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terça-feira, 17 de setembro de 2019

Promoção "Meia-Noite: Contos da Escuridão"



Cly Reis e Daniel Rodrigues, os irmãos comandantes do clyblog, estão novamente com seus contos em uma antologia. Dessa vez é a coletânea "Meia-Noite: Contos da Escuridão", uma reunião de contos de terror que conta com histórias macabras de mais de vinte autores de todos os cantos do Brasil.
No embalo do lançamento do livro, que aconteceu na Bienal do Rio, o ClyBlog vai presentear você com um exemplar do "Meia-Noite: Contos da Escuridão". Como ganhar o seu? Basta compartilhar a nossa promoção nas nossas páginas das redes sociais e você já  estará concorrendo.
Então vai lá em facebook.com/clyblog e dá um COMPARTILHAR, vai lá em twitter.com/clyblog e dá  um RETWEET e aí é só  aguardar o sorteio que acontece no dia 28 de setembro *. 

Boa sorte e bons arrepios!




* O resultado será divulgado nas nossas páginas do Facebook e do Twitter.

sábado, 7 de setembro de 2019

Lançamento e sessão de autógrafos das antologias "Meia-Noite: Contos da Escuridão", "Psicopatas" e "Reino Fantástico" - Ed. Autografia/Selo Fantastic - XIX Bienal do Livro - Riocentro - Rio de Janeiro/RJ (04/09/2019)



Cly e eu com as três obras em que
participamos
O Rio de Janeiro me proporciona dias felizes a cada vez que o revisito. Mas desta vez a costumeira alegria de rever a família e os amigos, visitar lugares novos e voltar aos conhecidos, percorrer as ruas, enfim, foram adicionadas de uma nova, inédita e memorável ocasião, que foi a XIX Bienal do Livro. E não apenas a satisfação de conhecer o espaço do Riocentro e a própria feira – o que já valeria o passeio –, mas porque, ao lado de Leocádia Costa e de meu irmão, o motivo que nos levou até lá foi o lançamento da antologia de contos “Meia-Noite: Contos da Escuridão”, da editora Autografia através do selo Fantastic, a qual eu e Clayton participamos cada um com uma história: “Clichês”, dele, e “O Monstro do Armário”, o meu. Além desta, Clayton teve a façanha de entrar em outras duas coletâneas da editora: “Psicopatas”, lançada no mesmo dia e que tem o seu conto “O Livro da Fascinação”, e “Reino Fantástico”, lançada dia 2/9 e que contém “Churrasco”.

O feito não planejado por nós de estar no mesmo livro, aliás, repete o que já nos ocorreu em 2016 na também antologia em forma de seletiva contos "Conte uma Canção – vol. 2" (ed. Multifoco), em que histórias nossas foram selecionadas juntas em uma mesma publicação pela primeira vez ("Música do Diabo", de Clayton, e "Heart Fog", a minha).

O dia chuvoso carioca talvez tenha atraído até mais gente para a Bienal, que estava bastante lotada. No bonito estande da Autografia, fomos recebidos o simpático Frodo Oliveira, organizador não apenas dessa obra como das outras quatro antologias lançadas na feira pela editora, série que inclui, afora os citados, a coletânea “Evolução”, de ficção científica, Conforme conversou conosco, os quatro títulos, feitos muito bem e em tempo recorde, mobilizaram cerca de uma centena de autores entre os que aparecem em apenas uma obra e outros que, como Clayton, emplacaram em mais de um volume.

Além de Frodo, também tivemos a oportunidade de conhecer e trocar um papo com alguns dos outros autores presentes em algumas das antologias, como Marcelo Sant'Ana, Anderson Elias (pseudônimo Sombra Posthuman), Simone Bica, Rodrigo Roddick, entre outros. O dia foi de autógrafos, mas quem quiser conferir a Bienal, bem como dar uma passada no estande da Autografia para conhecer nossas obras (ou até, quem sabe, adquiri-las), o evento vai até este domingo, dia 8/9.

Confiram, então, alguns momentos da agradável tarde na Bienal do Livro nas fotos registradas como sempre com muita competência e carinho por Leocádia:

Entrando na feira: pra que lado é mesmo?

Já no estande, nós e o organizador das antologias Frodo Oliveira
Cly ostentando com direito as três antologias em que emplacou contos seus
Eu feliz da vida com a coletânea "Meia-Noite" nas mãos
Autógrafo garantido para Leocádia (foto: Clayton Reis)
Bate-papo literário com Anderson "Sombra Posthuman" Elias
Agora a conversa é também com Rodrigo Roddick, autor de conto de "Psicopatas"
Um pequeno leitor interessado e que veio conversar conosco sobre o livro
Roda de autores "psicopatas" e "soturnos" na Bienal do Rio
Foto de alguns dos autores com o editor no estande da Autografia


texto: Daniel Rodrigues
fotos: Leocádia Costa

quarta-feira, 10 de julho de 2019

Seletivas para antologias da editora Fantastic - "Meia-Noite: Contos da Escuridão", "Psicopatas" e "Reino Fantástico"



Foi na semana passada mas, envolvido com outras coisas, nem tive tempo de comentar aqui no blog, uma notícia que nos traz enorme satisfação. Saiu o resultado da seletiva que a editora Autografia, através do seu selo Fantastic, promoveu para escolher contos de novos autores para antologias temáticas que irá lançar, e nós, os editores do ClyBlog, Cly Reis e Daniel Rodrigues fomos selecionados. Como já acontecera na coletânea "Conte uma Canção - vol.2", da editora Multifoco em 2016, histórias de nossa autoria estarão juntas em uma mesma publicação só que desta vez será em uma publicação que reúne contos de terror. Daniel com o conto "O Monstro do Armário", e eu com "Clichês" integraremos o time de 25 autores que farão parte do livro "Meia-Noite: Contos da Escuridão". Além desta de histórias macabras, fui selecionado também para outras duas antologias para as quais a Fantastic também abriu seleções, para o estilo policial na coletânea "Psicopatas", com o conto "Churrasco", e para o gênero fantástico com "O Livro da Fascinação", na publicação "Reino Fantástico".
Particularmente, fico bastante feliz por mais estas escolhas pois, de certa forma, reconhecem alguma qualidade de escrita que provavelmente venhamos a ter visto as constantes inclusões em publicações desta natureza, valorizam o material publicado aqui no blog, uma vez que grande parte dos contos que vão para seletivas são publicados na nossa seção Cotidianas e dão oportunidade e a nós, novos autores, de saírmos da gaveta ou dos nossos blogs e sermos verdadeiramente publicados em papel, que é o formato que gostamos e ler e, agora, de sermos lidos.
Obrigado, Autografia, à Fantastic e ao organizador Frodo Oliveira pela oportunidade e agora é só esperar o lançamento que ocorrerá na Bienal do Livro do Rio, em setembro. Até lá, deveremos ter novidades a respeito.



C. R.

segunda-feira, 26 de agosto de 2019

ClyBlog 11 anos. Parabéns para nós!

O tempo passa... É, parece que foi ontem que começamos um blog meio sem saber o que queríamos, como fazer, o que colocaríamos nele e, hoje o nosso ClyBlog chega a seu décimo primeiro ano. Uma trajetória muito positiva que nos fez crescer junto com o blog. Crescer em conteúdo, conhecimento, ousadia, ambição, em criatividade, em qualidade. A plataforma que meramente nos propiciava a exposição de nossas produções criativas, escritas, visuais, gráficas ou quaisquer outras que pudessem se manifestar, nos possibilitou o reconhecimento destas manifestações artísticas em publicações literárias e gráficas, valorizando, sobremaneira, o conteúdo publicado no blog. Se antes utilizávamos nosso espaço para, humildemente, expormos nossas impressões pessoais sobre música, cinema e outros assuntos de nosso interesse, hoje, parceiros, amigos e convidados altamente qualificados se juntam a nós, alguns de forma constante e outros eventualmente, em ocasiões especias, dando suas colaborações nas mais diversas seções do nosso veículo, sempre demonstrando imensa satisfação em fazer parte do nosso projeto.  Além disso, as vivências e experiências de eventos, espetáculos, viagens, passeios, foram ampliadas trazendo mais variedade, informação e imagens em canais específicos para cada segmento. Ou seja, de 2008 para cá, o ClyBlog está cada vez melhor e mais interessante.
E tudo isso só se deve ao fato de que nós, as cabeças do ClyBlog, Daniel Rodrigues e eu, Cly Reis, continuamos pilhados, sempre estimulados, sempre a fim de fazer algo legal, algo diferente, acrescer qualidade, novidades, conteúdo instigante, coisas que sejam legais para o leitor, visitante ou seguidor porque seriam legais para nós. É isso que  fez com que o ClyBlog chegasse até aqui,aos 11 anos, e fará com que siga em frente, se depender de nós, ainda por muito tempo.
Nesses 11 anos tivemos um monte de coisas bacanas no ClyBlog: fomos a shows e contamos como foi, viajamos por diversos lugares e relatamos as experiências, fomos selecionados para publicações, , participamos de outros espaços em outras plataformas, tivemos convidados importantes escrevendo no ClyBlog... Enfim, foram muitos bons momentos. Não dá pra colocar todos aqui, afinal são 11 anos, mas dá pra destacar alguns. Assim, lembramos aqui um momento para cada ano desde o início do ClyBlog.



2008
Madonna no Maracanã - No ano da criação do ClyBlog, um dos momentos marcantes foi a volta da Rainha do Pop a terras brasileiras. A expectativa era grande mas o show não foi lá essas coisas. Mesmo assim, relatamos tudo, num dos primeiros ClyLive, a seção de shows do ClyBlog.

Madonna, show de constrangimentos
Vi no filme "Na Cama com Madonna" o trechos da turnê Blonde Ambition e fiquei fascinado. Quis ver aquilo! No entanto a turnê seguinte, que acabou passando pelo Brasil, foi a Girlie Show, que apesar de não ser tão boa quanto a anterior, de não ter os figurinos do Gaultier nem a performance libidinosa de "Like a Virgin" foi um belo espetáculo e me proporcionou boas surpresas.
Anos depois resolvi ir ver novamente a Madonna ao vivo pelo mero fato de ser a Madonna. Sabia já que o álbum "Hard Candy" era um horror porém guardava a expectativa de que o show, o espetáculo, o tudo, valesse a pena.
Olha, foi um circo do lamentável (...) Leia mais...




2009
Viagem ao Velho Continente: Em 2009, tive a oportunidade de ir à Europa e visitar algumas das cidades mais famosas do mundo e alguns dos destinos turísticos mais procurados. Estive em Paris, Londres, Roma, Florença e Veneza e, é claro, tudo foi para no ClyBlog, na nossa seção Arquivo de Viagem.

ARQUIVO DE VIAGEM: Europa
Aeroporto, mala, poltrona desconfortável, sono ruim, hotel, informações e é em inglês, em italiano e é em francês, e dá-lhe fotografia, fotografia, fotografia, e de novo hotel, e outro dia mais fotografia, e tome outro aeroporto, ou estação de trem, ou táxi, e outro hotel, e mais foto, foto, foto... É, isso é viajar! Mas é bom! E principalmente para a Europa que era uma antiga aspiração. O roteiro? Londres, Paris, Roma, Florença e Veneza.
A primeira parada, a terra da Rainha, que mais do que todas as outras eu tinha uma enorme vontade de conhecer por causa principalmente de toda a atmosfera rock do lugar, por causa das bandas que admiro ou mesmo por toda a influência musical e comportamental que exerce sobre grande parte do mundo, não me decepcionou (...) Leia mais...
LONDRES: Passeio por LondresFabric,  The Telegraph Pub
PARIS: Paris
ROMA: Roma
FLORENÇA: Florença
VENEZA: VenezaJazz em Veneza - Bàccaro Jazz



2010
Internacional Bicampeão da Libertadores - Neste ano, tive a felicidade de presenciar o segundo título de Libertadores da América do meu time do coração, o Sport Club Internacional, in loco, no Beira-Rio. E, como não podia deixar de ser, documentei a noite mágica do Bi da América para o ClyBlog.

Era uma vez na América (ou melhor, DUAS vezes)

Eu tinha assistido à semifinal contra o Olímpia em 89. Eu estava lá no Gigante. Não, não podia acontecer de novo.
Quando os mexicanos do Chivas fizeram o primeiro gol do jogo aquele filme de terror me veio à cabeça. E eu lá de novo. Seria EU o culpado? Teria, EU, me desbarrancado do Rio de Janeiro a Porto Alegre, sem ingresso na mão, desembarcando 4 horas antes do jogo, conseguido incrivelmente a tal entrada, tudo isso para EU dar azar pro eu time? (Torcedor pensa cada coisa, não?) Mas por certo não fui só eu. Outros devem ter pensado que aquilo estava acontecendo porque não usaram a mesma cueca, não conseguiram sentar no mesmo lugar no estádio, porque não seguiram determinados rituais, ou sabe-se lá mais o que; mas de todos estes não sei quantos ali haviam presenciado a maior "tragédia" do Beira-Rio. E eu estava lá (...) Leia mais...
Inter x Chivas
Museu do Inter




2011
"Screamadelica", do Primal Scream, ao vivo na íntegra - Enquanto na Cidade do Rock, rolava o Rock in Rio, com todas suas estrelas e nomes badalados, no Circo Voador, na Lapa, bem menos incensado, um dos discos mais importantes dos anos 90 e da história do rock era tocado na íntegra por uma das bandas mais influentes do pop rock britânico. O Primal Scream, liderado pelo dissidente do Jesus and Mary Chain, Bob Gillespie, celebrava o vigésimo aniversário de lançamento do álbum "Screamadelica" com um show sensacional que foi ainda mais especial uma vez que assisti na companhia de meu irmão, Daniel Rodrigues, que andava pelas bandas do Rio de Janeiro naquele momento. A cúpula do ClyBlog, curtindo junto um show tão especial como esse, só podia ser um dos grandes momentos de 2011.


Primal Scream - "Screamadelica 20th Anniversary Tour" - Circo Voador - Rio de Janeiro (23/09/2011)


Nesta última sexta-feira aconteceu a primeira noite de apresentações do Rock in Rio... Bom, e dai?
Azar de quem foi à tal Cidade do Rock e não estava na Lapa, como eu, delirando com o show da turnê de aniversário de 20 anos do álbum "Screamadelica" do Primal Scream.
Que Rock in Rio que nada! O verdadeiro rock no Rio de Janeiro estava acontecendo lá no Circo Voador. E se toda a cidade estava mobilizada para assistir às rihanas cláudiasleittes da vida, ali na Lapa, um pequeno grupo de fieis assistia a um show histórico, que diga-se de passagem, foi, com louvor, proporcionado por eles mesmos, que num esforço incomum fizeram trazer ao Rio uma atração que estava praticamente descartada para cá (...) 
Leia mais...




2012
O punk e a moda - 2012 marca o lançamento do livro "Anarquia na Passarela - A Influência do Movimento Punk nas Coleções de Moda", do irmão e parceiro de blog Daniel Rodrigues, como um dos fatos mais importantes daquele ano no ClyBlog. Um estudo profundo e criterioso sobre a música e a moda caminhando juntas, sem cair na chatice ou na mesmice com uma linguagem fácil e dinâmica. Eu posso até ser suspeito para elogiar por ser irmão, mas acho que o júri do Prêmio Açorianos, que consagrou o livro como melhor ensaio de literatura e humanidades tem isenção o suficiente.

"Anarquia na Passarela - A Influência do Movimento Punk nas Coleções de Moda", de Daniel Rodrigues (Ed. Dublinense, 2012)

(...) O livro é uma caixa de som! Sai música dele. Mas não só isso: dá vontade de usar aquela calça rasgada no joelho, de usar aquele bracelete de couro, uma camisa com dizeres desaforados...
Ele é extremamente bem fundamentado, estudado, repleto de referências, citações, com alto grau e profundidade de pesquisa mas passa longe de ser pedante e cansativo. Ele flui. Flui muitíssimo bem. 
Consegue conjugar um gosto pessoal musical, inequívoco e indesmentível, com muita informação, embasamento teórico e análise detalhada e  numa proporção perfeita e exata de modo a tornar a leitura absolutamente agradável e sempre interessante (...) Leia mais...

Anarquia em Porto Alegre - Noite de autógrafos de Daniel Rodrigues - Pinacoteca Café



2013
Álbuns Fundamentais Especial de 5 anos do ClyBlog - O quinto ano do ClyBlog foi marcado por uma série de comemorações e publicações especiais. Uma delas foi a participação especialíssima do ex-Replicante, Carlos Gerbase, na seção ÁLBUNS FUNDAMENTAIS, falando sobre o cultuado disco de estreia da banda "O Futuro é Vortex". Tinha alguém mais autorizado a falar sobre o assunto?

Os Replicantes - "O Futuro é Vortex" (1986)

A palavra “Vortex” já significou muitas coisas na minha vida. Meu primeiro encontro com ela foi em meados dos anos 70, numa máquina de fliperama, aquelas antigas, de bolinha, imortalizadas no musical “Tommy”.  Os desenhos da máquina eram futuristas, misturando sexo e violência em doses perfeitas para a adolescência.  Na minha interpretação, esses desenhos representavam um planeta distante, cheio de monstros e mulheres maravilhosas. Eu jogava e, mesmo perdendo as cinco bolas rapidamente, curtia o visual (...) Leia mais...






2014
Copa do Mundo Rock - Era ano de Copa e o ClyBlog resolveu fazer a sua Copa do Mundo também. Só que a nossa foi uma Copa do Mundo Rock. Isso mesmo! Música contra música para descobrirmos qual a melhor obra de determinado artista. Em 2014 três bandas tiveram suas competições, The Cure, uma das favoritas dos donos do blog, Legião Urbana, também uma das nossas queridinhas, e, nada mais nada menos que os maiores de todos, os Beatles. "Comentaristas", jurados convidados decidiam os confrontos que eram sorteados e avançavam de fase, afunilando até a grande final. Foram copas com definições diferentes: resultado incontestável, favorito ganhando, decisão apertada... Enfim, um grande barato essa experiência músico-futebolística na qual quem ganhou, mesmo, foi quem acompanhou.

Copa do Mundo Rock

Qual a melhor maneira de escolher a melhor música de uma banda?
No clyblog a gente escolhe no mata-mata.
Vai começar a Copa do Mundo Rock (...)







2015
Tributo a Bukowski - Uma das coisas legais de 2015 foi outro acontecimento literário. Fui selecionado, com um conto, para integrar a coletânea "Big Buka", homenagem a Charles Bukoswki, escritor pelo qual tenho grande admiração, o que tornou ainda mais especial minha inclusão na publicação.

“Big Buka: para Charles Bukowski”, organização: Afobório (Vários Autores) - ed. Os Dez Melhores (2015)

A proposta nasceu ousada: homenagear o norte-americano Charles Bukowski , escritor de forte influência a vários outros, de grande apelo com o público e dono de um estilo muito peculiar, que vai da crueza de mau gosto e a putaria à mais doce beleza sentimental. Um homem que, por detrás da obscenidade e da contundência, era extremamente profundo, poético e comprometido com suas verdades. Assim, a coletânea "Big Buka: para Charles Bukowski" (ed. Os Dez Melhores, 2015), da qual soube do projeto ano passado, encarou o desafio de reunir dez textos que remetessem ao universo de Bukowski tanto em temática quanto em estilo. Para que tal funcionasse, contudo, os contos deveriam ser muito bem selecionados, uma vez que o risco de não corresponder à altura do mestre tornava-se um erro fácil de cometer (...)




2016
Juntos no mesmo livro - Eu já havia sido selecionado para algumas coletâneas de contos, Daniel já tinha seu próprio livro solo, mas em 2016, pela primeira vez integraríamos uma mesma publicação. Por meio de uma seletiva da editora Multifoco, contos nossos vieram a ser escolhidos para a antologia "Conte Uma Canção, vol. 2", que tinha como proposta a ligação do conto com determinada música. Posteriormente, naquele mesmo ano, promovemos um pequeno sarau, na sede da editora, no Rio de Janeiro, onde lemos nossos contos para convidados.

“Conte uma Canção – vol. 2”, organização Frodo Oliveira e Marla Figueiredo (Vários autores) – Ed. Multifoco (2016)

O Clyblog tem o orgulho de anunciar que mais uma vez nós, os editores-chefes deste espaço, Daniel Rodrigues e eu, Cly Reis, temos contos selecionados para publicações coletivas (...) Leia mais...

Já está nos pontos de venda a antologia “Conte uma Canção – vol. 2”, pela editora Multifoco, da qual meu irmão e editor deste blog, Cly Reis, e eu, subedidor, fazemos parte com um conto cada um. O livro teve lançamento no último dia 30, durante a 24ª Bienal do Livro de São Paulo, no Anhembi (...) Leia mais...

A ocasião era oportuna: meses após o lançamento da antologia "Conte Uma Canção - vol.2", da editora Multifoco, na qual participamos meu irmão Cly Reis e eu cada um com um conto, estaríamos juntos no Rio de Janeiro, sede da editora. Então, por que não fazermos um encontro que abordasse isso? Foi o que aconteceu no dia 16 de dezembro. A partir de uma ideia de Leocádia Costa, que nos deu o privilégio de fazer as honras, realizamos um sarau de leitura de ambos os contos no bistrô da própria Multifoco, na Lapa (...) Leia mais...





2017
Museu Nacional -O destaque de 2017 fica por conta da nostalgia, da lástima, da saudade, da falta que faz... Naquele ano eu visitava mais uma vez o Museu Nacional, recentemente devorado pelas chamas do descaso em um trágico incêndio, e o fazia, na ocasião, para o ClyBlog trazia, na ocasião o registro de seu acervo, sua beleza e importância. 

Museu Nacional / UFRJ - Rio de Janeiro / RJ

(...) Desta vez visitamos o Museu Nacional do Rio de Janeiro, na Quinta da Boa Vista, prédio histórico que serviu à Família Imperial brasileira no séc. XIX, que esteve meio abandonado, meio largado mas que agora, embora não na plenitude de suas condições, apresenta boas condições de visitação e um acervo muito significativo e em bom estado. O Museu Nacional, vinculado à Universidade Federal do Rio de Janeiro, é voltado à pesquisa científica, histórica e antropológica possuindo um acervo valiosíssimo em todos os seus segmentos. Possui, por exemplo, significativos fósseis de procedências diversas; registros materiais humanos de datas remotas; artefatos e relíquias de civilizações de diversos sítios; múmias de altíssimo valor histórico em ótimo estado de conservação; grande variedade de amostras animais e geológicos; e itens impressionantes como é o caso do meteorito encontrado na Bahia em 1784 exposto orgulhosamente logo na entrada do circuito (...) Leia mais...



2018
ClyBlog 10 anos - O décimo ano do ClyBlog foi comemorado com entusiasmo e durante os 12 meses do ano tivemos atrações em todos nosso segmentos, com diversos e qualificadíssimos convidados especiais em todas as áreas, como, entre outros, o diretor de teatro Cleiton Echeveste falando sobre Andrei Tarkovski, o fotógrafo Wladimyr Ungaretti apresentando-nos suas imagens que estimulam a imaginação, o ex-DeFalla Castor Daudt relatando um fato curioso com um ex-integrante do Joy Division e o músico Lucio Brancatto, inovando e destacando cinco discos de uma vez só num Super-Álbuns Fundamentais. Isso é que é aniversário. Assim vale a pena ficar mais velho.

Especiais de 10 anos no ClyBlog

Não é toda hora que se comemora dez anos, não é? E tratando-se de uma marca tão especial,conforme já adiantamos, 2018 terá uma série de atrações e participações especiais em várias seções do nosso blog. Convidados contarão histórias e desfilarão poesia nas nossas COTIDIANAS; falarão sobre seus discos preferidos e marcantes nos ÁLBUNS FUNDAMENTAIS; sobre grandes obras da literatura no LIDO; clássicos da sétima arte no CLAQUETE; mostrarão sua visão do mundo pelas lentes de suas câmeras na seção CLICK; e suas criações no CLYART; enfim, todos os nossos espaços estarão abertos às valiosas contribuições de nossos talentosos amigos. Então, fiquem ligados porque a partir de fevereiro, a qualquer momento poderá pintar uma das publicações especiais de 10 anos do ClyBlog. Posso garantir que vem coisa muito legal por aí.



2019
"Meia-Noite: Contos da Escuridão" -E 2019 ainda está na metade e já temos coisa boa: assim como em 2016, a pareceria se repete e Daniel e eu integraremos juntos novamente uma antologia de contos. Fomos recentemente selecionados para a coletânea "Meia-Noite: Contos da Escuridão", do selo Fantastic da editora Autografia, e teremos uma história arrepiante de cada um na publicação que será lançada daqui a alguns dias, na Bienal do Livro do Rio de Janeiro. Além do aniversário, mais um motivo para comemorar.
Abaixo, matéria publicada no site Literatura RS sobre nossa participação na publicação.


Irmãos integram coletânea de contos de editora carioca
Dois autores gaúchos, os irmãos Daniel Rodrigues e Clayton Reis, foram selecionados para integrar a coletânea de contos de terror Meia-Noite: Contos da Escuridão, publicada pelo selo Fantastic da editora carioca Autografia. Organizada pelo editor Frodo Oliveira, a obra contou com processo seletivo no qual concorreram autores de todo o Brasil. Dentre os contos selecionados, estão Clichês, de Reis, e O Monstro do Armário, de Rodrigues. O livro será lançado em sessão de autógrafos no dia 4 de setembro, às 13h30min, durante a Bienal do Livro do Rio de Janeiro, no estande da editora (Pavilhão Verde, R32). Na ocasião, ambos os autores estarão presentes. (...) Leia mais...



ClyBlog 11 anos
Obrigado a todos os seguidores, amigos,
colaboradores e parceiros
que participam, visitam ou nos acompanham
nestes 11 anos de existência.




Cly Reis

sábado, 28 de setembro de 2019

Vencedor da promoção "Meia-Noite: Contos da Escuridão"



E saiu!
Saiu o ganhador da nossa promoção que sorteou um exemplar do livro "Meia-Noite: Contos da Escuridão", no qual os editores do ClyBlog, Daniel Rodrigues e Cly Reis, tem contos entre as vinte e seis histórias de terror que compõe a publicação.
E foi uma ganhadora!
A contemplada foi Simone Hill.
Simone compartilhou nossa promoção no Facebook, se habilitou a participar do sorteio e levou pra casa essa antologia de arrepiar.
Parabéns, Simone!
Aguarde que entraremos em contato para as informações de envio do seu prêmio.
Aos demais que participaram, muito obrigado e continuem nos acompanhando que, volta e meia a gente parece com alguma outra promoção.

Valeu!
Grande abraço a todos!



C.R.

quinta-feira, 15 de agosto de 2019

Lançamento das antologias da editora Fantastic - "Meia-Noite: Contos da Escuridão", "Psicopatas" e "Reino Fantástico"



Enquanto se encerra toda a parte burocrática e de revisão dos textos para as antologias da Editora Fantastic, saíram oficialmente as capas dos livros e a agenda oficial de lançamento, na Bienal do Livro do Rio de Janeiro. O da publicação "Meia-Noite", da qual meu irmão, Daniel Rodrigues e eu, Cly Reis, fazemos parte, cada um com um conto,"O Monstro do Armário" e "Clichês", respectivamente, acontece na quarta-feira, dia 04 de setembro, a partir das 15 horas, juntamente com o lançamento da coletânea "Psicopatas", da qual eu participo com o conto "Churrasco". Antes disso, no dia 02 de setembro, acontece o lançamento das antologias "Evolução", de ficção científica, da qual não participamos, e da "Reino Fantástico", na qual meu conto "O livro da fascinação", integra a publicação.
Convidamos a todos para visitar a Bienal do Livro e, se estiverem lá no Riocentro, no dia 04 de setembro, à tarde, a dar uma passadinha no estande da editora Autografia, no pavilhão Verde, para prestigiar os lançamentos. Nós, os editores do ClyBlog, estaremos lá.
Confira, abaixo, os detalhes da programação do evento:


*********


Programação:





C.R.

sexta-feira, 7 de junho de 2024

"Chapa Quente", de Daniel Rodrigues - ed. Caravana (2023)

 



Daniel Rodrigues, meu irmão e parceiro de blog, acaba de publicar seu primeiro livro solo de contos. Uma grande conquista pessoal, sem dúvida que merece ser remontada desde sua origem, daquele guri que desde pequeno já inventava histórias, criando pequenos "filmes" com seus bonequinhos de forte-apache. Soldadinhos e índios de plástico, playmobil, super-heróis, podiam assumir qualquer identidade, personalidade, personagem, conforme sua imaginação ditasse. Carrinhos podiam ser naves espaciais, eletrodomésticos podiam ser monstros, o sofá um castelo. Essa criatividade, manifesta desde a infância, aliada a um posterior gosto por cinema, pelas diferentes possibilidades de formas de se contar uma história, um senso de observação aguçado, um gosto pela língua, pela palavra escrita, eram a pólvora para que em algum momento essas criações saíssem da cabeça e tomassem forma. Acredito que o blog tenha sido o fogo que acendera o rastilho. Aquele espaço que eu criara e que abrira para que expuséssemos o que tivéssemos de mais criativo, era o canal no qual ambos depositávamos uma vasta produção, não somente de contos, como também de resenhas, crônicas e poesias.

A experiência com o Clyblog, a quantidade produzida e a notada qualidade que daquele despretensioso material, o encorajara a que se aventurasse em seletivas de contos, nas quais textos de escritores de todo o país eram selecionados para integrar coletâneas temáticas promovidas por editoras independentes. A qualidade dos contos era, de fato, inequívoca, de modo que seus trabalhos literários passaram a ser escolhidos com frequência para integrar diversas coletâneas às quais se candidatava. Algumas vezes somente ele se inscreveu, em algumas apenas eu, em algumas eu entrei, em outras somente ele, mas em duas ocasiões tivemos a felicidade de integrarmos a mesma antologia, "Conte Uma Canção vol.2""Meia-Noite: Contos da Escuridão". Se já era algo muito legal os irmãos colocarem suas criações literárias em publicações conjuntas, eis que um deles, agora, publica seu livro solo.

Daniel que, a bem da verdade, já lançara, um livro de sua autoria exclusiva, o premiado "Anarquia na Passarela", sobre moda e comportamento, tem desta vez a possibilidade de mostrar todo seu talento criativo e narrativo com o eclético "Chapa Quente", reunião de cinco contos que confirmam toda sua  facilidade de transitar entre formatos, temas e estilos.

Entre criminosos de um morro no Rio, vizinhos que mal se conhecem, internos em um conservatório, Daniel nos entrega histórias de grande sensibilidade humana, cada uma a seu modo, fruto de um atento e constante exame do que o rodeia.

"Chapa Quente" é bem construído, é  versátil, faz com que o leitor queira descobrir o que virá depois, e, para sua surpresa, ele encontrará algo totalmente diferente.

Elemento fundamental na formação de Daniel, inclusive como escritor, a música está sempre presente em "Chapa Quente", seja na camiseta de uma banda pela qual desconhecidos se identificam, seja numa cantoria indígena no fundo de um estábulo, seja no toque de um celular na barriga de um sequestrado. O livro até  mesmo se aproxima da estrutura de um álbum musical, pensado faixa a faixa. Embora conheça bem sua musicalidade e conheça  bem suas referências, não  tenho certeza se Daniel pensou o livro nessa concepção, mas se o fez, nada mais apropriado para abrir a obra do que um conto que chama-se "Abrindo-se", belíssimo conto que retrata um pouco dessa loucura que é viver nas cidades, nesses "caixotes" coletivos, estar cercado de tanta gente e não conhecer quase ninguém, sendo que às vezes pessoas que valem a pena conhecer estão tão perto. "Abrindo-se" é sobre afinidades, sensibilidade, fragilidade e força. A menção ao músico, maestro e arranjador, Philip Glass, na história que aproxima um aspirante a músico e uma jovem que tenta reencontrar seu rumo, sugere que esse início de álbum, ou melhor de livro, seja um daqueles art-rock com o perfeito equilíbrio entre o pop e o erudito.

Como em muitos grandes discos que começam com uma abertura grandiosa, a faixa que dá nome à obra vem logo em seguida. "Chapa Quente", conto que alterna a narração formal à linguagem coloquial e vulgar, no qual bandidos se refugiam num morro com um refém logo após uma fuga, é tenso e muito bem conduzido pelo autor que desenha o perfil dos integrantes da gangue enquanto o rumo que o líder pretende dar à situação depois daquela breve parada em segurança vai sendo traçado. Se a primeira é um pop-rock sofisticado, "Chapa Quente" é "batidão" do morro,   "...sub-uzi equipadinha com cartucho musical de contrabando militar da novidade cultural da garotada favelada carregando sub-uzi equipadinha com cartucho musical de batucada digital", como diria Fausto Fawcett.

Os sentidos aguçados de um fazendeiro no interior do Wyoming, no pequeno faroeste "Tocaia", intrigado com uma suposta m0ovimentação vinda de seu estábulo, tem tons de mistério, delírio e fantasia. Um folk psicodélico ao estilo Neil Young cheio de paisagens campeiras, sonhos malucos, reflexos distorcidos, danças rituais, espíritos indígenas e cavalos ao luar. 

"Os Amantes do Tempo" traz uma situação que quem é do rock convive muitas vezes que é ver alguém com uma camiseta de determinada banda, e ter vontade de falar com aquela pessoa, especialmente grupos alternativos, bem desconhecidos, que fazem com que a gente pense "não sou a única pessoa no mundo a gostar disso!". Aqui, Daniel, habilidosamente desenvolve a história para além do óbvio da mera identificação com o usuário da camiseta, fazendo com que ela transcenda o material, o palpável, presenteando o leitor (e o protagonista) com um final delicioso. Dentro do meu imaginado conceito "livro-álbum", "Os Amantes do Tempo" seria um noise-rock indie daqueles cheio de nuances e camadas, mas pela doçura, pela perspectiva romântica, não seria nada tão hermético e experimental quanto o som do Hash Jar Tempo, banda de papel central no conto.

Se fosse um LP, o conto "O orfão do orfeão e uma noite transfigurada" seria aquela faixa que ocupa um lado inteiro do disco. Conto em cinco partes que gira em torno de compositores de épocas diferentes e um suposto acorde "maldito" que, criado por um aluno de um antigo conservatório na Alemanha, no século XVIII, sobrevive através dos tempos e será finalmente executado num concerto em Viena, dois séculos depois. Devo admitir que, embora muito bem fundamentado, estudado, trabalhado, considero o conto um tanto desgastante e arrastado em determinados momentos, com excessiva atenção e detalhamento da tal nota "Diabólica". Mas como muitas canções longas que finalizam grandes álbuns e tem suas variações, "O orfão..." recupera o fôlego para explodir um desfecho anárquico de catarse, ódio, vaias, aplausos, confusão, num teatro lotado, e logo serenar, reduzindo numa espécie de fade-out em loop, que sugere que aquilo tudo aquilo, o acorde, a herança, a música, a arte, nada acaba ali. 

E assim esperamos! que não fique por aí. Que "Chapa Quente" seja só o começo desse brilhante voo de Daniel Rodrigues e que venham por aí mais e mais dessas excitantes experiências literário-musicais. Pouse a agulha sobre o papel e ouça o livro.



Cly Reis


terça-feira, 12 de março de 2013

cotidianas #209 - Tininho e Tiririco




As cigarras já esganiçavam seu canto funesto àquela hora, fim de tarde. O sol, forte e alaranjado naquele dia, caía agora frouxo, aguado, por detrás do morro do Piau como que prostrado da lida do dia, cansado, consumido de si mesmo. Justino havia piorado. E naquela luz pouca de não-sol, então! A pior das impressões. Magro como estava, aí sim que sumia. Um risco. Desde a noite anterior, ardera em febre, revirando os olhos, espumando a saliva, estrebuchando, coisa horrível de se ver. Eu vi. O que eu não vi, o resto, me contaram. Tremia dum jeito que dona Arminda só tinha visto pequena, lá nos idos de 1892, ainda no Vapabuçu, quando Frasino, irmão dois anos antes dela, batia os queixos tão forte que rachou o dente de leite da frente. Ela lembra como se fosse hoje de observar cara da mãe. Rosto afinado mais do que precisava, tanto resultado de doença quanto de pouco de-comer. Via o sofrimento dela, tanto que só a boca sacudia. O resto, tudo parado. Até o piscar. Mas agora, com o seu pobre Tininho ali mal à sua frente, não é mais o “como se fosse hoje”: é o hoje. Fosse assim, seria lembrança. Doída, mas passada. Mas não era. Era, sim, desta feita, num filho. Já vira Justino passar por sérias ruindades de saúde. Mas agora era pior, visível que era. Judiaria.
Dentro da palhoça, terço gasto na mão áspera, muita ladainha. E choro. Lá fora, sentado, com o queixo apoiado sobre as duas mãos cruzadas no cabo da enxada, Tiririco. Olhando o vazio, acabrunhado. Burro, como sempre se foi desde que apareceu ali um dia, com fome, há uns 12 anos, e foi ficando, ficando, sem jamais, ‘té hoje, dizer uma palavra. Bom de roçado, opera tudo que precisar. Reza religiosamente a cada prato que lhe é posto na frente, e isso desde que chegou, já naqueles idos. Educado nas rezas como um seminarista, bonito de se ver. Agradecido como de não muitos, quase nenhuns. E se dá bem com os bichos mateiros que, decerto por identificação, gostam dele de pronto, seja anta, cachorro-vinagre, bugio, jaratataca, jia, maria-faceira, araçari, chora-chuva. Coração bom tem dentro. Mas abestalhado da cabeça por demais. Essas coisas de doença, enfermidade como a de Justino, jamais teve atino pra essas coisas; muito jumentoso pra isso. Trabalha bem a lida forte, mas be-a-bá, valei-me Nossa Senhora!, é-lhe muito. Explicar o porquê da doença era perda de tempo. Fazia cara de bobice, como se não tivesse entendendo aquilo que realmente não tinha; um ouvido só servia pra dar passagem ao som que vinha do outro, e lá se ia a explicação embora sem serventia. Com Justino assim, adoentado, era proibido de entrar na casa porque, se Nhô Chico vacilasse, Tiririco ia se chegando de mansinho, sem piar, escondido, até que, de repente, ‘regalava os olhos e desatava a chorar. Berreiro longo, assoviado, esganiço nem pela boca nem pelo nariz que dava pra ouvir na cercania de Nhô Matias, meia légua, 600 braças dali. E não só: ainda borrava-se nas calças, emporcalhava-se todo, empestava. Isso se assucedeu umas duas vezes, até que Nhô Chico deu-lhe um basta. É que Tiririco gostava muito do Justino, era isso. Como um irmão a quem escolheu pra ser. Justino desde pequeno também se afeiçoara no maninho emprestado. Foi ele, inclusive, que atribuíra essa graça esquisita: Tiririco. Nome que não quer dizer nada, como o próprio, que nada diz. Deu-se cabimento, assim, o tal nome. É que Justino, ‘inda piá, abraçava o irmão bem forte e embestava em repetir-lhe: “Tiririco, Tiririco, Tiririco”. Aí, ficou. Mas aquela não era hora de abranjo nem de fala. Então, pra modo de não estorvar Justino e de Nhô Chico não ter de desenhar-lhe um galo na cabeça, o certo era Tiririco ficar lá fora no curral enquanto cuidavam do acamado. Lá fora: ele e o cabrito.
O pano branco de Nhá Doca, emplastrado daquelas ervas e embebido de água fresca recém-tirada do poço por seu Chico, já não dava mais conta. Esquentava sobre a testa de Justino, que fervia. Dava para enxergar o vaporzinho subindo, serpentinando uma dança mundana e ligeira. A mão calosa e encarquilhada da curandeira virava e desvirava o tecido, repetindo o sinal da cruz e murmurando na boca sumida pela velhice orações que ninguém entendia. Às vezes, parecia até que Justino queria repetir as palavras, gesticulando a boca com dificuldade. Mas não era reza, não. Decerto, devaneio da cabeça febril, frenesim (certo que era). Nhá Doca ainda tentava a cura com sua famosa beberagem, cuja receita continha garapa-amarela, melado, palavras místicas, cauda-de-cavalo e guaco socado. Dava a ele pela ligeira fenda entre os beiços num chumaço de algodão empapado, pingando ali gota a gota. Brincadeira da vida: logo Nhá Doca, parteira do pequeno Justino, era quem, agora, com as mesmas mãos que lhe trouxeram pra imensidão da vida, lhe via despedir-se dela a cada minuto que passava. Era no já-já, questão de esperar apenas. Estava-se indo o Tininho.
Terço na mão, Dona Arminda agora só chorava sobre o lenço algodoado e surrado. A pele flácida e calcinada estremecia a cada lacrimejo. Tentava não fazer barulho, suplicando baixinho à Nossa Senhora das Sete Dores. Mas o quarto minúsculo, cuja maca onde o filho pesteado se estendia, tomando-lhe quase toda área, prendia o som choroso ali mesmo, que dali não saía. A maca não era da família, não. Era de seu João Troncoso, homem granjola dali das bandas favorecido dos faz-me-rir que a emprestou para seu Chico não sem exigir que este o entregasse de volta a maca mais 3 contos de réis. Nhô Chico, fazedor de tudo para ver o filho são, assumiu mesmo sem saber como ia cumprir. Valia. Até porque, do seu jeito torto, João se apiedara do caso de Justino, a quem ele vira crescer à mesma época que seu mais novo, Salustiano, que hoje está no Rio de Janeiro fazendo o colegial. Foi Salustiano que, anos atrás, acometido de espinhela caída, ficou dois meses deitado sobre aquela maca tomando remédio e aquietando as costelas. E sarou. Maca boa, comprada nas estranjas. “Vai que acontece o mesmo com o Justino!”, pensou João, e a emprestou com a benevolência descontada dos apatacados de até deixar-se pagar depois.
No quarto, as velas bentas alumiavam com cor de fogo febril o chão batido de terra vermelhusca, acendendo também, ao canto, a imagem da Santa, que padre Lino, por consideração, cedera do altar da igrejinha. “Muit’agradicida”, disse-lhe dona Arminda, beijando-lhe a mão e correndo logo em seguida de volta pra casa com a Virgem debaixo do braço. Noutro canto, o feixe fazia descobrir a carteira dos estudos. Justino, sabido nas letras e nas contas, queria ser doutor. Daria esse gosto pra seu Chico, certamente. Mas, ironia d’O-de-Lá-de-Cima, a saúde nunca acompanhou o sonho dele e do pai. O organismo frágil desde a infância, se por um lado lhe limitavam dos afazeres mais pesados da roça, por outro, pareciam que emprestavam mais inteligência àquele corpo desmilinguido que mal parava em pé nos dias em que Deus soprava o vento mais forte. E era querido em toda redondeza. Brigão? Nunca. Os rapazolas valentões viviam de sopapo pra cá e pra lá, fosse de verdade ou só de borga. Ele: não. E era respeitado, sabe? Ninguém lhe pegava pra inticar. Era admirado. Eu mesmo, sempre o gostei. Cabeça sempre pros estudos, desde caboclinho. Queria, um dia, mostrar pra Nhô Chico e Nhá Arminda o anel do doutoramento.
Pois o tempo avançava e a ventania assoprava lá fora da casinha, sacudindo as palhas do telhado, que apitavam. As cigarras já de tanto cantar aquele canto desgracento desistiram de esperar melhora e morreram. Justino piorava. Nada daquilo tudo adiantava. Nhá Doca tinha que tomar rumo, não podia mais ficar ali. Tinha outra família pra atender, e, fora isso, morava noutras paragens, longe, lá no arraial das Taquaras. Mas, de bom grado, pois consternada com o jovem, deixou ali uma caneca daquela beberagem, o emplastro e a bacia com as ervas que colhia na mata da Caratiga, “santas”, diziam todos por lá. Dona Arminda, resignada, agradeceu, e seu Chico mal o fez com a cabeça, assentindo (nem palavra tinha mais). A benzedeira pôs o surrão nas costas e saiu a passo miúdo mas rápido pra sua idade. Na saída, cruzou com Tiririco, que ainda obedecia a regra de se manter debaixo do sereno. Sentado num toco, ele e o cabrito faziam-se companhia, consolando um ao outro, como amigos. Essa parceria só podia ser por conta dessa parecença que Tiririco tem com os bichos. Certa feita, um velho sertanejo, de passagem por ali, pediu água à Nhá Arminda. Sentou-se a convite uns minutos no mesmo toco esse, cansado, com um cajado na mão. Até que mirou Tiririco longe, na capina. O velho parou o gole no meio e disse:
- Esse menino é ribeirinho, nasceu no regato do São Francisco, logo se vê. Posso até dizer onde foi: foi nas Pedras de Cima, na margem do rio Chico, bem lá.
Nhô Chico estranhou. Olhou pra mulher e depois pra Tiririco espantado, pois nunca lhe passou pela cabeça que Tiririco tivesse vindo de algum lugar.
- Vósmecê me adescurpe, mas não lhe dê caso: isso aí não veio de lugar nenhum nem tem grande aproveitamento. Isso aí é burrico, só sabe de enxada e lavramento - disse Nhô Chico rindo, apontando desdenhoso na direção de Tiririco com o queixo.
- Bonito de ver mesmo é meu filho, Justino. Tá nus´istudo agora essa hora. Vai estudar na cidade ano que vem. Esse, sim, tem precisão pra vida - relatou, orgulhoso.
Mas o velho, sem dar ouvido, concluiu, encantado:
- Logo se vê que esse caboclinho é filho do santinho dos animais...
Tomou o resto d’água, agradeceu e foi-se. Sumiu na caatinga pra nunca mais.
O frio e o escuro da noite fechada e bonita agora pareciam não dar mais nenhuma esperança. A morte já se acomodara, calma e agourenta, esperando o minuto certo, que se anunciava pra dali a não muito. Nhá Arminda, desacorçoada, suplicava à Consoladora um milagre. No fundo, culpada por ter botado no mundo uma cria tão sem vigor, tão quebradiça, gravetinho. Nhô Chico, de oposto, não admitia. Revoltava-se. Embestado e indignado, não entrava no seu miolo porque Deus não se apiedava dele; porque Deus fazia isso com Justino, menino tão bom; porque Deus fazia essa judiação, essa maldade tão maldade com ele, Chico. Pecado? Tinha, claro; mas então que aquilo não fosse com Justino! Fosse então com... com... (sabia o que queria pensar, mas abafava.) O que fez pra merecer, indagava, olhando furioso pra palha do teto tentando enxergar o que tinha por detrás dela, acima, lá em cima, no céu preto. Pensava que jamais alguém dos Da Luz seria alguém nessa vida; ia tudo continuar naquela miséria dos infernos. Todo o dinheiro juntado por anos pra custear os estudos do menino na cidade grande, pra quê? Tudo aquilo, pra quê?
Justino lutava pra não ir, mas carecia mais luta não. Era. Até que se alevantara. Alisou com gosto no corpo a roupa de chita de xadrez colorido, aquela que de quando em quanto abria a gaveta e admirava, usada só nos dias de festa de São João. Vestia uma calça branca adornada de botões, bem solta, cuja bainha dava no meio das canelas. Calçava aquela sandália franciscana de couro endedada. Justino caminhou em direção à comodazinha, onde pegou com delicadeza a concertina, lustrosa de tão limpa. Reluzia o instrumento. Enganchou as alças sobre os ombros, posicionou os dedos sobre as sétimas e olhou para os pais com um sorriso iluminado de tanto encanto.
- Ói, mãe, que bonito! Que nem Tiririco falou ‘quele dia, se alembra? Ói, pai, ói!
Na rua, Tiririco teve um estalo. Olhou pro céu estrelado e, naquele escuro infinito, enxergou uma rolinha pararu alçar de repente. Uma luz parecia cobrir somente a sua penagem azulada dentro da escuridão do em volta. Luz só nele, branca. Cois’estranha um pararu-azul àquela hora, noitinha, ‘inda mais apontado naquela luz tão de não-sei-onde! A ave sibilou seu canto cheio: “u-út... u-út”, e Tiririco, pra modo de não bulir com Nhô Chico e Nhá Arminda, respeitando a dor dos pais lá dentro da casinha jururu de tão triste, abriu pra si um sorriso silencioso, enquanto uma lágrima entendedora caía de seu rosto.