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segunda-feira, 24 de abril de 2023

CLAQUETE ESPECIAL 15 ANOS DO CLYBLOG - Cinema Brasileiro: 110 anos, 110 filmes (parte 1)

 

Cena do inaugural "Os Óculos do Vovô", de 1913,
há 110 anos
Quando, em março de 1913, o cineasta e ator luso-brasileiro Francisco Santos levou pela primeira vez ao público de Pelotas, no extremo Sul do Brasil, “Os Óculos do Vovô”, é de se supor que soubesse estar marcando uma era. Aquilo que então chamavam de “atualidades” já trazia a semente de mais do que isso: era o nascer de uma indústria, a indústria do entretenimento. Mas mais do que este aspecto produtivo e mercadológico, aquilo era “arte”. Isso, talvez Santos supusesse com maior assertividade. Uma espécie nova, ainda em construção, experimental, mas instigante e visivelmente muito promissora de arte: o cinema. 

O que o pioneiro do cinema brasileiro talvez não suspeitasse era que aquilo que ele empreendera com muito custo através da Guarany Films, sua produtora, fosse se tornar tão longevo e, por que não dizer, exitoso. Pois uma coisa pode-se afirmar do cinema brasileiro: mesmo várias vezes acometido por crises econômicas, políticas, culturais e ideológicas em um país jovem historicamente falando, jamais lhe faltou criatividade e perseverança. As condições nem sempre favoráveis, quando não dribladas, foram inclusive combustível para a geração neo-realista ou a cinema-novistas e udigrudi, para citar três exemplos.

Glauber: genialidade marcante
para o cinema brasileiro
E se são raros os casos de abastamento, por outro lado nunca se deveu nada a outros polos, inclusive bem mais endinheirados como a Europa, o Japão e os Estados Unidos. De gênios, podemos entabular Glauber, Peixoto e Mauro. De documentaristas, o talvez maior de todos: Coutinho. De obras revolucionárias, “Limite”. De divisores-de-águas modernos: “Cidade de Deus”. De obras-primas, “O Pagador de Promessas” e “Eles não Usam Black Tie”. Isso sem falar na brasilidade exposta em diversos filmes, às vezes de forma absolutamente orgânica, algo impossível de ser copiado, reproduzido e, em certa medida, até explicado noutras paragens. Como legendar diálogos como os de “A Hora e a Vez de Augusto Matraga” ou “Amarelo Manga” sem perder consistência e poética?

Tem isso e mais um monte de coisas. Afinal, em 110 títulos cabe bastante diversidade. Longas de ficção, documentários de maior ou menor duração, filmes mudos, curtas-metragens ficcionais, fitas P&B e coloridas, audiovisuais feitos para TV, gêneros diversos, produções do início do século 20 e outras recentes. Tem, sim, um pouco de tudo. Como diz Caetano Veloso sobre o cinema brasileiro: “Visões das coisas grandes e pequenas que nos formaram e estão a nos formar”.

Dizem que montar listas é uma forma de, além de divertir-se dando classificações aos próprios gostos, apreender tudo aquilo que se vê. E é tanta coisa que já se viu!... Aqui, a tentativa lúdica é de resgatar preferências de forma a dar uma noção subjetiva do que é cinema brasileiro em minha visão. Porém, também contemplar o crítico, que pode ponderar a consideração a medalhões, mas entende suas relevâncias. Recai aqui aquela “justificativa” dos preteridos. Muita coisa fica de fora, infelizmente, a contragosto do próprio autor da classificação. Impossível não citar pelo menos 10 deles: “Di”, “Pacarrete”, “O Palhaço”, “Linha de Passe”, “Os Primeiros Soldados”, “Porto das Caixas”, “O Homem do Ano”, “Chuvas de Verão”, “Alma Corsária” e “Inocência”. E teriam mais.

Cena de "Os Primeiros...", um dos célebres não-incluídos na lista

Diferirá de outras listas semelhantes? Claro, e isso que é o bom. O exercício aqui é justamente este: louvar a produção nacional em sua diversidade e preservar a memória de um dos cinemas mais inspirados do mundo, mesmo sem nunca ter ganho um Oscar de Filme Internacional. Importante? Sim, mas não é tudo, pois há muito mais abundância do que reconhecimento. E se são 110 anos, então, que sejam 110 títulos, lançados em partes e em ordem inversa. De início, os últimos 20 colocados já mostram essa riqueza. Têm desde clássicos do Neo Realismo e do Cinema Novo, passando por filme da retomada e produções da Embrafilme a dignos representantes do cinema atual feito no País. Então, partiu ordenar filmes representativos desta história mais que centenária como parte das celebrações pelos 15 anos do Clyblog!.

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110. “O Grande Mentecapto”, Oswaldo Caldeira (1986)

Das melhores comédias do cinema nacional, filme mineiro que, na linha de “Verdes Anos”, direcionou a produção a outros Estados que não Rio e SP, e que sedimentou a geração TV Pirata (Diogo Vilella, LF Guimarães, Regina Casé) numa história de Fernando Sabino ao mesmo tempo deliciosa, cômica, poética e aventuresca. Um dos finais de filme mais bonitos do cinema brasileiro. Trilha do Wagner Tiso marcante. Melhor Filme pelo júri em Gramado e concorreu em Cuba, Canadá e EUA.






109. “Meu Nome não é Johnny”, Mauro Lima (2008)
108. “O Grande Momento”, Roberto Santos (1959)
107. “Canastra Suja”, Caio Sóh (2018)
106. “Marighella”, Wagner Moura (2021)
105. “Verdes Anos”, Carlos Gerbase e Giba Assis Brasil (1984) 



101. “Dois Córregos - Verdades Submersas no Tempo”, de Carlos Reichembach (1999)
102. “Os Cafajestes”, Ruy Guerra (1962) 
103. “O Homem que Copiava”, Jorge Furtado (2003)
104. “A Hora da Estrela”, Suzana Amaral (1985) 


100. “O Auto da Compadecida”, de Guel Arraes (2000)

No início doa anos 2000, o cinema brasileiro fechava seu ciclo de maiores dificuldades estruturais com um sucesso de crítica e público (2 mi de expectadores). Guel, que havia construído uma carreira alternativa na dramaturgia através da televisão desde a TV Pirata e aperfeiçoando-a ao longo dos anos, chegou pronto ao seu primeiro longa, baseado na peça de Ariano Suassuna. Difícil ver uma trupe tão grande de ótimos atores/atuações juntos: Selton, Nachtergaele, Nanini, Denise, Diogo, Lima, Virgínia, Goulart... todos, todos impagáveis. João Grilo e Xicó formam uma das melhores duplas de personagens do cinema nacional. Comédia divertida – mas também dramática – com o pique de edição e cenografia de Guel. Um clássico imediato.




99. “Tudo Bem”, Arnaldo Jabor (1978)
98. “O Lobo Atrás da Porta”, Fernando Coimbra (2013)
97. “Iracema, Uma Transa Amazônica”, Jorge Bodanzky e Orlando Senna (1976) 
96. “A Rainha Diaba”, Antonio Carlos da Fontoura (1974)
95. “Os Saltimbancos Trapalhões”, J. B. Tanko (1981)



94. “A Casa de Alice”, Chico Teixeira (2007)
93. “Macunaíma”, Joaquim Pedro de Andrade (1969)
92. “A Idade da Terra”, Glauber Rocha (1980) 
91. “O Anjo Nasceu”, Julio Bressane (1969) 


Daniel Rodrigues

quinta-feira, 23 de março de 2023

Sandra Sá - "Vale Tudo" (1983)


"Alô, Sandra Sá! Aqui é o Tim Maia. Eu fiz essa música pra você. Já tenho a ideia do arranjo, que eu vou falar com o Lincoln (Olivetti). E tem mais: eu vou gravar ela contigo no teu LP!" 
Tim Maia, em ligação telefônica para Sandra Sá, sobre a música “Vale Tudo”

O chamado Black Rio foi o grande movimento cultural próprio do Rio de Janeiro depois da bossa nova. Se não teve a mesma influência ou projeção internacional que as notas dissonantes ou que a Garota de Ipanema, a cena, movida à música soul importada dos states mas com tempero bem tupiniquim, cumpria uma função social corajosa ao exaltar algo inédito naquele Brasil ditatorial dos anos 60 e 70: a cultura negra. Influenciado pelo Black is Beautiful dos Estados Unidos, o movimento Black Rio conseguia levar a pistas brasileiras aquilo que o perseguido samba, o mais brasileiro dos ritmos, nunca havia alcançado, que era a valorização uma raça preponderante em população, mas marginalizada, violentada e desumanizada pelo histórico e estrutural racismo.

As danças, as roupas, os pisantes, os cabelos, a pele, os gestos. Tudo compunha o cenário de deslumbramento e descoberta dos bailes black, que tomavam a Zona Norte carioca. Equipes de som como Furacão 2000, Soul Grand Prix, Modelo, Sua Mente numa Boa, Rick e Revolução na Mente garantiam a festa, frequentada por milhares de pretos e pretas. E claro: a música exercia um papel fundamental nesta inédita onda de autovalorização e resistência. E se a Banda Black Rio tinha a autoridade sonora e onomática de grande grupo da cena, Gerson King Combo o de astro central e Carlos Café o de principal cantor, havia a necessidade de responder também ao público feminino. Sandra Sá, então, naturalmente veio tomar este espaço.

Nascida em Pilares, na Zona Norte carioca, a neta de africanos Sandra Cristina Frederico de Sá levou sua voz rouca e cheia de groove das festas black direto para as rádios, um salto inédito na indústria musical brasileira até então para uma artista negra de música pop. Depois de um celebrado álbum de estreia, em 1980, com direito a música inédita de Gilberto Gil ("É"), Sandra é adotada de vez pela turma da soul brasileira. O sucesso comercial de "Lábios Coloridos", do segundo disco, de 1982, já contava com Lincoln Olivetti nos teclados e arranjos, Robson Jorge nas guitarras, o Azimuth Ivan Conti "Mamão" na bateria e a cozinha da própria Banda Black Rio, a se ver pelas participações ativas de Oberdan Magalhães, Jamil Joanes e Cláudio Stevenson. Em "Vale Tudo", terceiro e último trabalho pela gravadora RGE, Sandra repetia as parcerias e já estava pronta para sua grande obra, a qual completa 40 anos de lançamento em 2023.

O precioso repertório de "Vale Tudo" une músicas de autores consagrados e da nova geração, que passava a se firmar. A começar pela faixa-título: o sucesso instantâneo de Tim Maia dado de presente por ele a Sandra. Não é difícil entender o porquê: em duo com o próprio Síndico, Sandra solta a voz numa animada disco engendrada pelo próprio autor em parceria com Lincoln e executada pela banda Vitória Régia. Ouvir os dois maiores cantores da soul brasileira juntos foi tão estrondoso, que a faixa ganhou videoclipe do Fantástico e virou hit em todo o Brasil, figurando na 28ª de posição entre as 100 músicas mais tocadas do ano de 1983.

videoclipe de "Vale Tudo", com Sandra Sá e Tim Maia

Mas se tinha Tim, tinha Cassiano também. É dele a autoria do funk suingado "Candura", em preciosa parceria com Denny King, das melhores do disco. E se havia Tim e Cassiano, também aparecia Guilherme Arantes, na romântica "Só as Estrelas", que encerra o álbum. Com o samba-funk brasilianista "Terra Azul", a dupla veterana Júnior Mendes e Gastão Lamounier eram outros que não resistiram ao talento da cantora, sendo fisgados por seu carisma e seu timbre, que não deixava nada a desejar a grandes cantoras internacionais da época. Se os norte-americanos tinham Donna Summer, Roberta Flack e Chaka Khan, o Brasil tinha Sandra Sá.

De fato, ninguém queria ficar de fora do bonde de Sandra. Tanto é que músicos de primeira linha como Serginho Trombone e Reinaldo Árias também tocam e assinam arranjos. Igualmente presente, seja na caprichada produção quanto em arranjos, é o tarimbado violonista Durval Ferreira, cujo currículo inclui trabalhos com Leny Andrade, Sérgio Mendes e o lendário saxofonista de jazz norte-americano Cannonball Adderley. Ferreira também assina duas composições: o tema de abertura, a excelente "Trem da Central", ao lado de Sandra e Macau (este, o autor de “Lábios Coloridos”), e o funk dançante “Pela Cidade”. Ambas as músicas trazem um olhar diferente da Rio de Janeiro idílica da Zona Sul, evidenciando uma cidade preta e periférica que começava a pedir passagem.

Fotos das gravações no encarte
original de "Vale Tudo"
Outras duas delícias emitidas pelo aveludado vocal de Sandra: “Gamação”, soul de muito suingue e romantismo, e a brilhante "Guarde Minha Voz", do craque Ton Saga, tranquilamente uma das mais belas canções pop-soul já gravadas no Brasil. Uma joia equiparável a outros “clássicos B” do AOR brasileiro, como “Débora”, de Altay Veloso, “Joia Rara”, da Banda Brylho, ou “Lábios de Mel”, de Tim. Como diz a letra: para se guardar no coração.

Embora a maioria das músicas seja de compositores masculinos, o disco de Sandra traz uma outra pequena revolução, que é o papel de mulheres como autoras. Além dela própria, que assina a balada “Musa” e coassina “Trem...”, a carioca abre espaço para compositoras no seu repertório já tão disputado. Rose Marinho divide a autoria da já citada “Pela Cidade” com Durval e outro veterano, Paulo César Pinheiro, enquanto Irineia Maria revela outro destaque do disco: a apaixonada “Onda Negra”. Balada soul deliciosa, com a arranjo de Oberdan, contém em sua letra vários elementos representativos da figura de Sandra para o movimento Black Rio, que é um filtro de olhar feminino para aquela “onda negra de amor” que se presenciava: “Nessa forma de beleza/ Vou seguindo a te levitar/ E o som me envolve me fascina/ Não consigo mais parar/ Mas é sempre uma dose certa/ De alegria, paz de luz e cor/ E a certeza de poder criar/ Uma onda negra de amor”. Mais visto na MPB de então por conta da geração de compositoras como Joice Moreno, Leila Pinheiro e Sueli Costa, no meio pop Sandra prenunciava aquilo que se tornaria comum anos depois para Cássia Eller, Adriana Calcanhoto, Vange Leonel e outras, bem como, especialmente, para as cantoras pretas brasileiras da atualidade, tal Xênia França, Larissa Luz, Luedji Luna, Iza e outras.

Depois de “Vale Tudo”, Sandra - que adicionaria definitivamente dali a alguns anos a preposição “de” original de batismo ao nome artístico - ainda alcançou sucessos esporadicamente, principalmente com “Bye Bye, Tristeza”, de 1988. Numa viragem mais pop e comercial para a carreira, hits como este, embora a tenham ajudado a se consolidar no cenário musical brasileiro, denotavam, por outro lado, que a fase áurea havia terminado. Porém, ninguém tira de Sandra o nome gravado na história da música brasileira, haja vista que sua credibilidade como artista e seu legado permanecem inalterados. Mais do que isso: renovados. Um disco como este, mesmo ouvido quatro décadas depois de seu lançamento, soa como um agradável compêndio do que de melhor havia na soul music brasileira àquela época e, porque não dizer, na história da música preta no Brasil. Está tudo lá: intacto. Assim como a voz de Sandra, que o público a atendeu e guardou no coração.

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FAIXAS:
1. “Trem Da Central” (Durval Ferreira, Macau, Sandra Sá) - 4:03
2. “Candura” (Cassiano, Denny King) - 3:03
3. “Pela Cidade” (Durval Ferreira, Paulo César Pinheiro, Rose Marinho) - 3:21
4. “Onda Negra” (Irinéia Maria) - 3:40
5. “Gamação” (Pi, Ronaldo) - 3:14
6. “Vale Tudo” (Tim Maia) - 4:07
7. “Guarde Minha Voz” (Ton Saga) - 3:11
8. “Terra Azul” (Gastão Lamounier, Junior Mendes) - 3:33
9. “Musa” (Sandra Sá) - 2:46
10. “Só As Estrelas” (Guilherme Arantes) - 3:26

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Daniel Rodrigues

terça-feira, 21 de março de 2023

C6 Fest - São Paulo e Rio de Janeiro (18 a 20/05)




Kraftwerk - C6 Fest - Rio de Janeiro - 18 de maio 2023

O estreante C6 Fest, que chega para ocupar o espaço deixado pelos extintos Free Jazz e Tim Festival, numa linha de jazz, propostas criativas e estilos alternativos, apresentou há pouco menos de um mês, seu line-up que, entre interessantes revelações como a talentosa Samara Joy, o gênio Caetano Veloso, a jovem promessa da MPB, Tim Bernardes, e os loops inventivos dos galeses da Underworld, traz, de volta ao Brasil, os veteranos da Kraftwerk. Hoje, apenas, com Ralph Hütter remanescente da formação original, os alemães desta que é uma das bandas mais influentes de todos os tempos, retornam aos palcos brasileiros depois de quinze anos, trazendo seu espetáculo sonoro-visual singular que combina revolucionária música eletrônica com imagens e composições gráficas sincronizadas que dialogam e complementam a música, proporcionando uma experiência única, incrível e fascinante para o espectador do show.

Eu que já tivera a oportunidade de vê-los em sua última passagem, em 2008, no Just a Fest!, terei a felicidade de assistir a este verdadeiro espetáculo, novamente. A apresentação, aqui no Rio, está marcada para o dia 18 de maio mas para não correr riscos, não marcar bobeira, já garanti o meu ingresso e já estou com ele na mão.
Até lá, muita expectativa para esta que, provavelmente, considerando a idade do integrante-fundador Ralph Hütter, e a produtividade do grupo, deva ser a última visita deles por essas bandas.
Confira também as outras atrações do evento e os dias das apresentações, no Rio e em São Paulo:


programação São Paulo

19 de maio (sexta)


Tenda Heineken

• 17h00 - Xênia França

• 18h05 - Dry Cleaning

• 19h25 - Arlo Parks

• 20h45 - Christine and the Queens

Auditório Ibirapuera (Plateia Interna)

• 20h00 - Tributo ao Zuza

• 21h00 - Nubya Garcia

• 22h00 - Julian Lage

• 23h00 - Tigran Hamasyan

Pacubra (Subsolo)

• 22h00 - Disco Tehran

• 0h00 - Gop Tun DJs


20 de maio (sábado)

Tenda Heineken

• 17h00 - Blick Bassy

• 18h00 - Russo Passapusso & Nômade Orquestra com BNegão e Kaê Guajajara

• 19h00 - Mdou Moctar

• 20h30 - Jon Batiste

Auditório Ibirapuera (Plateia Externa)

• 18h00 - Model 500

• 19h20 - Kraftwerk

• 20h55 - Underworld

Pacubra (Subsolo)

• 20h00 - Feminine Hi-Fi

• 22h00 – Festa Luna

• 0h00 – Pista Quente


21 de maio (domingo)

Tenda Heineken

• 18h00 - Black Country, New Road

• 19h10 - Weyes Blood

• 20h40 - The War on Drugs

Auditório Ibirapuera (Plateia Interna)

• 21h00 – Samara Joy

• 22h15 – Domi & JD Beck

• 23h30 – The Comet is Coming

Auditório Ibirapuera (Plateia Externa)

• 16h00 – 1973

• 17h05 - Tim Bernardes canta Gal Costa

• 18h15 – Caetano Veloso

Pacubra (Subsolo)

• 20h00 – Cremosa Vinil

• 22h00 – Selvagem

• 0h00 – Deekapz


Ingressos São Paulo

• Passaporte para os três palcos nos três dias de evento: R$ 3.500,00 (inteira) / R$ 1.750 (meia)

• Combo Tenda Heineken (dá acesso aos três dias de shows na tenda): R$ 1.460,00 (inteira) / R$ 730,00 (meia)

• Combo Jazz (dá acesso aos dois dias de shows na plateia interna do Auditório Ibirapuera): R$ 1.000,00 (inteira) / R$ 500,00 (meia)

• Combo Plateia Externa (dá acesso aos dois dias de shows na plateia externa do Auditório Ibirapuera

• ): R$ 960,00 (inteira) / R$ 480,00 (meia)

Preços por palco (por dia, com direito a acesso ao Pacubra/Village):

• Tenda Heineken – R$ 540,00 (inteira) / R$ 270,00 (meia)

• Auditório Ibirapuera (plateia interna) – R$ 560,00 / R$ 280,00 (meia)

• Auditório Ibirapuera (plateia externa, sábado, dia 20/05) – R$ 680,00 (inteira) / R$ 340,00 (meia)

• Auditório Ibirapuera (plateia externa, domingo, dia 21/05) – R$ 380,00 (inteira) / R$ 190,00 (meia)

• Pacubra / Village (área de convivência e subsolo com Djs) R$ 180,00 (inteira) / R$ 90,00 (meia)



programação por dia Rio de Janeiro
(Vivo Rio)

Quinta, 18 de maio

• 21h00 - Kraftwerk

• 22h30 - Underworld

Sexta, 19 de maio

• 20h00 - Domi & JD Beck

• 21h10 - Samara Joy

• 22h25 - Jon Batiste

Sábado, 20 de maio

• 19h00 - Terno Rei

• 20h15 – Black Country, New Road

• 21h45 – The War on Drugs


Ingressos Rio


Combo Rio (acesso de pista aos três dias de show): R$ 1.400,00 (inteira) / R$ 700,00 (meia)


Preços por dia:

• Pista – 520,00 (inteira) /260,00 (meia)

• Camarote A (sentado) – R$ 620,00 (inteira) / R$ 310,00 (meia)

• Camarote B (sentado) – R$ 580,00 (inteira) / R$ 290,00 (meia)

• Balcão (sentado) – R$ 520,00 (inteira) / 260,00 (meia)

• Frisa (sentado) – R$ 500,00 (inteira) / 250,00 (meia)

domingo, 18 de setembro de 2022

AC/DCover e Blues Etílicos - Expo Rio Cervejeiro - Praça Paris - Rio de Janeiro /RJ (17/09/22)



Nem a lama, da chuva do dia anterior, atrapalhou
os fãs de rock e amantes da cerveja.
Estive, ontem, na Expo Rio Cervejeiro, festival de expositores, cervejaria, gastronomia e cultura, realizado na Praça Paris, no Rio de Janeiro, onde tive o prazer de assistir a dois ótimos shows: da AC/DCover, grupo de músicos-fãs, obviamente, inspirados nos australianos da AC/DC, que não decepcionam na homenagem e na interpretação, satisfazendo o público com uma falsa, mas agradável sensação, de quase aquilo é quase tão bom quanto o original. Muita energia, músicos competentes, entrosados, bem ensaiados, lição de casa bem feita e um Angus (Flávio) Young que sola, rola no chão, faz o passinho característico e ainda paga um strip-tease exibindo uma cueca com o logo da banda (Impagável!). Baita show! Muito valeu! Destaque para"Thunderstuck", em que puxaram o coro naquele clássico "Thunder!!!", e "Highway to Hell", cantado junto pela galera no refrão.


AC/DCover - "Back in Black"


O outro foi da excelente Bles Etílicos, meio desfalcada, é verdade, do vocalista Greg Wilson , com problemas de saúde, do baterista titular, licenciado em ano sabático na Europa, mas não menos competente e impressionante pelas ausências. Aquele blues cheio de tradição norte-americana mas com um pé nas raízes do Brasil e, é claro, sempre muito inspirada no álcool, nos drinks e nos "birinaites", com duas grandes odes à cerveja, a grande homenageada do evento, uma, parceria da banda com Fauto Fawcett, é outra, com o saudoso Celso Blues Boy.
Enfim, rock roll, blues e cerveja... O que é que alguém pode querer mais?
Noite de sábado perfeita.
Fique, aí, com algumas imagens do evento:


O AC/DCover no palco


O cover de Angus Young foi um show à parte.

Aqui, a Blues Etílicos quebrando tudo no blues.


O lendário Flávio Guimarães mandando ver na harmônica





Cly Reis

quarta-feira, 15 de junho de 2022

Música da Cabeça - Programa #271

 

Prontos para o feriado? Segura aí, porque tem MDC pra ouvir ainda! Começando o seu fim de semana prolongado, o programa desta quarta traz David Byrne, Elis Regina, Stephen Stills, Titãs, Banda Black Rio, Marina e mais. No quadro móvel, Cabeça dos Outros com música de Jonathan Silva. A gente pega a estrada às 21h na folgante Rádio Elétrica. Produção, apresentação e malas prontas: Daniel Rodrigues.

Rádio Elétrica:
http://www.radioeletrica.com/


quinta-feira, 2 de junho de 2022

Milton, enfim, voou

 

Seu Chico, personagem de Milton em "Carandiru", de 2003
Dia desses conversava com um colega sobre a grandeza de alguns atores brasileiros que, não fosse o entrave cultural à língua portuguesa no mundo do entretenimento (ou a qualquer outro idioma que não o inglês), estariam voando alto mundo afora. Vários grandes ficaram apenas para “consumo interno” do brasileiro na tevê, no cinema ou no teatro. Alguns, tiveram em produções internacionais, como José Wilker, José Lewgoy e Grande Otelo, mas não despontaram internacionalmente. A exceção são Carmen Miranda, ícone, e Sônia Braga e Rodrigo Santoro, que se adaptaram ao idioma de fora. Fernanda Montenegro é também um caso que não foge à regra: vencedora de Globo de Ouro e concorrente ao Oscar falando português há 25 anos, nunca mais concorreu a algo deste vulto mesmo com excelentes trabalhos posteriores a “Central do Brasil”. Por quê? Seguiu falando somente (e suficientemente) o português.

Semelhante ocorreu com Milton Gonçalves, que faleceu no último dia 30, aos 88 anos. Lembro do policial que ele viveu em “O Beijo da Mulher Aranha”, de Hector Babenco, em 1986, filme que deu o Oscar de Melhor Ator para o norte-americano John Hurt, com quem Milton contracena, contudo, sem dever em nada. Milton foi, sim, da altura de Hurt, Freeman, Hopkins, Lancaster, Hanks, Lee Jones. A diferença? O português.

Se no cenário internacional Milton foi um dos que quase alçou, em seu terreiro, contudo, voou alto. Foi uma das vozes negras mais importantes da dramaturgia brasileira em mais de 60 anos de carreira. Por esse protagonismo preto, para além de outros grandes atores brasileiros como ele, deixou uma marca insubstituível no teatro, na TV e no cinema. Este mineiro de Monte Santo teve importante atuação no Teatro de Arena de São Paulo, no Teatro Experimental do Negro de São Paulo, no Grupo Opinião, no Teatro dos Quatro e em outras companhias. Como ator de novelas e seriados, nem se fala! Embora pouco lembrado por isso, foi também foi o primeiro negro a dirigir uma novela na Globo – e não qualquer novela, mas sim o sucesso internacional da primeira versão de “A Escrava Isaura”, de 1976. Mas não só isso: esteve decisivamente em todos os momentos demarcatórios do cinema brasileiro: no neorrealismo dos anos 50 (“O Grande Momento”), no Cinema Novo (“Macunaíma”), no udigrudi (“O Anjo Nasceu”), na fase Embrafilme (“Eles Não Usam Black-Tie”), na primeira internacionalização (“O Beijo da Mulher Aranha”), na retomada (“Carandiru”) e na produção atual (“Pixinguinha: Um Homem Carinhoso”).

Dotado de espontaneidade e carisma, dominava a arte dramática com maestria, indo do pastelão ao melodrama com a naturalidade dos grandes. Interpretou textos dos maiores, de Guarnieri a Dias Gomes, de Steinbeck a Millôr. Sabia como tratar um texto. De todos os personagens que fez, de Zelão das Asas a Bráulio e Seu Chico, no entanto, um se destaca especialmente para mim: “A Rainha Diaba”, filme de Antonio Carlos Fontoura, de 1974. Espécie de blackexplotation à brasileira, o longa, centrado na atuação de Milton, nasceu do desejo do diretor de mostrar o submundo das drogas e da prostituição no Rio de Janeiro dos anos 70, com influências decisivas do teatrólogo Plinio Marcos – responsável pelo argumento – e do artista plástico Helio Oiticica. Como lembra o jornalista Márcio Pinheiro, trata-se de um filme livremente inspirado na vida de Madame Satã, porém com mais violência e menos romantismo. “’A Rainha Diaba’ é, em muitos aspectos, mais autêntico e biográfico do que o próprio filme que leva o nome do mitológico travesti da Lapa”, diz em uma postagem nas redes sociais. Milton dá vida a este personagem andrógeno, que põe pela primeira vez um negro LGBTQIA+ como protagonista de um filme no Brasil. E isso é muito.


Até o primeiro brasileiro num Emmy Internacional (prêmio ao qual concorreu como Melhor Ator Internacional, em 2006) ele foi quando entregou a estatueta de Melhor Programa Infantojuvenil ao lado da atriz norte-americana Susan Sarandon. Predileção pela estreia, como um ator que sobe ao palco renovado a cada noite de espetáculo.

Também tive, aliás, uma primeira – e única – vez com Milton. Uma ocasião em que o vi pessoalmente, a poucos metros. Estava no Rio de Janeiro, nos arredores da emblemática Cinelândia, acompanhado de minha esposa e de meu irmão numa tarde de agosto de 2018. Nós saímos de uma livraria e ele, provavelmente, de algum dos teatros daquele quadrante em busca de um dos infindáveis taxis do Rio. Durante os segundos de espera dele na calçada, pintou-me a dúvida: “Falo com ele?” Mas para dizer-lhe o quê? pensei. “Parabéns”? “Obrigado”? Minha hesitação momentânea impediu que achasse algo mais válido que isso e o taxi, obviamente, chegou. Ele embarcou e foi-se embora com toda sua importância e grandeza. Voou. Aliás, como há muito se ensaiava, seja como Zelão, que sobrevoou Sucupira, seja como o velho Chico, aprendiz das pipas no Carandiru. Eu fiquei na calçada, pés plantados, olhando para cima e sabendo que havia deixado escapar a oportunidade. Não agarrei suas asas. Depois vi que fiz o certo: deixei-o subir. Quantas asas ele já havia me dado sem saber para que eu, negro homem, um dia voasse também.


MILTON GONÇALVES
(1933-2022)



Daniel Rodrigues

sábado, 21 de maio de 2022

Djavan - Turnê "Vesúvio" - Teatro Bourbon Country - Porto Alegre/RS (07/05/2022)

 


Que maneira de voltar aos shows! Depois de quase 3 anos sem sair para ir a uma casa de espetáculos e ver um artista presentemente, seja pela pandemia ou pelo período que a antecedeu sem nada que nos mobilizasse fortemente (ah, se soubéssemos o que viria pela frente...), o retorno foi triunfal para conferir um dos monstros sagrados da música brasileira ao qual nunca havíamos assistido ao vivo: Djavan. E não foi qualquer arranjo que fez com que Leocádia e eu tivéssemos essa oportunidade! Minha irmã, Karine, produtora cultural lá no Rio de Janeiro, fez a ponte com um colega seu em Porto Alegre, que nos disponibilizou generosamente duas cortesias para irmos ao Teatro Bourbon Country "djavanear o que é de bom". Uma programação, aliás, que nem sabíamos que ocorreria, visto que os ingressos restavam esgotados desde 2020, quando o show havia sido anunciado, mas precisou ser adiado em razão da pandemia, vindo a ocorrer somente agora. 

Competente do início ao fim, o show foi mais do que somente isso: foi emocionante. Cenário, luz, repertório, qualidade do som, tudo perfeitamente funcionando para que o divino alagoano despejasse seus quase 40 anos de carreira e experiência no palco – recinto o qual, aliás, ele domina como poucos. E que performer! Djavan canta com afinação invejável, dança com graciosidade e suingue, comunica-se com a plateia, toca violão e guitarra (como poucos na MPB), cumprimenta o público do “gargarejo”. Domina o palco. As luzes todas se concentram nele, embora a irretocável banda (Felipe Alves, bateria; Arthur de Palla, baixo; Torcuato Mariano, violão e guitarra; e Renato Fonseca e Paulo Calasans, piano e teclados) acompanhe o altíssimo nível de seu front man.

Ainda um pouco desaquecido no começo, na bela “Viver é Dever” – do repertório do disco “Vesúvio”, seu último e motivo da turnê – e na clássica “Eu te Devoro”, entretanto, mal Djavan sentiu o retorno do público, já se soltou. Os sugestivos versos (“Teus sinais/ Me confundem da cabeça aos pés/ Mas por dentro eu te devoro...”) foram cantados de cabo a rabo por toda a plateia na primeira em que fez o teatro vir abaixo. Isso por que depois desta vieram muitos hits. Muito bem montado, o set list não deixou de apresentar consistentemente o trabalho novo, reservando-lhe 8 faixas, como a intrincada “Solitude”, a graciosa bossa-nova djavanesca “Orquídea”, a hispânica “Madressilva” e o estupendo tema-título. Mas, essencialmente, o músico privilegiou aquelas que a galera mais se identifica.

Djavan - trecho de "Eu te Devoro"
Teatro Bourbon Country - Porto Alegre (07/05/2022)

Aí, foi só emoção, com sequências de saltar o coração da boca, seja pela poesia rica em figuras de suas letras e fraseado, seja pela sonoridade única que tem, seja pela presença de palco ou pela produção técnica impecável. No que se refere à música, a gente fica com o mesmo embasbacamento que o midas da black music Quincy Jones teve ao ouvir desavisadamente Djavan pela primeira vez. É assombrosa a natural mistura que suas harmonias e ritmos, que carregam de samba, jazz, soul, bossa nova, blues, reggae e sonoridades caribenhas. E tudo com muito, mas muito suingue. De construção harmônico-melódica complexa, sua música, no entanto, é trazida, por conta de seu talento absurdo, para uma superfície pop que se comunica com todo mundo. Tudo se hibridiza de tal forma que, numa oportunidade como a que estivemos, de ver Djavan cantando e dançando e se entregando no palco, é possível entender que a música está integralmente dentro dele.

Bonito de perceber também a poética do artista. Os amores arrebatados (“Mesmo por toda riqueza dos sheiks árabes; Não te esquecerei um dia/ Nem um dia” ou “De tudo que há na terra/ Não há nada em lugar nenhum/ Que vá crescer sem você chegar”), as referências a símbolos da feminilidade (“Mal-me-quer.../ A vida segue seu lamento/ um tanto flor” ou “De estrelas perdidas no mar/ Pra chover de emoção/ Trovejar”) e a sensualidade (“um leito de rio/ no cio/ um cheiro de amor” ou “Insiste em zero a zero, e eu quero um a um”) fazem com que Djavan tenha uma forte identificação com o público feminino. Mas não de uma maneira forçada, e, sim, muito orgânica.

Foram quase 3 horas de um desfile da mais alta classe da música brasileira e mundial, que percorre a extensa e assertiva carreira do artista. Cantamos juntos e nos emocionamos juntos com clássicos como “Topázio” (“Kremlin, Berlim/ Só pra te ver/ E poder rir”), “Acelerou” (“Quando te vi/ Aquilo era quase o amor/ Você me acelerou, acelerou/ Me deixou desigual”), “Linha do Equador” (“Luz das estrelas/ Laço do infinito/Gosto tanto dela assim”), “Samurai” ("Ai.../ Quanto querer/ Cabe em meu coração”), “Sina” (“O luar, estrela do mar/ O sol e o dom”)... Caramba! É interminável a sucessão de sucessos deste hitmaker, que correm pelas últimas quatro décadas no Brasil, seja pelas rádios, novelas, na tevê ou no cinema. São canções que estão no imaginário do brasileiro, aquelas que pode por pra rodar em qualquer lugar que dificilmente não se sairá cantando junto. 

Já falei aqui num antigo texto que escrevi sobre Djavan: se ele tivesse nascido em qualquer país tipo escandinavo ou germânico ele teria um trono, seria um intocável. Estender-se-iam tapetes vermelhos onde quer fosse. Naquela noite porto-alegrense, estávamos entre os milhares que minimamente fizemos isso: estendemos-lhe o tapete. Que presente: os ingressos, a volta aos shows e poder ver a olhos nus um artista do calibre de Djavan em vida. A se ver por este show, sabe-se lá quanta vida ele ainda tem pra dar!






Daniel Rodrigues


domingo, 6 de março de 2022

Deep Purple - Riocentro - Rio de Janeiro / RJ (01/12/2006)




O Deep Purple, na turnê brasileira de 2006
Certa vez, conversando com uma ex-colega de trabalho sobre música,  sobre rock, ela me contava que o filho, uma grata raridade entre o bando de desculturalizados musicais de sua geração, dentro do possível, não perdia a oportunidade de ver ao vivo grandes nomes do rock, quando estes vinham ao Brasil, pois, já tendo essa galera das antigas uma idade avançada, somada a todos os excessos que cometeram em seus tempos áureos, possivelmente seria a última oportunidade de ver aquela determinada lenda, ali, na sua frente.

Embora não tenha colocado como meta pessoal, pelo fato desses nomes terem contribuído substancialmente para minha formação musical, dos tantos shows que fui, acabei já tendo presenciado a apresentações de alguns desses artistas fundamentais para a história do rock. Já vi ao vivo Rolling Stones, Black Sabbath, vi Pink Floyd, ou pelo menos parte dele, no show de Roger Waters, e, num negocinho de ocasião, vi o Deep Purple. Quando foi anunciado, no finalzinho de 2006, meu primeiro ano morando no Rio de Janeiro, que eles viriam e tocariam na cidade, inicialmente, os ingressos foram informados em valores um tanto salgados. No entanto, logo em seguida, talvez percebendo a baixa procura, numa promoção do extinto Jornal do Brasil, com um cupom e, se não me engano, um alimento não perecível, o preço ficava extremamente em conta.
Aí não teve dúvidas: pronunciei a minha entrada e me garanti pro show de uma das maiores lendas do rock de todos os tempos. O problema é que a parada ia rolar lá no Riocentro e, pra quem não é  do Rio e não tem muita noção, o tal do lugar é longe pra caramba. Pra piorar, o Riocentro é um conjunto de pavilhões para eventos em geral, feiras, simpósios, etc., e a estrutura física dos prédios não é nada adequada para shows de rock. Muito concreto, vigas metálicas, telhas de zinco, pilares distribuídos ao longo do espaço... Resultado: acústica  ruim, reverberação, pontos cegos, visibilidade prejudicada pelos pilares... enfim: uma bela bosta!
Mas não tem sabotagem infra-estrutural que derrube um show do Deep Purple. Boa parte da banda original no palco, incluído o frontman Ian Gillan, um repertório clássico w de respeito, energia total e uma galera de fãs empolgada por estar vendo à sua frente aqueles monstros do rock.
Sinceramente não lembro com detalhes do show em si, de cada momento, do set-list e tal. Minha recordação é  mais como um todo e essa memória é feliz e muito positiva. É claro que teve, "Black Night", "Space Truckin'", "Highway Star", e "Smoke on the Water" que, essa sim lembro, foi uníssonamente acompanhada em coro pela galera.
Já vi Black Sabbath, já vi Deep Purple...  faltou o Led Zeppelin pra completar a tríade dos criadores do metal. Mas vai que Plant, Page e Jones resolvam se juntar pra uma última turnê... Essa seria uma daquelas pra não perder de jeito nenhum. Daquelas oportunidades únicas. A do Deep Purple foi uma dessas. Ainda bem que não  perdi.

Confira abaixo alguns momentos do show do Rio, em 2006, obtidos no canal do fã
Leandro Macedo, no Youtube:

Solo de Steve Morse


"Black Night"


"Perfect Strangers"




Cly Reis 

quinta-feira, 27 de janeiro de 2022

30 grandes músicas dos anos 80 (não necessariamente as melhores)

Os irlandeses da U2, no topo da lista, em foto de
Anton Corbjin da época de "Bad"
Sabe aquela música de um artista pop que você escuta e se assombra? E o assombro ainda só aumenta a cada nova audição? “Caramba, que som é esse?!”, você se diz. Pois bem: todas as décadas do rock – principalmente a partir dos anos 60, quando as variações melódico-harmônicas se multiplicaram na reelaboração do rock seminal de Chuck Berry, Little Richard e contemporâneos – são repletas de músicas assim: clássicos imediatos. Mas por uma questão de autorreconhecimento, aquelas produzidas nos anos 80 me chamam bastante a atenção. É desta década que mais facilmente consigo enumerar obras desta característica, as que deixam o ouvinte boquiaberto ou, se não tanto, admirado.

Conseguiu entender de que tipo de música estou falando? Creio que talvez precise de maior elucidação. Bem, vamos pela didática das duas maiores bandas rock de todos os tempos: sabe “You Can´t Always Get What You Want”, dos Rolling Stones, ou “A Day in the Life”, dos Beatles? É esta espécie a que me refiro: podem não ser necessariamente as músicas mais consagradas de seus artistas, nem grandes hits, mas são, inegavelmente, temas grandiosos, emocionantes, que elevam. Você pode dizer: “mas têm outras músicas de Stones ou Beatles que também emocionam, também são grandes, também provocam elevação”. Sim, concordo. Porém, estas, além de terem essa característica, parecem conter em sua gênese a ideia de uma “grande obra”. Dá pra imaginar Jagger e Richards ou Lennon e McCartney – pra ficar no exemplo da tabelinha Beatles/Stones – dizendo-se um para o outro quando compunham igual Aldo, O Apache em "Bastardos Inglórios": “Olha, acho que fizemos nossa obra-prima!”

Quer mais exemplos? “Lola”, da The Kinks; “Heroin”, da Velvet Underground; “Marquee Moon”, da Television; "We Are Not Helpless", do Stephen Stills; "Kashmir", da Led Zeppelin. Sacou? Todas elas têm uma integridade especial, uma alma mágica, algo de circunspectas, quase que um selo de "clássica". 

Pois bem: para ficar claro de vez, selecionamos, mais ou menos em ordem de preferência/relevância, as 30 músicas do pop-rock internacional dos anos 80 as quais reconhecemos esse caráter. Para modo de poder abarcar o maior número de artistas, achamos por bem não os repeti, contemplando uma música de cada - embora alguns, evidentemente, merecessem mais do que apenas uma única indicada, como The Cure, U2 e The Smiths. Haverá as que são mais conhecidas ou mais obscuras; as que, justamente por conterem certo tom épico, se estendem mais que o normal e fogem do padrão de tempo de uma "música de trabalho"; artistas de maior sucesso e outros de menor alcance popular; músicas que inspiraram outros artistas e outras que, simplesmente, são belas. 

E desculpe aos fãs, mas, claro, muita gente ficou de fora, inclusive figurões que emplacaram superbem nos anos 80, como Michael Jackson, Elton John, Bruce Springsteen e Queen. Até coisas que adoraria incluir não couberam, como “Hollow Hills”, da Bauhaus, “Hymn (for America)”, da The Mission, "51st State", da New Model Army, "Time Ater Time", da Cyndi Lauper, "Byko", do Peter Gabriel, "Up the Beach", da Jane's Addiction, "Pandora", da Cocteau Twins, "I Wanna Be Adored", da Stone Roses... Mas não se ofendam: tendo em vista a despretensão dessa listagem, a ideia é mais propositiva do que definidora. Mas uma coisa une todos eles: criaram ao menos uma música diferenciada, daquelas que, quando se ouve, são admiradas de pronto. Aquelas músicas que se diz: “cara, que musicão! Respeitei”. 


1 – “Bad” - U2 ("The Unforgatable Fire", 1984) OUÇA
2 – “Alive and Kicking” - Simple Minds (Single "Alive and Kickin'", 1985) OUÇA
3 –
Capa do compacto de
"How...", dos Smiths
“How Soon is Now?”
- The Smiths 
("Hatful of Hollow", 1984) OUÇA








4 – “Nocturnal Me” - Echo & The Bunnymen ("Ocean Rain", 1984) OUÇA
5 – “A Forest” - The Cure ("Seventeen Seconds", 1980) OUÇA
6 – “World Leader Pretend” - R.E.M. ("Green", 1988) OUÇA
7 – “Ashes to Ashes” - David Bowie ("Scary Monsters (and Super Creeps)", 1980) OUÇA
8 – “Vienna” - Ultravox ("Vienna", 1980)

Videoclipe de "Vienna", da Ultarvox, tão 
clássico quanto a música


9 – “Road to Nowhere” - Talking Heads ("Little Creatures", 1985) OUÇA
10 – “All Day Long” - New Order ("Brotherhood", 1986) OUÇA
11  “Armageddon Days Are Here (Again)” - The The ("Mind Bomb", 1989) OUÇA
12 – “The Cross” - Prince ("Sign' O' the Times", 1986) OUÇA
13 – “Live to Tell” - Madonna ("True Blue", 1986) OUÇA

Madonna estilo diva, no clipe de "Live..."

14 – “Hunting High and Low” - A-Ha ("Hunting High and Low", 1985) OUÇA
15 – “Save a Prayer” - Duran Duran ("Rio", 1982) OUÇA
16 – “Hey!” - Pixies ("Doolitle", 1989) OUÇA
17 – “Libertango (I've Seen That Face Before) - Grace Jones ("Nightclubbing", 1981) OUÇA
18 – “Black Angel” - The Cult ("Love", 1985) OUÇA
19 – “Children of Revolution” - Violent Fammes ("The Blind Leading the Naked", 1986) OUÇA
Os pouco afamados
Alternative Radio
emplacam a fantástica
"Valley..."
20 – “Valley of Evergreen” - Alternative Radio 
("First Night", 1984) OUÇA









21  “USA” - The Pogues ("Peace and Love'", 1989) OUÇA
22  “Decades” - Joy Division ("Closer", 1980) OUÇA
23 – “Easy” - Public Image Ltd. ("Album", 1986) OUÇA
24  “Teen Age Riot” - Sonic Youth ("Daydream Nation", 1988) OUÇA
25 – “One” - Metallica ("...And Justice for All", 1988) OUÇA
26 – “Little 15” - Depeche Mode ("Music for the Masses", 1987) OUÇA
27 – "Never Tear Us Apart" - INXS ("Kick", 1987)

Hits também têm seu lugar: 
"Never Tear Us Apart", da INXS


28 – “Lands End” - Siouxsie & The Banshees ("Tinderbox", 1986) OUÇA
29 – “US 80's–90's” - The Fall ("Bend Sinister", 1986) OUÇA
30 – “Brothers in Arms” Dire Straits ("Brothers in Arms", 1985) OUÇA


Daniel Rodrigues