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segunda-feira, 17 de outubro de 2016

Stanley Jordan & Dudu Lima Trio - 2º Festival BB Seguridade de Blues e Jazz – Parque da Redenção – Porto Alegre/RS (08/10/2016)



Jordan acompanhado da Dudu Lima Trio.
A estabilidade que a primavera traz ao tempo reservou um dia ensolarado no parque da Redenção para receber o 2º Festival BB Seguridade de Blues e Jazz. Após passar por São Paulo, Recife e Brasília, este interessante festival reuniu nomes nacionais e internacionais em torno de ambos os gêneros, como Hamilton de Holanda, João Maldonado Trio, O Bando, Maria Gadú e a Orleans Street Jazz Band. Estima-se que 32 mil pessoas estiveram no parque curtindo o dia com a família e os amigos. Entre estes, Leocádia e eu.
Como não dava pra passar o dia, fomos no horário que pegaríamos os dois shows que mais nos interessavam: o da banda carioca Blues Etílicos e, em seguida, do guitarrista norte-americano Stanley Jordan. Se bem que, quando apontamos no parque, ainda dava pra ouvir, mesmo que de longe, Hamilton de Holanda detonando seu bandolim. Quando nos acomodamos, já no intervalo entre uma apresentação e outra, aparecem os paulistas da Orleans Street Jazz Band tocando no meio da galera. Alto astral aquele som de jazz do sul norte-americano, com direito a tuba, trompete, trombone, sax, banjo e percussão. As melhores das boas-vindas.

Orleans Street Jazz Band no 2º Festival BB Seguridade de Blues e Jazz

Logo em seguida veio a Blues Etílicos. Embora as letras deixem a desejar, a sonoridade é do mais poderoso e original blues eletrificado. Destaque para o guitarrista Otávio Rocha e seus slides impiedosos. É ele quem segura o som de um berimbau extraído da própria guitarra na música “Dente de Ouro”, misto de baião e blues, a melhor da apresentação. Também teve participação do blueseiro gaúcho Solon Fishbone em “Puro Malte”, noutro momento muito legal em que três guitarras se somaram.
Foi então a vez de Stanley Jordan subir ao palco. Ele, que havíamos perdido de ver quando do Canoas Jazz Festival, em 2014, deu um show curto mas delicioso. Isso que o tal Dudu Lima quase pôs água no chope! O músico mineiro, baixista e líder do trio que apoiou Jordan, começou o show tocando a “Suíte BItuca”, versão jazz fusion para “Fé Cega, Faca Amolada”, de Milton Nascimento e Fernando Brant, com incursões de outras melodias, como a de “Raça”, também de Milton, e “Asa Branca”, clássico de Luiz Gonzaga. Até aí, tudo bem. Acontece que quando Jordan entra definitivamente para tocarem a primeira juntos, “Clube da Esquina nº 2”, outra de Milton, esta parceria com Lô Borges. A beleza da interpretação passa a ganhar tons de exagero por parte de Dudu Lima, que se perde, sai do compasso e inventa improvisos mais ruidosos do que melódicos.
Pensamos: “Tudo bem, vai ver que estão esquentando ainda”. Veio, então, o tema seguinte, “Regina” de autoria d Dudu. Estavam os dois ali, tocando juntos quando, no meio da execução, o autor, decerto por achar a autoria motivo para tal, desce do palco para tocar no meio do público (!). Não que não possa fazer isso, mas no SEGUNDO número? E justo ele, o coadjuvante do show? Totalmente despropositado. Jordan, na sua simplicidade, ficou no palco fazendo base para o exibido lá embaixo. O bom foi que, a partir dali, tudo se rearrumou. O mestre Jordan permanece no palco para, sozinho agora, mandar ver duas suítes solo impressionantes. Uma delas é a originalmente linda “Eleanor Rigby”, clássico dos Beatles presente no terceiro álbum de Jordan, o memorável “Magic Touch”, de 1985. Um desbunde. Ele aproveita as linhas vocais, do cello e dos violinos da original de 1966 para fazer o mesmo, só que apenas na guitarra. Usando sempre das duas mãos, as quais tocam geralmente ao mesmo tempo, o característico tapping – técnica que evoluiu com ele –, a exuberante forma de Jordan tocar comove e impressiona.
A banda volta ao palco, agora trocando seu bom baterista Leandro Scio por um verdadeiro craque: o mestre Ivan Conti “Mamão”, integrante da lendária banda de jazz-soul brasileira Azymuth. Não tinha como dar errado, e até Dudu Lima, agora mais contido, passou a contribuir com seu competente baixo elétrico. Uma linda execução de “Partido Alto”, faixa do disco da Azymuth "Light As A Feather", de 1979. Mamão, com sua experiência e suingue, dá outra atmosfera para a sonoridade, um ganho que faz com que toda a banda cresça e Jordan, por sua vez, conseguisse desenvolver ainda mais sua habilidade como solista.
A formação com Mamão arrepiou em outro jazz fusion estonteante, com variações de ritmo, agilidade e performance de todos, claro, principalmente de Jordan. É o guitarrista que puxa, enfim, novamente acompanhado do trio do começo, o número final, que o público reconhece já nos primeiros acordes. É “Stairway to Heaven”, o clássico hard-rock da Led Zeppelin. Como fizera com a canção de Lennon e McCartney, nesta Jordan utiliza todas as possibilidades harmônicas criadas pelo riff de Jimmy Page, ora valendo-se da suavidade do dedilhado, ora transformando a guitarra em piano, ora roncando em palhetadas. Até sons de bandolim e viola é possível ouvir da guitarra de Jordan. Um final digno de um show que valeu a pena aguardar esses dois anos para assistir.

vídeo de “Stairway to Heaven” por Stanley Jordan e Dudu Lima Trio



Céu azul e muita gente na Redenção.

A  Orleans Street Jazz Band toca no meio do público.

A inusitada percussão da OSJB.

A Blues Etílicos mandando ver no blues eletrificado.

No telão, Jordan e Dudu solando.

Galera aproveitando o gramado e a sombra das árvores.

Olha quem veio assitir ao festival.




por Daniel Rodrigues

quinta-feira, 28 de maio de 2020

Milton Nascimento & Criolo - "Existe Amor" (2020)



"Criolo é um dos artistas mais criativos com quem já convivi na vida. Conheço poucas pessoas que conseguem fazer letra e música do jeito que ele faz." 
Milton Nascimento

“Milton é um ser de luz. Isso não se explica, apenas, se sente.” 
Criolo

Milton Nascimento, além de ser um dos gênios vivos da música mundial, celebrado por gente do calibre de Wayne Shorter, Caetano Veloso, Elis Regina, Herbie Hancock e Esperanza Spalding, é conhecido pela generosidade. Tanto é que seus pares costumeiros, como Wagner Tiso ou Lô Borges, ou esporádicos, como Chico Buarque e Gilberto Gil, o elegem como o melhor parceiro para se escrever música. Generoso, porém, exigente. Não é qualquer um que coassina ou divide com ele o palco ou os microfones – quanto mais, autorias. Criolo, no entanto, está neste seleto time. Desde 2005, quando escreveram a primeira canção juntos, “Dez Anjos”, para o disco “Estratosférica”, de Gal Costa, o rapper paulista entrou para o panteão de compositores a comungarem arte com Bituca como os já citados Chico, Caetano e Gil, bem como os célebres Fernando Brant, Ronaldo Bastos, Lô e Márcio Borges e outros privilegiados. O EP “Existe Amor”, produzido por Daniel Ganjaman, deste ano, já chega com o peso de ratificar esse encontro de duas gerações como o mais representativo da MPB na década. Obra essencial para a sustentação da sanidade brasileira, sagazmente contradiz os versos do próprio Criolo para lançar um sopro de esperança e resistência em meio a um caos sanitário, político e econômico que vive o Brasil.

Encontro de gerações e de almas
O impacto é forte, o que não quer dizer que, para isso, tenha-se usado toda a tonelagem. Afinal, o experiente Milton sabe muito bem que tamanho não é documento. Afeito aos formatos mais enxutos de obras sonoras, mesmo tendo lançado uma série de álbuns extensos na carreira – como os duplos “Clube da Esquina I” e “II”, “Milagre dos Peixes – Ao Vivo” e “Txai” –, o mineiro nunca deixou de apostar em compactos e EP’s. Foi assim com o emblemático “Milton & Chico”, de 1977, que trazia apenas duas faixas, as obras-primas “O Sal da Terra” e “1º de Maio”, ou com o também marcante “RPM Milton”, de 1987, quando o experiente músico soube extrair da banda de Paulo Ricardo o melhor que esta guardava já em um período pré-dissolução. Agora, com Criolo, no entanto, o tratamento ganhou ainda maior requinte.

A começar pela sensibilidade inequívoca do pianista pernambucano Amaro Freitas, um dos maiores talentos da MPB/Jazz brasileira dos últimos anos, convidado para tocar e assinar o arranjo de duas das quatro do projeto: a clássica “Cais” (de Milton e Ronaldo, escrita em 1971) e a música a qual se tira sabiamente o controverso título, “Não Existe Amor em SP” (esta, de Criolo, do seu “Nó na Orelha”, de 2011). Amaro dá uma coloração que une nitidez e abstratismo, mas em tons introspectivos, oníricos, que reinventam canções já eternizadas no cancioneiro brasileiro. Mais do que regravações, tomam caráter de ressignificação, principalmente, “Não Existe...”, cuja mensagem deliberadamente crítica de Criolo à sociedade e ao mundo materialista é endossada pelo canto incomparável de Milton.

Não apenas estas duas, mas existe ainda mais amor em “Existe Amor”. Além das duas gravadas com o toque virtuoso de Amaro Freitas, o disco apresenta duas gravações feitas pelos artistas em 2018 com regência de Arthur Verocai, outra lenda da música brasileira, compositor, arranjador e maestro carioca presente em obras memoráveis da MPB como “Por que é Proibido Pisar na Grama”, de Jorge Ben (1971), e “Pra Aquietar”, de Luiz Melodia (1973), além de seus próprios trabalhos solo, considerados cult no Brasil e no exterior. Dessa safra, Milton e Criolo regravam com a fineza dos arranjos de Verocai a já citada “Dez Anjos” e “O Tambor”, esta, parceria dos dois últimos, originalmente registada no último álbum de Verocai, “No Voo do Urubu”, de 2016. Se com Criolo a relação é mais recente, com Milton os caminhos de Verocai se cruzaram já no final dos anos 60, quando participaram do movimento Músicanossa junto de outros compositores como Roberto Menescal e Marcos Valle. Ou seja: tudo em casa, conexões certas em todos os pontos. Outras duas preciosidades que, embora difiram do arranjo contemplativo e da textura pianística das primeiras, em nada destoam no conjunto da obra, formando um disco curto, mas 100% assertivo. Um novo clássico da música brasileira.

Além da qualidade musical, a reunião também tem méritos humanistas. A venda do EP pretende arrecadar projeto R$ 1 milhão para um projeto em conjunto com a agência AKQA e o Coala.Lab para ajudar pessoas durante a pandemia do Coronavírus. Milton, em depoimento sobre a atual situação do país e o desafio cidadão deste momento, falou: “E, diante desse cenário que se mostra cada dia mais absurdo, precisamos fazer a nossa parte, urgente.” O parceiro, por sua vez, engrossa o coro: “'Arte cria energia para a luta contra quem fomenta o mal”. Ao que depender dos dois, a chama da elaboração crítica fará com que os justos sobrevivam a tamanho obscurantismo e perversidade do Brasil atual. Ao contrário de todo o mar de negatividade que se impõem, eles nos dão um lugar - de fala e de escuta. Essa "SP" real e imaginária que representa a todos. A rebeldia, a não aceitação, a insubmissão como maior prova de amor. É a negação dos versos originais ("Não existe amor") como um chamado positivo de salvamento ("Existe Amor"). Por sorte, ele ainda existe em todas as “SP’s” simbólicas a que Milton e Criolo nos loteiam.

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FAIXAS:

1. "Cais" (Milton Nascimento/Ronaldo Bastos) - participação: Amaro Freitas - 6:03
2. "Dez Anjos" (Milton/Criolo) - 4:53
3. "Não Existe Amor em SP" (Criolo) - participação: Amaro Freitas - 5:48
4. "O Tambor" (Arthur Verocai/Criolo) - 3:25


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Vídeo de "Cais", com Milton Nascimento, Criolo e Amaro Freitas


Daniel Rodrigues


sexta-feira, 19 de setembro de 2014

Exposição “Visões na Coleção Ludwig” – CCBB – Belo Horizonte/MG (Agosto/2014)









Eu me escorando num dos pilares da "Ruína" de Lichtenstein

Numa rápida passagem por Belo Horizonte antes de irmos a Ouro Preto, Leocádia e eu pudemos desfrutar de algumas coisas boas da capital mineira. Conhecemos o mítico bairro Santa Tereza, berço do Clube da Esquina de Milton Nascimento, Lô Borges, Fernando Brant, Wagner Tiso e tantos outros talentos; almoçamos no colorido Mercado Central no tradicional – e concorrido – restaurante Casa Cheia; e ainda conhecemos alguns das obras de Oscar Niemeyer no Complexo da Pampulha: o Museu de Arte, a Casa de Baile e a deslumbrante Igreja São Francisco, embrionárias da arquitetura moderna.

O impactante óleo
"Cabeças Grandes"
de Picasso
Porém, para nossa surpresa e felicidade, fomos recomendados por um francês dono do hostel onde nos hospedamos a visitar uma exposição no CCBB, num lindo prédio art nouveau dos anos 20 (antigo Comando Geral das Forças Revolucionárias, durante a Revolução de 1930), na Praça da Liberdade, centrão da cidade. Até tínhamos ideia de ir a alguma exposição, mas quando ele nos mencionou que, nesta em especial, haveria obras de Andy WarholPablo Picasso e Jean-Michel Basquiat providenciamos logo de incluir em nosso roteiro. A tal mostra é "Visões na Coleção Ludwig", que reúne 70 obras provenientes do acervo do colecionador alemão Peter Ludwig, sediada no Museu Estatal Russo de São Petersburgo, e o Cly Reis já havia comentado aqui quando da passagem da mesma pelo Rio de Janeiro. Com curadoria de Evgenia Petrova e Joseph Kiblitsky, conta com obras-primas da arte pop, do neoexpressionismo alemão, do fotorrealismo e outros movimentos de arte a partir dos anos 1960 até hoje.

Boquiaberto com a obra
coassinada por
Basquiat e Warhol
Fora os já citados, havia artistas que gostamos muito e de significância para nosso universo ideológico, como o norte-americano Roy Lichtenstein, numa gigante serigrafia pop art com clara referência a Dalí e De Chirico; o alemão Joseph Beuys, cuja escultura em bronze de 1949 (“Mulher animal”) traz seu característico toque sarcástico; e o sueco Claes Ondenburg, a quem Leocádia já conhecia me apresentou a obra “Banana-splits e sorvetes de degustação”, pequena instalação em gesso, cerâmica e aço que mina tanto o consumismo quanto as indústrias bélica, alimentícia e do sexo. Com outros, vimos pela primeira vez (Robert Rauschenberg, Anselm Kiefer, Claudio Bravo, Julia Zastava e George Baselitz, por exemplo). Uns interessantes, outros, nem tanto; mas, de um modo geral, bem legal. A começar pela impressionante tela a óleo “Cabeça de criança” (1991), de Gottfried Helnwein, com 6,50m tomados de hiperrealismo, que já nos saltara aos olhos no belo pátio interno do prédio.

Escultura de Beuys,
sempre contundente
No entanto, o que realmente nos impactou foram os mestres. Já na primeira sala após a entrada, deparamo-nos com um enorme Picasso, o óleo sobre tela “Cabeças grandes”, de 1969. Emocionante, de tirar o fôlego. Tivemos certeza de estarmos diante de um feito histórico, o que até agora, de certa forma, ainda não nos recobramos. Afinal, ver um Picasso ao vivo é sempre uma experiência incrível – só havia tido essa oportunidade em apenas duas ocasiões no passado. Pintura que alia a natureza figurativo-geométrica do cubismo a uma tocante liberdade no traço e nas paletas dignas de um artista apaixonado por sua profissão e totalmente maduro (o catalão morreria dali a apenas 4 anos). A sensação de choque seguiu-nos logo ao lado: um Warhol, um retrato do próprio Ludwig, imagem, inclusive, usada na arte oficial da mostra. Uma serigrafia bem a seu estilo, com toques cubistas no corte da figura em linhas geométricas, construindo-a em blocos de cores e implicações psicológicas distintas, além de seu peculiar traço (provavelmente, em giz) pincelando algumas linhas do desenho.

As simbólicas e nefastas taças de sorvete de Ondenburg
Mais adiante, na terceira sala, ainda não refeitos do impacto de ver essas peças, assim mais um Lichtenstein, um Beuys e outros bem interessantes, uma nova maravilha: outro enorme óleo sobre tela, este fruto da parceria entre Basquiat e Warhol, de 1984, ambos já nos seus últimos anos de vida. Numa palavra: impressionante. Toda a violência, inquietação e poesia do neo-expressionismo de Basquiat, expostos sem concessões nas imagens borradas e inconclusas; nos escritos que ora se completam, ora são propositadamente rabiscados; nas figuras cadavéricas e sofridas; na referência ao grafite e à arte urbana; na repetição doentia de elementos e símbolos. Tudo isso, se mistura com naturalidade ao já mencionado traço warhiano: a combinação vermelho-azul da raiz da pop art; o uso de signos da publicidade e do cartoon. Os dois artistas conseguem realizar uma feliz junção de referências, estilos e escolas: o jovem Basquiat, com sua genialidade a serviço de uma desenfreada busca inconsciente; e Warhol, experiente, doente e muito mais vivido que o companheiro e cujas marcas que a vida impusera (boas e ruins) se transportavam para as obras dessa última grande fase de sua carreira.
A modelo Claudia Schiffer
em foto de Gunter Sachs

Visto esses, o resto era só aproveitar. Já estava garantida a visitação. Ainda tivemos a oportunidade de ver a clássica “Cleópatra Claudia Schiffer”, foto publicitário-artística do alemão Gunter Sachs que virou referência nas revistas de moda nos anos 90. Enfim, uma boa indicação que recebemos e que fazemos a quem estiver ou for à gostosa Beagá.









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Visões na Coleção Ludwig
Visitação até 20 de outubro, de quarta a segunda das 9h às 21h
Local: Centro Cultural Banco do Brasil Belo Horizonte - CCBB
Praça da Liberdade, 450 – Funcionários - Belo Horizonte - MG
Ingresso: gratuito





texto:
fotos:


sábado, 31 de julho de 2021

Cantando de olhinhos puxados


 



Os alemães da Kraftwerk vestiram kimono e puxaram os olhinhos
para cantar no idioma japonês
Olimpíadas rolando em Tóquio e tá todo mundo se arriscando num "sayonara" ou num "arigatô", não é verdade? Mas falar japonês pra valer, convenhamos, é pra poucos. Dada a dificuldade de se entender a milenar língua nipônica, pode-se dizer que cantar em japonês é domínio estritamente de quem é natural de lá.

Mas será mesmo? Se depender de alguns ousados artistas, não é bem assim. Indo além do palavreado simplório, músicos de nacionalidades diferentes da japonesa também se aventuraram nessa difícil e rara empreitada. E fizeram mais do que simplesmente cantar temas originais do Japão ou versar standarts para o japonês: eles compuseram canções novas neste idioma. Seja norte-americano, brasileiro, inglês ou alemão, esses músicos, menor ou maiormente afeitos aos ideogramas hanzi, puseram a cara pra bater e fizeram obras diferentes daquilo que eles mesmos desenvolvem normalmente.

Aproveitando, então, esse clima olímpico de Jogos de Tóquio, selecionamos sete músicas de artistas não-japoneses que não só fugiram dos estereótipos como construíram bonitas obras em homenagem à cultura do país do Sol Nascente.

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“Ito Okashi” - The Passangers (1995)
Composta para a trilha da performance de mesmo nome da artista japonesa Rita Takashina, a canção, cantada por sua conterrânea Akiko Kobayashi, a Holi, é de autoria que ninguém menos que Bono Vox, The Edge, Adam Clayton, Larry Mullen Jr. e Brian Eno, ou seja: a U2 em parceria com seu melhor e mais celebrado produtor. A The Passangers, projeto criado para abarcar as diversas trilhas que a turma compôs junto fora do repertório da renomada banda, lançou um único disco com esta formação e nomenclatura, “Original Soundtracks 1” repleto dessas coisas inusitadas assim como o próprio grupo. “Ito Okashi” é certamente das mais representativas do repertório.

Clipe de "Ito Okashi",da The Passangers



“Ai no Sono” - Stevie Wonder (1979)
Da capacidade de Stevie Wonder não se pode duvidar de nada, nem que ele fique com olhos puxados como um oriental pode debaixo daqueles óculos escuros. A bela “Ai no Sono”, assim como a música da The Passangers, também nasceu de um projeto diferente e ligado a cinema. No caso, a trilha sonora para o filme de animação “Journey Through the Secret Life of Plants”, que o Estevão Maravilhoso não apenas compôs, como tocou, arranjou e produziu de cabo a rabo. Quem pode duvidar, então, que o homem invente uma canção em japonês? Embora irregular e extenso, o disco duplo, guarda essa joia que só poderia ter saído de uma cabeça genial como a de Stevie.
OUÇA



“Made in Japan”
- Pato Fu (1999)

O lado extrovertido da Pato Fu faz com que a banda mineira liderada por John Ulhoa e Fernanda Takai (de origem oriental), diferente de outros grupos “sérios” do rock nacional dos anos 90, não levasse tão a sério a si mesmos. Entre os benefícios disso, está o de levar a sério as próprias brincadeiras, como a de criar uma música toda em japonês. Para quem como eles, que cresceu jogando Hatari e vendo na TV Spectreman e Ultraman (e admite isso), não foi uma tarefa tão difícil. Música do disco “Isopor”, de pouco antes de Fernanda começar a se achar uma grande cantora, ou seja, a se levar a sério.
OUÇA



“Relax”
- The Glove (1983)

Tá certo que é só um refrão “sampleado” de uma voz masculina repetindo as mesmas frases durante a faixa inteira – provavelmente, chupada de algum filme japonês B muito esquisito. Junto a essa voz, outros recortes se entrecruzam com variações de velocidade e compressão, além de sons que fazem referência ao Oriente, como de um koto, de sinos e gongos. Mas, além do inusitado do idioma diferente do inglês em comparação com todos os outros temas cantados de “Blue Sunshine”, o maravilhoso e único disco do projeto de Robert Smith (The Cure) e Steven Severin (Siouxsie & The Banshees), a The Glove, fecha com esta tensa e lisérgica canção, digamos, nada “relax”
OUÇA



“I Love You, Tokyo”
- Os Incríveis (1968)

Em 1968, a banda de rock da jovem guarda Os Incríveis excursionaram pelo Japão e aproveitaram para gravar no álbum “Os Incríveis Internacionais” e, depois em “Os Incríveis no Japão”, a faixa “I Love you Tokyo”. Embora o título em inglês, a letra é, sim, toda em japonês. A sacadinha da turma de Mingo, Risonho, Nenê, Neno e Netinho foi utilizar uma música original da era Meiji, composta por volta do ano de 1700, para inventar a letra. “Vale essa, Arnaldo?” Vale, sim.
OUÇA



“Miki”
- Toninho Horta (2012)
Um dos vários músicos brasileiros admirados no Japão – às vezes, reconhecido mais ou antes lá do que aqui – é o mineiro Toninho Horta, violonista e compositor de mão cheia e um dos artífices do Clube da Esquina. No início dos anos 2010, em constante deslocamento entre o seu país natal e o outro lado do mundo, resolveu, então, solucionar esse problema lançando o disco “Minas Tokio”. Em parceria com a musicista japonesa Nubie, Horta, além de regravar clássicos como “Beijo Partido” e “Giant Steps” e de seus tradicionais e belos temas instrumentais, como a claramente oriental “Shinkansen”, ainda escreveu com ela músicas que fazem essa ponte entre Brasil e Japão não só pela música, mas pela letra também.
OUÇA



“Dentaku” - Kraftwerk (1981)
Os geniais pais da música eletrônica, além de cantarem em inglês e alemão em várias ocasiões, têm como característica a universalidade da sua música. É o que se vê nas músicas “Numbers”, que mistura diversas línguas, as faixas de “Tour de France”, todas cantadas em francês, “Sex Object”, com trechos em espanhol, ou “Electric Café”, quando até o português eles arranham. Por que, não, então, cantar em japonês. É o que fizeram nessa faixa, que é uma corruptela da clássica “Pocket Calculator”, do álbum “Computer World”, que, no final das contas, diz mais ou menos a mesma coisa que seu tema original: um convite para fazer/ouvir música usando as teclas de uma calculadora de bolso. 

"Pocket Calculator/ Dentaku" ao vivo, da Kraftwerk



“Império dos Sentidos” - Fausto Fawcett & Os Robôs Efêmeros (1989)
Não se enganem pelo título em português. Afinal, quem não liga este nome a de um dos mais famosos filmes rodados no Japão, o drama erótico de Nagisa Oshima que escandalizou o mundo nos anos 70? Pois foi com essa clara referência (e reverência), que os criativos Fausto Fawcett, Carlos Laufer e Herbert Vianna escreveram a música que intitula o segundo disco da banda carioca. Para isso, fazem o mesmo expediente que a The Glove: recortam um trecho de voz, neste caso, feminina, que repete a mesma frase em japonês, algo provavelmente extraído do próprio filme. Um clima misterioso e, claro, com elementos orientais além da própria letra, que é dita levemente por uma voz feminina, quase uma “narcotic android nissei com a bateria no fim”, como diria o próprio Fawcett.
OUÇA

cenas do filme "O Império dos Sentidos"


Daniel Rodrigues

domingo, 8 de março de 2020

7 discos feitos para elas cantarem

ESPECIAL DIA DA MULHER
Eles compõem. Mas a voz é delas

por Daniel Rodrigues
com colaboração de Paulo Moreira

Michael Jackson e Diana Ross:
devoção à sua musa
Mestre Monarco disse certa vez que, embora a maioria quase absoluta de sambistas compositores sejam homens, nada sairia do zero sem a autoridade das pastoras. Se aquele samba inventado por eles entrasse numa roda de pagode e as cantoras da quadra não o "comprassem", ou seja, não o considerasse bom o suficiente para ser entoado, de nada valia ter gasto tutano compondo-o. Era como se nem tivesse sido escrito: pode descartar e passar para o próximo. Isso porque, segundo o ilustre membro da Velha Guarda da Portela, são as cantoras da comunidade que escolhem os sambas, que fazem passar a existir como obra de fato algo até então pertencente ao campo da imaginação. A voz masculina, afirma Monarco, não tem beleza suficiente para fazer revelar o verdadeiro mistério de um samba. A da mulher, sim.

Cale e Nico: sintonia
Talvez Monarco se surpreenda com a constatação de que seu entendimento sobra a alma da música vai além do samba e que não é apenas ele que pensa assim. Seja no rock, no pop, no jazz ou na soul music, outros compositores como ele partilham de uma ideia semelhante: a de que, por mais que se esforcem ou também saibam cantar (caso do próprio Monarco, dono de um barítono invejável), nada se iguala ao timbre feminino. Este é o que casa melhor com a melodia. Se comparar uma mesma canção cantada por um homem e por uma intérprete, na grande maioria das vezes ela é quem sairá vencendo.

A recente parceria de Gil
e Roberta Sá
Isso talvez não seja facilmente explicável, mas é com certeza absorvível pelos ouvidos com naturalidade. Por que, então, o Pink Floyd poria para cantar "The Great Gig in the Sky" Clare Torry e não os próprios Gilmour ou Waters? Ou Milton Nascimento, um dos mais admirados cantores da música mundial, em chamar Alaíde Costa especialmente para interpretar "Me Deixa em Paz" em meio a 20 outras faixas cantadas por ele ou Lô Borges em “Clube da Esquina”? Ao se ouvir o resultado de apenas estes dois exemplos fica fácil entender o porquê da escolha.

Nesta linha, então, em homenagem ao Dia da Mulher, selecionamos 7 trabalhos da música em que autores homens criaram obras especialmente para as suas “musas” cantarem. De diferentes épocas, são repertórios totalmente novos, fresquinhos, dados de presente para que elas, as cantoras, apenas pusessem suas vozes. “Apenas”, aliás, é um eufemismo, visto que é por causa da voz delas que essas obras existem, pois, mais do que somente a característica sonora própria da emissão das cordas vocais, é o talento delas que preenche a música. Elas que sabem revelar o mistério. “Música” é uma palavra essencialmente feminina, e isso explica muita coisa.

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Elizeth Cardoso – “Canção do Amor Demais” (1958)
Compositores: Antonio Carlos Jobim e Vinicius de Moraes

"Rua Nascimento Silva, 107/ Você ensinando pra Elizeth/ As canções de 'Canção do Amor Demais'", escreveu Tom Jobim na canção em que relembra quando, jovens, ele e o parceiro Vinicius compuseram um disco inteirinho para a então grande cantora brasileira: Elizeth Cardoso. Eram tempos de pré-bossa nova, movimento o qual este revolucionário disco, aliás, é o responsável por inaugurar. Mesmo que o gênero tenha ficado posteriormente conhecido pelo canto econômico por influência de João Gilberto e Nara Leão, o estilo classudo a la Rádio Nacional da “Divina” se encaixa perfeitamente às então novas criações da dupla, que havia feito recente sucesso compondo em parceria a trilha da peça “Orfeu da Conceição”, de 3 anos antes. Um desfile de obras-primas que, imediatamente, se transformavam em clássicos do cancioneiro brasileiro: “Estrada Branca”, “Eu não Existo sem Você”, “Modinha” e outras. O próprio João, inclusive, afia seus acordes dissonantes em duas faixas: a clássica “Chega de Saudade” e a talvez mais bela do disco “Outra Vez”.

FAIXAS
1. "Chega de Saudade"
2. "Serenata do Adeus"
3. "As Praias Desertas" 
4. "Caminho de Pedra"
5. "Luciana" 
6. "Janelas Abertas"
7. "Eu não Existo sem Você"   
8. "Outra Vez" 
9. "Medo de Amar" 
10. "Estrada Branca" 
11. "Vida Bela (Praia Branca)" 
12. "Modinha"  
13. "Canção do Amor demais"
OUÇA

Dionne Warwick‎ – “Presenting Dionne Warwick” (1963)
Compositores: Burt Bacharach e Hal David 


Raramente uma cantora começa uma carreira ganhando um repertório praticamente todo novo (cerca de 90% do disco) e a produção de uma das mais geniais duplas da história da música moderna: Burt Bacharach e Hal David. Mais raro ainda é merecer tamanho merecimento. Pois Dionne Warwick é esta artista. A cantora havia chamado a atenção de David e Bacharach, que estavam procurando a voz ideal para suas sentimentais baladas. Não poderia ter dado mais certo. Ela, que se tornaria uma das maiores hitmakers da música soul norte-americana – inclusive com músicas deles – emplaca já de cara sucessos como "Don't Make Me Over", "Wishin' and Hopin'", "Make It Easy on Yourself", "This Empty Place".



FAIXAS
1. "This Empty Place"
2. "Wishin' and Hopin'"  
3. "I Cry Alone"  
4. "Zip-a-Dee-Doo-Dah" (Ray Gilbert, Allie Wrubel)
5. "Make the Music Play"
6. "If You See Bill" (Luther Dixon)
7. "Don't Make Me Over"
8. "It's Love That Really Counts"
9. "Unlucky" (Lillian Shockley, Bobby Banks)
10. "I Smiled Yesterday"
11. "Make It Easy on Yourself"
12. "The Love of a Boy"
Todas de autoria David e Bacharach,, exceto indicadas
OUÇA

Nico – “The Marble Index” (1968)
Compositor: John Cale

Diferente de Dionne, Nico já era uma artista conhecida tanto como modelo, como atriz (havia feito uma ponta no cult movie “La Dolce Vita”, de Fellini) como, principalmente, por ter pertencido ao grupo que demarcaria o início do rock alternativo, a Velvet Underground, apadrinhados por Andy Wahrol e ao qual Cale era um dos cabeças ao lado de Lou Reed. Já havia, inclusive, gravado, em 1967, um disco, o cult imediato “Chelsea Girl”. Porém, coincidiu de tanto ela (que não gostara do resultado do seu primeiro disco) quanto Cale (de saída da Velvet) quererem alçar voos diferentes e explorar novas musicalidades. Totalmente composto, produzido e tocado por Cale, “Marble”, predecessor do dark, é sombrio, denso, enigmático e exótico. A voz grave de Nico, claro, colabora muito para essa poética sonora. A parceria deu tão certo que a dupla repetiria a mesma fórmula em outros dois ótimos discos: “Deserthore” (1970) e “The End” (1974).

FAIXAS
1. "Prelude"
2. "Lawns of Dawns"
3. "No One Is There"
4. "Ari's Song"
5. "Facing the Wind"
6. "Julius Caesar (Memento Hodié)"

7. "Frozen Warnings"
8. "Evening of Light"


Aretha Franklin – “Sparkle” (1976)
Compositor: Curtis Mayfield 


Na segunda metade dos anos 70, quando a era disco e a black music dominavam as pistas e as paradas, foi comum a várias cantoras norte-americanas gravarem discos com esta atmosfera. Aretha Franklin fez a seu modo: para a trilha sonora de um filme inspirado na história das Supremes, chamou um dos gênios da soul, Curtis Mayfield, para lhe escrever um repertório próprio. Deu em um dos melhores discos da carreira da Rainha do Soul, álbum presente na lista dos 200 álbuns definitivos no Rock and Roll Hall of Fame. As gingadas “Jump” e “Rock With Me”, bem como as melodiosas ‘”Hooked on Your Love”, “Look into Your Heart” e a faixa-título, não poderiam ter sido compostas por ninguém menos do que o autor de “Superfly”.



FAIXAS:
1. "Sparkle" 
2. "Something He Can Feel" 
3. "Hooked on Your Love" 
4. "Look into Your Heart" 
5. "I Get High" 
6. "Jump" 
7. "Loving You Baby"
8. "Rock With Me"


Diana Ross – “Eaten Alive!” (1985)
Compositor: Barry Gibb



Já que lembramos das Supremes, então é hora de falar da mais ilustre do conjunto vocal feminino: Diana Ross. Com uma longa discografia entre os discos com a banda e os da carreira solo, em 1985 ela ganha de presente do amigo e admirador Barry Gibb, líder da Bee Gees, baladas e canções pop esculpidas para a sua voz aguda e sentimental. De sonoridade bem AOR anos 80, o disco tem, além de Gibb, a da devoção de outro célebre músico à sua idolatrada cantora: Michael Jackson. Seu ex-parceiro de palcos, estúdios e de cinema, o autor de “Thriller” coassina a esfuziante faixa-título para a sua madrinha na música. Merecida e bonita homenagem.



FAIXAS:
1. “Eaten Alive”
2. “Oh Teacher” 
3. “Experience” 
4. “Chain Reaction”
5. “More And More” 
6. “I'm Watching You”
7. “Love On The Line” 
8. “(I Love) Being In Love With You” 
9. “Crime Of Passion” 
10. “Don't Give Up On Each Other”


Gal Costa – “Recanto” (2011)
Compositor: Caetano Veloso

A afinidade de Caetano e Gal é profunda e vem de antes de gravarem o primeiro disco de suas carreiras juntos, em 1966, “Domingo” – quando ele, aliás, compôs as primeiras músicas para a voz dela, como as célebres “Coração Vagabundo” e “Avarandado”. Ela o gravaria várias vezes durante a longa carreira, não raro com temas escritos especialmente. “Recanto”, disco que já listamos em ÁLBUNS FUNDAMENTAIS e entre os melhores da MPB dos anos 2010, é, de certa forma, a maturidade dessa relação pessoal e musical de ambos. “Recanto Escuro” e “Tudo Dói” são declarações muito subjetivas de Caetano tentando perscrutar a alma de Gal, o que vale também para o sentido inverso. Referência da música brasileira do início do século XXI, o disco, que tem a ajuda fundamental de Kassin e Moreno nos arranjos e produção, é, acima de tudo, a cumplicidade entre Caê e Gal, estes dois monstros da música, vertida em sons e palavras.

FAIXAS
1. Recanto Escuro
2. Cara do Mundo 
3. Autotune Autoerótico 
4. Tudo Dói 
5. Neguinho 
6. O Menino
7. Madre Deus 
8. Mansidão 
9. Sexo e Dinheiro 
10. Miami Maculelê 
11. Segunda


Roberta Sá – “Giro” (2019)
Compositor: Gilberto Gil 


Talvez este seja o único caso entre os listados em que a cantora não está à altura do repertório que recebeu. Não que Roberta Sá não tenha qualidades: é afinada, graciosa e tem lá a sua personalidade. Mas que sua interpretação fica devendo à qualidade suprema da música do mestre Gil fica. “Giro”, no entanto, é bem apreciável, principalmente faixas como “Nem”, “Afogamento”, “Autorretratinho” e “Ela Diz que Me Ama”, em que a artista potiguar consegue reunir novamente Gil e Jorge BenJor, num samba-rock típico deste último: os contracantos, o coro masculino como o do tempo do Trio Mocotó e a batida de violão intensa, a qual Gil – conhecedor como poucos do universo do parceiro –, se encarrega de tocar.




FAIXAS
1. “Giro”
2. “O Lenço e o Lençol”
3. “Cantando As Horas”
4. “Ela Diz Que Me Ama”
5. “Nem”
6. “Fogo de Palha”
7. “Autorretratinho”
8. “A Vida de um Casal”
9. “Xote da Modernidade”
10. “Outra Coisa”
11. “Afogamento”