"Ro-Que-Se-Da-Ne (Junte as Sílabas e Forme Novas Palavrinhas)"
Vamos combinar que Lulu Santos é
possivelmente o maior hit-maker do Brasil, talvez só superado
pelo Rei Roberto.
Estamos de acordo?
Acho que não tem muito o que
contestar.
“De Repente Califórnia”, “O
Último Romântico”, “Certas Coisas”, “Cara Normal”,
“Adivinha o Que”, “A Cura”, “Assim Caminha a
Humanidade”...Ufa! Sucessos são o que não faltam. Até por isso,
muitos de seus disco poderiam ser destacados como básicos na
discografia nacional, seu primeiro com a ótima “Tempos Modernos”
que dá nome ao álbum, o segundo da marcante “Como uma Onda”, o
3º, “Tudo Azul” com a melosa “Lua-de-Mel” regravada por Gal Costa, etc. Mas “Lulu”, de 1986, além de confirmar a vocação
para a produção de grandes sucessos radiofônicos, era um álbum
mais coeso, completo e de musicalidade variadas.
“Lulu”, de capa muito legal, estilo Keith Haring, é um daqueles discos que a
gente tem que pensar como um LP, pois seus lados são distintos e de
características diferentes.
O lado A empilha hits e seu início é
de tirar o fôlego. Abre com a gostosa e cativante “Casa” normalmente associada a uma espécie de volta de um "filho pródigo" ou algo do tipo, mas esclarecido pelo próprio autor que trata do prazer de encontrar a própria casa todos os dias; emenda
com a excelente “Condição”, um pop cheio de variações e
possibilidades, com guitarras distorcidas, bateria eletrônica,
vocoder, entre outros recursos, passeando por diversos estilos mas mantendo a unidade com competência e qualidade; e
traz na sequência a melancólica balada “Minha Vida”, bela e tristonha.
Depois da interessante e simpática “Pé
Atrás”, a única do lado A que não tocou à exaustão por aí, a
sequência de hits é retomada com “Um Pro Outro”, outro pop
daqueles pegajosos, que teve sua popularidade aumentada ainda pela
inclusão na trilha de uma novela. E o lado A, o lado hiper-pop, o
lado dos sucessos se encerra.
O lado B é mais ousado, diversificado, até experimental, por assim dizer, abrindo com a excelente “Twist, o Disco” uma brilhante crônica
de costumes sobre a volubilidade da moda e das tendências, que
mistura rock, com mambo, com disco, com tango, numa das melhores
músicas do disco e do próprio Lulu.
Segue com o ska animado “Duplo
Sentido”; com o pop-rock básico “Telegrama”, possivelmente a
menos interessante do disco; o reggae muito bacana cantado em inglês,
“Demon”; e fecha com a espetacular “Ro-Que-Se-Da-Ne (junte as
sílabas e forme novas palavrinhas)“ um punk rock escrachado
cantado à la Roger do Ultraje, no qual Lulu chuta o balde,
escangalhando a superficialidade das relações pessoais, mas
sobretudo, escancarando a promiscuidade da indústria fonográfica.
Um final matador para um baita disco.
Lulu Santos é o tipo do cara que a
gente pode até não adorar mas, a rigor, não tem muito como dizer
que é ruim, e seu interessantíssimo “Lulu”, lançado no auge da
efervescência do rock BR dos anos 80, é um disco, em especial, que
merece uma menção mais significativa no âmbito do pop-rock
nacional daquele momento.
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FAIXAS:
Lado A
Casa (O Eterno Retorno) - 5:06
Condição - 4:22
Minha Vida - 5:08
Pé Atrás - 3:35
Um Pro Outro - 3:54
Lado B
Twist , o Disco - 4:16
Duplo Sentido - 2:29
Telegrama (Lulu Santos e Scarlet Moon) - 3:50
Demon - 5:17
Ro-Que-Se-Da-Ne (Junte as Sílabas e Forme Novas Palavrinhas) - 2:24
Hoje de manhã Quando eu acordei E olhei no espelho, baby Não acreditei
Fora do tempo Fora do espaço Fora da moda, baby Eu perdi o passo
E logo eu, que era o campeão do TWIST Naquele tempo, eu era tão feliz Hoje eu não consigo impressionar Mais ninguém com isto
Ainda pensei que durasse mais um ano Até que alguém na rua me chamou de suburbano
O que fazer? Como evitar Que a onda passe Sem eu nela surfar
E logo eu que era o campeão do TWIST Radical chic... Vamp. Vanguarda. Psicodélico retrô
Nouvelle Vague Velha cascata Um papo antigo que furou! A nova droga O novo olhar Me diga quando E com quem ir A que lugar
Em que pensar Como me sentir O que beber Quem entregar O que enrustir
E logo eu que era o campeão no DISCO Naquele tempo, eu era tão feliz Hoje não consigo impressionar Mais ninguém com isto ********************* "Twist (Disco)" Lulu Santos Ouça: Lulu Santos - "Twist (Disco)
Diz que a Oasis vai voltar, né? Humm, não sei, não... O que a gente tem certeza é que haverá, sim, uma outra reprise, mas do MDC. Hoje a gente recupera a edição 160, lá de abril de 2020, quando tivemos, além do entrevistado, o jornalista, pesquisador e escritor Marcello Campos, Gal Costa, The Specials, Lulu Santos, Charlie Parker... mas não Oasis. Voltando sempre, o programa vai ao ar na reeditável Rádio Elétrica. Produção, apresentação e versão original: Daniel Rodrigues
Do tempo em que a Globo produzia especiais infantis de qualidade, alto nível, conteúdo e com grandes nomes. Ah, bons tempos!
Neste Dia da Criança aproveito pra destacar aqui nos ÁLBUNS FUNDAMENTAIS um dos discos infantis mais celebrados da música brasileira. "Plunct Plact Zum", um especial infantil exibido em 1984 pela Rede Globo de teleisão, apresentava uma espécie de viagem espacial de um grupo de crianças entediadas por não poderem fazer o que queriam e nesta aventura conheciam personagens esquisitos, seres estranhos e planetas diferentes. O programa que trazia grandes nomes da música como Fafá de Belém, Maria Bethânia e Raul Seixas e também atores como Jô Soares e José Vasconcelos em performances musicais divertidíssimas, originou o disco que é uma daquelas lendas da música nacional.
Embora a maioria das músicas tivesse a ver com a aventura das crianças, algumas como a boa "Sereia", de Lulu Santos, na voz gostosa de Fafá de Belém, ou "Brincar de Viver" interpretada magnificamente por Maria Bethânia, mesmo de inegável qualidade e com alguma sugestão a seres e a um imaginário fantástico, se prestavam menos ao projeto. No entanto, o resto, era pura alegria,diversão e qualidade.
A Gang 90, banda de sucesso naquele início de anos 80, comparecia com a divertidíssima "Será que o King Kong é Macaca?", bem ao seu estilo naquele rockzinho new-wave; igualmente hilária e gostosa era a glutona "Gruta das Formigas" com o pouco conhecido Sérgio Sá; Eduardo Dusek, encarnando o Mestre Malucão, dava uma aula de matemática muito peculiar na ótima "1+1 é Bom Demais"; Zé Rodrix trazia a legal e educativa "Ilha da Higiene"; e a baladinha delicada "Sopa de Jiló", com a então menina Aretha (filha da cantora Vanusa), era provavelemente a mais fraquinha do disco. Ainda tinha Jô Soares cantando a excelente "Planeta Doce", um rock'n roll saboroso e embalado; e José Vasconcelos se vestindo de uma pretensa ranzinice em "Use a Imaginação" para incentivar as crianças a soltar a mente e inventar novas formas de se divertir. Mas o ponto alto mesmo da trilha sonora ficava por conta de "O Carimbador Maluco", uma atuação e interpretação brilhantes de Raul Seixas fazendo as vezes de uma espécie de 'fiscal de alfândega espacial' que ficava dificultando a partida das crianças (é preciso o meu carimbo dando, sim sim sim sim/ Pluct, Plact, Zummm não vai a lugar nenhum"). Um rock descontraído com a marca da irreverência do Maluco Beleza, nesta que, por incrível que pareça, acabou-se tornando uma de suas mais célebres performances dos últimos tempos de carreira.
Um disco infantil que todo o adulto que eu conheço lembra e curte. Quem teve na época, guardou. Quem teve e perdeu, quer recuperar. Quem nunca teve mas lembra das músicas, quer ter. Músicas que mesmo passado o tempo, permanecem na memória e no imaginário de cada um de nós, mesmo tendo nos tornado adultos. Ou ao contrário, talvez coisas como estas sejam o que nos fazem permancer ainda sempre um pouco crianças.
Feliz Dia da Criança pra todos nós.
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FAIXAS: 01- O Carimbador Maluco - Raul Seixas 02- Gruta das Formigas - Sérgio Sá 03- Sereia - Fafá de Belém 04- Será que o King Kong é Macaca - Gang 90 e Absurdetes 05- Sopa de Jiló - Aretha 06- Brincar de Viver - Maria Bethânia 07- Planeta Doce - Jô Soares 08- 1+1 é Bom Demais - Eduardo Dusek 09- Ilha da Higiene - Zé Rodrix 10- Use a Imaginação - Zé Vasconcelos e a Turma do Pirlimpimpim
1º de abril é dia da mentira? Pra quem diz que "não foi golpe", sim. Sem fake news, o MDC de hoje traz Isaac Hayes, João Gilberto, Lulu Santos, Rush e Tracy Chapman estão aí para comprovar. Ainda, um Cabeça dos Outros no quadro especial e, claro, os 60 anos do golpe militar. Pela verdade, o programa vai ao ar às 21h na verídica Rádio Elétrica. Produção, apresentação e "ditadura nunca mais": Daniel Rodrigues
O Brasil não é só verde-anil-amarelo: o Brasil também é cor-de-rosa e verde! Se a Mangueira trouxe um alento de consciência e resistência com seu samba campeão, o Música da Cabeça segue nessa onda positiva rodando Lulu Santos, Joy Division, Ed Motta, Walter Franco, Vangelis e muito mais. E mais: “Música de Fato”, “Palavra, Lê” e um “Sete-List” cinematográfico. Vem pro lado certo da história com a gente e ouve o programa de hoje, às 21h, nas páginas reescritas da Rádio Elétrica. Produção e apresentação: o índio, negro e pobre Daniel Rodrigues.
Fotografia da série Antropologia da Face Gloriosa, de Arthur Omar (1997)
Para muitos é um pecado, ô, ô, ô Que do imposto que pagamos ao estado E do lucro que damos ao mercado Um pedaço seja destinado ao carnaval Para outros no entanto, ô, ô, ô Da magia do tambor, da cor do canto É que vem o calor que seca o pranto Em seus olhos já cansados de ver tanto mal Hoje é dia de folia Hoje eu canto pra esquecer Que a escola do bairro está sem professor Amanhã depois da festa A cidade que protesta Entrará pela fresta da porta do corredor Não adianta fugir Não adianta fugir, seu doutor Não adianta trancar a porta Não adianta fugir, seu doutor Para alguém neste momento, ô, ô, ô Sua condição de dor e sofrimento Deve ser cimentada com o cimento Do rancor, do desespero, da exasperação Para um outro, o lamento, ô, ô, ô Da triste canção levada pelo vento Pode ser uma luz no firmamento Uma noite estrelada em seu coração Não adianta fugir Não adianta fugir, seu doutor Não adianta trancar a porta Não adianta fugir, seu doutor ********************* Lamento de Carnaval (Gilberto Gil/ Lulu Santos) Ouça a música
Agora que estamos combinados que a terra é redonda, podemos ouvir o MDC só no embalo das rotações. Mas não só em torno do sol, mas também da agulha! Saca o que vai ter hoje: Lulu Santos, Edu Lobo, Metallica, Sade, Titãs e uma homenagem aos 100 anos de Astor Piazzolla. No Cabeça dos Outros, também rola um Teenage Funclub novinho em folha. O programa hoje, 21h, vem assim: acompanhando a órbita da Rádio Elétrica. Produção, apresentação e globo terrestre sobre a mesa: Daniel Rodrigues. (#foraterraplanistas e #vemvacina)
Nascer é depois, é nadar
após se afundar e se afogar...”
Waly Salomão,
trecho do poema “Sargaços”
“Que o leitor, livre dos
lugares-comuns, possa agora,
perambular livremente entre as falanges das
máscaras que povoam
os libanos de sonho da mente régia de Waly Salomão,
um dos
poetas mais originais e vigorosos do nosso tempo.”
Antonio Cícero
Cada vez que
escuto uma canção ou sua voz falando verborragicamente sobre algum tema, paro.
Ler não é a mesma coisa. Parece que a
voz de Waly Salomão ou a sua poesia transformada em canção tem que estar no
volume máximo. Assim, daquele jeito que o coração dispara, os olhos se fixam no
interlocutor e a mente divaga.
Sempre uma
cena mágica abre-se com sua presença. Ora pela risada estrondosa, ora pelo seu porte
de Rei Salomão. Lá de cima, com o limite cacheado dos cabelos, observa com
muita acidez o que ocorre nas entrelinhas da sociedade. E não perdoa. Solta as
palavras como leões ferozes, coreografados como se fossem um cardume infindável
de peixes dançarinos em nossa frente, chamando a atenção, hipnotizando.
Waly sempre intenso, escrevendo ou falando
Confesso que
o conheci por vias tortas. Explico. Custo a perceber as autorias, e olha que minha
desatenção já foi pior. Só quando alguma composição me toca é que mergulho nos
créditos, senão deixo um espaço livre para que as informações que valem a pena
se fixem. Talvez uma forma de backup
saudável em tempos que tudo interessa, tudo é cool, tudo deve ser fixado, aprendido numa mente que não pode ser
ampliada com acréscimos de memória eletrônica. Afinal “A memória é uma ilha de
edição”, não?
Não soube da
existência e paradeiro de Waly por muitos anos. Tempo demais, mas que me permitiu
escutá-lo numa palestra em Porto Alegre na Usina do Gasômetro, junto com a
minha irmã, em 1998. E lá estava Waly, ocupando um dos lugares na mesa, o homem
das Artes múltiplas, dos dizeres não-óbvios, das filosofias vãs e das frases
sem comprometimento com o dever de dizermos o que deve ser dito. Diga você o
que quiser, mas escute também o que vier. Dali em diante prestei atenção nele.
E descobri muito lentamente onde ele estava morando. Em quais espaços estava
presente. Desde então sempre quis saber por “Onde
estava o nosso Waly?” como se um mapa sinônimo da personagem Wally criado
pelo ilustrador americano Martin Handford pudesse avistá-lo, numa terra à
vista, em meio a tantos cacarecos desnecessários à essência humana. Afinal é
fundamental selecionar o que queremos receber, privilegiar aquelas produções
que sejam sintonizadas conosco, abrir espaço para aquilo que nos desacomoda. A
vida sem desafios torna-se muito tediosa e improdutiva.
Waly era
assim, desafiava a todos, começando por si próprio. Não poupava os seus
compatriotas, não poupava sua nação de escutá-lo. Baiano, filho de Xangô e
virginiano (“Eu deliro, mas tenho os pés
no chão porque sou de virgem”) sempre esteve ligado aos coletivos. Gostava de dizer: “Chega do papo furado de que o sonho acabou: A Vida é Sonho. A Vida é
Sonho. A Vida é Sonho.” como um cale-se a quem dizia que o sonho havia
acabado, gerando uma onda de baixa estima a tudo que fosse revolucionário.
Irreverente, sempre. Múltiplo também. Porque dizer algo que não tenha um pouco
de poesia, humor e sarcasmo misturados? De origem síria, não escondia suas
raízes “estrangeiras”, mas também sua relação com essa pátria em que todos
vivemos paridos pelo caos. Isso não o assombrava: o que seria diferença para
outros, para ele era semelhança.
Lemisnki
dizia que Waly “se não chegou a se tornar
tudo, foi muitas coisas”. Isso, claro, para a nossa sorte que bebemos um
pouco de lucidez através da sua poesia. Entre 1970 e 2000, Waly atuou como
poeta, ensaísta, letrista, articulador cultural, diretor de espetáculos,
artista visual e homem público. Dirigiu entre outros o espetáculo “FA-TAL – Gal
a todo vapor”; de Gal Costa, esteve na Direção da Fundação Gregório de Matos de
Salvador e coordenou o Carnaval da Bahia. Seus poemas foram musicados por
muitos artistas, entre eles: Caetano Veloso, Gilberto Gil, Jards Macalé, João Bosco e Adriana Calcanhoto.
Depois de 11
anos da sua passagem, em 2003, a editora Companhia da Letras lançou com a
bênção dos herdeiros a poesia completa de Waly, “Poesia Total”. Cada vez que a família de algum artista faz essa
ação de compartilhar de forma organizada e acessível à obra de quem não pode
mais decidir sobre publicações, sinto-me esperançosa. As publicações são formas
de perpetuar a obra de um artista, daí meu agradecimento pela reunião da
produção do artista.
Ali estão os
poemas e as reflexões de Waly. Minhas prediletas são os poemas que viraram
canções: “Vapor Barato” com Gal; “Mal Secreto” com Jards; “Mel” e “Cobra Coral”,
ambas na voz de Caetano Veloso; “Fábrica do Poema”, em homenagem à arquiteta
italiana Lina Bo Bardi, a hipnótica “Pista de Dança” e a recente “Teu nome mais
secreto”, todas na voz de Adriana Calcanhoto; “Zumbi (A Felicidade Guerreira)”
e “Ganga Zumba (O Poder da Bugiganga)”, que encantam no filme “Quilombo”, na
voz de Gil; a descontraída e pontual “Assaltaram a Gramática”, musicada por Lulu Santos e gravada por Paralamas do Sucesso; “Memória da Pele”, musicada e
gravada por João Bosco e outros poemas dedicados em pura palavra-sentimento a
Solange Farkas, in memoriam à Lygia
Clarck e a Luiz Zerbini, além do amoroso poema “Mãe dos Filhos Peixes” a sua
Yemanjá: Martha.
Waly,
diferente da personagem americana que tem em seu protagonista um jovem
adolescente, cresceu. Ele que diz: “Tenho
fome de me tornar em tudo que não sou”, porém soube ser muitos sendo um só.
Amadureceu cedo demais. O poeta Alexei Bueno comenta uma obra de Waly, “Lábia,
1998”, sua retomada cortante e límpida com as palavras, mais adiante na resenha
diz que está na sintaxe sua mais poderosa característica. Senão isso, talvez a
clareza e a assertividade de pensamento fazem de Waly um poeta que nos deixa
suspensos numa ponte pênsil a cada palavra dita. Em Desejo&Ecolalia, de
1995, ele diz: “O que é que você quer ser
quando crescer? Poeta polifônico”. E foi assim que ele nos alcançou em meio
ao caos pertinentes da mesma pátria em que vivemos.
O "Pocket Waly", apresentado na
60ª Feira do Livro de POA
Ainda no ano
passado, uma dupla de músicos, Thiago Pirajira e Ricardo Pavão, levaram sua poesia em canção em plena Feira do
Livro de Porto Alegre – 60ª edição no “Pocket Waly”. A performance sonora misturava canções e dizeres de Waly e lotou a
Tenda de Pasárgada, tradicional palco para apresentações montado durante a
Feira. Waly estava ali cintilando de dourado e negro em meio aos violões e
vozes. Podia ver-se Waly vestido num parangolé
pamplona junto com Oiticica, enfeitado de muita sensibilidade e delicadezas
que ele possuía igualmente a sua capa de devaneio concreto. Vivo.
Se você
nunca esbarrou na obra de Waly Salomão ou nem pensou em procurá-lo, mude de
rota. Estabeleça uma meta e persiga-o incessantemente. Se conseguir alcançá-lo
não desista nas primeiras leituras: siga sereno, mas constante. Leia, cante e diga em voz alta sua poesia. Aos brados retumbando
suas frases você sentirá o que ele tinha internamente. Um vulcão prestes a
explodir! E sabemos que as terras próximas aos vulcões são sempre as mais
férteis, mas suas lavas podem queimar. Mesmo assim siga em frente, rompa essa
fronteira. Se necessário queime-se, transforme-se. Vale a pena.
Sinceramente pensei que havíamos perdido Gal Costa. Por quase duas décadas, ela,
uma das maiores cantoras do Brasil e do mundo havia se afundado numa fase
obscura de falta de criatividade e trabalhos opacos que nem a voz cristalina
conseguia impulsionar. Parcerias ruins, projetos mal elaborados, repertórios
duvidosos, ações de marketing ineficientes. Tudo contribuía para pior a ponto
de quase tirar o brilho da intérprete de tantas glórias e êxitos. Porém, em
2012, renascida das cinzas, Gal Costa chama o “mano” Caetano Veloso para
exorcizar seus demônios e lança o “divisor de águas” "Recanto", no qual não só
retoma uma série de referências que havia deixado no passado quanto,
obviamente, se ergue de novo musicalmente.
Não é mesmo à toa que “Recanto” tenha esse título, pois de
fato a partir dele tudo mudou para Maria da Graça Costa Penna Burgos, que
completa louváveis 50 anos de carreira em 2015. E uma das mostras dessa mudança
para melhor é o novo CD “Estratosférica”,
cuja turnê passou por Porto Alegre numa memorável apresentação da baiana e sua
banda de jovens rapazes. Aliás, a nova geração é que, sob a batuta dessa
experiente cantora, dá o tom dos novos trabalho e show. A começar pela direção
musical, a cargo de Pupilo (Nação Zumbi), certamente responsável em boa parte
pelo tom de rock do show. Igualmente, o repertório é recheado de canções de
compositores de agora, como Mallu Magalhães, Marcelo Camelo, Criolo, Zeca Veloso
(sim, filho de Caetano!) e Alberto Continentino.
Maravilhosamente bem iluminado e com uma Gal em boa forma
física e principalmente vocal, “Estratosférica” é uma aula de construção de
repertório e conceito de espetáculo. Mesclando as novas músicas com sucessos e
clássicos da carreira, Gal não faz apenas o que se espera como, assim, reassume
a função que sempre foi sua desde que se tornou a revolucionária resistente do
tropicalismo e a dona de hits incontestes das rádios: a de servir de canal
transformador entre o novo e o tradicional na música brasileira. Afinal, foi
ela uma das principais responsáveis por gravar, nos anos 60 e 70, os então
jovens Caetano, Gilberto Gil, Tom Zé, Jards Macalé, Luiz Melodia, Jorge Ben e
vários outros. stoneano “Sem medo nem esperança”, música
do novato Arthur Nogueira com poesia do veterano Antonio Cícero dando o recado
pela intérprete: “Nada do que fiz/ Por
mais feliz/ Está à altura/ Do que há por fazer” (assim é que nós gostamos
de ver, Gal!). Esta emenda com “Mal Secreto”, de Jards e Waly Salomão, gravada
por ela no histórico “Fa-Tal” ou “Gal a Todo Vapor”, de 1971. Voltando mais no
tempo, Gal revive o ápice do tropicalismo com “Namorinho de Portão”, de Tom Zé,
que ganha arranjo tão parecido com o de 1969 que a guitarra de Guilherme
Monteiro soa até com aquele distorcido rasgado de Lanny Gordin. Grande momento.
Gal e sua excelente banda.
Nessa linha, o show começa detonando com o rockzão
Como todo bom concerto de rock, a base harmônica está na
guitarra, que ganha ora peso ora groove, auxiliado pela bateria de Thomas
Harres, pelo baixo de Fábio Sá e, principalmente, pelos teclados do ótimo Maurício
Fleury, ora modernos ora retrô-psicodélicos, servindo como elemento climático e
de textura. Soa assim a versão de outro clássico, “Não Identificado”, de Caetano,
cujos efeitos do sintetizador cobrem muito bem a orquestração intensa e
espacial de Rogério Duprat da original. “Pérola Negra”, de Melodia, é outra das
antigas que conquista o público. As canções novas não deixam, no entanto, nada
a dever para as já consagradas. É o caso de “Quando você olha pra ela”, gostoso
samba-rock assinado por Mallu com cara do melhor Jorge Ben: melodia suingada, linha
vocal assimétrica e a docilidade romântica de uma “Ive Brussel” e “Moça”.
Aliás, Benjor é reverenciado mais de uma vez: primeiro numa embasbacante
“Cabelo”, parceria com Arnaldo Antunes que ganha arranjo de funk-rock pesado, tipo Parlaiment/Funkadelic (o que é aquilo!). Lá no fim, Babulina volta em alto
estilo para encerrar o show com uma improvável (mas maravilhosa) "Os Alquimistas Estão Chegando", misto de indie
e samba-soul (o que é aquilo, de novo!).
Voltando às novas, ainda surpreendem a doce bossa-nova “Pelo
fio”, de Camelo, com ares de Carlos Lyra ou Ronaldo Bôscoli; “Ecstasy”, joia
nova de João Donato e Thalma de Freitas; a interessante faixa-título, de Maria
Poças, Romário Oliveira Jr. e Barreto; e, principalmente, a genial “Por baixo”,
um malicioso baião eletrônico de Tom Zé encomendado pela conterrânea: “Por baixo do vestido: a timidez/ Baixo da
timidez: a seda fina/ Baixo dela: uma nuvem de calor/ Baixo de calor: um
perfume da China...”. Ainda, a bela “Você me deu”, de Caetano e seu filho
Zeca, revisitando o conceito de “Recanto”; “Muita Sorte", última música
escrita pelo saudoso Lincoln Olivetti (morto em 2014), "Amor, Se
Acalme" (de Marisa Monte, Arnaldo e Cezar Menezes); a sensorial “Anuviar”,
de Moreno Veloso e Domenico; e a rica “Dez Anjos”, parceria de Criolo e Milton Nascimento, também feita especialmente para Gal. Aliás, para abrilhantar a
noite no Araújo Vianna, Bituca, na cidade para um show que faria dali a dois
dias, foi prestigiar a amiga.
Como nos velhos tempos, voz e violão.
O clima especial de quem está reverenciando sua própria obra
faz com que a artista passe por pontos importantes, e Caetano está presente aí
novamente. Além de ser personagem fundamental no resgate da companheira de
Doces Bárbaros e o único a ter quatro composições no set-list, é dele ainda outro feito: a primeira canção gravada por
Gal (ainda como Maria da Graça), “Sim, Foi Você”, em 1965. Para tocá-la, a
própria volta a empunhar o violão, numa das horas emocionantes do show.
A pulsante “Casca” (Jonas Sá e Alberto Continentino), das
melhores do show e que novamente remete ao tom kratrock de “Recanto”, fecha muito bem com o hino “Cartão Postal”,
de Rita Lee e Paulo Coelho, resgatada com muita sensibilidade por Gal. É o que
acontece também com “Arara”, de Lulu Santos, e no desbundante blues de “Como 2
e 2”, em que a cantora repete a performance que faz com que sua interpretação
seja tão definitiva quanto a de Roberto Carlos. Por falar em Roberto, é a
parceria dele com Erasmo Carlos escrita em homenagem à própria em 1969, o
sucesso “Meu nome é Gal”, que fecha o show no bis. Ainda teria mais um
impressionante arranjo, este para o samba dor-de-cotovelo de Lupicínio Rodrigues “Vingança”, que vira um bolero modernista, para encanto dos gaúchos.
Foi mais um show deste histórico momento de comemorações de
50 anos de carreira e/ou de 70 anos de idade, aos quais já presenciei de dois
anos para cá de Caetano e Gil (tanto juntos quanto separadamente), Milton, Maria Bethânia e da norte-americana Meredith Monk. Ou seja: a celebração de uma
geração que, na faixa ou acima dos 70 anos (ponham-se aí os Rolling Stones, Paul McCartney, Stevie Wonder, Bob Dylan e outros precursores), ainda nos tem
muito para dizer. E Gal, para sorte de todos, voltou ao time de forma inteira. Total.
Legal. Fa-tal. Estratosférica.
E ele chegou aos 80. Tomado de significados, o aniversário de Gilberto Gil está sendo uma celebração nacional.
Por vários motivos: ele é a nossa arte maior, o nosso orgulho enquanto povo, a representação da nossa raça, da nossa sapiência espiritual, da nossa resistência
política e cidadã. O Brasil que deu (que pode dar) certo. No Clyblog, basta fazer uma breve pesquisa pelo nome deste
artista que se encontrarão diversas referências, talvez a de maior volume nestes
quase 14 anos de blog.
Tanto é que nós, como se parentes ou súditos muito próximos, haja vista que sua arte perfaz nossas vidas desde crianças, aqui estamos reunidos para celebrar os 80 anos deste baiano que quis falar com Deus e conseguiu. Gentes
de diferentes idades, estados, profissões, mas impregnados da mesma admiração pela
vasta, vastíssima obra de Gil, um autor, assim como o mano Caetano Veloso – o próximo
oitentão da turma – capaz de produzir misteriosamente com uma qualidade superior
por décadas a fio praticamente sem quebras neste alto padrão artístico.
O “nós” a quem me refiro, claro, inclui-me, mas vai além
disso. Somos oito seguidores da egrégora Gil das áreas do jornalismo, da arquitetura, da biblioteconomia,
da arquitetura, da produção cultural e outros e, claro, da própria música. O talentoso
músico paulista Mauricio Pereira, que já versou Gil n’Os Mulheres Negras, é um
dos que generosamente colaboram conosco elencando suas preferidas. Como ele, tivemos a árdua tarefa de escolher
cada um10 músicas, chegando, devota e festivamente, à soma de 80, igual a suas primaveras
completas no último 26 de junho.
Creio que, daqui a 2 anos, quando Chico Buarque completar esta
mesma idade (o que todos esperamos), talvez haja comoção parecida. Mas somente
parecida. Gil guarda particularidades junto ao coração das pessoas que somente ele é capaz de provocar. Tanto que não foi assim quando Roberto chegou ao time dos oitentões, nem com Erasmo, Tom Zé, Flora, Hermeto, Donato e nenhum outro da música brasileira que já tenha rompido
a barreira das oito décadas. Além de recentemente sentar-se na cadeira da
eternidade da Academia Brasileira de Letras, ratificando o que construiu ao
longo de 60 anos de carreira, a própria imortalidade, este aniversário de Gil é
um aniversário de todos: dos fãs, dos brasileiros, da América preta e mestiça,
da África diáspora, da cultura latino-americana, da arte universal. De nós.
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Kaká Reis
produtora cultural (Rio de Janeiro/RJ)
"Gil sempre fez parte da minha vida. Meus dois irmãos (autores desse blog), mais especificamente Daniel, sempre trouxeram suas melodias e letras para perto e realmente conquistaram meus ouvidos a ponto de 'Tropicália 2' ser, com ainda uns 7 anos de idade, meu disco favorito. Um ancestral vivo, ativo, criativo, que eu posso ver com meus olhos, ouvir com os ouvidos e sentir com a alma… assim é Gil. Um griot da sabedoria!”
4. "Abre o Olho" ("Gilbert0 Gil Ao Vivo" ou "Ao Vivo no Tuca", 1974)
5. "Refazenda" ("Refazenda", 1975)
6. "Sarará Miolo" ("Realce", 1979)
7. "Quanta" ("Quanta", 1997)
8. "Parabolicamara" ("Parabolicamará", 1992)
9. "Nos Barracos da Cidade" ("Dia Dorim Noite Neon", 1985)
10. "Drão" ("Um Banda Um", 1982)
Leocádia Costa
publicitária, produtora cultural e locutora (Porto Alegre/RS)
"Escolher 10 canções na imensa e maravilhosa discografia de Gilberto Gil, Ave, é desesperador. Quando recebi o convite de participar dessa homenagem por ser uma fã dele e da sua expressão, precisei estabelecer algum critério para escolher 10 canções. Gostar, gosto de praticamente tudo o que ele canta, então esse não seria um critério adequado. Depois, pensei naquelas canções que me tiram do chão, me fazem vibrar em espirais que só ele produz. A missão de escolher ficou ainda mais complexa, porque algumas canções de Gil dizem o que meu coração gostaria de dizer, ou aquilo que minha cabeça pensaria, ainda coloca na minha boca a indignação ou a descoberta mais sensível dos inúmeros graus da Espiritualidade que ele percorre. Então, descartei esse critério também. Daí me dei conta que boa parte das iniciais 33 canções que eu havia escolhido se dividiam entre canções que estão eternizadas na voz do Gil e outras que eu escuto na voz dos seus intérpretes sendo praticamente deles (Cássia Eller, "Queremos Saber"; Rita Lee, "Panis et Circenses", João Donato, "Bananeira"; Dominguinhos, "Só quero um xodó"; Elis Regina, "Rebento"; e Cazuza, "Um trem pras estrelas", só para citar algumas, sendo impossível nominar as composições de Gil e Caetano que me nutrem a alma). Então, cheguei ao critério que me fez melhorar um pouco a seleção para chegar nas 10 escolhidas: destacaria somente aquelas canções que, para mim, são ouvidas na voz do compositor e que me marcaram profundamente e aí estão elas!"
1. "Lamento Sertanejo" ("Refazenda", 1975, com Dominguinhos)
2. "Sitio do Pica-Pau Amarelo" (Trilha sonora "Sítio do Pica-Pau Amarelo", 1977)
3. "Filhos de Gandhi" ("Gil & Jorge" ou "Xangô/Ogum", 1974, com Jorge Ben)
4. "Drão"
5. "Tempo Rei" ("Raça Humana", 1984)
6. "Vamos Fugir" ("Raça Humana", 1984, com Liminha)
7. "Domingo no Parque"
8. "Zumbi (A Felicidade Guerreira)" (Trilha sonora "Quilombo", 1985, com Wally Salomão)
9. "Aquele Abraço" ("Gilberto Gil", 1969)
10. "São João, Xangô Menino" ("Gilberto Gil ao vivo em Montreux", 1978, com Caetano Veloso)
Tatiana Viana
assessora de planejamento da Secretaria da Cultura de Viamão (Viamão/RS)
"Acho que ele tem lugar garantido no coração, em algum lugar da memória afetiva de todo brasileiro, uma obra ampla, maravilhosa, que fala dos dilemas humanos, de amores e sofrimentos da vida de um modo geral, a desigualdade social, cultura. Gil é um pouco de cada um de nós e nós carregamos um pouco dele em nossas vidas."
1. "Emoriô" (por João Donato, "Lugar Comum", 1975, com Donato)
2. "Extra" ("Extra", 1983)
3. "Nos Barracos da Cidade"
4. "Tempo Rei"
5. "Esotérico" ("Um Banda Um", 1982)
6. "Drão"
7. "Andar com Fé" ("Um Banda Um", 1982)
8. "Parabolicamará"
9. "Buda Nagô" ("Parabolicamará", 1992)
10. "Metáfora" ("Um Banda Um", 1982)
Maria Joana Lessa
jornalista (Rio de Janeiro/RJ)
“Eu acho que Gil é um orixá vivo”.
1. "Extra"
2. "Afoxé É" ("Um Banda Um", 1982)
3. "Abre o Olho"
4. "Sarará Miolo"
5. "Refazenda"
6. "Back in Bahia" ("Expresso 2222", 1972)
7. "Domingo no Parque"
8. "Filhos de Gandhi"
9. "Babá Alapalá" ("Refavela", 1977)
10. "São João, Xangô Menino"
Clayton Reis
arquiteto, cartunista e blogueiro (Rio de Janeiro/RJ)
"Tarefa dificílima! Sempre me ocupei meramente em apreciar e nunca em elencar minhas preferidas. Numa obra tão linda, nunca me preocupei em saber se eu gostava mais dessa ou daquela. Enfim, aí estão as 'do momento'. Talvez depois me arrependa e pense em alguma injustiçada que não entrou. Mas por agora, minhas 10 são essas aí..."
1. "Drão"
2. "Febril" ("Dia Dorim Noite Neon", 1985)
3. "Domingo no Parque"
4. "Refazenda"
5. "Roque Santeiro (O Rock)" ("Dia Dorim Noite Neon", 1985)
6. "Raça Humana" ("Raça Humana", 1984)
7. "Ela" ("Refazenda", 1975)
8. "Back in Bahia"
9. "Parabolicamará"
10. "Lamento Sertanejo"
Luciana Danielli
bibliotecária (Niterói/RJ)
"Gil, baluarte da música brasileira e o maior ministro da cultura que o Brasil já teve! Grande artista!!!! Parabéns Gil! Feliz 80!"
1. "Marginália II" ("Gilberto Gil", 1968, com Torquato Neto)
2. "Refazenda"
3. "Tempo Rei"
4. "Aquele Abraço"
5. "Toda Menina Baiana" ("Realce", 1979)
6. "Domingo no Parque"
7. "Expresso 2222" ("Expresso 2222", 1972)
8. "Lamento Sertanejo"
9. "Refavela" ("Refavela", 1977)
10. "Pela Internet" ("Quanta", 1997)
Daniel Rodrigues
jornalista, escritor, radialista e blogueiro (Porto Alegre/RS)
"'Gil engendra em Gil rouxinol', cantou Caetano usando as palavras do poeta Souzândrade para falar de Gilberto Gil. A obra de Gil é gigante em vários sentidos, por isso, misteriosa. Inclusive no assombroso volume de canções da primeira linha da música mundial. E quantas que eu adoro tiveram que ficar de fora da minha lista! 'Aqui e Agora', 'O Oco do Mundo', 'Haiti', 'Febril', 'Rock Santeiro (O Rock)', 'Beira-Mar', 'A Balada do Lado sem Luz'... Apenas 10 é pouco para representá-la e representá-lo, mas creio que, sim, muito bem representadas quando junto às 10 de todos nós. Viva Gil!! Axé!"
1. "Filhos de Gandhi"
2. "Lamento Sertanejo"
3. "Back in Bahia"
4. "Drão"
5. "Cores Vivas" ("A Gente Precisa Ver o Luar", 1981)
6. "Domingo no Parque"
7. "Palco"("A Gente Precisa Ver o Luar", 1981)
8. "Queremos Saber" (por Erasmo Carlos, "A Banda dos Contentes", 1976)
9. "Cinema Novo" ("Tropicália 2", com Caetano Veloso, 1993)
10. "Lamento de Carnaval" ("Quanta Gente Veio Ver", 1998, com Lulu Santos)
Maurício Pereira
músico e jornalista (São Paulo/SP)
“Difícil demais escolher 10 músicas do Gil pra passar pra vocês, o repertório dele tem coisas fundamentais, de cara eu já pensei numas 30… E não tou falando não como o Maurício músico ou compositor, não. Falo como ouvinte, como um brasileiro comum que se serviu da poesia, da sensibilidade, da inquietude filosófica, da visão de mundo desse artista, pra poder tentar entender e viver o mundo (e o Brasil) dum modo mais profundo e mais misterioso. Salve o Gil! .”
1. "Retiros Espirituais" ("Refazenda", 1975)
2. "Jeca Total" ("Refazenda", 1975)
3. "Vitrines" ("Gilberto Gil", 1969)
4. "Aquele Abraço"
5. "Louvação" ("Louvação", 1966)
6. "Raça Humana"
7. "Domingo no Parque"
8. "Batmacumba" (por Os Mutantes, "Tropicália" ou "Panis et Circensis", 1968, com Caetano Veloso)
9. "Meio de Campo" (por Elis Regina, "Elis", 1973)
10. "Tradição" ("Realce", 1979)
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As mais votadas
- "Domingo no Parque" - 7 votos
- "Drão" - 5 votos
-"Lamento Sertanejo", "Refazenda" e "Tempo Rei" - 4 votos
- "Back in Bahia" , "Parabolicamará", "Aquele Abraço" e "Filhos de Gandhi" - 3 votos
- "Abre o Olho", "Raça Humana", "Extra", "Sarará Miolo", "Nos Barracos da Cidade" e "São João, Xangô Menino" - 2 votos
- "Super-homem, a Canção", "Haiti", "Quanta", "Sitio do Pica-Pau Amarelo", "Vamos Fugir", "Zumbi (A Felicidade Guerreira)", "Emoriô", "Esotérico", "Andar com Fé", "Buda Nagô", "Metáfora", "Afoxé É", "Babá Alapalá", "Febril", "Roque Santeiro (O Rock)", "Ela", "Marginália II", "Toda Menina Baiana", "Expresso 2222", "Pela Internet", "Cores Vivas", "Palco", "Queremos Saber", "Cinema Novo", "Retiros Espirituais", "Jeca Total", Vitrines", "Tradição", "Meio de Campo", "Batmacumba" e "Louvação"- 1 voto