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domingo, 5 de maio de 2024

Madonna - The Celebration Tour in Rio - Praia de Copacabana - Rio de Janeiro / RJ (05/05/2024)

 


Madonna em vários momentos do show que celebrou
seus 40 anos de carreira.
De tempos em tempos parece que Madonna tem que vir com alguma para lembrar ao mundo quem manda no pedaço. Não devie ter que precisar, mas precisa.
Surge fulana com turnê mirabolante, cicrana com recorde de acessos em tal plataforma, beltrana com lançamento mundial do videoclipe badalado, e o burburinho, a forçação da mídia, as redes sociais, faz muita gente acreditar que aquilo seja algo espetacular, incomum, extraordinário. Aí a verdadeira e única Rainha da Coisa Toda resolve, para coroar sua turnê e 40 anos de carreira, fazer um megashow num dos cartões-postais do mundo, para 1,5 milhões de pessoas, e não só apresenta um espetáculo inesquecível, como esfrega na cara de quem quiser ver, como chegou até o topo desse reinado.

Um espetáculo em que toda a carreira da artista é repassado, passado a limpo, dentro de uma concepção artística, estética, visual, musical, absolutamente mágica, hipnotizante, embasbacante.

Embora esteja entre aqueles que entendem que um show dessa natureza, de um artista pop, com a dinâmica de teatralidade, troca de figurinos, cenários, etc., permita playbacks, devo admitir que fiquei um pouco incomodado e desconfiado quando soube que a apresentação não contaria com uma banda ao vivo. No entanto, ali, assistindo ao show, mostrou-se totalmente justificável a opção. "The Celebration Tour in Rio", antes de ser um concerto musical é um espetáculo artístico que envolve uma série de elementos que, para funcionarem bem, com um resultado impactante para o espectador (seja no local ou na TV), exigia tal 'sacrifício'. As performances, a ocupação de palco, a mecânica, os números musicais, a iluminação, a concepção visual, tudo me convenceu que, nós, público, só ganhamos com essa ideia de show.

Abertura do show com trecho de "Nothing Really Matters"


Dito isso, vamos ao que interessa: QUE SHOW DA PORRA!!!

Repertório bem planejado, blocos de músicas e atos divididos em uma estrutura muito precisa, mixagens e transições sempre interessantes, ótimas coreografias, iluminação incrível, e, é claro, uma estrela ousada, destemido, provocativa e de um talento que transcende a música.

O que foi aquela "Like a Prayer"??? Em uma das melhores músicas da cantora, uma atmosfera eclesiástica ritual, repleta de cruzes, sacerdotes, corpos pendurados, punições, culpa, inquisição... A hipocrisia e a opressão do catolicismo, numa dramática performance de arrepiar. Se teve gente que perguntou por que não projetaram o nome de Madonna no Cristo Redentor, como aconteceu com Taylor Swift, isso bastaria para responder perfeitamente.

Festa à brasileira em "Music".
("Music makes the people come together...")

"Erotica", com uma performance de luta de boxe, foi outra que passou seu recado: um direto no queixo dos moralistas. "Bad Girl" com a filha da cantora, Mercy James, ao piano foi lindíssima, "Burning Up" punkzona foi simplesmente afudê, as homenagens a Prince e Michael Jackson foram especiais, "Hung Up" latinizada ficou bem interessante, "Music", surpreendentemente para mim que a adoro na versão original, ficou incrível naquela releitura batucada brasileira, com uma participação 'apimentada' de Pabblo Vittar, e a espetacular "Vogue" com um desfile de moda ímpar, inigualável, julgado com a participação de Anitta foi uma festa incrível, uma espécie de nova versão do antigo Gala Gay do Copacabana Palace, em versão século XXI.

Madonna fez história de novo!

O Brasil nunca esquecerá esse show.

O mundo sempre lembrará.

Tenho medo de passar hoje por Copacabana e não encontrar o bairro lá  ou encontrá-lo em ruínas, porque, cara... Madonna colocou tudo abaixo. Tudo mesmo! Dúvidas, conceitos, preceitos, preconceitos, resistências, padrões, limites, barreiras... Enfim. ., Ave, Madonna! Estamos todos a teus pés, ó Rainha!

Uma multidão em Copacabana para ver de perto a Rainha do Pop.
(No meu caso, nem tão de perto)



Cly Reis 

sábado, 4 de maio de 2024

Madonna - "Like a Prayer" (1989)

 



“O tema ‘catolicismo’ corre desenfreado pelo meu disco.
“Aqui sou eu lutando com o mistério e a magia que o cerca.
Meu próprio catolicismo, aliás, está em constante convulsão.
Quando saí de casa aos 17 anos e fui para Nova York
– a cidade com mais pecadores –
renunciei ao significado tradicional do catolicismo
em termos de como viveria minha vida.
Mas nunca deixei de sentir a culpa e a vergonha que estão arraigadas em você,
se você foi criado como católico”
Madonna, na época do lançamento de "Like a Prayer"


Depois do desabrochar definitivo da maturidade musical e artística em "True Blue", Madonna estava pronta para coisas maiores. As expectativas em torno do que viria depois de um álbum bem concebido e repleto de hits eram grandes e não foram frustradas. "Like a Prayer", de 1989 era um trabalho ainda mais consistente no qual Madonna confirmava sua relevância e valor como artista pop. Ousada, criativa, atrevida, questionadora, incisiva, emotiva, Madonna apresentava um disco daqueles, definitivamente, de marcar época. Exagero? Quem não  lembra da provocativa faixa título que com seu apelo religioso-sexual, alavancado por um videoclipe escandaloso que trazia um santo negro que tomava vida, chorava e beijava Madonna, morena e super-sexy, em uma pequena capela interiorana? E as cruzes em chamas? E a propaganda da Pepsi? E o cancelamento da campanha publicitária? E a proibição do clipe em diversos países? Pronto. Na primeira música, o primeiro single, Madonna, literalmente, botou fogo na coisa toda. Mas era só o 'barulho', só o alvoroço que causou por causa de um videoclipe, uma bela campanha de marketing? Não! "Like a Prayer" era uma baita de uma música. Uma das melhores canções pop produzidas até hoje. Uma joia repleta de influências de música negra das ruas e das igrejas, com corais gospel guitarras e uma letra repleta de possíveis interpretações.

Madonna - "Like a Prayer"

vídeo oficial


"Express Yourself" que vem na sequência no álbum, e também o segundo single lançado, é outra que tem um lugar na história da música pop. Soul pop sofisticada, dançante, envolvente e cativante sobre empoderamento, com aquele tipo de chamada às armas que só Madonna sabe fazer.

Também com um pézinho no funk, na soul, na disco dos anos 70, a embalada "Keep It Together" foi mais uma a fazer sucesso e cair nas graças dos fãs. A adorável "Dear Jessie", gostosinha e quase infantil, e a comovente "Oh, Father", na minha opinião uma canção subestimada numa das melhores interpretações de Madonna, também frequentaram as paradas de sucesso, porém sem muita projeção. Já a graciosa "Cherish", de uma inocência romântica apaixonante, tocou bastante nas rádios e na MTV e foi bastante apreciada pelos fãs, tendo inclusive recebido uma homenagem de um ilustre fã brasileiro, Renato Russo, que viria a regravar a canção anos depois. 

Mas nem só de hits vive "Like a Prayer" e perdura como grande álbum. "Till Death Do Us apart" contrapõe a Madonna dos primórdios, com um pop eletrônico new wave bem primário, característico dos primeiros álbuns, com uma mulher madura pronta para romper definitivamente as amarras de um casamento fracassado (entenda-se Sean Penn); a parceria com Prince, "Love Song" é pouco lembrada e valorizada mas, em audições posteriores e apreciada com a devida atenção, pode-se notar que constitui-se num dos grandes momentos do disco, numa daquelas peças musicais que Prince sabia fazer como ninguém. Na belíssima "Spanish Eyes", Madonna retoma a latinidade de "La Isla Bonita", desta vez com numa canção romântica, intensa e apaixonada, na minha opinião uma das melhores baladas da cantora até hoje. "Promise to Try", embora interessante é, para falar a verdade, a mais fraca e dispensável do disco, mas "Act of Contriction", um trabalho bem experimental de estúdio, repleto de colagens, samples e mixagens enlouquecidas, retoma brilhantemente "Like a Prayer" para fechar a obra, "Pois é teu o Reino o Poder e a Glória..."

Não sei se digo que é blasfemo ou se é divino... Enfim: Amém, Madonna!


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FAIXAS:

1. Like A Prayer
2. Express Yourself
3. Love Song
4. Till Death Do Us Part
5. Promise To Try
6. Cherish
7. Dear Jessie
8. Oh Father
9. Keep It Together
10. (Pray for) Spanish Eyes
11. Act Of Contrition


********************

Ouça:
Madonna - Like A Prayer


por Cly Reis


quarta-feira, 3 de janeiro de 2024

Dossiê ÁLBUNS FUNDAMENTAIS 2023

 



Rita e Sakamoto nos deixaram esse ano
mas seus ÁLBUNS permanecem e serão sempre
FUNDAMENTAIS
Chegou a hora da nossa recapitulação anual dos discos que integram nossa ilustríssima lista de ÁLBUNS FUNDAMENTAIS e dos que chegaram, este ano, para se juntar a eles.

Foi o ano em que nosso blog soprou 15 velinhas e por isso, tivemos uma série de participações especiais que abrilhantaram ainda mais nossa seção e trouxeram algumas novidades para nossa lista de honra, como o ingresso do primeiro argentino na nossa seleção, Charly Garcia, lembrado na resenha do convidado Roberto Sulzbach. Já o convidado João Marcelo Heinz, não quis nem saber e, por conta dos 15 anos, tascou logo 15 álbuns de uma vez só, no Super-ÁLBUNS FUNDAMENTAIS de aniversário. Mas como cereja do bolo dos nossos 15 anos, tivemos a participação especialíssima do incrível André Abujamra, músico, ator, produtor, multi-instrumentista, que nos deu a honra de uma resenha sua sobre um álbum não menos especial, "Simple Pleasures", de Bobby McFerrin.

Esse aniversário foi demais, hein!

Na nossa contagem, entre os países, os Estados Unidos continuam folgados à frente, enquanto na segunda posição, os brasileiros mantém boa distância dos ingleses; entre os artistas, a ordem das coisas se reestabelece e os dois nomes mais influentes da música mundial voltam a ocupar as primeiras posições: Beatles e Kraftwerk, lá na frente, respectivamente. Enquanto isso, no Brasil, os baianos Caetano e Gil, seguem firmes na primeira e segunda colocação, mesmo com Chico tendo marcado mais um numa tabelinha mística com o grande Edu Lobo. Entre os anos que mais nos proporcionaram grandes obras, o ano de 1986 continua à frente, embora os anos 70 permaneçam inabaláveis em sua liderança entre as décadas.

No ano em que perdemos o Ryuichi Sakamoto e Rita Lee, não podiam faltar mais discos deles na nossa lista e a rainha do rock brasuca, não deixou por menos e mandou logo dois. Se temos perdas, por outro lado, celebramos a vida e a genialidade de grandes nomes como Jards Macalé que completou 80 anos e, por sinal, colocou mais um disco entre os nossos grandes. E falando em datas, se "Let's Get It On", de Marvin Gaye entra na nossa listagem ostentando seus marcantes 50 anos de lançamento, o estreante Xande de Pilares, coloca um disco entre os fundamentais logo no seu ano de lançamento. Pode isso? Claro que pode! Discos não tem data, música não tem idade, artistas não morrem... É por isso que nos entregam álbuns que são verdadeiramente fundamentais.
Vamos ver, então, como foram as coisas, em números, em 2023, o ano dos 15 anos do clyblog:


*************


PLACAR POR ARTISTA (INTERNACIONAL)

  • The Beatles: 7 álbuns
  • Kraftwerk: 6 álbuns
  • David Bowie, Rolling Sones, Pink Floyd, Miles Davis, John Coltrane, John Cale*  **, e Wayne Shorter***: 5 álbuns cada
  • Talking Heads, The Who, Smiths, Led Zeppelin, Bob Dylan e Lee Morgan: 4 álbuns cada
  • Stevie Wonder, Cure, Van Morrison, R.E.M., Sonic Youth, Kinks, Iron Maiden , U2, Philip Glass, Lou Reed**, e Herbie Hancock***: 3 álbuns cada
  • Björk, Beach Boys, Cocteau Twins, Cream, Deep Purple, The Doors, Echo and The Bunnymen, Elvis Presley, Elton John, Queen, Creedence Clarwater Revival, Janis Joplin, Johnny Cash, Joy Division, Madonna, Massive Attack, Morrissey, Muddy Waters, Neil Young and The Crazy Horse, New Order, Nivana, Nine Inch Nails, PIL, Prince, Prodigy, Public Enemy, Ramones, Siouxsie and The Banshees, The Stooges, Pixies, Dead Kennedy's, Velvet Underground, Metallica, Dexter Gordon, Philip Glass, PJ Harvey, Rage Against Machine, Body Count, Suzanne Vega, Beastie Boys, Ride, Faith No More, McCoy Tyner, Vince Guaraldi, Grant Green, Santana, Ryuichi Sakamoto, Marvin Gaye e Brian Eno* : todos com 2 álbuns
*contando com o álbum  Brian Eno e John Cale , ¨Wrong Way Out"

**contando com o álbum Lou Reed e John Cale,  "Songs for Drella"

*** contando o álbum "Five Star', do V.S.O.P.



PLACAR POR ARTISTA (NACIONAL)

  • Caetano Veloso: 7 álbuns*
  • Gilberto Gil: * **: 6 álbuns
  • Jorge Ben e Chico Buarque ++: 5 álbuns **
  • Tim Maia, Rita Lee, Legião Urbana, Chico Buarque,  e João Gilberto*  ****, e Milton Nascimento*****: 4 álbuns
  • Gal Costa, Titãs, Paulinho da Viola, Engenheiros do Hawaii e Tom Jobim +: 3 álbuns cada
  • João Bosco, Lobão, João Donato, Emílio Santiago, Jards Macalé, Elis Regina, Edu Lobo+, Novos Baianos, Paralamas do Sucesso, Ratos de Porão, Roberto Carlos, Sepultura e Baden Powell*** : todos com 2 álbuns 


*contando com o álbum "Brasil", com João Gilberto, Maria Bethânia e Gilberto Gil

**contando o álbum Gilberto Gil e Jorge Ben, "Gil e Jorge"

*** contando o álbum Baden Powell e Vinícius de Moraes, "Afro-sambas"

**** contando o álbum Stan Getz e João Gilberto, "Getz/Gilberto"

***** contando com os álbuns Milton Nascimento e Criolo, "Existe Amor" e Milton Nascimento e Lô Borges, "Clube da Esquina"

+ contando com o álbum "Edu & Tom/ Tom & Edu"

++ contando com o álbum "O Grande Circo Místico"



PLACAR POR DÉCADA

  • anos 20: 2
  • anos 30: 3
  • anos 40: -
  • anos 50: 121
  • anos 60: 100
  • anos 70: 160
  • anos 80: 139
  • anos 90: 102
  • anos 2000: 18
  • anos 2010: 16
  • anos 2020: 3


*séc. XIX: 2
*séc. XVIII: 1


PLACAR POR ANO

  • 1986: 24 álbuns
  • 1977 e 1972: 20 álbuns
  • 1969 e 1976: 19 álbuns
  • 1970: 18 álbuns
  • 1968, 1971, 1973, 1979, 1985 e 1992: 17 álbuns
  • 1967, 1971 e 1975: 16 álbuns cada
  • 1980, 1983 e 1991: 15 álbuns cada
  • 1965 e 1988: 14 álbuns
  • 1987, 1989 e 1994: 13 álbuns
  • 1990: 12 álbuns
  • 1964, 1966, 1978: 11 álbuns cada



PLACAR POR NACIONALIDADE*

  • Estados Unidos: 211 obras de artistas*
  • Brasil: 159 obras
  • Inglaterra: 126 obras
  • Alemanha: 11 obras
  • Irlanda: 7 obras
  • Canadá: 5 obras
  • Escócia: 4 obras
  • Islândia, País de Gales, Jamaica, México: 3 obras
  • Austrália e Japão: 2 cada
  • Itália, Hungria, Suíça, França, Bélgica, Rússia, Angola, Nigéria, Argentina e São Cristóvão e Névis: 1 cada

*artista oriundo daquele país
(em caso de parcerias de artistas de países diferentes, conta um para cada)

quinta-feira, 5 de outubro de 2023

Rodriguez - "Cold Fact" (1970)

 

por Roberto Sulzbach Cortes


“Na África do Sul, seu pai é mais conhecido que o Elvis”
Stephen Seagerman, sul-africano, para Eva Rodríguez 

Qualquer ouvinte assíduo de música (ou heavy user, em inglês) sabe que o sucesso crítico e o sucesso comercial até podem andar juntos, mas não é regra. Muitas obras conhecem o sucesso comercial, ou numa era da internet e streaming, recebem o reconhecimento e popularidade devidos muito tempo depois de serem lançadas. Também existem casos de artistas europeus fazerem mais sucessos nos Estados Unidos, ou o contrário, como o caso dos Pixies, que até hoje fazem mais sucesso na Europa (principalmente no Reino Unido) do que no seu próprio país natal, os EUA. O caso de Sixto Rodríguez é uma mistura de tudo isso. 

Rodríguez nasceu em Detroit, Estados Unidos, em julho de 1942, e iniciou sua carreira tocando de bar em bar. Em 1968, os produtores Mike Theodore e Dennis Coffey (que trabalhou com Temptations e George Clinton) o descobrem tocando em um bar próximo ao cais da cidade. Era notória a habilidade que Sixto tinha de retratar suas vivências na cidade, um poeta citadino, trovador da cidade dos motores, que, segundo Coffey, àquela época escrevia tão bem quanto Bob Dylan

A dupla de produtores aposta no artista e começam a produção para lançá-lo ao estrelato. Contudo, não foi o que ocorreu, pois apesar de possuir “todos os ingredientes necessários do sucesso”, o disco foi um fracasso de vendas, rendendo apenas uma turnê pela Inglaterra e Austrália, mas sem muito alarde. Retornando ao assunto inicial do texto, o revés comercial (àquela época) não significa que não é um excelente disco e que não valha sua análise. 

Apesar do fracasso doméstico, e algum sucesso na Oceania, foi em um país sob regime ditatorial de segregação racial, a África do Sul, que o artista se tornou um ícone misterioso, e suas músicas, se tornaram hinos contra o apartheid, ao final da década de 80, início de 90. Sem conhecimento de ambos os lados, pois o artista não sabia de sua fama, e o público não sabia quem era e se estava vivo àquela altura. No início dos anos 80, Rodríguez desistiu da vida de artista e trabalhou como pedreiro, até se formar em filosofia, que lecionou em escolas locais.

Em 1997, a filha mais velha de Sixto, Eva, vagava por uma primitiva internet, quando encontrou um site sul-africano dedicado ao pai. No primeiro contato com o moderador site, ela ouviu de Stephen Seagermen, dono de uma loja de discos em Johanesburgo, que, supostamente, seu pai vendeu mais álbuns que Elvis Presley na África do Sul.  

Rodríguez nos deixou em 8 de agosto de 2023, e felizmente, pôde desfrutar de muito sucesso além do sul-africano. Em 2012, cantou “Crucify Your Mind” no David Letterman, cedeu entrevista para o programa “60 minutes” e fez uma apresentação no programa de música ao vivo “Later... with Jools Holland”. Tudo, graças ao documentário “Searching For Sugar Man”, idealizado por Stephen Seagerman, lançado em 2012, que conta a mística que o artista possuía na África do Sul, em meados dos anos 90. 

Mesmo tendo uma discografia reduzida, com apenas dois álbuns de estúdio - "Coming from Reality", de 1971, e este, "Cold Fact", o seu debut, de um ano antes -, Sixto nos deixa um grande legado. “Sugar Man” aborda as dificuldades de um homem viciado em viver sem seus estimulantes, colocando uma voz de sofrimento e melancolia, sem glamourizar a dependência química. “Crucify Your Mind” trata sobre uma relação, em que uma mulher traí o marido, e a letra nunca deixar explícita o ocorrido. “Forget It” é um epitáfio sobre um término de relacionamento que, em poucas estrofes, sabe colocar o que é o fim de um casal, e a sensação que sentimos quando seguimos o rumo sozinhos. Meu último destaque é “Like Janis”, que cita a musa rock n’roll no seu título, mas não é sobre ela: é sobre uma relação em decadência, em que ambos já não se aguentam. 

Rodríguez é um dos casos que comprova que a ausência de sucesso comercial não impede que a obra se torne popular tardiamente, e muito menos, que não seja relevante. Muitas vezes, o público precisa de tempo e um “empurrãozinho” (como o documentário interessante) para promover a arte de uma maneira única. 

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FAIXAS:
1. "Sugar Man" - 4:40
2. "Only Good For Conversation" - 2:25
3. "Crucify Your Mind" - 2:30
4. "Establishment Blues" - 2:05
5. "Hate Street Dialogue (Dennis Coffey, Gary Harvey, Mike Theodore) - 2:30
6. "Forget It" - 1:50
7. "Inner City Blues" - 2:20
8. "I Wonder" - 2:30
9. "Like Janis" - 3:05
10. "Gommorah (A Nursery Rhyme) (Coffey, Harvey, Theodore) - 2:20
11. "Rich Folks Hoax" - 3:05
12. "Jane S. Piddy" - 2:38
Todas as músicas de autoria de Rodriguez, exceto indicadas
*Algumas autorias levam a assinatura de Jesus Rodriguez ou Sixth Prince, ambos referentes ao próprio Rodriguez

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OUÇA O DISCO:



sábado, 30 de setembro de 2023

Santigold - "Santogold" (2008)

 





"Apesar de ser o seu primeiro álbum, 
parecia que ela já tinha caído na terra 
como uma superestrela totalmente formada. 
Quero dizer, de onde é que ela veio? 
Como é que alguém pode abranger 
todos os elementos mais excitantes 
do eletrônico, do punk, da new-wave e do reggae 
de forma tão fácil? 
Estas melodias fantásticas, 
e ainda fazer com que pareça que 
mal pestanejou enquanto as compunha.
Ela parecia ser a personificação 
do termo música do futuro 
e a síntese do cool."
Mark Ronson,
produtor musical


A música pop do século XXI, cá entre nós, não é nada, assim, de entusiasmar, não é mesmo? Tirando quem pintou da metade para o final dos anos 90 e entrou no novo século ainda com qualidade, como Björk, Beck, Daft Punk, por exemplo; o pessoal dos anos 80 que tinha uma fórmula eficiente edificada a partir do punk e da ascensão dos sintetizadores, como Depeche Mode, Pet Shop Boys e New Order, que sobreviveram, persistiram e continuaram sendo relevantes; os consagrados, os símbolos, ícones do pop, Prince, Michael Jackson e Madonna, que, influentes e insubstituíveis, continuaram dando as cartas mesmo tempo depois de seus respectivos auges; e gênios, como David Bowie, que conseguiam se reinventar e ainda dar grande contribuição para uma cena pouco inspirada; os anos 2000, de um modo geral, não nos apresentavam nada de especial. De vez em quando até aparecia uma coisa boa, uma Amy Winehouse, por exemplo, mas foi só. E para piorar, mal nos deu o gostinho do seu talento e nos deixou cedo. De resto, muita bunda, muita repetição de fórmula, batidas eletrônicas sempre muito parecidas, muito autotune, rappers mal-encarados, mas nada de novo ou de original.

Mas de vez em quando, mesmo em meio a toda essa pobreza, o universo pop nos presenteia com alguma coisa que vale a pena. Às vezes alguém com talento, criatividade e boas influências nos surpreende e traz alguma coisa que, se não é nova, original, é, no mínimo, interessante. Santigold, multiartista norte-americana, nos apresentava ali, quase no final da primeira década do século XXI, algo um pouco mais que interessante. Seu álbum de estreia "Santogold" (2008) é uma preciosidade repleta de muito do melhor que a música negra pode oferecer. "Santogold" é rhythm'n blues, é soul, é rap, é funk, é raggae, é dub, é blues, é afro. É animado, é melancólico, é seco, é irreverente, é contagiante. Tem glamour, tem força, tem ousadia. Hip-hop, pós-punk, eletrônico, disco, rock, new-wave... Aquele tipo de disco que possui todos os atributos de uma grande obra pop!

"L.E.S. Artistes", a abertura e um dos singles do álbum, já é o cartão de visita mostrando que Santigold está disposta a frequentar todos os terrenos possíveis: inicialmente um pop minimalista bem compassado, marcado na batida, a primeira faixa, ganha força em guitarras no refrão para culminar num pop-rock poderoso. "You'll Find Away", a segunda, é uma típica new-wave elétrica e empolgante; o reggae eletrônico, repleto de elementos e nuances, "Shove It" baixa a rotação das duas anteriores com muito estilo, mas a eletrizante "Say Aha", com sua base agressiva de baixo. logo põe tudo pra cima de novo.

"Creator", o primeiro single do álbum é uma "loucura" maravilhosa! Uma percussão tribal, literalmente selvagem, grunhidos, efeitos eletrônicos alucinados, ecos, um vocal enlouquecido e, dentro de tudo isso, um refrão incrivelmente eficaz. 

"My Superman", outra das joias do disco, é construída sobre, nada mais nada menos, que um sampler de "Red Light", de Siuoxsie and The Banshees, adicionado à sensualidade da nova canção, toda a atmosfera sombria do gótico oitentista.

A propósito de darkismo, "Starstruck", embora mais encaixada na linguagem sonora atual, do hip-hop e afins, também remete ao som do pós-punk dos anos 80. Mas aí, mudando radicalmente, temos "Lights Out", um pop radiofônico saborosíssimo, e a irresistível "Unstoppable, um ragga eletrônico dançante, ao ritmo do qual é impossível ficar parado. Imparável!

A elegante "I'm a Lady" encaminha o final do disco que, por fim, encerra-se com "Anne", um synth-popp sofisticado que só confirma a riqueza da experiência vivida nos últimos 40 minutos. Um baita disco!

Detalhe para a capa. Mais um destaque: uma colagem "tosca" quase ao estilo punk, com a artista expelindo purpurina dourada pela boca.

Vomitando "glamour". 

Precisa dizer mais?

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FAIXAS:

  1. L.E.S. Artistes 3:25
  2. You'll Find A Way 3:01
  3. Shove It 3:46
  4. Say Aha 3:35
  5. Creator 3:33
  6. My Superman 3:01
  7. Lights Out 3:13
  8. Starstruck 3:55
  9. Unstoppable 3:33
  10. I'm A Lady 3:44
  11. Anne 3:29
*******************
Ouça:




por Cly Reis

segunda-feira, 6 de março de 2023

Everything But the Girl - "Amplified Heart" (1994)

 

“Eu faço música com uma curiosidade de olhos arregalados. É como um experimento de laboratório: você junta duas substâncias químicas em um frasco, mistura e espera uma explosão interessante.”
Tracey Thorn

Como é bom se emocionar com uma música mesmo depois de tantos anos e tanta coisa que já se ouviu na vida. E obviamente, essa emoção, quando manifestada, muitas vezes vem acompanhada de certo exagero proposital. Dia desses, tive um impulso desses nas redes sociais, o que motivou repercussões. Inspirado por meu irmão, que diz que "não existe nada melhor que New Order" (pelo menos enquanto os está escutando), empreguei a mesma máxima quando tive o deleite de ouvir/ver o videoclipe do novo single da Everything But the Girl, "Nothing Left To Lose", que prenuncia o álbum novo da banda inglesa depois de 23 anos. Minha teoria: a de que a EBTG havia atingido o ápice da música pop. Pronto: polêmica armada.

Houve indignação, aqueles que me exigiram explicação por "tamanho absurdo" e quem argumentasse que os verdadeiros reis do pop foram e são os Beatles. Tudo correto, gente. Concordo que me excedi. Mas além do motivo estritamente emocional - o que já se justificaria como licença poética - há no fundo da provocação certa verdade. Aliás, como acontece com todo exagero: uma verdade aumentada. Afinal, a EBTG, se não a maior banda pop da história como lancei, é a que melhor representa a história do gênero atualmente. O novo single prova isso: mesmo tantos anos depois do último material inédito, a dupla Tracey Thorn e Ben Watt tem a capacidade de evoluir em si mesma, sintetizando em seu som tudo que já produziram em mais de 40 anos de carreira. Assim, captam todas as tendências da música pop de antes de seu tempo associando-as a new wave, o indie, ao collage rock e ao pós-punk, que lhes formou, mais os gêneros que vão surgindo pelo caminho.

"Amplified Heart", de 1994, é uma destas saborosas sínteses. Com influências desde sempre do jazz e da MPB, carregam na sua sacola musical tudo o que arrecadaram até aqueles idos da metade dos anos 90, produzindo um daqueles discos de equilíbrio perfeito entre o melodioso e o dançável, entre o melancólico e o alegre, entre o sentimentalismo e o deleite. E sempre com muita classe, o tal sophisti-pop o qual lhes é atribuído. O hit do álbum, uma das músicas mais executadas da década, "Missing", confirma tudo isso. Sentimental e dançante ao mesmo tempo, é daqueles mistérios da indústria musical. Virou febre nas rádios e MTV, ganhando uma remix estilo club do DJ Todd Terry, que a popularizou ainda mais. A canção se tornou a primeira e única da dupla no Top 40 dos Estados Unidos da Billboard Hot 100 e foi a 11ª a passar mais tempo nas paradas da história do US Hot 100. 

Porém, nem tão misterioso assim. Acostumados com a fórmula do perfect pop, que produziram às pencas desde sua estreia em "Eden", em 1985, um dia emplacaram. Houve sucessos anteriores, como "I Don't Want to Talk About It", de “Idlewild” (1988), e "Driving", de “Language of Love” (1990). Mas "Missing" invadiu os nighclubs e, ao mesmo tempo, agradou os ouvidos exigentes, sendo a mais tocada nas estações de rádio de jazz contemporâneo dos Estados Unidos em 1996.

clipe de "Missing", na versão original

Porém, "Amplified...", obviamente, não se resume ao seu maior êxito comercial. Sem exceção, todas as faixas são dignas de um álbum irretocável. "Rollercoaster", a inicial, é outro perfect pop de alta sofisticação, cadenciado pela percussão nos bongôs, uma batida de violão bossa-novista e lânguidas frases de teclado. Já "Troubled Mind", das preferidas, é romântica sem ser balada. Com uma linda levada de violão, tem uma leve cadência funkeada na programação de ritmo, que acompanha a voz sempre hipnotizante de Tracey, uma das melhores cantoras que a música pop já viu - e isso, sim, posso afirmar sem receio de polemizar. Na letra, ela conta sobre uma garota que vê a relação ruir por causa da "mente conturbada" do parceiro, mas que mesmo assim lhe declara: "You know, I love you, love you, love you". 

Semelhante performance sensível e de exímia afinação da front girl acariciam a melodiosa "I Don't Understand Anything", a cantarolável "We Walk the Same Line", ambas de autoria de Tracey, e outro destaque do cancioneiro da banda: "Get Me". Ouvi-la cantando o refrão com aquela voz sensual e apaixonada: "do you have get me" é de cortar o coração de qualquer um. 

Watt, principal compositor e instrumentista do grupo, assina e canta ele próprio as bonitas "Walking To You" e "25th December". Mas o diferencial da EBTG é indiscutivelmente a sua cantora. É ela quem comanda os microfones de mais uma excelente: "Two Star". Esta, sim, uma balada, inteligentemente bem conjugada com os outros números na narrativa do disco. O riff de piano pronuncia dois pares de notas que, dissonantes, simbolizam o desencontro de dois amantes em um triste fim de relacionamento. A letra reforça esta ideia: "Então vá, e pare de me escutar/Pare de me escutar/ E não me peça o que falar, ou para julgar a vida dessa forma/ Quando a minha está em desordem". Com uma sutil bateria e direito a arranjo de cordas do maestro Harry Robinson, tem no vocal de Tracey seu maior trunfo. E quando sentimento sai deste canto! Igual sensação deixa "Disenchanted", que encerra o disco. Somente ao violão e acompanhamento de um sensual saxofone, nela Tracey fica livre para dar um show de interpretação, fazendo lembrar grandes cantoras de baladas da história - olha aí de novo minhas hipérboles! - como Sarah Vaughan, Barbra Streisand e Elis Regina.

Radares da música pop de seu tempo, a dupla Tracey e Watt não parou em "Amplified..." e seguiu cumprindo se papel simbólico. Durante a gravação de “Amplified Heart”, Thorn e Watt escreveram letras e músicas para duas faixas do segundo álbum dos conterrâneos Massive Attack, que representam o que há de mais hype na música dos anos 90. Thorn faz os vocais em ambas as faixas, sendo uma delas o single "Protection", uma obra-prima que alcançou a posição 14 no top 40 e colocou o disco entre os 4 mais vendidos do Reino Unido. Pela EBTG, vieram na sequência ótimos discos: o assumidamente clubber “Walking Wounded”, de 1998, e o experimental “Temperamental”, de 1999, onde efetivam a incorporação de estilos como o trip hop, o drum'n'bass e a dance music. Sempre assumindo a função de totens das referências e tendências estético-sonoras, a banda pode por este aspecto ser considerada, sim, a grande banda pop em atividade, seja por sua atuação protagonista como pela de resguardo do legado do que Beatles, Bowie, Grace, Prince, Nile e diversos outros deixaram. A EBTG atingiu o ápice da música pop? Claro, que não. Exagero meu. Mas enquanto os estou ouvindo meu coração se amplifica e tem a clara certeza disso.

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FAIXAS:
1. "Rollercoaster" (Ben Watt) - 3:14
2. "Troubled Mind" (Tracey Thorn/Watt) - 3:34
3. "I Don't Understand Anything" (Thorn) - 4:25
4. "Walking to You" (Thorn/Watt) - 3:30
5. "Get Me" (Watt) - 3:34
6. "Missing" (Thorn/Watt) - 4:06
7. "Two Star" (Watt) - 4:06
8. "We Walk the Same Line" (Thorn) - 4:00
9. "25 December" (Watt) - 4:04
10. "Disenchanted" (Thorn/Watt) - 2:03
Faixa bônus
11. "Missing" (Todd Terry Club Mix) - 4.07


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OUÇA O DISCO:


Daniel Rodrigues


quinta-feira, 5 de janeiro de 2023

Dossiê ÁLBUNS FUNDAMENTAIS 2022

 



O nigeriano Fela Kuti foi um dos destaques do ano
nos nossos Álbuns Fundamentais
Como fazemos todos os anos, recapitulamos e elencamos os discos que tiveram a honra de entrar para nossa seleta lista de ÁLBUNS FUNDAMENTAIS. Não tem disputa, não tem ranking mas a gente sempre gosta de saber que artista tem mais obras indicadas, qual o país tem mais discos lembrados, que ano marcou mais com discos inesquecíveis e essas coisas assim. Sendo assim, levantamos esses números e publicamos aqui, até para nossa própria curiosidade.
No campo internacional, os Beatles ampliaram sua vantagem na liderança entre artistas, embora, entre os países, seja os Estados Unidos quem lideram com folga. Destaque na 'disputa' internacional para o primeiro nigeriano na lista, Fela Kuti, que aumenta o número de representantes africanos, ainda tímido, nos ÁLBUNS FUNDAMENTAIS. O Brasil segue na segunda colocação, mesmo com a reação dos ingleses que não colocaram nenhum álbum em 2021 mas voltaram a ter destacados grandes discos em 22. Só que com três craques da música brasileira, Gil, Caetano, Paulinho e Milton, fazendo oitenta anos em 2022, ficou impossível não destacar discos deles e abrir vantagem novamente sobre os ingleses. A propósito, Milton Nascimento que, de início não tinha nenhum, depois colocou o "Clube da Esquina", com Lô Borges, depois a parceria com Criolo e agora, com os dois que emplacou nesse ano que marcou seus oitentinha, já desponta com destaque na lista nacional. Contudo, ele não era o único a completar oito décadas e Caetano Veloso, garantindo mais um na nossa lista de grandes discos, continua na liderança nacional.
Em 2022, o ano que mais teve discos na nossa lista foi o de 1992, embora a década de 80 tenha colocado 8 na lista, mas ainda não o suficiente para ultrapassar a de 70 que ainda é a que lidera nesse âmbito.

Vamos, então, aos números que é o que interessa.

Confira aí abaixo como ficou a situação dos ÁLBUNS FUNDAMENTAIS depois da temporada 2022:


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  • The Beatles: 7 álbuns
  • Wayne Shorter: 5 álbuns ***
  • David Bowie, Kraftwerk, Rolling Sones, Pink Floyd, Miles Davis e Wayne Shorter: 5 álbuns cada
  • John Cale* **
  • Talking Heads, The Who, Smiths, Led Zeppelin, Bob Dylan, John Coltrane e Lee Morgan: 4 álbuns cada
  • Stevie Wonder, Cure, Van Morrison, R.E.M., Sonic Youth, Kinks, Iron Maiden ,Lou Reed** e Herbie Hancock***: 3 álbuns cada
  • Björk, Beach Boys, Cocteau Twins, Cream, Deep Purple, The Doors, Echo and The Bunnymen, Elvis Presley, Elton John, Queen, Creedence Clarwater Revival, Janis Joplin, Johnny Cash, Joy Division, Madonna, Massive Attack, Morrissey, Muddy Waters, Neil Young and The Crazy Horse, New Order, Nivana, Nine Inch Nails, PIL, Prince, Prodigy, Public Enemy, Ramones, Siouxsie and The Banshees, The Stooges, U2, Pixies, Dead Kennedy's, Velvet Underground, Metallica, Dexter Gordon, Philip Glass, PJ harvey, Rage Against Machine, Body Count, Suzanne Vega, Beatie Boys, Faith No More, McCoy Tyner, Vince Guaraldi, Grant Green e Brian Eno* : todos com 2 álbuns
*contando com o álbum  Brian Eno e John Cale , ¨Wrong Way Out"

**contando com o álbum Lou Reed e John Cale,  "Songs for Drella"

*** contando o álbum "Five Star', do V.S.O.P.



PLACAR POR ARTISTA (NACIONAL)

  • Caetano Veloso: 7 álbuns*
  • Gilberto Gil: * **: 6 álbuns
  • Jorge Ben: 5 álbuns **
  • Tim Maia, Legião Urbana, Chico Buarque e Milton Nascimento +#: 4 álbuns
  • Gal Costa, Titãs,  Paulinho da Viola, Engenheiros do Hawaii e João Gilberto*  ****: 3 álbuns cada
  • Baden Powell***, João Bosco, Lobão, Novos Baianos, Paralamas do Sucesso, Ratos de Porão, Roberto Carlos, Criolo + e Sepultura : todos com 2 álbuns 


*contando com o álbum "Brasil", com João Gilberto, Maria Bethânia e Gilberto Gil

**contando o álbum Gilberto Gil e Jorge Ben, "Gil e Jorge"

*** contando o álbum Baden Powell e Vinícius de Moraes, "Afro-sambas"

**** contando o álbum Stan Getz e João Gilberto, "Getz/Gilberto"

+ contando com os álbuns Milton Nascimento e Criolo, "Existe Amor" 
# contando com o álbum Milton Nascimento e Lô Borges, "Clube da Esquina"



PLACAR POR DÉCADA

  • anos 20: 2
  • anos 30: 3
  • anos 40: -
  • anos 50: 120
  • anos 60: 97
  • anos 70: 145
  • anos 80: 124
  • anos 90: 96
  • anos 2000: 14
  • anos 2010: 16
  • anos 2020: 2


*séc. XIX: 2
*séc. XVIII: 1


PLACAR POR ANO

  • 1986: 22 álbuns
  • 1977: 19 álbuns
  • 1969, 1972, 1976, 1985, 1992: 17 álbuns
  • 1967, 1968, 1971, 1973 e 1979: 16 álbuns cada
  • 1970 e 1991: 15 álbuns cada
  • 1965, 1975, 1980 e 1991: 14 álbuns
  • 1987 e 1988: 13 álbuns
  • 1989 e 1994: 12 álbuns cada
  • 1964, 1966 e 1990: 11 álbuns cada
  • 1978 e 1983: 10 álbuns



PLACAR POR NACIONALIDADE*

  • Estados Unidos: 201 obras de artistas*
  • Brasil: 145 obras
  • Inglaterra: 118 obras
  • Alemanha: 9 obras
  • Irlanda: 6 obras
  • Canadá: 4 obras
  • Escócia: 4 obras
  • Islândia, País de Gales: 3 obras
  • México, Austrália e Jamaica: 2 cada
  • Japão, Itália, Hungria, Suíça, França, Bélgica, Rússia, Angola, Nigéria e São Cristóvão e Névis: 1 cada

*artista oriundo daquele país
(em caso de parcerias de artistas de países diferentes, conta um para cada)

quinta-feira, 27 de janeiro de 2022

30 grandes músicas dos anos 80 (não necessariamente as melhores)

Os irlandeses da U2, no topo da lista, em foto de
Anton Corbjin da época de "Bad"
Sabe aquela música de um artista pop que você escuta e se assombra? E o assombro ainda só aumenta a cada nova audição? “Caramba, que som é esse?!”, você se diz. Pois bem: todas as décadas do rock – principalmente a partir dos anos 60, quando as variações melódico-harmônicas se multiplicaram na reelaboração do rock seminal de Chuck Berry, Little Richard e contemporâneos – são repletas de músicas assim: clássicos imediatos. Mas por uma questão de autorreconhecimento, aquelas produzidas nos anos 80 me chamam bastante a atenção. É desta década que mais facilmente consigo enumerar obras desta característica, as que deixam o ouvinte boquiaberto ou, se não tanto, admirado.

Conseguiu entender de que tipo de música estou falando? Creio que talvez precise de maior elucidação. Bem, vamos pela didática das duas maiores bandas rock de todos os tempos: sabe “You Can´t Always Get What You Want”, dos Rolling Stones, ou “A Day in the Life”, dos Beatles? É esta espécie a que me refiro: podem não ser necessariamente as músicas mais consagradas de seus artistas, nem grandes hits, mas são, inegavelmente, temas grandiosos, emocionantes, que elevam. Você pode dizer: “mas têm outras músicas de Stones ou Beatles que também emocionam, também são grandes, também provocam elevação”. Sim, concordo. Porém, estas, além de terem essa característica, parecem conter em sua gênese a ideia de uma “grande obra”. Dá pra imaginar Jagger e Richards ou Lennon e McCartney – pra ficar no exemplo da tabelinha Beatles/Stones – dizendo-se um para o outro quando compunham igual Aldo, O Apache em "Bastardos Inglórios": “Olha, acho que fizemos nossa obra-prima!”

Quer mais exemplos? “Lola”, da The Kinks; “Heroin”, da Velvet Underground; “Marquee Moon”, da Television; "We Are Not Helpless", do Stephen Stills; "Kashmir", da Led Zeppelin. Sacou? Todas elas têm uma integridade especial, uma alma mágica, algo de circunspectas, quase que um selo de "clássica". 

Pois bem: para ficar claro de vez, selecionamos, mais ou menos em ordem de preferência/relevância, as 30 músicas do pop-rock internacional dos anos 80 as quais reconhecemos esse caráter. Para modo de poder abarcar o maior número de artistas, achamos por bem não os repeti, contemplando uma música de cada - embora alguns, evidentemente, merecessem mais do que apenas uma única indicada, como The Cure, U2 e The Smiths. Haverá as que são mais conhecidas ou mais obscuras; as que, justamente por conterem certo tom épico, se estendem mais que o normal e fogem do padrão de tempo de uma "música de trabalho"; artistas de maior sucesso e outros de menor alcance popular; músicas que inspiraram outros artistas e outras que, simplesmente, são belas. 

E desculpe aos fãs, mas, claro, muita gente ficou de fora, inclusive figurões que emplacaram superbem nos anos 80, como Michael Jackson, Elton John, Bruce Springsteen e Queen. Até coisas que adoraria incluir não couberam, como “Hollow Hills”, da Bauhaus, “Hymn (for America)”, da The Mission, "51st State", da New Model Army, "Time Ater Time", da Cyndi Lauper, "Byko", do Peter Gabriel, "Up the Beach", da Jane's Addiction, "Pandora", da Cocteau Twins, "I Wanna Be Adored", da Stone Roses... Mas não se ofendam: tendo em vista a despretensão dessa listagem, a ideia é mais propositiva do que definidora. Mas uma coisa une todos eles: criaram ao menos uma música diferenciada, daquelas que, quando se ouve, são admiradas de pronto. Aquelas músicas que se diz: “cara, que musicão! Respeitei”. 


1 – “Bad” - U2 ("The Unforgatable Fire", 1984) OUÇA
2 – “Alive and Kicking” - Simple Minds (Single "Alive and Kickin'", 1985) OUÇA
3 –
Capa do compacto de
"How...", dos Smiths
“How Soon is Now?”
- The Smiths 
("Hatful of Hollow", 1984) OUÇA








4 – “Nocturnal Me” - Echo & The Bunnymen ("Ocean Rain", 1984) OUÇA
5 – “A Forest” - The Cure ("Seventeen Seconds", 1980) OUÇA
6 – “World Leader Pretend” - R.E.M. ("Green", 1988) OUÇA
7 – “Ashes to Ashes” - David Bowie ("Scary Monsters (and Super Creeps)", 1980) OUÇA
8 – “Vienna” - Ultravox ("Vienna", 1980)

Videoclipe de "Vienna", da Ultarvox, tão 
clássico quanto a música


9 – “Road to Nowhere” - Talking Heads ("Little Creatures", 1985) OUÇA
10 – “All Day Long” - New Order ("Brotherhood", 1986) OUÇA
11  “Armageddon Days Are Here (Again)” - The The ("Mind Bomb", 1989) OUÇA
12 – “The Cross” - Prince ("Sign' O' the Times", 1986) OUÇA
13 – “Live to Tell” - Madonna ("True Blue", 1986) OUÇA

Madonna estilo diva, no clipe de "Live..."

14 – “Hunting High and Low” - A-Ha ("Hunting High and Low", 1985) OUÇA
15 – “Save a Prayer” - Duran Duran ("Rio", 1982) OUÇA
16 – “Hey!” - Pixies ("Doolitle", 1989) OUÇA
17 – “Libertango (I've Seen That Face Before) - Grace Jones ("Nightclubbing", 1981) OUÇA
18 – “Black Angel” - The Cult ("Love", 1985) OUÇA
19 – “Children of Revolution” - Violent Fammes ("The Blind Leading the Naked", 1986) OUÇA
Os pouco afamados
Alternative Radio
emplacam a fantástica
"Valley..."
20 – “Valley of Evergreen” - Alternative Radio 
("First Night", 1984) OUÇA









21  “USA” - The Pogues ("Peace and Love'", 1989) OUÇA
22  “Decades” - Joy Division ("Closer", 1980) OUÇA
23 – “Easy” - Public Image Ltd. ("Album", 1986) OUÇA
24  “Teen Age Riot” - Sonic Youth ("Daydream Nation", 1988) OUÇA
25 – “One” - Metallica ("...And Justice for All", 1988) OUÇA
26 – “Little 15” - Depeche Mode ("Music for the Masses", 1987) OUÇA
27 – "Never Tear Us Apart" - INXS ("Kick", 1987)

Hits também têm seu lugar: 
"Never Tear Us Apart", da INXS


28 – “Lands End” - Siouxsie & The Banshees ("Tinderbox", 1986) OUÇA
29 – “US 80's–90's” - The Fall ("Bend Sinister", 1986) OUÇA
30 – “Brothers in Arms” Dire Straits ("Brothers in Arms", 1985) OUÇA


Daniel Rodrigues