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segunda-feira, 13 de janeiro de 2025

Dossiê ÁLBUNS FUNDAMENTAIS 2024

 


Se liga rapaziada de Liverpool que
o tio Wayne tá chegando
A gente que gosta de falar sobre grandes discos, volta e meia quando descobre alguma coisa, reouve ou reavalia algum disco esquecido, pensa "Eu tenho que escrever sobre esse disco!". Mas aí, muitas vezes, a gente pondera, "Poxa, mas vai ser mais um álbum do Fulano nos ÁLBUNS FUNDAMENTAIS... Já tem tantos". É que tem uns que é inevitável que tenham mais de um. Dois, três..., um monte.  Beatles, por exemplo, muitos defenderiam que toda a discografia estivesse destacada entre os melhores discos de todos os tempos (e não seria nenhum absurdo). Caetano Veloso, Stevie Wonder, Miles Davis, é impossível que em obras tão relevantes que influenciaram gerações, nos impressionemos e nos limitemos a destacar apenas um grande trabalho de cada um deles. Depois de alguns anos fazendo a seção de grandes álbuns, acumuladas grandes obras de diversos nomes desse porte, a gente fica sempre com a curiosidade: quantos discos daquele cara, daquela banda tem nos ÁLBUNS FUNDAMENTAIS?

Então surgem outras curiosidades: a gente vê vários de Rolling Stones, Elton John, Smiths, e se pergunta "Quantos ingleses tem na lista?", aí vê Ramones, Madonna, Herbie Hancock, Aretha Franklin, e compara, "Será que tem mais americanos ou ingleses?", "e os brasileiros, como estão nessa parada?", e vão surgindo categorias e mais categorias. Qual ano tem mais grandes discos lembrados? Qual década se destaca?... E assim criamos o Dossiê ÁLBUNS FUNDAMENTAIS, um levantamento que fazemos a cada ano, contabilizando os discos incluídos na última temporada na nossa seção, apresentando então quem está na frente em cada um dos critérios. 

No último ano, entre os artistas internacionais, os Beatles continuam firmes na ponta como aqueles com mais discos citados, mas começam a sentir a proximidade do gênio do jazz Wayne Shorter que vem chegando como quem não quer nada. No âmbito nacional, se Caetano Veloso se manteve à frente por conta de um disco em parceira com Chico Buarque, o mesmo álbum fez com que o próprio Chico se aproximasse e alcançasse a segunda posição. Entre os países, o Brasil, com 8 dos 21 discos destacados no ano, deu um salto na tabela ampliando ainda mais a vantagem em relação aos ingleses, mas ainda longe dos norte-americanos que lideram com folga.  Já nas épocas, a década de 70 continua sendo a que tem mais grandes álbuns mencionados, embora o ano que tenha mais obras seja da década de 80, o ano de 1986. No entanto, no ano passado, por trazer alguns discos que recentemente completavam 50 anos, o de 1974 foi o que apareceu mais na nossa galeria.

 Ainda no que diz respeito aos anos, vamos dar uma 'trapaceada' desta vez: como o disco "Me & My Crazy Self", do bluesman Lonnie Johnson contém gravações de 1947 a 1953, vamos incluí-lo nos anos 40 só porque, até hoje, era a única década que não tinha nenhum disco indicado. Pode ser? (Segredo nosso. Fica entre a gente. Shhhh!!!)

Como destaques tivemos as estreias da talentosíssima musa francesa Françoise Hardy e do subestimado Ivan Lins no nosso seleto grupo de elite; o disco ao vivo de Gilberto Gil, no Tuca, um dos álbuns cinquentões do ano passado; mais um da rainha Madonna para marcar sua grandiosa vinda ao Brasil; e, em ano de Olimpíadas, um disco de atleta, o excelente "Rust in Peace", do faixa preta em taekwondo Dave Mustaine do Megadeth.

Bom, chega de papo-furado: vamos às listas, às colocações, aos números que é o que interessa aqui. Com vocês o Dossiê ÁLBUNS FUNDAMENTAIS 2024.

Dá uma olhada aí:


*************


PLACAR POR ARTISTA (INTERNACIONAL)

  • The Beatles: 7 álbuns
  • Kraftwerk e Wayne Shorter***: 6 álbuns
  • David Bowie, Rolling Sones, Pink Floyd, Miles Davis, John Coltrane e John Cale*  **: 5 álbuns cada
  • Talking Heads, The Who, Smiths, Led Zeppelin, Bob Dylan, Philip Glass e Lee Morgan: 4 álbuns cada
  • Stevie Wonder, Cure, Van Morrison, R.E.M., Sonic Youth, Kinks, Madonna, Iron Maiden , U2, Lou Reed**, e Herbie Hancock***: 3 álbuns cada
  • Björk, Beach Boys, Cocteau Twins, Cream, Chemical Brothers, Sean Lennon, Deep Purple, The Doors, Echo and The Bunnymen, Elvis Presley, Elton John, Queen, Creedence Clarwater Revival, Janis Joplin, Johnny Cash, Joy Division, Massive Attack, Morrissey, Muddy Waters, Neil Young and The Crazy Horse, New Order, Nivana, Nine Inch Nails, PIL, Prince, Prodigy, Public Enemy, Ramones, Siouxsie and The Banshees, The Stooges, Pixies, Dead Kennedy's, Velvet Underground, Metallica, Dexter Gordon, PJ Harvey, Rage Against Machine, Body Count, Suzanne Vega, Beastie Boys, Ride, Faith No More, McCoy Tyner, Vince Guaraldi, Grant Green, Santana, Ryuichi Sakamoto, Sinéad O'Connor, Marvin Gaye e Brian Eno* : todos com 2 álbuns

*contando com o álbum  Brian Eno e John Cale , ¨Wrong Way Out"

**contando com o álbum Lou Reed e John Cale,  "Songs for Drella"

*** contando o álbum "Five Star', do V.S.O.P.



PLACAR POR ARTISTA (NACIONAL)

  • Caetano Veloso: 8 álbuns*#
  • Gilberto Gil * **  e Chico Buarque ++ #:  7 álbuns
  • Jorge Ben ** João Gilberto*  ****: 5 álbuns
  • Tim Maia, Rita Lee, Legião Urbana,  , e Milton Nascimento***** º: 4 álbuns
  • Gal Costa, Titãs, Paulinho da Viola, Engenheiros do Hawaii e Tom Jobim +: 3 álbuns cada
  • João Bosco, Lobão, João Donato, Emílio Santiago, Jards Macalé, Elis Regina, Edu Lobo+, Novos Baianos, Paralamas do Sucesso, Ratos de Porão, Roberto Carlos, Sepultura, Cartola, Baden Powell***  e Criolo º : todos com 2 álbuns 


*contando com o álbum "Brasil", com João Gilberto, Maria Bethânia e Gilberto Gil

**contando o álbum Gilberto Gil e Jorge Ben, "Gil e Jorge"

*** contando o álbum Baden Powell e Vinícius de Moraes, "Afro-sambas"

**** contando o álbum Stan Getz e João Gilberto, "Getz/Gilberto"

***** contando com o álbum Milton Nascimento e Lô Borges, "Clube da Esquina"

+ contando com o álbum "Edu & Tom/ Tom & Edu"

++ contando com o álbum "O Grande Circo Místico"

# contando com o álbum "Caetano & Chico Juntos e Ao Vivo" 

º contando com o álbum Milton Nascimento e  Criolo "Existe Amor"



PLACAR POR DÉCADA

  • anos 20: 2
  • anos 30: 3
  • anos 40: 1
  • anos 50: 121
  • anos 60: 101
  • anos 70: 166
  • anos 80: 142
  • anos 90: 108
  • anos 2000: 20
  • anos 2010: 18
  • anos 2020: 3


*séc. XIX: 2
*séc. XVIII: 1


PLACAR POR ANO

  • 1986: 24 álbuns
  • 1977 e 1972: 21 álbuns
  • 1969: 20 álbuns
  • 1976: 19 álbuns
  • 1970, 1971, 1985 e 1992: 18 álbuns
  • 1968, 1973 e 1979 17 álbuns
  • 1967, 1975 e 1980: 16 álbuns cada
  • 1983 e 1991: 15 álbuns cada
  • 1965, 1988, 1989 e 1994: 14 álbuns
  • 1987 e 1990: 13 álbuns
  • 1990: 12 álbuns
  • 1964, 1966, 1978: 11 álbuns cada



PLACAR POR NACIONALIDADE*

  • Estados Unidos: 218 obras de artistas*
  • Brasil: 167 obras
  • Inglaterra: 130 obras
  • Alemanha: 11 obras
  • Irlanda: 8 obras
  • Canadá: 5 obras
  • Escócia: 4 obras
  • Islândia, País de Gales, Jamaica, México: 3 obras
  • Austrália, França e Japão: 2 cada
  • Itália, Hungria, Suíça, Bélgica, Rússia, Angola, Nigéria, Argentina e São Cristóvão e Névis: 1 cada

*artista oriundo daquele país
(em caso de parcerias de artistas de países diferentes, conta um para cada)

sábado, 6 de julho de 2024

The Chemical Brothers - "Further" (2010)

 



Álbuns Fundamentais - ClyBlog
"Os Chems fazem seu melhor álbum
em mais de uma década."
Pitchfork Music,
na época do lançamento


"Further" foi um álbum que tive uma certa dificuldade inicial pata assimilar. Tom Rowlands e Ed Simmons nunca ficaram estagnados numa zona de conforto mesmo já  consagrados e amplamente aclamados como sendo dos grandes expoentes da música eletrônica. Sempre ousaram, tentaram coisas diferentes e incorporaram elementos a seu som, mas em "Further" parecia que davam um passo adiante nesse experimentalismo, causando uma certa estranheza que, pelo que pude notar, na época do lançamento,  não fora exclusividade minha.

A estrutura das músicas, o formato do álbum, a disposição das faixas, as referências, parecia tudo pouco convencional. Mas audições mais frequentes, mais atentas, sem tantos juízos pré-estabelecidos, foram aos poucos me mostrando que ali estava um grande disco, mais um dos grandes trabalhos desses dois notáveis artesãos dos sons da nossa época.

Se o Kraftwerk, pai de todos da música eletrônica, foi paulatinamente construindo uma linguagem, forjando um formato, os Chemical Brothers que já encontraram a estrada pavimentada montado, parecem tentar desconstruir o processo, e em "Snow, a faixa de abertura, fragmentam a música, reduzem-na a ruídos eletrônicos, praticamente abdicam da melodia, numa peça singular sem batida, sem levada, sem um 'ritmo' lógico. É a volta ao começo da estrada. E perguntará alguém, "E funciona?". Não só funciona como "Snow" é improvavelmente linda. Um vocal doce, delicado sobre uma música sem música. Algo impressionante para começar um álbum que se mostrará não menos incrível. Até  porque na sequência, a segunda, "Escape Velocity", talvez seja uma das melhores músicas da dupla e uma das maiores coisas feitas em música eletrônica. Uma sinfonia eletrônica de mais de dez minutos construída paciente e minuciosamente, com uma estrutura que, em sua complexidade, lembra um grandioso concerto clássico. Mais uma grande ousadia do Brothers.

"Another World", que se segue, é uma canção suave e quase lenta; "Dissolve" é  um "rock psicodélico" que lembra particularmente The Who... E o ouvinte pode ficar perguntando, "Cadê a música eletrônica, propriamente dita, repetições, loops, BPM's aceleradas...?". Tudo isso chega finalmente na quinta faixa. Só que não de uma maneira simples e superficial. Por trás de um bate-estaca tipicamente de pistas de dança, elétrico, percussivo, repetitivo e alucinante, esconde-se uma faixa conceitual que remete aos primórdios das máquinas, à revolução industrial, à potência de um animal, à potência de uma máquina, o torque, o Jaule, o Cavalo Vapor. A máquina a serviço do homem, a tecnologia que evolui e hoje nos dá. Coisas como as que os Chemical Brothers fazem.

"Swoon", o primeiro single do álbum é um pop radiante, ensolarado, colorido, com cara de dia de primavera. Apaixonante! Tambores e ritmos tribais dão o tom em "K.D.B" que, ao contrário do que se possa imaginar não torna-se pesada ou agressiva pela ênfase percussiva. Os Chems encontram mais uma vez o ponto de equilíbrio entre o conceito, o primitivismo, as raízes negras da música eletrônica, e a palatabilidade comercial, produzindo aqui uma peça musical suave de atmosfera crescente e grandiosa.

Depois de toda essa viagem, "Wonder of Deep" retorna ao Kraftwerk, que no fim das contas, é como voltar ao início de tudo, a origem do universo do eletrônico.

"Further" é provavelmente o disco mais 'filosofal' dos Chemical Brothers. Nele Ed e Tom parecem se perguntar, "Por que estamos aqui?", "Do que somos feitos?", "De onde viemos, para onde vamos?", "E se...?". Talvez por isso eu tenha demorado um pouco para valorizar a obra. Não é todo dia que um álbum, da tão subestimada e desvalorizada música eletrônica, nos traz tanta informação.

Eles podiam ter ficado no conforto de sua reputação já consolidada, produzindo mais um hit certeiro aqui outro ali, mais uma febre das pistas, mas aqui se arriscaram. Mergulharam fundo e foram além. Além.

******************

FAIXAS:
  1. Snow (5:07)
  2. Escape Velocity (11:57)
  3. Another World (5:40)
  4. Dissolve (6:22)
  5. Horse Power (5:51)
  6. Swoon (6:05)
  7. K+D+B (5:40)
  8. Wonders Of The Deep (5:13)

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Ouça:



por Cly Reis

quarta-feira, 24 de novembro de 2021

Música da Cabeça - Programa #242

 

Já pensou se a Nasa erra o alvo e não pega o asteroide vindo pra Terra? Melhor nem pensar e ouvir o MDC, onde vai chover não meteoro, mas música boa! Tem Legião Urbana, Minnie Riperton, Primus, Milton Nascimento, The Chemical Brothers, Talking Heads e mais. Ainda, um "Cabeção" MPB cheio de classe e alma negra. Para-raios de coisa ruim, o MDC de hoje vai ao ar às 21h, na precavida Rádio Elétrica. Produção, apresentação e missão espacial: Daniel Rodrigues.#consciencianegra #semanaconsciencianegra #20denovembro #mesdaconsciencianegra


Rádio Elétrica:
http://www.radioeletrica.com/

quarta-feira, 7 de abril de 2021

Música da Cabeça - Programa #209

 

Deu debandada do lado de lá? Aqui, jamais. Tá todo mundo unido pra mais um MDC. O programa de hoje vai ter, coladinho a nós, Novos Baianos, The Chemical Brothers, Tokyo, Chico Buarque, Herbie Hancock, Thundercat e mais. Também pegam junto o nossos quadros "Cabeça dos Outros", "Música de Fato" e um "Palavra, Lê" que lembra um clássico de Agnaldo Timóteo. Tudo isso hoje, 21h, na fiel Rádio Elétrica, junto e misturado (mas sem aglomeração, sacou?). Produção e apresentação: Daniel Rodrigues (#ForaMilitar e #ForaBolsonaro ou vice-versa)


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quarta-feira, 27 de janeiro de 2021

Música da Cabeça - Programa #199

 

Bernie Sanders passou a semana esperando sentado só pra ouvir o MDC. Então, chegou a hora, senador! Hoje teremos conterrâneos seus como Tracy Chapman, Beck e Angelo Badalamenti, mas também os britânicos da Chemical Brothers e Cocteau Twins e brasileiros, representados por Ronnie Von, Milton Nascimento e Gilberto Gil. Além disso, tem "Cabeça dos Outros" e "Palavra, Lê" com letra de Djavan - que prometemos compreendê-la. Isso às 21h, na paciente Rádio Elétrica. Produção, apresentação e toneladas de leite condensado: Daniel Rodrigues (#BolsonaroGenocida)


Rádio Elétrica:

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quarta-feira, 17 de junho de 2020

Música da Cabeça - Programa #167


Tem gente dizendo que o calendário Maia prevê o fim do mundo pra essa semana. Vamos ouvir, então, o Música da Cabeça antes que tudo vá pelos ares. E se for, pelo menos teremos muita coisa boa no programa, como The Chemical Brothers, Rita Lee, The Smashing Pumpkins, Edu Lobo, Rage Against The Machine e mais. Ainda, "Música de Fato", "Palavra, Lê" de Ivan Lins e um "Cabeça dos Outros" com Charles Mingus. Te apressa em ouvir o MDC hoje na Rádio Elétrica, às 21h, antes que o mundo acabe. Produção e apresentação: Daniel Rodrigues. Pondo a língua pra essa história de fim dos tempos.


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quarta-feira, 23 de outubro de 2019

Música da Cabeça - Programa #133


O óleo pode ser venezuelano, mas a incompetência é toda brasileira. Enquanto a poluição avança sobre o litoral sem contenção, nós do Música da Cabeça montamos uma força-tarefa de boas vibrações sonoras. Estão nessa conosco Morcheeba, Kraftwerk, Kleiton & Kledir, The Chemical Brothers, Meirelles e os Copa 5, Chic, Cid Campos, Echo & The Bunnymen e mais. Ainda, "Música de Fato", "Palavra, Lê" e um "Cabeção" bem avant-garde pra não aliviar mesmo. Arregaça as mangas, que o programa de hoje vem pra conter qualquer vazamento. É às 21h, na Rádio Elétrica. Produção e apresentação: Daniel Rodrigues (e não: não tá tudo azul).


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terça-feira, 4 de junho de 2019

Música da Cabeça - Programa #113


Imagina você ser a Rainha da Inglaterra e ter que receber o mala do Donald Trump em plena quarta-feira à noite. Imaginou? Agora imagina que você não só se livrou dessa bomba como ainda terá o prazer de ouvir o Música da Cabeça de hoje tranquilo e no aconchego do seu lar. Confere só o que vai rolar: The Chemical Brothers, Alice in Chains, Demônios da Garoa, John Cage, New Order e mais. E pra completar, os quadros "Música de Fato" e "Palavra, Lê". Trilha sonora mais do que especial que vai deixar você ainda mais contente por não ser dona Elizabeth. O MDC não é jantar diplomático, mas tem hora marcada: 21h, nos salões nobres da Rádio Elétrica. Produção, apresentação e protocolo: Daniel Rodrigues.


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quinta-feira, 9 de maio de 2019

The Beatles - "Abbey Road" (1969)




"Com 'Abbey Road', os Beatles 
tocaram a glória 
pela primeira vez (...)
Todos os quatro brilharam: 
as composições 
e trabalho vocal de John,
o ofício musical supremo 
de Paul nos medleys,
a habilidade musical de George
em duas canções maravilhosas 
e o toque de bateria 
excelente de Ringo."
Mark Lewisohn,
historiador considerado
uma das maiores autoridades
sobre Beatles

Minha relação com os Beatles é curiosa... É interessante que, até algum tempo atrás, eu sequer gostava de Beatles. Gostava naquelas... uma aqui, outra ali. "Twist and Shout", por causa do filme "Curtindo a Vida Adoidado""Can't Buy Me Love" por causa do "Namorada de Aluguel", "Dear Prudence" por causa da versão da Siouxsie, "Helter Skelter" por causa dos Banshees também e pela versão do U2 no "Rattle and Hum" sendo que a original eu sequer conhecia... Na boa, achava Beatles, aquela coisa dos arranjos de orquestra, dos vocais em coro, daquela levada tipo bandinha alemã, tudo muito perfeitinho demais. Não tinha como negar a qualidade, mas pra mim parecia pouco rock'n roll. Tanto que, naquela tradicional disputa Beatles ou Stones, eu sempre fui mais Stones. Ainda sou, tenho que admitir. Acho Stones mais visceral, mais rock no sentido mais sujo da coisa, sabe. Mas o meu respeito e minha admiração pelos Beatles tornou-se uma realidade e uma vez consolidada, só foi crescendo.
Eu já ficava intrigado pelo fato que uma porção de ídolos meus, vários artistas que eu admiro sempre diziam que tinha começado a tocar por causa dos Beatles, que quando ouviram Beatles resolveram ter uma banda, que fizeram tal música  porque queriam fazer que nem os Beatles... "Cara ... Mas será possível?", pensava eu. Aí  comecei a ouvir com mais carinho, com mais atenção e, quando se OUVE, ouve mesmo, não  como não reconhecer que os caras eram absurdos! Toda a técnica de estúdio, a criatividade, o talento, a inovação e tal, tudo isso eu entendia mas não tinha dado aquela liga. Não tinha acendido a chama. Ela foi acendendo aos poucos: aí o cara vê que uma música que gosta da sua banda preferida é muito Beatles, percebe onde tá aquela influenciazinha, vê coisas que os caras fizeram sem recurso nenhum e hoje em dia com tudo a favor, não se consegue fazer igual e, aí ficha cai. Foi o caso de "Tomorrow Never Knows" que fui conhecer por causa de "Setting Sun" dos Chemical Brothers, e que me estimulou a comprar o "Revolver". A dupla eletrônica de Manchester chegou a responder processo por plágio mas foi inocentada, uma vez que não negavam a inspiração, apenas negavam a cópia. É bem o caso do que os caras conseguiam fazer em 1966, com recursos técnicos escassos e algo parecido só é conseguido com a parafernália eletrônica dos dias de hoje.
Mas antes do "Revolver", o primeiro  que tive dos Beatles foi o "Magical Mystery Tour", que no meu mode de ver era mais "anárquico", menos certinho. Tem aquela 'desordem' da música titulo, "Magical Mystery Tour", tem "I'm The Walrus que também é mais atípica, mais louca, enfim, aquilo me agradava mais num primeiro momento. Depois veio o "Revolver" e depois o 
"Rubber Soul", que devo admitir que, apesar de não retirar nenhum mérito, não sou dos mais apaixonados.
O "Abbey Road" (1969) chegou a mim de uma forma interessante. É lógico que eu já conhecia "Come Together", e essa eu já gostava muito e na minha cabeça essa era uma exceção a tudo aquilo que eu colocara acima sobre rockzinho comportado, arranjos rebuscados e coisas assim, só não ligava uma coisa a outra e com meu conhecimento parco da obra dos caras, não sabia que era exatamente a primeira do "Abbey Road". Mas o que me instigou pra ouvir o disco, conhecer a obra foi o fato que, certa vez, na noite por aí, uma banda dessas de clássicos do rock, tocou "I Want You (She's So Heavy)" e, cara..., eu fiquei louco com aquilo. Aí eu quis saber de onde era aquilo e descobri que era do tal do "Abbey Road". Eu já tava numas de curtir mais Beatles e resolvi conhecer melhor o disco. Pedi pro meu irmão, meu parceiro de blog, Daniel Rodrigues, que já apreciava a banda havia mais tempo, pra me passar o MP3 do disco pra eu ouvir no computador, no I-Pod e tal, e fui gostando cada vez mais. Até que, sabendo que eu tava ficando fissuradão, o meu irmão de novo, desta vez, me deu o CD.
E se um cara tem restrição a Beatles, o "Abbey Road" é pra acabar com qualquer frescura! Tem baixo estourando, tem vocal gritado, tem solinho de bateria, tem música curta, música quilométrica, tem música  pra todos os gostos, tem música de todo mundo, tem vocal de quase todo mundo...  e que disco bem produzido, hein! Tudo perfeito, tudo no seu devido lugar. Era o desejo da banda, mesmo já um tanto fragmentada, já dando sinais de desgaste, fazer um grande disco depois de uma certa decepção com as gravações de "Let It Be", que acabou saindo depois mas que na verdade fora gravado antes e ficou ali, meio que engavetado. Pois é, na verdade o "Abbey Road" é o último álbum dos Beatles. E tem cara de último disco. Tem a grandiosidade, a estrutura, a maturidade, o total controle sobre o objeto final, tem cara de gran finale. Algo espetacular!
"Come Together", como eu disse, eu já conhecia e admirava e é daquelas aberturas de álbum matadoras. Aliás os Beatles abriam muito bem seus discos, não é mesmo? Vide "Taxman", "Back um The U.S.S.R.", "Sgt. Peppers...", "Drive My Car". "Come Together" é uma música que vai crescendo em intensidade e mudando a cada parte, ganhando um novo elemento. É fantástica! Lembra, não por acaso, aquele tipo de composição que marcou Pixies, Nirvana, com ênfase na linha de baixo no corpo principal da música, e uma certa explosão, com as guitarras e os vocais entrando de forma mais intensa no refrão. Pode-se dizer, de certa forma que, lá em 1969, foi um pré-grunge. "Something" sempre me arrepia com aquela guitarra chorosa, melancólica, aquele vocal doce... É considerada por muitos a melhor música dos Beatles e a própria  banda manifestou, na época, uma certa preferência por ela dentre as gravadas para o disco. "Maxwell's Silver Hammer" é daquelas que eu falei, com cara de bandinha de coreto de praça, e apesar de ser uma boa música, no fim das contas, e funcionar como um ponto de equilíbrio no lado A do disco, nem a banda gostava muito dela na época do lançamento.  Atribuo a ela este papel de fiel da balança, até porque na sequência vem "Oh, Darling", uma das minhas preferidas com aquele vocal rasgado, gritado. Um balada típica dos anos 50 com o vocal do Paul calculadamente descontrolado. Tipo da coisa que, no meu desconhecimento, sentia falta nos Beatles e que encontrei no "Abbey Road". Sei que tem "Helter Skelter", até mais furiosa por sinal, mas, nesse caso específico, como confessei acima, conhecia mais as covers do que a original.
O disco segue com "Octopuss Garden", que é do Ringo, e normalmente é um pouco subestimada mas que é um country-rock muito gostoso. Num disco muito bem planejado, a leveza da composição de Ringo Starr serve meio que como preparação para a pesada, longa, extensa, "I Want You (She's So Heavy)". Uma amarração quase improvável de duas melodias bem distintas mas que juntas acabaram funcionando como uma especie de peça épica, algo grandioso. Aquele início, e final também, dramático, solene, combinado a um blues meio rumba em que a guitarra ora dialoga, ora imita, ora disputa com a voz de Lennon. E, apoteoticamente, tudo se encaminha pr'aquele final, como eu disse, dramático, que se repete, repete e corta... abruptamente como se a música, que já é gigantesca, nunca fosse acabar. É de arrepiar.
Depois vem a ensolarada "Here Comes The Sun", que seria a primeira do lado B, na versão original em LP. Sempre que o dia está feio e abre, que vem aquele solzinho depois de uma chuva, eu lembro dela. Sempre iluminada. Na sequência vem a linda "Because" uma balada cheia de inspiração e melancolia. Uma das mais belas melodias dos Beatles e um trabalho vocal excepcional. Segue com a mutante e imprevisível "You Never Gove Me Your Money", cheia de variações: começa de um jeito dando a pinta que vai ser uma doce balada ao piano, de repente vira um rock descontraído, modifica a voz, ganha intensidade, ganha uma guitarra bem incisiva, lá pelo final ganha um coro fazendo uma contagem e acaba num ruído que vai introduzir para o genial medley de músicas "inacabadas" concebido por Paul McCartney que é simplesmente de tirar o fôlego. Trechinhos, praticamente vinhetas, mas que são de deixar o cidadão de boca aberta, não só pelas qualidade de cada uma, mas também pela diversidade entre elas, pelo papel dentro do álbum, pela sequência em que estão dispostas.
"Sun King", de John Lennon, uma delicada baladinha, uma pequena piração com uma letra que mistura inglês, italiano e francês, é a primeira da sequência mágica  e lembra um pouco "Something", com alguma semelhança também com "Because" embora sempre me remeta um pouco a "Don't Let Me Down"; segue o rock gostoso de "Mean Mr. Mustard"; depois "Polithene Pam", bem "yeah-yeah-yeah', uma espécie de uma voltá às raízes só que mais sofisticada; vem "She Came Through The Bathroom" outro rock cativante; e então o epílogo grandioso se aproxima com a beleza de "Golden Slumbers" que é misturada/invadida com/por "Carry That Weight" que, por sua vez, em grande estilo, encaminha o encerramento do disco para nada mais apropriado que o FIM. "The End", mais uma "criatura mutante", cheia de variações, é um rock direto e certeiro com direito a solo de bateria de Ringo e tudo. É o fim, como anuncia o título da canção? A última do disco? A última da discografia dos Beatles? Errado. O disco acaba mas não acaba. Antecipando um conceito de faixa-oculta que só viria a se consolidar na era CD, segundos depois da "última música" aparece "Her Majesty", um trechinho curto acústico, mais uma vinheta, uma brincadeira por assim dizer "comemorativa" ao título de Membros do Império Britânico concedido pela coroa inglesa, que o grupo então acabara de receber. Típico dos Beatles. A inversão da lógica, o improvável, a surpresa, o que mais ninguém faria. E "The End" que seria também a última música do último lado de um disco deles, acabou não sendo pois o "Let It Be", o antecessor, acabou sucedendo "Abbey Road".
Aí o cara acaba de ouvir um disco desses e fica se perguntando "por que que eu fiquei de nhem-nhem-nhem com os Beatles por tanto tempo?"
Se você também tem um ranço, nhem-nhem-nhem, mi-mi-mi com Beatles, e sei que muito gente tem, recomendo veementemente que você ouça o "Abbey Road". Talvez os Beatles tenham discos melhores, muitos preferem o "Branco", muitos o "Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band", mas o "Abbey Road" este trabalho brilhante que completa 50 anos neste 2019, é tão perfeito, tão impecável, tão bem produzido, tão diversificado que eu acho que até o mais resistente anti-Beatles vai acabar se rendendo. Eu me rendi.

**************

FAIXAS:
1 - Come Together
2 - Something
3 - Maxwell's Silver Hammer
4 - Oh! Darling
5 - Octopus's Garden
6 - I Want You (She's So Heavy)
7 - Here Comes the Sun
8 - Because
9 - You Never Give Me Your Money
10 - Sun King
11 - Mean Mr. Mustard
12 - Polythene Pam
13 - She Came in Through the Bathroom Window
14 - Golden Slumbers
15 - Carry That Weight
16 - The End
17 - Her Majesty


***************
Ouça:


Cly Reis

quarta-feira, 11 de abril de 2018

Música da Cabeça - Programa #53


"Podem me prender/ Que eu não mudo de opinião”. Na semana em que o ex-presidente Lula foi preso, nós abrimos as grades para deixamos as ideias livres para correr por aí. Representadas em músicas, claro, que é isso que compõe o Música da Cabeça, que hoje terá The Chemical Brothers, Violent Femmes, Arnaldo Antunes, Legião Urbana, Wire, entre outros gritos. Como não poderia deixar de ser, um “Música de Fato” sobre a prisão de Lula e mais “Sete-List” e “Palavra Lê”. Então, te desvencilha das amarras e vem escutar o programa hoje, às 21h, pela Rádio Elétrica. Produção, apresentação e indulto: Daniel Rodrigues.


Rádio Elétrica:
http://radioeletrica.com.br/

segunda-feira, 5 de fevereiro de 2018

Prodigy - "The Fat Of The Land" (1997)





“A nossa atitude é:
estamos aqui,
amem-nos ou odeiem-nos.
Se isso é ser punk,
 então somos punk”
Liam Howlett




Sem dúvida pioneiros como o Suicide colocaram a cara a tapa apresentando seu som eletrônico em pleno movimento punk naquele contexto pouco recomendável pra que alguém viesse com "maquininhas" fazendo música. É certo que grupos como o Front 242 já uniam minimalismo e agressividade ao eletrônico ali pela metade dos anos 80, e que músicos talentosos como Trent Raznor já punham o maquinário a serviço do peso para produzir seu intenso e barulhento som industrial. Mas mesmo com todos estes precedentes creio ser justo afirmar que nunca a música eletrônica foi tão suja, tão pesada, aproximou-se tanto do punk quanto em "The Fat of The Land" do Prodigy, lançado em 1997.
O grupo encabeçado pelo prodígio Liam Howlett já havia dado mostras de sua inclinação para o peso em seu disco anterior, o ótimo "Music For Jilted Generation" (1994) com o "metalzão" "Their Law" e a eletrizante "Voodoo People", mas "The Fat Of The Land" catalisava aquelas tendências de uma maneira mais efetiva materializando assim um produto final simplesmente bombástico.
O visual que o grupo assumia naquele momento, em especial seu MC Keith Flint, uma espécie de Bozo do inferno, levava muitos a pensar que estavam se "fantasiando" de punks de modo a estabelecer uma coerência visual com a proposta musical que então apresentavam aproveitando assim para entrar na onda roqueira que ainda predominava naquele final de anos 90. É evidente que o mundo pop tem todo seu show-business e o grupo aproveitou a rebarba do grunge para encarnar um tipo mais rocker, mas que o lado rebelde, transgressor e punk não era meramente uma encenação, definitivamente não era. Suas rusgas com autoridades por conta de restrições a raves e festas afins já vinha de longa data e a já mencionada "Their Law" do disco anterior não somente era uma pedrada sonora como na letra, em poucas palavras como é característico do gênero, metia o dedo na cara dos legisladores e da polícia: "Fodam-se vocês e suas leis".
Agora eles atacavam de novo e vinham com mais munição: sexo, drogas, assassinatos, incêndios, caos... O carro-chefe de "The Fat of The Land" era nada mais nada menos que uma música de título ambíguo que sugeria estupro, agressão mas que na verdade tratava-se de uma expressão popular para o consumo de heroína. "Smack My Bitch Up", uma pancada eletrônica de ritmo fenético e uma certa  levada árabe, como se não bastasse sua sonoridade alucinante, trazia a tiracolo um videoclipe alucinante de câmera na mão, em primeira pessoa, repleto de putaria, consumo de drogas, álcool, violência e todo tipo de comportamento inadequado, tão hardcore, tão inapropriado, que chegou a ser banido da MTV americana e de televisões de vários outros países. Quer mais punk que isso?
"Breathe", que a segue no álbum, não deixa por menos num petardo sonoro que flerta com o grunge e chega a lembrar "Anarchy in the U.K." dos Sex Pistols no refrão pela voz rasgada e pela entonação. "Diesel Power" dava uma aliviada na violência  e carregava no funk com uma letra bem interessante sobre a tecnologia e a loucura do mundo moderno; e a frenética "Funky Shit" cheia de gritinhos de torcida de colégio e  com seu sampler do tema da S.W.A.T. mantinha o nível lá em cima.
Aí chega "Serial Thrilla" entrando de voadora com os dois pés nos peitos! Uma mistura explosiva do funk de "Diesel Power" com a potência de "Smack My Bitch Up" que levaria até um aleijado pra pista de dança. "Mindfields" é mais climática, lembra algo como uma trilha de filme de espionagem ruim, e "Narayan" que a segue, extensa, cheia de variações, parece não corresponder ao tamanho de suas pretensões. Já a incendiária "Firestarter", é outro daqueles exemplos do punk aplicado a música eletrônica de maneira perfeita. Uma bomba, um coquetel molotov de samples sinuosos e ziguezagueantes, uma batida drum'n'bass aceleradíssima e perturbadora, e um vocal nervoso e ameaçador. A boa "Climbatize", crescente e bem elaborada, é uma boa ponte para o final do disco e "Fuel My Fire" que põe a tampa no caixão, ao contrário das demais que tinham doses de peso em músicas predominantemente eletrônicas, tem nos efeitos, samples e programações meros coadjuvantes para uma tijolada sonora conduzida por guitarras, baixo e bateria de verdade, além de vários convidados, numa espécie de festa punk de encerramento do álbum.
Que Kraftwerk, Silver Apples, Throbbing Gristle, Suicide, tiveram papéis mais importantes na história da música eletrônica, não existe discussão, que outros contemporâneos do Prodigy  como Chemical Brothers e Orbital tenham mais recursos e alternativas creio que não seja um absurdo afirmar, mas que "The Fat Of The Land" à sua maneira inaugurava naquele momento um novo capítulo na história do gênero, me parece que seja algo que não esteja muito longe da verdade.

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FAIXAS:
  1. Smack My Bitch Up (5:430
  2. Breathe (5:35)
  3. Diesel Power (4:18)
  4. Funky Shit (5:16)
  5. Serial Thrilla (5:11)
  6. Mindfields (5:40)
  7. Narayan (7:07)
  8. Firestarter (6:43)
  9. Climbatize (6:38)
  10. Fuel My Fire (4:19)

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Ouça:
Prodigy - The Fat Of The Land


Cly Reis

quarta-feira, 31 de maio de 2017

Leftfield - "Leftism" (1995)



"Queime, Hollywood,
queime!"
de "Open Up"



Eu estava no lendário Bar Ocidente em Porto alegre, numa festa de música eletrônica, quando tocou aquilo... Era a voz de John Lydon esmerilhando sobre uma base eletrônica feroz e alucinante. "Demais!", pensei. Ali, assim, na loucura da noite, com álccol na cabeça, sem a devida concentração para ouvir bem, com atenção, parecia ser uma versão dance de "Under The House" do PIL do disco "Flowers of Romance", e durante muito tempo acreditei que fosse. Fiquei enlouquecido e a partir do dia seguinte já fui, como podia, em busca da tal versão. Na época a internet não era o que é hoje e não havia todas as facilidades de busca, downloads, informação, compras, etc., então recorri a amigos que pudessem ter ouvido a música em questão ou algo a respeito sobre um remix, consultei donos das lojas alternativas que frequentava, procurei alguma menção na revista Bizz, na rádio Ipanema ou qualquer meio que pudesse me dizer o que era aquilo e onde conseguir. Não encontrei. Desisti de procurar, não sem, no entanto, permanecer atento. Eis que anos depois, nem lembro como, a tal música veio pousar nos meus ouvidos de novo e aí descobri o que era. Tratava-se de uma participação de John Lydon com o duo britânico de música eletrônica Leftfield, e o objeto da minha busca chamava-se "Open Up", um petardo dançante no qual a voz do ex-Pistol parece fazer reviver o punk em uma linguagem atualizada, tal a fúria e contundência de sua interpretação.
"Leftism", o disco de estreia da dupla britânica, como pude constatar logo em seguida assim que  minha curiosidade aguçada por "Open Up" não se resume a ela e muito menos se justifica meramente pela participação de um grande nome. O álbum pode ser considerado um dos grandes registros da música eletrônica nos anos 90 e por extensão, naquela época de afirmação do gênero com nomes relevantes se sobressaindo à massa "tush-tunsh", um dos melhores nesta linguagem desde então.
Num meio termo entre a introspecção do Massive Attack e a violência do Prodigy, o Leftfield  impregnava seu som de elementos rítmicos variados evidenciando influências reggae e afro, numa fusão com ambient music, hip-hop, dub, que conferiam toda uma autenticidade à sua música.
Assim é "Afro-Left": capoeira, macumba, energia, numa peça musical contagiante conduzida por um sampler de berimbau e cantada num suposto dialeto africano, constituindo-se num dos momentos mais incríveis do álbum.
"Release the Pressure" como primeira música parece ser o catalisador de todos os elementos propostos no trabalho, a ambient-music, o raggae, o dance e a raiz cultural negra; "Melt" é uma adorável viagem sensorial; "Song of Life" transita entre diversas variações e possibilidades; e "Storm 3000" desconstrói o drum'n bass desacelerando-o em nome  de uma atmosfera mais esparsa.
"Original" é um pop que carrega nas sonoridades reggae; "Black Flute" e "Space Shanty" são daquelas pra se acabar na pista de dança; a excelente "Inspection (Check One)" outra das grandes do disco, traz  mais uma vez bem acentuado o apelo étnico-sonoro com os vocais carregando no sotaque dos guetos; e a viajante "21st. Century Poem" acaba o disco baixando a rotação definitivamente para um clima mais reflexivo em mais um transe sonoro proporcionado pela dupla londrina.
"Leftism" por sua ousadia e incorporação de elementos exóticos e étnicos e inclui-se num seleto grupo de uns 5 ou 10 álbuns que mudaram  e qualificaram a música eletrônica a partir dos anos 90, do qual também fazem parte obras como "Dig Your Own Hole" dos Chemical Brothers, "Homework" do Daft Punk, "Mezzanine" do Massive Attack, "Fat of The Land" do Prodigy, só para citar alguns. Sem dúvida um dos mais importantes álbuns de música eletrônica já feitos e um dos grandes definidores de linguagem, ainda hoje extremamente influente e relevante.
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FAIXAS:
  1. Release The Pressure 7:39
  2. Afro-Left 7:32
  3. Cut For Life 7:09
  4. Melt 5:15
  5. Black Flute 3:56
  6. Original 6:22
  7. Inspection (Check One) 6:29
  8. Space Shanty 7:14
  9. Storm 3000 5:45
  10. Half Past Dub 3:38
  11. Open Up 8:44
  12. 21st Century Poem 4:39
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Leftfield - "Open Up"



Cly Reis

sábado, 5 de dezembro de 2015

Chemical Brothers - As Imagens








Não costumo fazer postagens de shows pra seção Click do blog mas neste, em especial, eu tive bons ângulos, as projeções eram bárbaras, as luzes ajudaram e as fotos ficaram tão bacanas que eu achei que merecia uma publicação dedicada ao ótimo show dos Chemical Brothers que aconteceu aqui no Rio no último domingo, dia 29/11. Sendo assim, aí vão mais algumas imagens e momentos do show:

O belíssimo Museu de arte Moderna do Rio, ao lado do palco do show

Aquecendo a pista

Todos prontos?

A dupla química

Em 'EML Ritual'

'Do It Again"
Em "I'll See You There"

Canhões de luz

"Escape Velocity"

We are the robots

Luzes, cores e sons
O dançarino de "Galvanize"

O templo iluminado de "Private Psychedelic Reel"



fotos: Cly Reis