Vamos falar de amor. Das dores do amor, das tristezas, das perdas, mas vamos falar de amor, porque no final ele é sempre lindo. Tem a parte da dor muitas vezes, mas os momentos doces não devem ser esquecidos e o mais importante: não devem deixar de serem vividos.
Elio ((Timothée Chalamet), o sensível e único filho da família americana com ascendência italiana e francesa, Perlman, Elio , está enfrentando outro verão preguiçoso na casa de seus pais na bela e lânguida paisagem italiana. Mas tudo muda quando Oliver (Armie Hammer), um acadêmico que veio ajudar a pesquisa de seu pai, chega à casa.
Apesar de toda delicadeza e beleza que o filme tem ao abordar o amor ele carrega aquele elemento de quase todo filme com uma pegada LGBT feito para o grande público traz que é a tristeza. Desculpem o spoiler mas é necessário falar sobre isso. Parece que nesses filmes é proibido o casal ficar junto! Acaba transmitindo uma ideia de que relacionamentos assim não conseguem superar dificuldades e preconceitos. Embora o objetivo no longa seja mostrar a euforia e dor do primeiro amor, me refiro a filmes nessa linha de um modo geral.
O longa se passa na Itália o que torna o cenário espetacular possibilitando planos tão lindos que o espectador chega mesmo a sentir o cheiro, as cores, o calor do verão italiano. Há uma cena que os personagens principais estão entrando num rio cuja nascente fica nos Alpes e que quase chega-se mesmo a sentir a água gelada. Arrisco-me a dizer que é possível sentir até o gosto das frutas (embora haja uma cena que torna estranha a minha afirmação).
Não devemos deixar passar os sinais. |
O elenco todo esta muito bem com uma sintonia maravilhosa entre todos os personagens. Os pais de Elio tem participações bem pontuais mas não menos grandiosas. Uma delas mencionei que anteriormente é a fala de Mr. Perlman (Michael Stuhlbarg), mas vou falar também do casal principal que carrega o longa. Oliver e Elio, são um belo casal, seu romance é bem construído e as cenas são lindas. Armie Hammer como Oliver está ótimo, tem charme, presença, é um bom personagem e você sente uma atração natural por ele. Já Timothée Chalamet como Elio está MAGNÍFICO. Ele É Elio, o personagem é real. E ele tem um poder, uma presença, é destemido, sabe o que quer é e tão dono de si. Até encontrar o amor... Uma atuação madura que nos entrega um personagem apaixonante que tem momentos brilhantes como a cena final que confirma que só sua presença, seu olhar já nos prende ao filme (e suas dancinhas são boas também).
Por mais arrastado que o longa possa ser seu final é recompensador. Ele nos passa uma mensagem linda e é mais um filme que vem para nos deixar algo. Quando ele termina inevitavelmente o espectador, por mínimo que seja, vai ficar refletindo um pouco sobre sua vida.
Tirando os clichês e os momentos previsíveis, "Me Chame Pelo Seu Nome" é muito bonito, sutil e profundo, como é o amor afinal. Por mais que algumas vezes os relacionamentos terminem, e isso seja doloroso, não devemos nos fechar para esses sentimentos nem deixar de vivê-los e fingir que nada aconteceu. Devemos, sim, nos jogarmos em direção ao amor, nos entregarmos por inteiro, assim como Oliver e Elio, que até seus nomes entregaram um ao outro.
O amor... |
por Vágner Rodrigues