéria Luna
relações públicas
(Porto Alegre)
1. Joan Miró
2. Vincent van Gogh
3. Jackson Pollock
5. Leonardo Filho
pedagoga
(Porto Alegre/RS)
1 - Louise Bourgeois
2 - André Breton
3 - Henri-Cartier Bresson
4 - Leonardo Da Vinci
5 - Vincent Van Gogh
************************************************
professora
(Porto Alegre/RS)
![]() |
| Uma das impressionantes imagens produzidas pelo chinês Huan |
1 - Zhang Huan
2 - Barbara Kruger
3 - Rosangela Rennó
4 - Frida Kahlo
5 - Arthur Bispo do Rosário
5- Nathalia Garcia
5. Marion Velasco
musicista
(Porto Alegre/RS)
quinta-feira, 17 de novembro de 2011
Sean Lennon - "Into the Sun" (1998)
“Into the Sun” é, simplesmente, apaixonante. De sonoridade sofisticada, experimental e com um toque artesanal, o CD de estreia deste abençoado ser – resultado da cruza de John Lennon com Yoko Ono – emenda uma pérola atrás da outra, numa explosão de criatividade e técnica. O referido ar “caseiro” não é à toa: exceto algumas participações, Sean compõe, produz, canta e toca todos os instrumentos. A delicada faixa-título – uma bossa-nova de rara beleza com direito à batida de violão a la João Gilberto – é a única em que divide o microfone, acompanhado de Miho Hatori, vocalista da banda Cibo Matto. A outra integrante deste grupo, a então namorada Yuka Honda, co-produtora e “musa inspiradora” da obra, dá sua contribuição com samples, programações e no vocal de “Two Fine Lovers”, um jazz-lounge funkeado ao mesmo tempo romântico e dançante, e de “Spaceship”, outra das melhores.
Uma peculiaridade que impressiona na música de Sean é a sua capacidade de inventar melodias de voz absolutamente belas. É o caso de “Home”, single do CD que rodava direto na MTV com o ótimo clipe de Spike Jonze. Por trás das guitarradas estilo Sonic Youth e da bateria possante do refrão, a melodia de voz é doce, linda, daquelas de cantar de olhos fechados pra saborear cada frase. Outra assim é “Bathtub”, um mescla de MPB com Beatles em que, novamente, Sean destila sua destreza com a palavra cantada, principalmente na parte final, onde se cruzam três melodias de voz apresentadas durante a faixa.
Eu sei, eu sei! É óbvio que a dúvida surgiria: afinal, a música Sean se parece com a de John? Como TUDO em música pop depois dos The Beatles, sim; mas, surpreendentemente, menos do que seria normal pela consanguinidade. A voz, claro, lembra o timbre levemente infantil do beatle. Das músicas, “Wasted”, só ao piano e voz, e, principalmente, “Part One of the Cowboy Trilogy”, um country como os que John tinha incrível habilidade ao compor, remetem bastante. Mas fica por aí. No máximo, a parecença conceitual com álbuns do pai como “Plastic Ono Band” ou “Imagine” por conta da diversidade estilística – o que, convenhamos, não era uma característica só de sir. Lennon.
Outra marca de Sean é a composição no violão. Da ótima faixa de abertura, “Mystery Juice”, à balada “One Night”, passando pelas bossas – a já citada “Into the Sun” e “Breeze”, outra belíssima –, ele brande as cordas de nylon para extrair melodias muito pessoais e profundas. A mais intensa destas é, certamente, “Spaceship”, que começa só ao violão sobre ruídos eletrônicos e na qual vão se adicionando outros instrumentos e sons, até estourar em emoção no refrão, com guitarras distorcidas, bateria alta e a voz de Honda no backing. Ótima.
Mas a variedade musical de Sean não pára por aí. Depois de MPB, indie, country e balada, ele apresentaria ainda, se não melhor, a mais bem trabalhada música do álbum: “Photosynthesis”, um jazz-rock instrumental no melhor estilo Art Ensemble of Chicago. Puxado pelo baixo acústico, que mantém a base o tempo inteiro, tem samples, solos de flauta e de piano, até que, depois de um breve breque, a música volta com um impressionante solo de percussão latina e, emendando, um outro de trompete. Incrível! “Sean’s Theme”, mais um jazz, este mais piano-bar, fecha bem “Into the Sun”, que traz ainda “Queue”, um gostoso rock embaladinho que termina sob uma camada densa de guitarras, revelando, mais uma vez, a engenhosidade no trato com a melodia de voz.
Um “disco de cabeceira” para mim, que não canso de reouvir. Um baita disco de rock com a distinção de quem herdou o que de melhor seu pai tinha como gênio da música que foi: a sensibilidade artística.
***********************
vídeo de "Home", Sean Lennon
*********************************
FAIXAS:
1. "Mystery Juice"
2. "Into the Sun"
3. "Home"
4. "Bathtub" (S. Lennon/Yuka Honda)
5. "One Night"
6. "Spaceship" (S. Lennon/Timo Ellis)
7. "Photosynthesis"
8. "Queue" (S. Lennon/Y. Honda)
9. "Two Fine Lovers"
10. "Part One of the Cowboy Trilogy"
11. "Wasted"
12. "Breeze"
13. "Sean's Theme"
Todas as músicas de autoria de Sean Lennon, exceto indicadas.
****************************
Ouça:
quarta-feira, 23 de fevereiro de 2022
Música da Cabeça - Programa #255
22.02.2022? Mais raro ainda será o MDC de hoje! Afinal, só coisa legal, independentemente da ordem. Tom Zé, PJ Harvey, Yvonne Elliman, Stevie Wonder e Yoko Ono nos garantem isso. Ainda mais quando a gente tem "Cabeça dos Outros" e os quadros fixos "Palavra, Lê" e "Música de Fato". De frente pra trás, de trás pra frente, não importa: o programa vai ao ar mesmo é às 21h, na palíndroma Rádio Elétrica. Produção e apresentação: Rodrigues Daniel (ou Daniel Rodrigues, tanto faz)
http://www.radioeletrica.com/
quarta-feira, 24 de julho de 2024
Música da Cabeça - Programa #370
Se o Biden acionou o modo Capitão Nascimento e pediu pra sair, a gente pede é pra ficar. E isso em verdadeira erupção musical! Soltamos rajadas de música boa hoje com Neil Young, The Cranberries, Joyce, Yoko Ono e mais. Nesta edição 370, também relembramos a entrevista que fizemos com o músico e produtor carioca Sacha Amback, lá em 2020. Feito lava quente, o programa vai ao ar às 21h na vulcânica Rádio Elétrica. Produção e apresentação (e apoio irrestrito a Kamala): Daniel Rodrigues
quarta-feira, 22 de fevereiro de 2023
Música da Cabeça - Programa #307
Naquele clima de fim de Carnaval? Não deixa as cinzas da quarta-feira te cobrirem. Mas como? A gente dá uma ajudinha no MDC. Levantando a poeira, o programa de hoje vem com The Cure, Chico Buarque, Yoko Ono, Tim Maia, Nina Simone e mais, além de uma da Velha Guarda da Portela pra não dizer que a gente se esqueceu de sambar. Hora de guardar a fantasia de rei ou de pirata ou jardineira pra tudo começar na quarta-feira, às 21h, na ressacada Rádio Elétrica. Produção, apresentação e começo da quaresma: Daniel Rodrigues.
www,radioeletrica.com
sexta-feira, 3 de agosto de 2018
"Ilha dos Cachorros", de Wes Anderson (2018)
Belo, bem escrito, bem dirigido, uma animação espetacular! O filme é fantástico, Wes Anderson é incrível, “ Ilha dos Cachorros” pode não ser perfeito mas é sublime em todos os aspectos.
Atari Kobayashi é um garoto japonês de 12 anos de idade que mora na cidade de Megasaki sob tutela do corrupto prefeito Kobayashi. O político aprova uma nova lei que proíbe os cachorros de viverem no local, fazendo com que todos os animais sejam enviados a uma ilha vizinha repleta de lixo, porém o pequeno Atari não aceita se separar de seu cachorro, Spots. Ele então convoca os amigos, rouba um jato em miniatura e parte em busca de seu fiel amigo. E essa aventura vai transformar completamente a vida da cidade.
É uma obra que você tem que assistir completamente dedicado a ela pois necessita muito da sua atenção, uma vez que é fundamentada nos diálogos e detalhes. Apesar de ser uma animação e ter bichinhos, "Ilha dos Cachorros" não é um filme infantil. Tem seus momentos cômicos mas de um modo geral seu enredo é bastante político, além de um ritmo lento que, certamente não chama atenção das crianças em geral, não é mesmo? (Podemos dizer que nem de alguns adultos). Portanto, não vá com espírito de ver algo Disney/Pixar, ou Dreamworks.
![]() |
| A nada bela ilha para onde os cães são enviados. |
É curioso como ficamos distanciados e não conseguimos ter muita empatia com os personagens humanos, o que é provável que seja proposital pelo fato do elenco de cachorros ser o principal, o que fez com que nenhum humano me cativasse muito. Já os cães, são magníficos! O trabalho de arte de movimentação, as atuações, o trabalho vocal do grande elenco do filme (Angelica Huston, Bill Murray, Bryan Craston e mais uma galera... até Yoko Ono), e as partes cômicas também ficam por conta do cães que, por sinal, se saem muito bem.
Mesmo envolto numa polêmica de uma suposta apropriação cultural, que no meu ponto de vista é muito mais como uma linda homenagem ao cinema e à cultura japonesa, o longa vem com força e se continuar assim pode ser candidato ao próximo Oscar de animação. Não é uma obra de fácil absorção até pela grande quantidade de referências à arte nipônica, o que exige um certo conhecimento para captá-las, porém a beleza visual, a sutileza do enredo podem te colocar dentro do filme e prender sua atenção. Mais uma bela obra de Wes, que vem conquistando meu coração a cada novo filme.
![]() |
| O divertido grupo de cães que ajudam o jovem Atari. |
quinta-feira, 7 de agosto de 2025
Exposição “Andy Warhol: Pop Art!”, de Andy Warhol - Museu de Arte Brasileira – MAB FAAP - São Paulo/SP
Não é errado dizer que o motivo que nos levou a esta curta mas proveitosa temporada em São Paulo foi ver Andy Warhol. A vontade de visitar a cidade já nos era acalentada há anos, mas sempre impossibilitada por uma série de fatores que não vêm ao caso enumerar. Porém, a presença de Warhol através da exposição temática a ele “Andy Warhol: Pop Art!”, no Museu de Arte Brasileira – MAB FAAP, era forte o suficiente para considerarmos a possibilidade, o que se concretizou em junho, pouco antes da mesma ser prorrogada até final de agosto.
Artista referencial em nossas formações tanto culturais e filosóficas como acadêmicas, Andy é daquelas admirações de anos. Aliás, para possivelmente qualquer ser humano que viveu os últimos 80 anos, visto que suas criações, tão emblemáticas quanto icônicas, são parte da vida social do mundo moderno. Já havíamos visto algumas obras dele em parceria com Jean-Michel Basquiat no CCBB de Belo Horizonte, em 2014, e na mostra individual de Basquiat no CCBB do Rio de Janeiro, em 2018, e já tínhamos nos embasbacado. Imagina agora, nesta exposição, que reúne mais de 600 peças do “pai da pop-art”!?
Como fãs e conhecedores de sua trajetória, não deixamos de sentir algumas ausências na seleção das obras. É o caso das belíssimas capas para LP’s de jazz do início da carreira, anos 50, ou mesmo os quadros coassinados com Basquiat, da segunda metade dos anos 80, de um Warhol já adoecido e “passando o bastão” ao pupilo. Porém, nada que desmereça a excelente curadoria, que dá, sim, a dimensão da magnitude de sua obra. Estão lá as bottle-lines da revista Glamour no começo da carreira; os anúncios para calçados e artigos de luxo dos anos 50; a arte kitsch dos anos 70; a Factory; o Studio 54; o lado designer; o publisher, a ligação com a música pop; os quadros clássicos (Marylin, Liz Taylor, Elvis, Pelé, Liza); o pioneirismo como “influencer”; a moda; o ativista político; o visionário do audiovisual e quantos Andy Warhol se queira imaginar.
Com textos muito bem escritos e informativos, ressaltando o que merece, a exposição recapitula os principais momentos históricos de sua carreira nas artes, sejam elas visuais, da música, da moda, do cinema, da televisão ou da fotografia. De um senso estético-visual impressionante, o qual ele ajudou a redefinir no cenário da arte contemporânea, Warhol tinha também domínio do desenho – como, aliás, todo grande artista visual que se preze, tal Picasso, Dali ou Pollock. Por trás das fotos manipuladas e das serigrafias havia sempre um traço apurado, como fica evidente seja nas naturezas mortas, dos anos 50, ou nas serigrafias e tinta acrílica sobre linho das figuras de Miguel Bose (1983) ou de Albert Einstein (1980), que lembram o traço leve e contínuo de Jean Cocteau.
![]() |
| Quadro de Miguel Bose: serigrafia que não esconde o lindo traço a la Cocteau |
É muita coisa legal que Warhol produziu, e impressiona bastante ver isso tudo reunido. As séries com rostos de artistas, como as de Silvester Stallone, Debbie Harry, Alfred Hitchcock e Clint Eastwood é de cair o queixo. Igualmente, as centenas de polaroides das mais variadas pessoas, de Yoko Ono a Truman Capote, de Dennis Hooper a Mick Jagger, de Jane Fonda a Valentino. As fotografias das funções na Factory, os filmes experimentais (“Eat”, “Kiss” e “Velvet Underground”), as embalagens de Campbell’s e Mott’s, as capas de discos...
![]() |
| Famosos ou não, ninguém em NY escapava de sua Polaroid |
No Jornalismo, reza que se deve evitar usar o termo "gênio" para qualquer pessoa com o perigo de vulgarizar o termo. Se for aplicar genialidade para qualquer um, o que dizer, então, de Mozart, Da Vinci ou Shakespeare? Embora não leve tanto assim a sério a regra, visto que me empolgo com "genialidades" alheias, hei de concordar, sim, que muitas vezes se vulgariza o termo. Mas com Andy Warhol não há esse receio. Warhol é gênio, sim, tanto quanto estes citados. Um Mozart, um Da Vinci, um Shakespeare de nossos tempos.
![]() |
| As flores dos primeiros desenhos, anos 50 |
![]() |
| Rosas feitas em nanquim e corante de anilina sobre papel |
![]() |
| "Cabeça de menino", de 1950, bonito traço feito a nanquim e grafite |
![]() |
| Borboletas, do mesmo ano (grafite sobre papel) |
![]() |
| "Lenço de seda" em grafite e têmpera |
![]() |
| O universo da moda entra na sua vida em 1955 |
![]() |
| Como ilustrador exclusivo da marca de calçados I. Miller Shoes Company, faz anúncios para o New York Times |
![]() |
| Anúncio para perfume Bottle, de 1953 |
![]() |
| "Pássaros e abelhas voando" (s/d): ideias de pop art |
![]() |
| Brilhante anúncio para a Dior, já com cara do que Basquiat faria |
![]() |
| Ainda a moda: torso de Paola Dominguim, de 1983. Moderníssimo |
![]() |
| O estilista Halston ganharia alguns posters em 1982 para sua linha de casacos |
![]() |
| "Abra este lado": a fantástica série baseadas em etiquetas de transporte e manuseio, de 1962. Muito pop |
![]() |
| Vestido "Frágil" composto só de etiquetas "descartáveis" |
![]() |
| As clássicas embalagens de Campbell's: arte como produto |
![]() |
| Embalagem de Campbell's virou um ícone |
![]() |
| Elvis duplo: um clássico do mundo moderno |
![]() |
| Por falar em clássico, o que dizer desta serigrafia de 1964, a obra mais cara do mundo? |
![]() |
| Victor Hugo, amigo e modelo para diversos quadros, aqui neste díptico de tinta acrílica e serigrafia sobre linho de 1978 |
![]() |
| Mais um clássico: Elizabeth Taylor, de 1964 |
![]() |
| Liz Taylor num dos mais emblemáticos trabalhos de Warhol |
![]() |
| A série feita para Jackie O. em 1964, logo após o assassinato de John Kennedy |
![]() |
| A criatividade das artes e capas da revista Interview |
![]() |
| Mais da Interview: arte visual e gráfica |
![]() |
| Como layoutar uma revista com criatividade |
![]() |
| As estamparias de camisetas. O amigo Keith Hering está numa delas |
![]() |
| Warhol nos domínios do seu estúdio Factory |
![]() |
| Cenas das festas nova-iorquinas dos anos 70/80 |
![]() |
| Um jovem Sting fotografado por Warhol |
![]() |
| Série "Ladies and Gentlemen", de 1975, sobre a cena queer de NY |
![]() |
| Mais do tributo vibrante à comunidade trans e drag da Big Apple |
![]() |
| Warhol faz seu próprio "Rorscharch", gigante acrílico sobre linho de 1984 |
![]() |
| "Estátua da Liberdade Fabis", de 1986, último ano de vida do artista |
![]() |
| Da série Skulls, de 1976: crítica à tradição cristã, pegada punk e o desencanto do fim de século com a AIDS e a Guerra Fria |
![]() |
| "Tunafish Disaster": o atum em lata que matou pessoas em 1963 virou crítica ao consumismo |
![]() |
| Genial obra feita da oxidação provocada pela urina sobre metal |
![]() |
| A impactante - e grandiosa - "A Última Ceia", de 1986 |
![]() |
| Fantásticas serigrafias para criticar a cadeira elétrica da série "Death and Disaster", de 1963 |
![]() |
| Série de Mao Tsé Tung, de 1972 |
![]() |
| Mais Mao |
![]() |
| Lindas pinceladas sobre o desenho numa das 199 serigrafias de Mao feitas por Warhol |
![]() |
| As lindas capas de discos e filmes. Pena que se expuseram poucas |
![]() |
| As incríveis polaroids, que invariavelmente viravam base para outra obra, como as de Mick Jagger e Pelé |
![]() |
| Deuses dos esporte viraram também pop na série Atletas, de 1977 |
![]() |
| O gênio da bola pelo gênio da arte popular |
![]() |
| Judeus célebres retratados: Einstein... |
![]() |
| ... e Freud. Anos 80 |
![]() |
| Beethoven num quádruplo originalíssimo |
![]() |
| Joan Collins em acrílica e serigrafia sobre linho, de 1985 |
![]() |
| Neil Armstrong fincando a bandeira na Lua pop |
![]() |
| Miss Aretha Franklin em díptico magnífico |
![]() |
| E o que dizer desse poster de Liza para o show dela de 1981? |
![]() |
| Michael e o estilo de Warhol combinam muito |
![]() |
| Outra série espetacular, a de retratos. Aqui, mestre Clint Eastwood |
![]() |
| Stallone em retratos de 1980 e 1981 |
![]() |
| Diane Keaton em acrílica e serigrafia sobre linho (1984) |
![]() |
| Bill Murray também ganhou seu retrato |
![]() |
| Mestre do suspense em arte do mestre da pop art |
![]() |
| E nós escolhemos miss Debbie Harry para compartilhar nosso registro |
![]() |
| Ah! E também viramos pop art a la Warhol, nossos 15 minutos de fama |
fotos e vídeos: Leocádia Costa e Daniel Rodrigues






















.jpeg)
.jpeg)



.jpeg)
.jpeg)
.jpeg)

.jpeg)
.jpeg)


.jpeg)


.jpeg)

.jpeg)

.jpeg)
.jpeg)



.jpeg)

.jpeg)
.jpeg)
.jpeg)
.jpeg)
.jpeg)
.jpeg)
.jpeg)
.jpeg)

.jpeg)



.jpeg)
.jpeg)



.jpeg)

.jpeg)

.jpeg)

.jpeg)

.jpeg)
.jpeg)


.jpeg)
.jpeg)
.jpeg)
.jpeg)
