Curta no Facebook

Mostrando postagens classificadas por data para a consulta 500 Dias com Ela. Ordenar por relevância Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens classificadas por data para a consulta 500 Dias com Ela. Ordenar por relevância Mostrar todas as postagens

quinta-feira, 12 de junho de 2025

8 Comédias Românticas para o Dia dos Namorados



É Dia dos Namorados! Se muitas vezes uma história de amor começou com um mero "oi, tudo bem?", em outras tantas o romance teve início com alguma situação curiosa, inusitada, uma implicância pessoal, uma negativa inicial, ou qualquer coisa do tipo. As comédias românticas, gênero muito popular nos últimos tempos no cinema comercial, volta e meia retratam situações desse tipo e é exatamente o inusitado dos acontecimentos que perfazem as relações que fazem com que momentos como esses se tornem cômicos.

A bem da verdade, exatamente por ter ganho muita popularidade, o gênero ficou um tanto saturado, repetitivo e até meio imbecilizado, mas ao longo da história do cinema algumas películas tornaram-se marcantes e emblemáticas dentro desse segmento.

Destacamos aqui algumas dessas histórias de amor da telona. Desavenças, romantismo, inocência, brigas, desafios, frustrações, amadurecimentos, descobertas, determinação... tem um pouco de tudo nessa lista. Afinal, cada história verdadeira tem alguma coisa dessas coisas aí, não? O que teve na sua história? Com qual filme você se identifica? 

Confira aí sete filmes destacados nesse Claquete Especial de Dia dos Namorados:



💖💖💖💖💖💖💖💖



1. "Harry e Sally - Feitos Um Para o Outro", de Rob Reiner (1989) - Os encontros, desencontros, desentendimentos, desavenças, diferenças, amizade, afastamento, aproximação, atração, de um casal de desconhecidos, depois conhecidos, depois inimigos, depois amigos, até descobrirem, anos depois, que... eram feitos um para o outro. "Harry e Sally..." é sem dúvida alguma um dos melhores exemplares do gênero, até pelo fato de conseguir explorar uma série de situações que acontecem com casais e que levaram ao início ou fim de relações. Em meio a toda a comicidade, sua verossimilhança dá-se em grande parte pelo fato de que muitas das situações vividas pelos personagens são baseadas em histórias reais relatadas por casais e terapeutas conjugais.




2. "(500) Dias Com Ela", de Mark Webb (2009) -  Proposta diferenciada no gênero. Aqui o carinha é romântico, sonhador e apaixonadão, e a garota por sua vez é mais descolada, desapegada e pragmática. No fim das contas, o personagem principal de "(500) Dias com Ela"   não é nenhum dos dois e sim OS RELACIONAMENTOS em si. Roteiro interessantíssimo com uma linha cronológica descontinuada num vai e vem dos dias (com ela e sem ela), montagem dinâmica e ousada, além de uma trilha sonora excelente. Uma das melhores comédias românticas dos últimos tempos.





3. "Noivo Neurótico, Noiva Nervosa", de Woody Allen (1977)Woody Allen é tão genial que consegue transformar uma grande DR num filme saboroso. O longa trata da relação de um humorista judeu (o próprio Allen) e sua nova namorada, a complexa Annie Hall, vivida magistralmente por Diane Keaton, e sua experiência de viverem juntos. O relacionamento é um tanto complicado e essa experiência gera uma série de questionamentos levantados com muito humor e muita inteligência nos diálogos sagazes e brilhantes do roteiro, co-escrito pelo próprio Allen. 

Profundo sem ser hermético, filosófico sem ser chato, romântico sem ser meloso, "Noivo Neurótico, Noiva Nervosa" revolucionou a ideia de filmes sobre relacionamentos. 




4. "A Garota de Rosa Shocking", de Howard Deutch (1986) - Ilustre representante das comédias teen dos anos 80, o filme é um dos mais emblemáticos de sua geração. Namoros, colégio, festinhas, decepções, corações partidos, finais felizes, tudo isso faz parte do corpo básico de uma série de produções dessa época, cada um lá com sua ênfase, mas muitas vezes com esses temas recorrentes. Em "A Garota de Rosa-Shocking", a humilde Andie, Molly Ringwald, é caidinha pelo bonitão da escola, Blane, fica se fazendo de difícil. Andie conta com a fiel amizade e os conselhos do divertido Duckie, que na verdade é apaixonado pela amiga e fica tentando abrir seus olhos quanto ao riquinho para quem ela fica praticamente se humilhando. A gente torce brutalmente pro amigo esquisitão, pra ela enxergar que aquele cara é que vale realmente a pena mas (ALERTA DE SPOILER!!! ), para infelicidade do espectador, num final broxante, ela fica mesmo com Blane que finalmente resolve deixar de ser bunda-mole e ficar com que realmente gosta dele. Muita gente não gostou do final e, deste modo, os produtores resolveram fazer uma nova versão ("Alguém Muito Especial") mudando o gênero dos personagens e com o desfecho que todos desejavam : o personagem principal ficando com a melhor amiga. 

Embora o final seja muito discutido e muita gente prefira a segunda versão, "A Garota de Rosa Shocking" é clássico e continua sendo referência em comédias românticas juvenis.



5. "Feitiço da Lua", de Norman Jewison (1987) - Filme gostosíssimo em que uma viúva,  Loretta, retomando sua vida após a perda do marido, aceita a proposta de casamento de um empresário do bairro onde mora, bem mais velho que ela mas que lhe transmite aquela paz, tranquilidade e segurança. No entanto, para tumultuar sua vida, ela se vê tentada pelo irmão mais novo do noivo, o impulsivo e intempestivo Rony, e mesmo brigando muito contra seus sentimentos, acaba se apaixonando pelo cunhado. Roteiro excelente, diálogos bem escritos, atuações espetaculares, especialmente a de Cher no papel principal que lhe rendeu o Oscar de melhor atriz, muito romance e magia no ar. 

Daqueles pra assistir com um sorriso no rosto. 




6. "Ela É o Cara", de Andy Fichman (2006) - Famoso pelas tragédias como "Hamlet", "Macbeth", "Romeu e Julieta", William Shakespeare também era mestre nas comédias. "Muito Barulho Por Nada", "A Comédia dos Erros", "A Megera Domada" são alguns exemplos da genialidade do bardo para o humor sendo algumas até adaptadas para o cinema. "Noite de Reis", outra de suas comédias famosas não só ganhou uma versão cinematográfica como também uma leitura completamente nova e ousada levando os personagens da trama clássica para o universo do futebol. Em "Ela é o Cara", Viola, vivida por Amanda Bynes, é uma adolescente boa de bola, que sabendo da dissolução do time feminino de sua escola, aproveita uma viagem do irmão gêmeo Sebastian ao exterior, para, disfarçada de rapaz, assumir sua identidade e se inscrever no time de futebol masculino da outra escola do irmão. Só que nessa de se disfarçar de menino, acaba se apaixonando por Duke, um colega de time que, por sua vez, é fissurado por Olivia, a bonitona da escola. Mas como jogar no time, se passar pelo irmão, enganar a cunhada, driblar a garota que fica gamada por ela convencida de que é um homem, e ainda dar uns pegas no gatinho colega de futebol? Ah, tudo isso gera muitas confusões, muitas risadas e muito romance. Ótima adaptação shakesperiana!



7. "Scott Pilgrim Contra o Mundo", de Edgar Wright (2010) - Rock'n roll, quadrinhos, games, amores não correspondidos. "Scott Pilgrim Contra o Mundo" é uma comédia romântica bem pouco convencional e absolutamente eletrizante. Scott, um carinha comum, meio sonso, desajeitado, integrante de uma banda de rock que ensaia para um festivallocal, acaba de chutar sua namorada para ficar com a soturna e misteriosa Ramona. No entanto ela o adverte que para ficar com ela terá que enfrentar seus sete ex-namorados malignos. Ok! Apaixonando, ele topa mas não imagina o tamanho dos desafios que o aguardam em cada um dos enfrentamentos. Um astro de cinema fodão, um poderoso empresário musical, um vegano poderoso pela pureza de seu corpo, uma estrela pop lésbica, gêmeos roqueiros, tudo em duelos ao estilo videogame passando fases, ganhando bônus, vidas e eliminando o oponente. 

Desafio de skate, batalha de bandas, luta com espada ninja, estética de quadrinhos, pontuação de games na tela, voos, explosões, solos de guitarra... "Scott Pilgrim Contra o Mundo" é possivelmente a mais improvável comédia romântica que você terá assistido na vida. 



8. "Se Meu Apartamento Falasse", de Billy Wilder (1966) - Mestre das comédias, Billy Wilder conseguia dar leveza a histórias muitas vezes carregadas de elementos delicados. "Se Meu Apartamento Falasse", vencedor de 5 Oscar, incluindo os de filme e direção, traz temas como ética, adultério, depressão, suicídio, e mesmo assim nos entrega um produto final gostoso, repleto de romance, ternura e risadas. O apartamento do título em questão é o de C.C. Baxter (Jack Lemmon), funcionário de uma seguradora que empresta seu cantinho para vários superiores, incluindo o dono da empresa, para estes terem encontros amorosos com mulheres, em geral funcionárias da própria empresa. Mas Baxter descobre que uma das amantes do patrão é nada mais nada menos que Fran (Shirley MacLaine) a ascensorista do prédio onde ele trabalha e pela qual ele é apaixonado. Num dos encontros com o chefe, frustrada pela falta de perspectiva do caso amoroso com um homem casado, Fran tenta o suicídio dentro do apartamento, o que a aproxima do colega apaixonado que a socorre em tempo. Fran vai acabar percebendo que Baxter, na verdade, é verdadeiramente um homem por quem vale a pena tentar alguma coisa na vida, um recomeço. Mas até chegar a esse ponto ainda terá que ver, sentir, entender, aprender algumas coisas e... levar um certo susto.

Talvez a comédia romântica das comédias românticas!

Genial!


💖💖💖💖💖💖💖💖💖

Seja lá como tenha acontecido e se desenrolado sua história de amor, Feliz Dia dos Namorados!



por Cly Reis






quinta-feira, 6 de abril de 2023

Aqueles 10 filmes argentinos imperdíveis

 

Darín, o grande astro do cinema argentino
contemporâneo e presente em várias obras
Este post vem cumprir uma promessa feita há alguns anos. Conversávamos eu e dois colegas de trabalho durante o almoço e, papo vai, papo vem, lá pelas tantas o assunto caiu – como não é incomum de acontecer comigo e amigos meus – em cinema. O tema: cinema argentino contemporâneo. Compartilhamos ali do mesmo gosto pelo cinema realizado pelos hermanos e começamos a falar sobre nossas preferências dentro desta cinematografia. Foi então que, percebendo-se que alguns dos títulos dos quais eu comentava ambos não tinham visto ainda, eles ficaram curiosos para conhecer e tratamos de que eu fizesse uma lista com os meus filmes argentinos preferidos.

A lista, como se vê, não saiu em seguida. Voltamos do almoço para nossos postos e as obrigações nos fizeram esquecer de qualquer ludicidade. Mas os anos se passaram e o cinema da Argentina segue muy bien, gracias. Vários filmes foram produzidos neste meio tempo, inclusive dignos de comporem uma lista como esta além dos que já haviam sido realizados até então quando daquela nossa conversa. A bem da verdade, desde o brilhante “A História Oficial”, o primeiro Oscar de Melhor Filme para um argentino, em 1985, isso já se anunciava. A meu ver, no entanto, não foi com o hoje cult “Nove Rainhas”, de 2000, o start, pois o ainda considero imaturo e artificial. Porém, o filme, mesmo com suas inconsistências, já era o sinal que o curso do Rio do Prata havia sido achado. A partir dali, só foi “golazo”.

O contundente "A História Oficial":
1º Oscar da Argentina
Pois a indicação ao Oscar de Melhor Filme Internacional de “Argentina, 1985”, certamente um dos novos entrantes deste rol, fez-me resgatar a ideia agora atualizada. Esta amostragem aqui, então, vem resgatar – mesmo com este atraso do tamanho do Obelisco – a tal promessa. As 10 indicações servem tanto para estes meus amigos (espero que esta postagem chegue a eles) como qualquer um que também admire o melhor cinema feito na América Latina nos últimos 30 anos. Sim, porque a Argentina certamente passou o Brasil neste quesito, o que se reflete inclusive nas conquistas e na simples comparação entre um cinema e outro durante este tempo. (e olha que o cinema brasileiro se tornou bastante pujante nas últimas duas décadas!)

Mas não tem comparação: é na terra de Gardel que se atingiu um nível muitas vezes de excelência (e de exigência) técnica que contamina uma grande parte da produção cinematográfica do país. Seja nos roteiros bem escritos, seja na técnica de nível “primeiro mundo”, seja na habilidade cênica, seja no carisma e competência de símbolos desse cinema, como o principal deles: Ricardo Darín. Mas não somente ele: Oscar Martínez, Martina Gusmán, Dario Grandinetti, Leonardo Sbaraglia, María Onetto e outros que brilham nas telas. Tudo está a serviço de um cinema eficiente, que sabe contar bem (e com criatividade) uma história. Um cinema que achou o tão almejado equilíbrio entre arte e entretenimento.

E como se trata de uma produção vultosa (inclusive aqueles que eu nem assisti), teve, claro, o que ficou de fora. Mas se quiserem incluir “Leonera” (Pablo Trapero, 2008), “A Odisseia dos Tontos” (Sebastián Borensztein e Eduardo Sacheri, 2019), “Koblic” (Borensztein, 2016), “Elefante Branco” (Trapero, 2012) e “Neve Negra” (Martín Hodara, 2017), sintam-se perfeitamente à vontade, que também merecem toda audiência.

***********

“O Segredo de Seus Olhos”, Juan José Campanella (2009)

Não se poderia falar em lista de melhores filmes argentinos sem incluir “O Segredo...”. Afinal, não se trata apenas de um dos melhores da história de seu país, mas, tranquilamente, da década de 2000 em todo o mundo, no mesmo patamar de "Match Point", "Cidade dos Sonhos", "Elefante" e "Onde os Fracos não Tem Vez". Muito teria para se falar do filme de Campanella: a atuação sublime de Ricardo Darín, o hipnotismo que a musa Soledad Villamil causa no espectador, do merecido Oscar de Melhor Filme Estrangeiro, do impressionante plano-sequência do jogo de futebol, enfim. Mas o que pauta esta grande obra é, definitivamente, sua trama, tão envolvente quanto literária, visto que extraída com maestria por Campanella do livro de Eduardo Sacheri (que, aliás, colabora com o roteiro). Thriller, romance, comédia, policial, aventura, drama. Um pouco de tudo e tudo muito bem amarrado. (Amazon Prime)


“Abutres”, Pablo Trapero (2010)

Aqui, duas recorrências próprias do atual cinema da Argentina. A primeira delas, obviamente, é Ricardo Darín, que estrela vários filmes dessa lista e muitos outros dignos de estarem aqui mencionados também. A outra repetição é Trapero, o mais talentoso cineasta de sua geração na Argentina. Em ”Abutres”, ambos dão um show. Numa trama que, como é de costume aos argentinos, envolve drama, denúncia e história de amor, o filme trata de um advogado especializado em acidentes rodoviários, que descobre um esquema de corrupção e desvio de dinheiro às custas do sofrimento de pessoas simples. A cena final, sem dar spoiler, além de um surpreendente desfecho da história, tem o recurso de plano-sequência característico aos encerramentos dos filmes de Trapero. (Star Plus)


“Medianeiras – Buenos Aires na Era do Amor Virtual”, Gustavo Taretto (2011)

Comédia romântica, mas não como os enlatados de Hollywood, e sim com um olhar muito próprio da vida contemporânea na era que tudo impele a ser digital – inclusive as relações amorosas. Ganhador de melhor direção e melhor longa estrangeiro no Festival de Gramado, “Medianeiras” narra os encontros e desencontros de Martín e Mariana, os protagonistas-símbolo de uma geração emparedada pelas linhas simétricas das metrópoles. Solidão, neuroses, traumas, aflições, desilusões. Tudo sob o olhar da selva de concreto chamada Buenos Aires, que se revela como uma personagem onipresente. Para quem ama comédias românticas inteligentes como “Encontros e Desencontros”, “Bar Esperança”, e “(500) Dias com Ela”, pode por pra rodar “Medianeiras”, que o longa de Taretto é deste naipe. 


“O Clã”, Pablo Trapero (2015)

Trapero de novo. E aqui impecável. A assustadora história da família acima de qualquer suspeita, os Puccio, que sequestra pessoas ricas, cobra o resgate e assassina as vítimas assim que coloca a mão no dinheiro, guarda o aspecto de crítica político-social própria do cinema argentino. Baseado num caso real, mais do que apenas evidenciar fragilidades de seu país, “O Clã” revela perversidades obscuras sorrateiramente entranhadas na sociedade platina. Afinal, como duvidar que tamanha maldade aconteça numa sociedade que, em parte, acolheu uma das ditaduras mais sangrentas da América Latina? Memoráveis as cenas em que "Afternoon Tea", da Kinks, rola enquanto o circo de horrores acontece e, como de praxe quando se trata deste cineasta, o plano-sequência. Vencedor do Urso de Prata de Melhor Diretor em Veneza, Trapero faz seu melhor filme - e isso significa bastante considerando sua filmografia quase irretocável. (Star Plus)


“Relatos Selvagens”, Damián Szifron (2014)

A tradição dos filmes de episódios dos europeus e mesmo do Brasil nos anos 60 e 70 é inteligentemente recuperado, claro, pelos argentinos. E que filme! Potente, ferino, mordaz, grotesco. "Relatos Selvagens" reúne seis histórias distintas, que se complementam entre si por um fio condutor subjetivo mas evidente: o conflito entre barbárie e civilização. E pior: a primeira, fatalmente, sempre vence de algum jeito, seja nas vias de fato após, seja com uma bomba que exploda tudo. Darín, igualmente, não poderia estar de fora, estrelando o episódio em que um engenheiro de minas que se revolta contra o sistema e resolve se vingar com aquilo que ele melhor sabe fazer: explodir bombas. Embora não tenha levado, foi selecionado para os dois maiores prêmios do cinema mundial: a Palma de Ouro de Cannes e o Oscar de melhor filme estrangeiro. (HBO Max e Amazon Prime)


"O Pântano”, Lucrécia Martel (2001)

Além do já mencionado Trapero, o cinema argentino conta com vários outros cineastas talentosos. Porém, nenhum deles possui um estilo tão pessoal como Lucrécia Martel. Dona de um cinema de linhagem moderna carregado e perspicaz, ela vale-se da dificultação do olhar e da fragmentação narrativa para expressar sentimentos e angústias da sociedade contemporânea, adentrando nas profundezas de seus personagens. Texturas, sensorialidades e densidade se homogeizam para expor tensões interpessoais, que se encaminham fatalmente para o pior. Uma reflexão visceral sobre classe, natureza, sexualidade e política, e uma das mais aclamadas estreias de realização contemporâneas. Prémio para Melhor Primeira Obra no Festival de Cinema de Berlim.


“Um Conto Chinês”, Sebastián Borensztein (2011)

O típico filme do novo cinema da Argentina: comédia dramática, com roteiro envolvente, referência a traumas nacionais (Guerra das Malvinas), um toque de romance e, claro, a estrela de Ricardo Darín. A trama é relativamente simples, mas convidativa: o ranzinza Roberto (Darín) trabalha numa loja de ferragens e vive de maneira metódica, mas sua rotina muda quando um chinês que não fala uma palavra de espanhol aparece em seu caminho, e ele decide ajudar o adorável forasteiro. Longe de se resumir a uma fórmula como no tradicional cinema comercial, “Um Conto...” faz uso desses elementos narrativos para compor um filme divertido e delicioso de se assistir, sem deixar de propor reflexão. Diversão com cérebro. Prêmio Goya de Melhor Filme Ibero-Americano. (Star Plus)


“Vermelho Sol”, Benjamín Naishtat (2019)

Esqueça o formato "diversão inteligente" de “Relatos...”, o toque romântico de “O Silêncio...” a comicidade de “Um Conto...”. “Vermelho Sol” é pura tensão e embrulho no estômago. Contando a história de um advogado arrogante, que vê sua vida perfeita desmoronar quando um detetive particular chega na sua pacata cidade para investigar um desaparecimento, o longa de Naishtat se assemelha a filmes marcantes do cinema que souberam narrar, com acuidade, o "começo do fim", como “A Fita Branca”, de Michael Haneke, para com a Primeira Guerra, ou “O Ovo da Serpente”, de Ingmar Bergman, que previa o que levou ao Holocausto. Duro, forte e absolutamente real. Afinal, por trás dos segredos dos personagens de “Vermelho...” havia uma ditadura militar se anunciando. Premiado em diversos festivais, como Toronto, Havana, San Sebastian, Rio de Janeiro e Recife.


“Nascido e Criado”, Pablo Trapero (2006)

Antes de “Leonera”, de “Abutres” e de “O Clã”, Trapero realizou está pequena obra-prima tocante e profunda sobre os limites da existência, confrontando o inato e a superfície, a natureza e a convenção social. Conta a história da família de Santiago, um jovem dedicado à decoração e à restauração de antigos objetos, que vive um repentino acidente na estrada, o qual desencadeia uma tragédia familiar e um violento giro em sua vida. Numa paisagem gelada do extremo-sul argentino, Santiago, irreconhecível, reaparece empregado num aeroporto perdido no fim de mundo. O cineasta volta sua lente para dois interiores: o humano e o das paisagens rústicas do pampa, para onde o personagem principal se refugia de si próprio. Na mesma medida, Trapero, dado a este olhar penetrante, atinge outro interior: o do espectador. (Prime Vídeo)


“Argentina, 1985”, Santiago Mitre (2022)

Globo de Ouro de Melhor Filme Estrangeiro (não levou o Oscar por pouco, pois merecia muito mais do que o badalado “Sem Novidades no Front”), "Argentina, 1985" narra a história verídica dos promotores públicos Julio Strassera e Luis Moreno Ocampo, que ousaram investigar e processar a ditadura militar mais sangrenta da Argentina. Sob forte pressão política, pública e militar, a dupla, amparada por uma jovem equipe de universitários engajados, encabeçou uma longa pesquisa antes de começar a julgar os cabeças do regime argentino naquele que é conhecido como Julgamento das Juntas. Não apenas Darín, que faz Strassera, mas Juan Pedro Lanzani, no papel de Ocampo, estão fenomenais. Igualmente, magnífica a cena da leitura da acusação no tribunal, um dos textos mais pungentes que o cinema latino-americano já viu. (Prime Video)




Daniel Rodrigues

segunda-feira, 9 de setembro de 2019

4ª Feira de Vinil Gira Música - Casa da Polônia - Rio de Janeiro/RJ (1º/09/2019)



O dias em que passamos Leocádia e eu no Rio de Janeiro foram invariavelmente lotados. Só coisa boa, mas lotados. Mas sempre se tem espaço para encaixar mais uma programação, ainda mais quando esta trata de música. Ou melhor: quando esta trata de música E discos, o que para um colecionador é um prato cheio. Minha mãe, sabendo de nosso gosto, havia avisado dias antes que ocorreria, no domingo, a Feira de Vinil Gira Música, na Casa da Polônia, no próprio bairro e avenida onde estávamos instalados, Laranjeiras. Pois que, voltando de um passeio no bairro Jardim Botânico neste dia, eis que cruzamos em frente à feira. Obviamente que descemos e fomos dar uma conferida, o que não só valeu a pena a título de passeio como, claro, de compras.

A feira trazia food trucks, bancas com artesanato e bijuterias e uma exposição sobre o célebre músico, arranjador e produtor Lincoln Olivetti, morto há  4 anos, infelizmente muito primária e amadora e que não dimensionava nem de perto a relevância do homenageado. Mas isso não era o mais importante e, sim, aquilo que nos levou até lá: os discos. Com expositores cariocas mas também vindos de Minas Gerais e São Paulo, a feira estava muito boa em termos de quantidade e variedade. Todos os gêneros musicais contemplados, mas principalmente rock, MPB e jazz. O nível dos expositores chamou atenção, uma vez que todos sabem muito bem o acervo que oferecem. Ou seja: os discos raros tinham preços que justificavam suas particularidades. Títulos como "A Bad Donato", de João Donato, "Stand", da Sly & Family Stone, o primeiro disco de Arthur Verocai, "Spirit of the Times", de Dom Um Romão, "Blue Train", de John Coltrane, ou o disco do próprio Lincoln em parceria com Robson Jorge, clássico da AOR brasileira, não saíam por menos que 500, 400, 350, 200, 180 Reais ou valores parecidos.

Galera percorrendo as prateleiras em busca "daquele" vinil
Clima descontraído e musical da Feira de Vinil na Laranjeiras
Não só vinil tinha na feira
Eu vasculhando as preciosidades da banda do Sonzera, um dos expositores
Pedaço da miniexposição sobre Lincoln Olivetti: deixou a desejar

Em compensação, vários balaios. E bons! Com muita variedade e, às vezes, até discos raros, era possível encontrar unidades a 10, 20 ou 30 Reais. E foi aí que me esbaldei, passando algumas horas na feira percorrendo as caixas com promoções enquanto Leocádia aproveitava outras atividades ou simplesmente me aguardava. Uma das atrações da feira seria a presença do cantor e compositor Hyldon, lenda da soul brasileira, que estaria à tarde autografando seu disco relançado, mas não ficamos para isso. Afinal, já estávamos muito bem alimentados com o que encontramos de variedade e qualidade de bolachões, inclusive esses, os que levamos para casa:



“Limite das Águas” – Edu Lobo (1976)
Edu tem vários discos solo cultuados, como “Missa Breve”, “Camaleão” e “Jogos de Dança”, mas não raro este aparece como o preferido do autor de “Ponteio”. Afinal, não tem como não adorar as parcerias como Capinan, Cacaso e Guarnieri, além do primor dos arranjos do próprio Edu e as participações de músicos do calibre de Oberdan Magalhães, Cristóvão Bastos, Joyce, Toninho Horta, Danilo Caymmi e o grupo vocal Os 3 Morais. Coisa fina da MPB.


“Libertango” – Astor Piazzola (1974)
Um dos gênios da música do século XX em seu disco mais icônico. Gravado em Milão, é a representação máxima do tango argentino moderno, tanto que as próprias faixas, assim como a que o intitula, trazem o termo “tango” no nome: Meditango, Violentango, Undertango, entre outras. De ouvir ajoelhado - ou tangueando.



“Brazilian Romance – Sarah Vaughn with Milton Nascimento” ou “Love and Passion”  Sarah Vaughn (1987)
A grande cantora norte-americana Sarah Vaughn, amante da MPB, recorrentemente voltava ao gênero. Depois de gravar discos como “Exclusivamente Brasil” e “O Som Brasileiro de Sarah Vaughn”, nos ano 70, em 1987 ela torna à sonoridade do Brasil por meio de um de seus mais admirados compositores: Milton Nascimento. E o faz isso com alto grau de requinte, haja vista a produção de Sérgio Mendes, os arranjos de Dori Caymmi e participações de gente como George Duke e Hubert Laws. Ela quase levou um Grammy de melhor performance feminina por este álbum.

“Merry Christmas, Mr. Lawrence (Music From The Original Motion Picture Soundtrack)”  Ryuichi Sakamoto (1983)
Tenho adoração por este filme intitulado no Brasil como “Furyo - em Nome da Honra”, e tanto quanto pela trilha sonora, escrita pelo genial Ryuichi Sakamoto. Que, aliás, atua neste filme de Segunda Guerra do mestre Nagisa Oshima, o qual conta no elenco (e só no elenco, o que acho legal também em nível de desprendimento) e como ator principal David Bowie em espetacular atuação. A faixa-título é não só linda como um marco das trilhas sonoras feitas para cinema.


“Stories to Tell” – Flora Purim (1974)
Terceiro disco solo de Flora e segundo dela em terras norte-americanas. Ou seja, vindo um ano após o seu debut “Butterfly Dreams”, no mesmo ano de“Hot Sand”, do então marido Airto Moreira, e dois da estreia com Chick Corea na Return to Forever, “Stories...” a consolida como a musa do jazz brasileiro. Ainda por cima tem Carlos Santana, George Duke, Ron Carter e o próprio Airto compondo a “bandinha”. E que voz é essa a dela?! 




“Amor de Índio” – Beto Guedes (1978)
Dos discos mais célebres da chamada “segunda fase” do Clube da Esquina. A galera tá toda lá: Milton, Brant, Toninho, Tiso, Venturini, Tavinho, Caetano e, claro, Ronaldo Bastos, produtor, compositor com Beto da faixa-título e autor da icônica foto dele enrolado no cobertor usada por Cafi na arte da capa.



texto: Daniel Rodrigues
fotos: Leocádia Costa e fanpage Gira Brazil - Gira Música

terça-feira, 2 de janeiro de 2018

A Arte do ClyBlog em 2017









Início de ano e a gente sempre faz uma breve retrospectiva visual do que estivemos aprontando, criando, transformando, parodiando, nas redes sociais. Desde as variações do nosso logo, passando por "versões" de capas de álbuns ou posters de filmes, chamadas para as seções do blog; e artes comemorativas para eventos e datas significativas. Abaixo, seguem então, alguns destes trabalhos só para a gente relembrar. 

Foi ano do nosso nono aniversário e,
é claro, teve arte comemorativa pela data

E teve bolo pelos 9 anos do ClyBlog

A nossa seção Cotidianas também teve comemoração:
chegou a seu número 500 e o número inspirou
a brincadeira com o filme "[500] dias com ela"

Um blog dos irmãos Cly Reis e Daniel Rodrigues.
Tudo se mistura tanto que quase não dá para saber
onde termina um e começa o outro.

Use-nos, por favor.

É só uma fruta mas a imagem é extremamente provocativa
ainda mais em tempos de tamanho patrulhamento da arte.

ClyBlog altamente radioativo

Tem alguma coisa alojada em seu cérebro.

Rorschach

Pode se animar, Chico

As versões de posters de filmes clássicos.
Aqui "Apocalypse Now"

"O Ataque dos Vermes Malditos" também foi parodiado
para nossa seção Claquete

Escolha seu disco na seção Álbuns Fundamentais

O ClyLive também ganhou novas chamadas.
Esta com a imagem clássica de Freddie Mercury
regendo o público no primeiro Rock in Rio

Mais uma do ClyLive
(energia da galera)

As chamadas da nossa página de livros, a Lido.
Aqui brincando com o filme "O Iluminado"

A máquina de escrever inseto de "Mistérios e Paixões"

Não há livros proibidos na nossa seção Lido.


Logo alternativo para a seção Cotidianas

A nova seção das Cotidianas que estreou em 2017,
as Pílulas Surrealistas

Mais Pílulas Surrealistas.
Já tomou a sua?


Daniel Rodrigues estreou este ano seu programa de rádio,
o Música da Cabeça, e ele já tem seu espaço no ClyBlog

O bom dia do ClyBlog para você

Mexeu com um preto, mexeu com todos!
O ClyBlog fez questão de lembrar o que é
"coisa de preto" de verdade.

Nos pintamos com as cores do arco-íris contra a intolerância sexual


E. por fim, o Todo-Poderoso com seu controle-remoto do mundo,
na Coluna dEle.


C.R.