quarta-feira, 22 de maio de 2019
Música da Cabeça - Programa #111
O presidente finalmente acertou: "Brasil acima de todos". Já que o Bozo só acerta quando erra, aqui, no Música da Cabeça, a gente acerta acertando. Olha só quanto acerto: The Glove, Mulatu Astatke, Legião Urbana, The Strokes, Itamar Assumpção, Beastie Boys e mais. "Palavra, lê", "Música de Fato" e "Cabeça dos Outros" vem comprovar ainda mais que a gente tá coberto de razão. Por isso, ouça o programa de hoje, às 21h, pela Rádio Elétrica, que não tem erro. Produção e apresentação de Daniel Rodrigues. Na mosca.
Rádio Elétrica:
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quarta-feira, 21 de setembro de 2022
Música da Cabeça - Programa #285
Não adianta dizer mentira na ONU ou onde quer que seja. Com o MDC é assim: a gente desmascara e põe pra todo mundo ver! Iluminando o Empire State, o programa de hoje vem com Itamar Assumpção, Zizi Possi, Morphine, Nei Lisboa, John Cale e mais. No Cabeção, o som etéreo e ruidoso da My Bloody Valentine e um Palavra, Lê também especial. Projetando aquilo que deve ser dito, a edição de hoje vai ao ar às 21h na protestadora Rádio Elétrica. Produção, apresentação e #forabroxonaro: Daniel Rodrigues (Ah, sem esquecer também de #tchutchucadocentrão)
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quarta-feira, 1 de abril de 2020
Música da Cabeça - Programa #156
É 1º de abril, mas duvido que alguém diga que é mentira que o Música da Cabeça tem o poder de alegrar esses dias de quarentena. Pelo menos, as quartas-feiras, como a de hoje, em que teremos coisas como Itamar Assumpção, The Manhattans, Sepultura, Tracy Chapman e Detrito Federal. Ainda, "Música de Fato" sobre os mentirosos que andam por aí, "Palavra, Lê" em homenagem a Riachão e "Cabeção" lembrando Krzysztof Penderecki, morto esta semana. Pode conferir às 21h o MDC, na idônea Rádio Elétrica, que não é lorota. Produção, apresentação e a mais pura verdade: Daniel Rodrigues. #ficaemcasa
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quarta-feira, 27 de dezembro de 2017
Música da Cabeça - Programa #39
Todos prontos para o espocar das espumantes para o Réveillon? Peraí, que antes tem o Música da Cabeça, que está finalizando 2017, claro, com muitos sons! Temos no programa de hoje o pop britânico de The Cranberries e Everything But the Girl, os mestres tropicalistas Caetano, Gil e Tom Zé, o samba inteligente de Itamar Assumpção, o pós-punk minimalista da Polyrock e mais. Ainda, um “Sete-List” especial alusivo ao ano que termina e um “Palavra, Lê”, idem. É coisa pra caramba para que você não perca o programa de hoje! É às 21h, pela Rádio Elétrica. Produção, apresentação e fogos de artifício: Daniel Rodrigues.
quinta-feira, 25 de maio de 2023
ÁLBUNS FUNDAMENTAIS Especial de 15 anos do Clyblog - Patife Band - "Corredor Polonês" (1987)
Clayton me convidou para participar desse blog o que me deixou muito envaidecido. Vão ler sobre meu gosto musical!
Mas, por outro lado, recebi uma tarefa ingrata: como escolher um grande álbum musical. Um só? Como não falar de "Master of Reality", do Sabbath, "Aracy canta Noel", ou o impecável diletantismo do grupo Rumo. Gente, "Estado de Poesia" do Chico César, "La Lhorona", da saudosa Lhasa de Sella...
Ok, só um mesmo!
Decidi pelo que considero o grande álbum do rock Brasil dos 80: "Corredor Polonês", da Patife Band, de 1987. Não bastasse a presença de compositores do nível de Itamar Assumpção, Arrigo Barnabé, Fernando Pessoa, temos músicos preciosos acompanhando Paulo Barnabé, inquieto compositor e músico. "Corredor Polonês" foi produzido por ninguém menos que Liminha. O cara sabe do negócio. Ainda hoje o disco me soa de um frescor ímpar.
Porradaria estranha do começo ao fim. Flertes com o punk, noise rock e jazz fazem dessa obra uma preciosidade musical brasileira. E nem fico muito chateado pelo álbum não ter ficado tão conhecido pela mídia. Azar deles! Dá um gostinho de que é meio nosso também. Amo. Quem não ouviu, busque na Internet. Quem já conhece faça como eu, corre pra escutar novamente!
por R O N I V A L K
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FAIXAS:
1. Corredor polonês (4:00)2. Pesadêlo (1:15)
3. Chapéu vermelho (3:40)
4. Tô tenso (3:15)
5. Poema em linha reta (2:08)
6. Teu bem (3:43)
7. Três por quatro (2:05)
8. Pregador maldito (2:23)
9. Vida de operário (3:30)
10. Maria Louca (2:51)
Roni é integrante e diretor artístico do grupo musical-teatral Roni e As Figurinhas
quarta-feira, 5 de dezembro de 2018
Música da Cabeça - Programa #87
Vocês gostam de Nirvana ou de Nirvana? De Iron Maiden ou Iron Maiden? Pensa que a gente enlouqueceu? Não! E o Música da Cabeça desta semana prova isso. No nosso quadro “Sete-List” traremos uma lista de 7 bandas com nomes iguais. Fora isso, muito mais coisas semelhantes ou não, como U2, Itamar Assumpção, P.I.L., Natiruts e The Kinks. Quer ficar com a nossa cara também? Então, pega teu espelho e ouve o programa de hoje, às 21h, pela Rádio Elétrica. Produção, apresentação e parecença: Daniel Rodrigues.
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quarta-feira, 22 de janeiro de 2020
Música da Cabeça - Programa #146
Palhaçada isso de "noivado" com a cultura! Aqui, a gente é casado com ela! Muita, mas muita cultura no Música da Cabeça de hoje na figura de The Jimi Hendrix Experience, Ryuichi Sakamoto, Os Paralamas do Sucesso, Itamar Assumpção, Jamiroquai, Nei Lisboa e outros dignos representantes. Da MPB ao rock, da pop ao clássico: tem cultura pra dar e vender como sempre no MDC, Às 21h, na Rádio Elétrica. Produção e apresentação: Daniel Rodrigues (e, caramba: Santo Expedito não é São Cristóvão!).
Rádio Elétrica:
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segunda-feira, 17 de abril de 2017
Elza Soares - "A Mulher do Fim do Mundo" (2015)
Devo admitir que fui com um certo ceticismo para ouvir "A Mulher do Fim do Mundo", disco da veterana Elza Soares, desconfiado de que grande parte da badalação em torno dele viesse a dever-se muito mais à simpatia das "minorias" ou da parcela da sociedade engajada por assuntos que o disco aborda e causas que, direta ou indiretamente, defende como igualdade racial, feminismo, justiça social, etc., do que propriamente por suas suas qualidades musicais. Para minha felicidade o disco não limita-se a ser um grito dos oprimidos. Aparatada por um time de jovens músicos, compositores e produtores, antenados com o momento musical, com os novos recursos e possibilidades, a veterana Elza Soares tem a oportunidade de ter seu trabalho atualizado e por conta disso revalorizado através das inovações propostas por essa impetuosa retaguarda técnica. Bases e batidas pré-gravadas, guitarras, distorções, incorporação de outras tendências musicais como rap e o funk são algumas das novidades que vemos no trabalho de Elza, impulsionadas, é claro, pelo talentoso grupo de músicos já de bom trânsito e reconhecimento pela cena musical paulistana nos últimos anos.
Mas antes que digam que estou dando todos os méritos para a equipe técnica e inventem outra polêmica, como se já não bastasse da famosa discussão sobre o fato do álbum ter sido todo concebido e executado por homens brancos, é importante que se saliente que "A Mulher do Fim do Mundo" é um disco DE Elza Soares, feito PARA Elza Soares como muitos discos são feitos para outros intérpretes por diversos compositores, independente de seu gênero, raça ou condição social, e ELA é a estrela maior do disco. Os temas, as letras, a obra foi entregue a ela, personificada nela porque, possivelmente, no Brasil, poucas artistas representariam tão bem a imagem de luta de uma mulher negra de origem humilde julgada pela sociedade como ela. E nada mais autêntico do que entregar esse repertório a uma mulher que, mesmo antes disse projeto, ao longo de sua carreira sempre fez questão de mostrar estas realidades fosse nos repertórios escolhidos, fosse em entrevistas.
Provando que sabem que Elza é quem tem que brilhar e que não tem a intenção de reivindicar a obra, os "garotos" fazem questão de enfatizar isso logo na primeira faixa: o que surge primeiro é a voz. Apenas a voz. Nada mais. Numa emocionante interpretação à capela de "Coração do Mar", poema de Oswald de Andrade, musicado por José Miguel Wisnik, Elza brilha solo mostrando que seu "instrumento de trabalho" permanece como uma marca registrada na música brasileira.
Imediatamente após a introdução vocal, a faixa que dá nome ao disco surge solene e melancólica com cordas chorosas logo integradas a um riff minimalista que não tarda a explodir num samba potente como um terremoto, um cataclismo, um apocalipse. É o fim do mundo e Elza está lá. No meio dele, no olho do furacão. Cantando. Com aquele rasgo de voz característico dela, como se fosse um trompete, ao melhor estilo Louis Armstrong, ela anuncia, inapelável, "Eu vou cantar até o fim". E, amigos, tal é a força, que a partir daquele momento ficamos com a certeza de que nada irá pará-la.
E pra confirmar essa volúpia incontida, a excelente "Maria da Vila Matilde", um "samba-de-breque" cheio de elementos eletrônicos, guitarras e metais, vem dando o papo-reto sobre violência contra a mulher botando o dedo na cara do machão covarde e avisando com todas as letras "Você vai se arrepender de levantar a mão pra mim". É a afirmação da postura da mulher do novo século, da mulher do fim do mundo.
Em "Pra Fuder" a linguagem que num primeiro momento pode parecer desnecessária, tipo criança boca-suja, meio Dercy Gonçalves nos últimos anos de vida, mostra-se imperativa num dos refrões mais intensos dos escritos no Brasil desde as sentenças primais de "Cabeça Dinossauro" dos Titãs.
"Luz Vermelha" é visceral, agressiva, caótica e traz um refrão embalado por uma espécie de drum'n bass sambado; a simpática "Firmeza?!" reafirma a contemporaneidade de linguagem, não somente sonora mas também verbal, proposta pelos compositores e produtores, num amistoso diálogo entre dois "parças" na "quebrada" onde vivem; a mórbida "Dança" talvez seja a que mais se aproxima de um samba canção tradicional; e "Canal" com uma poesia sutil aborda a questão da falta d'água com destaque para o brilhante trabalho de percussão.
"Benedita" (ou seria Benedito?), outro dos granes destaques do álbum, de estrutura quebrada e imprevisível, acompanha as desventuras de um transexual pelo submundo e seus recursos para sobreviver naquele meio selvagem e implacável ("Ela leva o cartucho na teta/ ela abre a navalha na boca") .Uma jornada underground comparável às mais sujas histórias de Fausto Fawcett com suas fantásticas personagens malditas como Kátia Flávia, a amazona loura terrorista, ou a falsa-santa traficante de armas Judith Raquel: ou mais realisticamente, com o personagem de mesmo nome criado por Itamar Assumpção em "Beleléu", mais conhecido como Nêgo Dito.
Sob acompanhamento de cordas "Solto" encaminha com melancolia o final do disco e, assim como começou ele termina, conduzido apenas pela voz de Elza na belíssima "Comigo". A voz está um pouco envelhecida, deve-se dizer a verdade, mas assim como Billie Holliday em "Lady in Satin", que com a voz hesitante e débil ainda conseguira gerar uma obra-prima, Elza Soares talvez tenha conseguido finalmente, em tempo, a sua.
Um disco que já nasceu histórico e que já coloca-se de imediato entre os grandes álbuns da música brasileira. Um projeto musicalmente ousado e que torna-se urgente e essencial no presente contexto político, social e humano por suas temáticas e abordagens. "A Mulher do Fim do Mundo" é o disco da nova mulher, de uma nova atitude, de um novo som, o disco de um novo século e, oxalá, quem sabe não o disco do fim do mundo, mas de um novo mundo.
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FAIXAS:
- "Coração Do Mar"
- "Mulher Do Fim Do Mundo"
- "Maria Da Vila Matilde"
- "Luz Vermelha"
- "Pra Fuder"
- "Benedita"
- "Firmeza"
- "Dança"
- "Canal"
- "Solto"
- "Comigo"
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OUÇA:
Elza Soares A Mulher do Fim do Mundo
segunda-feira, 11 de setembro de 2017
Deixe a meta do poeta Chico Buarque
Chico, lançando novo disco e nova polêmica |
Primeiro, nem todo mundo gosta de Chico Buarque e de sua arte, o que, mesmo que raramente, escuta-se por aí. Até aí, ok, uma vez que é saudável que, por um motivo ou outro, haja quem discorde ou não se afine com o que o cantor, compositor e escritor faz. Por outro lado, contudo, a mesma unanimidade soa diferente – e não coincidentemente, mais burra ainda. Se praticamente toda a esquerda forma filas seguindo seus passos, há uma direita reacionária e raivosa que está permanentemente no encalço de Chico. Em tudo que ele faz, seja uma música, uma aparição pública ou algum posicionamento político. A direita não engole Chico, e por isso o persegue, tentando achar, sob a capa de uma artificial unanimidade, a ideológica, erros de conduta no artista que o incriminem.
E não conseguem, claro. São polêmicas vazias que, no instante seguinte, se esvaziam. Foi assim agora, em agosto, quando do lançamento da música “Tua Cantiga”, presente no mais recente disco de Chico, “Caravanas”. Livre dos estereótipos e dono de seu trabalho, Chico segura com açúcar e afeto essa turma irritadiça desde os anos 70, quando o patrulhamento sobre si já se manifestava com agressividade. Não foi diferente neste último episódio, quando, sem criatividade (visto que sem argumentos de fato), trouxeram mais uma vez a pecha de “machista” a ele, coisa que tentam desde o tempo em que não entenderam (ou fizeram de conta que não entenderam) a trágica ironia de “Mulheres de Atenas”. De 1976... Igual ao que tentaram imputar-lhe quando do seu até então último álbum, “Chico”, de 2011, ao implicaram com os versos: “Amar uma mulher sem orifício”. Fizeram-no idiotamente, sem fazerem questão de considerar as palavras que vinham antes: ”Hoje pensei em ter religião/ De alguma ovelha, talvez, fazer sacrifício/ Por uma estátua ter adoração...”.
Desta vez, a acusação da ala “feminista” foi a mesma, porém a polêmica foi maior. A letra de “Tua Cantiga”, um lindo maxixe moderno escrito por ele em parceria com Cristóvão Bastos, fala de um homem perdidamente apaixonado por uma mulher distante dele a quem, romanticamente, venera. Nela, os versos: “Largo mulher e filhos/ E de joelhos/ Vou te seguir”, entretanto, foram o estopim da avalanche de discussões. Desde julgamentos de que a atitude de “largar mulher e filhos” seria machista até a de que, por absoluta falta de interpretação de texto, a de que esse ato significaria um desrespeito às mulheres, por que ter uma “amante” seria inaceitável. Detalhe: em nenhum momento a letra diz que o homem ficaria com as duas mulheres ao mesmo tempo, e nem que “largar mulher e filhos” significaria precisamente isso, visto que a frase pode tranquilamente ser entendida como uma força de expressão. Ou seja, talvez nem mulher e filhos existam, apenas o arroubo romântico do personagem. Haja vista o não entendimento ou a forçada intenção de tentar não compreender o que foi dito, é fácil também de explicar porque confundem com tanta convicção este com o próprio autor.
Mallu Magalhães: fez clipe mas não soube resistir às críticas |
“- Será que é machismo um homem largar a família para ficar com a amante?
- Pelo contrário. Machismo é ficar com a família e a amante.”
Todo esse debate em torno da música nova de Chico Buarque é um verdadeiro espelho da sociedade brasileira, contudo. Não há, por parte de uma fatia (considerável, poderosa e midiática) da sociedade uma real vontade de que as coisas mudem: a desigualdade social, a corrupção, a hipocrisia, o preconceito e o próprio machismo pretensamente atacado. Ao invés de se preocupar e brigar por coisas que afetam a vida do brasileiro de forma estrutural, como o crítico cenário político atual e as desigualdades sociais que se dão a cada esquina, “neguinho” presta atenção no problema periférico ou naquilo que nem problema é. Porque dar atenção demasiada ao que Chico Buarque está falando na letra da música é, sim, desviar do que importa. Afinal, é mais fácil isso do que fazer um mea culpa por bater panela e alçar ao poder o primeiro presidente julgado por corrupção no exercício do mandato. E que ainda está lá.
Jack Nicholson em "O Iluminado" |
O que está escrito em “Tua Cantiga” e todas as interpretações que a obra suscita são, impreterivelmente, do âmbito artístico. São da obra, e devem ser vistas como tal. Mesmo que fosse (e não é) um trabalho autobiográfico de Chico Buarque, ainda assim exigiria que fosse visto como arte. Que interessa se o “eu-lírico” da letra é ou não machista, ora essa! Se o é ou não, é objeto da obra, e assim foi intencionalmente escrita. E ponto. É sinal de um retrocesso descomunal observar que algo desta natureza ainda gere controvérsia e, ainda mais triste, precise ser explicado. De outra música da safra nova de Chico, "As Caravanas", uma denúncia do preconceito racial e social, ninguém comenta.
Clipe de "Tua Cantiga" - Chico Buarque
segunda-feira, 20 de janeiro de 2020
Os 20 melhores discos brasileiros da década de 2010
Macalé: um dos expoentes da geração dos 60 da MPB marcando também a década de 2010 |
Pode-se notar desde a entrada de uma nova turma de compositores/produtores no cenário musical até a reafirmação dos que já haviam conquistado espaço. Igualmente, a estabilização da geração de vozes femininas (como Tulipa Ruiz, Céu, Xênia França, Anelis Assumpção, Karina Buhr, entre outras), vindas em enxurradas sem critérios na década passada, é outro fenômeno percebido nesses dez últimos anos. Também viu-se um passo adiante dado pelo rap nacional (seja em São Paulo, Rio, Bahia ou outros estados) e na música instrumental mais “cabeça”, bem como a confirmação de que os velhos deuses da nossa música - Caetano, Jards, Gil, Chico, Djavan e outros -, ainda são bússola para todo mundo. Mas uma peculiaridade se percebeu fortemente: o encontro de gerações. Músicos jovens, além de conduzirem seus projetos próprios, passam a servir de base para moldar os mais antigos na modernidade que a produção musical da atualidade, digital e pós-moderna, exige.
Kiko Dinucci, da Metá Metá: a cabeça da nova geração por trás de discos de outros artistas |
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Último remanescente da Velha Guarda (sim, com letra maiúscula!) do samba brasileiro, Monarco gravou, desde os anos 70, quando já era um bamba da Portela, praticamente um disco por década. Já octogenário, o mestre, com seu barítono inconfundível e suas melodias e letras marcantes, desfila canções irreparáveis de seu vasto cancioneiro. Desde composições dos anos 40 (o gracioso maxixe “Crioulinho Sabu”, escrito quando tinha apenas 8 anos) até parcerias com sambistas célebres, como Mário Lago (“Poeta Apaixonado”), Ratinho (“Verifica-se De Fato”, “Pobre Passarinho”) e Mijunha (“Meu Criador”). Sabe aquele disco que tem caráter de registro histórico-antropológico? Pois é.
11. “Mulher do Fim do Mundo” - Elza Soares (2015)
A deusa negra Elza Soares já vinha de um ótimo trabalho com músicos de São Paulo por meio do craque Zé Miguel Wisnik, “Do Cóccix Até O Pescoço”, de 2012. E foi dessa proximidade com a turma paulista que a grande cantora viva de sua geração e símbolo do empoderamento feminino chegou a Guilherme Kastrup. Deu liga. Ele arrumou o campo pra que Elza entrasse em campo com o que sabe fazer melhor do que ninguém: cantar. Clássico imediato, “Mulher. do Fim do Mundo” conta com joias como a faixa-título, “Maria de Vila Matilde” e “Pra Fuder”.
1. Coração do Mar
2. A Mulher do Fim do Mundo
3. Maria da Vila Matilde
4. Luz Vermelha
5. Pra Fuder
6. Benedita
7. Firmeza?!
8. Dança
9. O Canal
10. Solto
11. Comigo