Os desenhos estilo new look em movimento em "Autobahn" |
Hino autorreferente: "The Man-Machine" |
Um trem eletrônico passou pelo Rio: "TEE" + "Metal on Metal" |
Os desenhos estilo new look em movimento em "Autobahn" |
Hino autorreferente: "The Man-Machine" |
Um trem eletrônico passou pelo Rio: "TEE" + "Metal on Metal" |
Desde antes de conhecê-lo pessoalmente, ainda adolescente, fui,
assim como muito porto-alegrense que conheço, ouvinte assíduo do Cultura Jazz, apresentado
por ele anos 90 e 2000 adentro. Nem sei quantas vezes me peguei embasbacado por
tamanhos conhecimento e paixão de Paulinho a tudo que nos apresentava. E sempre
com muita generosidade. Jovem admirador do gênero, foi no Cultura Jazz que meu gosto
se expandiu. Não fosse, o coração abarcador do professor Paulinho, jamais haveria mais
este fã de jazz que aqui vos fala.
Mas não só isso. O jazz e a música, por maior que seja, é uma fração de tudo isso que ele representa. Os trânsitos entre nós pelo cinema, literatura e futebol vieram em decorrência. Lembro da alegria dele ao encontrar a minha esposa Leocádia, a meu irmão Cly Reis e a mim no Vivo Rio para o show de Wayne Shorter e Herbie Hancock, em 2016, a qual ele, em razão de outros conterrâneos também presentes, de "caravana jazzística gaúcha". Ou quando, ano passado, na última vez que o vi pessoalmente, mesmo sem ter participado da edição como autor, foi (generosamente) prestigiar a mim e aos outros colegas de ACCIRS no lançamento do livro “50 Olhares da Crítica Sobre o Cinema Gaúcho”. O comentário elogioso dele para minha mãe, que também prestigiava, referindo-se a mim e a meu irmão denota essa nobreza pauliniana.
Paulinho entre eu irmão e eu: generosidade e amizade |
Comigo no lançamento do livro da ACCIRS |
Tentaremos Leocádia e eu estarmos presentes, mas tanto nós quanto qualquer um pode fazer doações de qualquer valor mesmo que não compareça aos shows. Independentemente, é muito bom ter a oportunidade de ajudar este amigo e de poder falar dele desta forma, em vida. Tudo o que em aniversários a gente fica meio intimidado de dizer para não soar demasiado cerimonioso, esta oportunidade abre espaço para extravasar. Afinal, o gigante Paulinho merece tudo, das grandes às pequenas coisas. E aumenta o som aí!
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O termo se originou no documentário “Afro-Punk”, de 2003, dirigido por James Spooner. No início do século XXI, os afro-punks compunham uma minoria na cena punk norte-americana. Notáveis bandas que podem ser ligadas à comunidade afropunk, como Death, Pure Hell, Bad Brains, Suicidal Tendencies, Dead Kennedys, Wesley Willis Fiasco, Suffrajett, The Templars, Unlocking the Truth, Fishbone e Rough Francis. No Reino Unido, foram músicos negros influentes associados à cena punk do final da década de 1970 tal Poly Styrene da X-Ray Spex, Don Letts e Basement 5. O afro-punk se tornou um movimento comparável ao início do movimento hip hop dos anos 80. O Afropunk Music Festival foi fundado em 2005 por James Spooner e Matthew Morgan e recentemente teve sua segunda edição no Brasil realizada em Salvador, na Bahia.
No Brasil, assim como no mundo, houve nos últimos anos uma certa ascensão da extrema direita racista e supremacista causando uma divisão popular jamais vista na história da humanidade. Diante de toda essa situação atípica, faz-se natural alguns seguimentos da sociedade se juntarem para combater um inimigo em comum. Após o fatídico caso George Floyd nos Estados Unidos essa luta antirracista se tornou mais do que nunca necessária. Um combate à extrema direita ultraconservadora e os seus claros flertes com o fascismo fez com que cada vez mais jovens negros encontrassem na arte e na cultura, mais uma vez, seu refúgio.
Mês passado, no bar Ocidente, em Porto Alegre, rolou o espetáculo. Sim, senhores: um espetáculo!!! Era a Black Pantera, banda mineira composta por negros de atitude e com uma sonoridade monstruosa!
Fiquei sabendo do show através de um amigo e começamos uma verdadeira saga para conseguir ingressos ou por sorteio ou pelos solidários. Até que, pasmem: a banda, com seu engajamento social, libera 50 ingressos para cidadãos negros de baixa renda. Bastava enviar um e-mail e confirmar presença.
Pronto: ingressos na mão. Fomos ao show, que começou às 21 horas em ponto, mas não antes daquela boa tietagem, troca de ideias, fotos e tudo mais, com direito a autógrafos no cartaz. Isso tudo numa segunda-feira, dia 14 de novembro...
O show da Black Pantera (formada por Charles Gama, guitarra e vocal; Chaene da Gama, baixo; e Rodrigo "Pancho" Augusto, bateria) começou com uma patada chamada “Abre a Roda e Senta o Pé”, seguida de mais alguns petardos, que até então eram novidades pra mim. Teve direito a cover do ídolo pop Michael Jackson, “A Carne”, de Elza Soares, e um belo momento onde a banda chama as garotas pra um samba-de-roda punk. Inacreditável!!
Eu quero exaltar aqui não apenas um, mas três discos da Black Pantera: “Project Black Pantera”, de 2015, “Agressão”, de 2018, e “Ascensão”, de 2022. Ouçam!
Senhores: o movimento Afropunk existe e está vivo. Vários artistas brasileiros estão nessa barca e merecem atenção!
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Confira mais fotos do show e dos bastidores:
BP no palco do Ocidente detonando |
Lucio com a galera da BP após o show |
Batendo aquele papo... |
Noite de rock oitentista no Rio de Janeiro. |
Aqui o The Mission, acabando de entrar no palco, na primeira música da noite. |
Wayne Russey e sua turma, em ação. |
Mais uma dos caras, mandando ver. |
The Mission fez um bom show, só não conseguiu ser empolgante e não tinha um repertório tão cativante para sustentar o público o tempo inteiro. |
Nem a lama, da chuva do dia anterior, atrapalhou os fãs de rock e amantes da cerveja. |
O AC/DCover no palco |
O cover de Angus Young foi um show à parte. |
Aqui, a Blues Etílicos quebrando tudo no blues. |
O lendário Flávio Guimarães mandando ver na harmônica |
Mas o avanço do controle da Covid somado a uma linda (embora fria) tarde de sol em Porto Alegre nos fez comparecer ao Blues Jazz Brasil Festival, ocorrido no Parque da Redenção no último dia 30. Nos moldes do antigo Festival BB Seguridade, o qual ocorreu com este nome até ano passado e que estivemos em 2016 no mesmo lugar, este evento traz sempre uma programação musical bem interessante, intercalando artistas brasileiros e estrangeiros e em um horário, das 11h às 20h30, bom tanto para quem passeia pelo parque quanto para quem vai conferir os shows ou apenas algo específico. Foi o nosso caso. Embora tenhamos dado uma passeada no famoso Brick da Redenção, feira de rua que ocorre tradicionalmente numa das avenidas que ladeiam o parque, nossa intenção maior no festival era mesmo assistir à lendária Som Imaginário, a banda mineira que, além de ser a mais célebre de apoio de Milton Nascimento mas também de Gal Costa, Erasmo Carlos e outros, tem um trabalho autoral digno dos maiores da discografia instrumental brasileira. Banda que tem como cabeça o mestre Wagner Tiso e que teve ninguém menos que Zé Rodrix, Tavito, Naná Vasconcelos e Laudir de Oliveira na formação!
Com Tiso ao piano; Luiz Alves, no baixo; Nivaldo Ornelas, nos saxofones; Robertinho Silva, na bateria; e o inglês radicado no Brasil David Chew, no violoncelo, a Som Imaginário trouxe uma hora de apresentação à altura de sua lenda. A inequívoca química de música clássica, com jazz, rock progressivo e música brasileira, uma das mais originais de toda a MPB. Eles começaram o show com a música que dá título ao seu memorável álbum de 1973, “Matança do Porco”, um jazz psicodélico e melancólico que, na ausência da guitarra original de Frederiko, ganhou no cello de Chew e no sax barítono os elementos solistas perfeitos. Até o final da música, depois de vários minutos de um crescendo, originalmente executada por uma grande orquestra, encontro no som coeso dos cinco músicos no palco força suficiente.
A lendária Som Imaginário no palco: Tiso, Robertinho, Chew, Nivaldo e Luiz |
Na sequência, outra clássica: “Armina”. Também do repertório de “Matança...”, é talvez o mais célebre tema da Som Imaginário, que traz aquela emocionante melodia valseada de piano de Tiso, que a toca ao piano com uma graça imensurável. Aliás, não apenas ele mas toda a banda, visto que a música está longe de se reduzir a estes acordes. Teve também outras clássicas do repertório da banda; o jazz fusion “A3”, a prog-jazz “Banda da Capital” e o baião-rock “Os Cafezais sem Fim”, do repertório solo de Tiso.
Teve, no entanto, para além do repertório da banda, outras quatro justamente do autor que lhes motivou a formação: ninguém menos que Milton. Tiso & cia. tocaram “Maria Maria”, “Travessia”, “Vera Cruz” e uma arrasadora versão de "Cravo e Canela” como bis para desfechar.
Afora isso, algumas considerações pertinentes sobre o show e sobre o festival:
1) Embora a folclore em torno do nome de Zé Rodrix ter sido integrante da banda na primeira formação, a Som Imaginário foi, sim, melhor sem ele. Seus naturais carisma e liderança prevaleceram nos dois primeiros discos da banda, que definiu de fato seu som depois de sua saída, quando deixou de lado a marcante psicodelia e irreverência de Rodrix para assumir a sonoridade instrumental jazzística e erudita sobre as influências roqueiras e folclóricas que marcaria a Som Imaginário. Isso se percebe em “Matança do Porco”, disco ao qual, não à tona, o repertório do show foi baseado.
2) Uma semana antes, a programação do festival havia anunciado o show da “Som Imaginário & Fredera”, ou seja, o guitarrista original da banda, Frederiko. Sem a vinda dele, pelo visto de última hora chamou-se para substituir Chew, cabeça da Rio Cello Ensemble que toca há muitos com Tiso. Seria legal ver Fredera, claro, mas ficou bonita a formação com o instrumento tipicamente clássico.
3) No intervalo do show anterior, antes da Som Imaginário subir ao palco, teve apresentação da deliciosa Orleans Street Jazz Band, que sempre toca no meio da plateia. Gravamos um pedacinho do gracioso número que eles fizeram com sua sonoridade típica do sul norte-americano.
4) A programação do festival terminaria com o show do célebre Stanley Jordan com Dudu Maia. Embora sejamos fãs do guitarrista norte-americano, este era, além de previsto para algumas horas mais tarde, exatamente o mesmo show que assistimos em 2016. Desta vez, então, deixamos para outra ocasião os "magic touchs" de Jordan.
5) Ainda sobre a Som Imaginário, o público em geral recebeu com a frieza de quem nem tinha noção de quem estava assistindo – se é que estavam assistindo, pois conversando e de costas pro palco a meu ver não se faz possível. Ainda mais considerando a raridade de uma apresentação como aquelas, com a banda praticamente original e reunida apenas esporadicamente. Quiçá reconheciam Tiso, mas parava por aí para a maioria. Isso explica a reação apenas mediana da maioria, que tinha a expressão de: “esses caras devem ser importantes, mas como não quero passar vergonha por não saber, vou vibrar um pouquinho”.
6) Depois do show, apenas em casa que fomos ver pelas redes sociais que tinha um monte de amigos que também foram ao festival mas que poucos encontramos por lá. Estamos desacostumados com eventos assim. Da próxima vez, vamos estar mais ligados para promover os encontros.
O clima de alegria da Redenção numa ensolarada e convidativa tarde |
Mais da Som Imaginário com sua formação quase original |
À nossa frente, os mais atentos ao show como nós |
Quanto sol! Nós curtindo o Blues Jazz Festival: de volta aos show, finalmente! |