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quinta-feira, 11 de agosto de 2022

Som Imaginário - Blues Jazz Brasil Festival - Parque da Redenção - Porto Alegre/RS (30/07/2022)

 

Tudo que é programação cultural neste pós-pandemia tem tido um gosto especial, seja uma ida a um museu, um passeio no parque ou assistir um filme no cinema. Outro tipo de programa que Leocádia e eu vínhamos evitando – embora muita gente por aí já viesse se permitindo – eram os shows. Em maio, vimos Djavan no teatro numa oportunidade única, mas show em local aberto, com multidão e tudo, fazia mais do que o tempo de pandemia que não curtíamos. 

Mas o avanço do controle da Covid somado a uma linda (embora fria) tarde de sol em Porto Alegre nos fez comparecer ao Blues Jazz Brasil Festival, ocorrido no Parque da Redenção no último dia 30. Nos moldes do antigo Festival BB Seguridade, o qual ocorreu com este nome até ano passado e que estivemos em 2016 no mesmo lugar, este evento traz sempre uma programação musical bem interessante, intercalando artistas brasileiros e estrangeiros e em um horário, das 11h às 20h30, bom tanto para quem passeia pelo parque quanto para quem vai conferir os shows ou apenas algo específico. Foi o nosso caso. Embora tenhamos dado uma passeada no famoso Brick da Redenção, feira de rua que ocorre tradicionalmente numa das avenidas que ladeiam o parque, nossa intenção maior no festival era mesmo assistir à lendária Som Imaginário, a banda mineira que, além de ser a mais célebre de apoio de Milton Nascimento mas também de Gal CostaErasmo Carlos e outros, tem um trabalho autoral digno dos maiores da discografia instrumental brasileira. Banda que tem como cabeça o mestre Wagner Tiso e que teve ninguém menos que Zé Rodrix, Tavito, Naná Vasconcelos e Laudir de Oliveira na formação! 

Com Tiso ao piano; Luiz Alves, no baixo; Nivaldo Ornelas, nos saxofones; Robertinho Silva, na bateria; e o inglês radicado no Brasil David Chew, no violoncelo, a Som Imaginário trouxe uma hora de apresentação à altura de sua lenda. A inequívoca química de música clássica, com jazz, rock progressivo e música brasileira, uma das mais originais de toda a MPB. Eles começaram o show com a música que dá título ao seu memorável álbum de 1973, “Matança do Porco”, um jazz psicodélico e melancólico que, na ausência da guitarra original de Frederiko, ganhou no cello de Chew e no sax barítono os elementos solistas perfeitos. Até o final da música, depois de vários minutos de um crescendo, originalmente executada por uma grande orquestra, encontro no som coeso dos cinco músicos no palco força suficiente. 

A lendária Som Imaginário no palco: Tiso, Robertinho, Chew, Nivaldo e Luiz

Na sequência, outra clássica: “Armina”. Também do repertório de “Matança...”, é talvez o mais célebre tema da Som Imaginário, que traz aquela emocionante melodia valseada de piano de Tiso, que a toca ao piano com uma graça imensurável. Aliás, não apenas ele mas toda a banda, visto que a música está longe de se reduzir a estes acordes. Teve também outras clássicas do repertório da banda; o jazz fusion “A3”, a prog-jazz “Banda da Capital” e o baião-rock “Os Cafezais sem Fim”, do repertório solo de Tiso.

Teve, no entanto, para além do repertório da banda, outras quatro justamente do autor que lhes motivou a formação: ninguém menos que Milton. Tiso & cia. tocaram “Maria Maria”, “Travessia”, “Vera Cruz” e uma arrasadora versão de "Cravo e Canela” como bis para desfechar. 

Afora isso, algumas considerações pertinentes sobre o show e sobre o festival:

1) Embora a folclore em torno do nome de Zé Rodrix ter sido integrante da banda na primeira formação, a Som Imaginário foi, sim, melhor sem ele. Seus naturais carisma e liderança prevaleceram nos dois primeiros discos da banda, que definiu de fato seu som depois de sua saída, quando deixou de lado a marcante psicodelia e irreverência de Rodrix para assumir a sonoridade instrumental jazzística e erudita sobre as influências roqueiras e folclóricas que marcaria a Som Imaginário. Isso se percebe em “Matança do Porco”, disco ao qual, não à tona, o repertório do show foi baseado.

2) Uma semana antes, a programação do festival havia anunciado o show da “Som Imaginário & Fredera”, ou seja, o guitarrista original da banda, Frederiko. Sem a vinda dele, pelo visto de última hora chamou-se para substituir Chew, cabeça da Rio Cello Ensemble que toca há muitos com Tiso. Seria legal ver Fredera, claro, mas ficou bonita a formação com o instrumento tipicamente clássico.

3) No intervalo do show anterior, antes da Som Imaginário subir ao palco, teve apresentação da deliciosa Orleans Street Jazz Band, que sempre toca no meio da plateia. Gravamos um pedacinho do gracioso número que eles fizeram com sua sonoridade típica do sul norte-americano.

A Orleans Street Jazz Band tocando o clássico "Hello, Dolly"

4) A programação do festival terminaria com o show do célebre Stanley Jordan com Dudu Maia. Embora sejamos fãs do guitarrista norte-americano, este era, além de previsto para algumas horas mais tarde, exatamente o mesmo show que assistimos em 2016. Desta vez, então, deixamos para outra ocasião os "magic touchs" de Jordan.

5) Ainda sobre a Som Imaginário, o público em geral recebeu com a frieza de quem nem tinha noção de quem estava assistindo – se é que estavam assistindo, pois conversando e de costas pro palco a meu ver não se faz possível. Ainda mais considerando a raridade de uma apresentação como aquelas, com a banda praticamente original e reunida apenas esporadicamente. Quiçá reconheciam Tiso, mas parava por aí para a maioria. Isso explica a reação apenas mediana da maioria, que tinha a expressão de: “esses caras devem ser importantes, mas como não quero passar vergonha por não saber, vou vibrar um pouquinho”. 

6) Depois do show, apenas em casa que fomos ver pelas redes sociais que tinha um monte de amigos que também foram ao festival mas que poucos encontramos por lá. Estamos desacostumados com eventos assim. Da próxima vez, vamos estar mais ligados para promover os encontros.

7) Contudo e afora o resto, valeu muito a pena! Maravilhoso voltar aos espetáculos ao vivo.

O clima de alegria da Redenção numa ensolarada e convidativa tarde


Mais da Som Imaginário com sua formação quase original


Telões dos dois lados do palco também ajudavam a ver o show


À nossa frente, os mais atentos ao show como nós


Quanto sol! Nós curtindo o Blues Jazz Festival: de volta aos show, finalmente!


Daniel Rodrigues

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2020

Grant Green - "Green Street" (1961)



“A qualidade e a quantidade de novos talentos que surgiram no jazz moderno nos últimos anos colocaram muitos dos críticos em uma situação curiosa. O empilhamento de superlativo em cima de superlativo acabou por construir uma montanha perigosamente precipitada. Depois de terem saudado a novidade mais brilhante e a mais notável, que palavras você deixa para quando surge um Grant Green?”
Leonard Feather, crítico e autor da "Nova Enciclopédia do Jazz", em texto da contracapa original de "Green Street"

Todo jazzista que se prezasse nos anos 50/60 sabia que o selo Blue Note era um nível maior a ser atingido. Não que outros como Prestige!, Verve, Atlantic, Columbia ou Savoy também não fossem objeto de desejo de músicos da época. Mas a Blue Note era um ápice. Era como se todos esses selos fossem grandes clubes da primeira divisão, mas aquele, comandado por Alfred Lion, era o campeão. Portanto, pertencer ao plantel da Blue Note significava ser um craque ou aspirante a isso. Fora os já consagrados, cuja camiseta já os estava esperando quando contratados, para estar nesse seleto time havia de se provar que merecia vesti-la. O jovem guitarrista Grant Green, passou, em 1961, aos 26 anos, por aquilo que em futebol se chama de “peneira”. Vindo do fraseado alegre e ligeiro do boogie-woogie, ou mostrava serviço nos primeiros lances ou estava fora. Claro que o talentoso Green não decepcionou, abrindo sua trajetória na gravadora marcando um golaço com “Grant's First Stand”, daquele ano.

Porém – e isso é característica dos grandes atacantes – Green era inquieto. Tanto que, naquele mesmo ano, além de gravar outros dois álbuns por selos alternativos ("Green Blues", pela Muse, e "Reaching Out", pela 1201 Music), ainda surpreenderia com outra jogada de mestre: ”Green Street”. Acompanhado por Ben Tucker, no baixo, e Dave Bailey, bateria, ele aproveita o enxuto formato de trio para destrinchar toda sua técnica apurada nos bares de St. Louis, quando foi descoberto por um embasbacado Lou Donaldson. Não à toa a surpresa do saxofonista, haja vista que Green era aprendiz de be-bop através do sopro de Charlie Parker e admirador da leveza cool de outro senhor do sax, Lester Young. “No. 1 Green Street”, que abre o disco de maneira bem didática e metalinguística, mostra um guitarrista dono de seu estilo, que mescla a herança dos mestres do sax com a influência dos “professores” do seu próprio instrumento, Charlie Christian e Jimmy Raney. O que resulta é um blues suingado em que Green desfila sua variada técnica e seus modos, como as repetições cíclicas de extrema perfeição e os paralelismos de acordes.

A sequência à abertura é muito bem articulada com um clássico: “'Round About Midnight”. Se já é difícil estragar este standard de Thelonious Monk, dá pra imaginar o que esta vira nas mãos abençoadas de Grant Green. Ele imprime groove ao sentimental tema, não sem, claro, dedilhar tanto com os dedos quanto com o coração. Das melhores versões do famoso tema. “Grant's Dimensions”, logo em seguida, assim como o nome sugere, é um hard-bop animado em que o seu autor perscruta os caminhos que o levariam, não longe dali, ao refinamento modal de “Idle Moments” (1963) e “Matador” (1964).

Outra autorreferenciável, “Green With Envy” repete a fineza do fraseado e do toque, limpo e convidativo. Para quem se criou nos barrelhouses do Meio-Oeste, articular os improvisos rápidos e precisos como o desta faixa é moleza. Aliás, corrigindo: Grant Green faz parecer fácil. Tanto ele quanto seus companheiros, como Tucker, que engendra um solo blueser da mais alta qualidade, e Bailey, que também não desperdiça seu momento de brilho, mostrando habilidade ao dialogar com a guitarra logo em seguida. As alamedas coloridas do mais cintilante verde chegam ao final com outro emblema do cancioneiro jazzístico transformado em um eficiente jazz bluesy. “Alone Together” ganha levadas e combinações típicas do saxofone, só que no timbre das cordas de uma guitarra.

Com lugar garantido no escrete da Blue Note, Green, parafraseando a gíria do futebol, era daquelas que jogavam em várias posições. Ele ainda desbravaria muita coisa antes da sua precoce morte em 1979, aos 44 anos, de ataque cardíaco. A infinita capacidade do músico o sabia fazer aproveitar com a mesma fluidez o jazz modal, o latin-jazz e o jazz-funk. E assim como os grandes craques, sofreu influência, mas também influenciou. Mark Knopfler e Stanley Jordan são dois cujo estilo de dedilhado da guitarra não deixa dúvidas de que o espírito de Green passou por aquelas cordas. Coisa de craque, cujos gramados são não apenas o seu campo, mas sua casa. Verdes, onde ele sempre morou.

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FAIXAS:

1. “Green Street” - 07:20
2. “'Round About Midnight” (Bernie Hanighen/Thelonious Monk/Cootie Williams) - 07:03
3. “Grant's Dimensions” - 07:56
4. “Green With Envy” - 09:46
5. “Alone Together” (Howard Dietz/Arthur Schwartz) - 07:12

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OUÇA O DISCO:

Daniel Rodrigues

quarta-feira, 17 de julho de 2019

Música da Cabeça - Programa #119


Já que vamos ficar todos velhos sem gozar da aposentadoria, o negócio é curtir o presente. Que tal, então, começar hoje escutando o Música da Cabeça? Vejam só quantos motivos para aproveitar a vida: Stanley Jordan, Buena Vista Social Club, Kraftwerk, Mundo Livre S/A, Gabriel Yared e outros. Além disso, nossos quadros fixos e um "Sete List" sobre os discos preferidos da música brasileira do "melopédico" Ed Motta. Tudo às 21h na Rádio Elétrica, aquela que nunca envelhece. Produção, apresentação e tempo de serviço: Daniel Rodrigues.


Rádio Elétrica:
http://www.radioeletrica.com/

terça-feira, 12 de fevereiro de 2019

Os filmes favoritos de todos os tempos (segundo os amigos de Facebook)


"Laranja Mecânica", um dos mais admirados pelos facebookers
Rolam seguidamente aquelas brincadeiras pelas redes sociais convidando as pessoas a escolherem várias coisas de suas preferências, mas nem todas “pegam”. Ou seja, não conseguem mobilizar de fato. O tema “cinema”, entretanto, parece ser capaz de provocar o saudável compartilhamento. Recentemente, a emoção e as memórias afetivas que os filmes despertam foram capazes de envolver vários participantes a cumprirem o seguinte desafio: listar os seus dez filmes favoritos de todos os tempos, um por dia, postando-lhe no Facebook somente uma imagem, sem necessidade de explicação e ainda convidando outra pessoa a cada dia para fazer o mesmo.

O que se viu durante umas duas ou três semanas foi uma gostosa chuva de posts de amigos – e amigos de amigos – a cada filme revelado, a cada imagem descoberta ou não a que obra pertencia, a cada gosto partilhado, a cada surpresa pelo filme escolhido. Esta matéria, assim, traz a listagem de alguns desses facebookers de vários lugares e ocupações, que toparam o desafio de revelar suas preferências cinematográficas e, além disso, a difícil tarefa de escolher APENAS uma dezena. Num mar de filmes marcantes e adorados, selecionar apenas alguns poucos exige esforço. Mas um esforço bom, haja vista que o exercício fez com que se perscrutassem os íntimos à procura daquilo que realmente faz sentido em termos de 7ª Arte. Aqueles filmes que se levaria para uma ilha deserta.

O carisma de Jerry Lewis o fez aparecer mais de uma vez
Uma amostra do resultado desse desafio está aqui. Para tanto, reproduzimos as escolhas, além das de meu irmão e minhas, editores do blog, dos amigos Carolina Costa, Cleiton Echeveste, Diego Marcon, Iris Borges, Leocádia Costa, Pamela Bueno, Paulo Coelho Nunes, Rachel Bins e Simone Hill, que tiveram a persistência de completar o pedido e a quem agradecemos por nos autorizarem a publicação. Entre os títulos, há coincidências, inesperados e outros bem subjetivos. “Fahrenheit 451”, “Laranja Mecânica” e o original de “A Fantástica Fábrica de Chocolate” foram os campeões em menções, com três delas. Surpreenderam títulos como as comédias “Sessão da Tarde” “Bancando a Ama Seca” e “Goonies”, com duas menções, igual a “Alien”, “Billy Elliot”, “O Sacrifício”, “Bohemian Rhapsody”, “Fellini 8 e ½” e “Blade Runner”. Em compensação, títulos consagrados, como “O Poderoso Chefão”, “Touro Indomável”, “Crepúsculo dos Deuses” e “O Bebê de Rosemery”, seguidamente inseridos em listas oficiais dos melhores filmes de todos os tempos, dignificaram suas tradições com uma menção apenas.

Tarantino: destaque entre os diretores
Em nacionalidades, a esmagadora maioria são produções dos Estados Unidos, mas vale destacar a presença dos filmes nacionais: 10 do total de 110. A Europa ficou com 24, a Ásia com 6 e América Latina, sem contar com os brasileiros, apenas 2. Das décadas, a de 80 foi a que mais compreendeu obras, com 23, acompanhada dos 90, com 19. Entre os cineastas, Quentin Tarantino teve mais filmes diferentes lembrados, 3, seguido por Akira Kurosawa, Ridley Scott, Stanley Kubrick, Jean-Pierre Jeunet, Walter Salles Jr., Tim Burton, Ang Lee, Luc Besson, Andrei Tarkowsky, Stephen Daldry, Milos Forman, Steven Spielberg e Sofia Coppola, todos com 2.

Seja um filme visto no Corujão da Globo, o que provocou arrebatamento na tela grande, aquele que se alugou na videolocadora ou mesmo o assistido via streaming. Independe a ocasião ou plataforma. Seleções como estas mostram o quanto as imagens em movimento mexem conosco e como são importantes na construção de nossos imaginários ao longo do tempo.

Por fim, a ordem dos títulos respeita a de postagens de cada pessoa, mas não quer dizer necessariamente que se trate de uma ordem de preferência do mais gostado para o menos. O importante é que todos os títulos citados, na opinião e no sentimento de cada um, estão guardados na retina e no coração.

Daniel Rodrigues


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Carolina Costa
Pedagoga
(Porto Alegre/RS)
1 - Amadeus, de Milos Forman (1988)
2 - Fahrenheit 451, de François Truffaut (1966)
3 - Alien, o 8º Passageiro, de Ridley Scott (1979)
4 - O Quinto Elemento, de Luc Besson (1997)
5 - Corra, Lola, Corra!, de Tom Tykwer (1998)
6 - ET: O Extraterrestre, de Steven Spielberg (1982)
7 - Billy Elliot, de Stephen Daldry (2000)
8 - A Festa de Babette, de Gabriel Axel (1987)
9 - Aquarius, de Cléber Mendonça Filho (2016)
10 - Bohemian Rhapsody, de Bryan Singer (2018)


Clayton Reis
Arquiteto, cartunista e escritor
(Rio de Janeiro/RJ)
1 - Fellini 8 e ½, de Federico Fellini (1963)
2 - Janela Indiscreta, de Alfred Hitchcock (1954)
3 - O Sacrifício, de Andrei Tarkowsky (1986)
4 - Outubro, de Sergei Einsenstein (1927)
5 - A Marca da Maldade, de Orson Welles (1958)
6 - Intolerância, de D. W. Griffith (1916)
7 - Laranja Mecânica, de Stanley Kubrick (1971)
8 - Coração Selvagem, de Alan Parker (1985)
9 - Farenheit 451, de François Truffaut (1966)
10 - Gosto de Cereja,de Abbas Kiarostami (1997)


Cleiton Echeveste
Ator, escritor e dramaturgo
(Rio de Janeiro/RJ)
1 - Minha vida em cor de rosa, de Alain Berliner (1996)
2 - Razão e Sensibilidade, de Ang Lee (1996)
3 - Bancando a Ama Seca, de Frank Tashlin (1958)
4 - A Hora da Estrela, de Suzana Amaral (1985)
5 - O Segredo de Brokeback Mountain, de Ang Lee (1996)
6 - Uma Noite de 12 Anos, de Álvaro Brechner (2018)
7 - Em Nome do Pai, de Jim Sheridan (1993)
8 - A Fantástica Fábrica de Chocolate, de Mel Stuart (1971)
9 - Billy Elliot, de Stephen Daldry (2000)
10 - O Sacrifício, de Andrei Tarkowsky (1986)


Daniel Rodrigues
Jornalista, radialista e escritor
(Porto Alegre/RS)
1 - Bagdad Café, de Percy Adlon (1987)
2 - O Poderoso Chefão, de Francis Ford Coppola (1971)
3 - Fellini 8 e ½, de Federico Fellini (1963)
4 - Os Sete Samurais, de Akira Kurosawa (1954)
5 - Fanny & Alexander, de Ingmar Bergman (1982)
6 - Laranja Mecânica, de Stanley Kubrick (1971)
7 - Farenheit 451, de François Truffaut (1966)
8 - Stalker, de Andrei Tarkowsky (1978)
9 - Touro Indomável, de Martin Scorsese (1980)
10 - O Anjo Exterminador, de Luis Buñuel (1962)


Diego Marcon
Hairdresser, consultor de imagem e empresário
(Buenos Aires/ARG)
1 - A Convenção das Bruxas, de Nicolas Roeg (1990)
2 - Garota, Interrompida, de James Mangold (2000)
3 - Dançando no Escuro, de Lars Von Trier (2000)
4 - Maria Antonieta, de Sofia Coppola (2006)
5 - A Pele que Habito, de Pedro Almodóvar (2011)
6 - As Horas, de Stephen Daldry (2002)
7 - Moulin Rouge, de Baz Luhrmann (2001)
8 - O Estranho que nós Amamos, de Sofia Coppola (2017)
9 - Piaf, Um Hino ao Amor, de Olivier Dahan (2007)
10 - Os Goonies, de Richard Donner (1985)


Iris Borges
Fotógrafa
(Porto Alegre/RS)
1 - Os Goonies, de Richard Donner (1985)
2 - A Fantástica Fábrica de Chocolate, de Mel Stuart (1971)
3 - A Lista de Schindler, de Steven Spielberg (1993)
4 - Pulp Fiction: Tempo de Violência, de Quentin Tarantino (1994)
5 - Kill Bill - Volume 1, de Quentin Tarantino (2003)
6 - Dirty Dancing, de Emile Ardolino (1987)
7 - O Bebê de Rosemery, de Roman Polanski (1969)
8 - Curtindo a Vida Adoidado, de John Hughes (1986)
9 - Flashdance, de Adrian Lyne (1983)
10 - Blade Runner: O Caçador de Androides, de Ridley Soctt (1982)


Leocádia Costa
Publicitária, produtora cultural e fotógrafa
(Porto Alegre/RS)
1 - Barravento, de Glauber Rocha (1961)
2 - A Liberdade é Azul, de Krzysztof Kieslowski (1993)
3 - O Último Imperador, de Bernardo Bertolucci (1988)
4 - A Vida é Bela, de Roberto Begnini (1997)
5 - O Iluminado, de Stanley Kubrick (1979)
6 - Sonhos, de Akira Kurosawa (1990)
7 - Up: Altas Aventuras, de Pete Docter e Bob Peterson (2009)
8 - O Nome da Rosa, de Jean-Jacques Annaud (1986)
9 - Blade Runner: O Caçador de Androides, de Ridley Soctt (1982)
10 - Bohemian Rhapsody, de Bryan Singer (2018)


Pamela Bueno
Historiadora e estudante de Sociologia
(Canoas/RS)
1 - Laranja Mecânica, de Stanley Kubrick (1971)
2 - O Fabuloso Destino de Amélie Poulain, de Jean-Pierre Jeunet (2002) 
3 - Adeus Lênin!, de Wolfgang Becker (2003)
4 - O que é Isso, Companheiro?, de Bruno Barreto (1997)
5 - Carandiru, de Hector Babenco (2003)
6 - A Fantástica Fábrica de Chocolate, de Mel Stuart (1971)
7 - Central do Brasil, de Walter Salles (1998)
8 - Os Fantasmas se Divertem, de Tim Burton (1987)
9 - Edward Mãos de Tesoura, de Tim Burton (1991)
10 - Que Horas Ela Volta?, de Ana Muylaert (2015)


Paulo Coelho Nunes
Agente publicitário, continuísta, editor e roteirista
(Goiânia/GO)
1 - Cães de Aluguel, de Quentin Tarantino (1992)
2 - Easy Rider, de Dennis Hooper (1969)
3 - Betty Blue, de Jean-Jacques Beineix (1985)
4 - Crepúsculo dos Deuses, de Billy Wilder (1950)
5 - Ladrão de Sonhos, de Marc Caro e Jean-Pierre Jeunet (1993)
6 - Terra Estrangeira, de Walter Salles Jr. e Daniela Thomas (1995)
7 - Amor à Flor da Pele, de Wong Kar-Wai (2000)
8 - Retratos da Vida, de Claude Lelouch (1981)
9 - Dolls, de Takeshi Kitano (2002)
10 - Traídos pelo Desejo, de Neil Jordan (1993)


Rachel Bins
Estudante de Biblioteconomia
(Porto Alegre/RS)
1 - Brilho Eterno de Uma Mente sem Lembranças, de Michel Gondry (2004)
2 - O Castelo Animado, de Hayao Miyazaki (2005)
3 - Lilo e Stitch, de Chris Sanders e Dean DeBlois (2002) 
4 - O Cemitério Maldito, de Mary Lambert (1989)
5 - O Segredo da Cabana, de Drew Goddard (2012)
6 - Alien, o 8º Passageiro, de Ridley Scott (1979)
7 - Legalmente Loira, de Robert Luketic (2001)
8 - Casa Comigo?, de Anand Tucker (2010)
9 - O Auto da Compadecida, de Guel Arraes (1998)
10 - Cats, de Tom Hooper (2019)




Simone Hill

Coralista e estudante de Música
(Porto Alegre/RS)
1 - Loucos de Paixão, de Luis Mandoki (1990)
2 - Desafio no Bronx, de Robert De Niro (1993)
3 - Amigas para Sempre, de Garry Marshall (1988)
4 - Luzes da Cidade, de Charles Chaplin (1931)
5 - Verdes Anos, de Carlos Gerbase e Giba Assis Brasil (1984)
6 - Desejos Proibidos, de Max Ophüls (1963)
7 - O Profissional, de Luc Besson (1994)
8 - Grease: Nos Tempos da Brilhantina, de Randal Kleiser (1978)
9 - Bancando a Ama Seca, de Frank Tashlin (1958)
10 - Hair, de Milos Forman (1979)

segunda-feira, 17 de outubro de 2016

Stanley Jordan & Dudu Lima Trio - 2º Festival BB Seguridade de Blues e Jazz – Parque da Redenção – Porto Alegre/RS (08/10/2016)



Jordan acompanhado da Dudu Lima Trio.
A estabilidade que a primavera traz ao tempo reservou um dia ensolarado no parque da Redenção para receber o 2º Festival BB Seguridade de Blues e Jazz. Após passar por São Paulo, Recife e Brasília, este interessante festival reuniu nomes nacionais e internacionais em torno de ambos os gêneros, como Hamilton de Holanda, João Maldonado Trio, O Bando, Maria Gadú e a Orleans Street Jazz Band. Estima-se que 32 mil pessoas estiveram no parque curtindo o dia com a família e os amigos. Entre estes, Leocádia e eu.
Como não dava pra passar o dia, fomos no horário que pegaríamos os dois shows que mais nos interessavam: o da banda carioca Blues Etílicos e, em seguida, do guitarrista norte-americano Stanley Jordan. Se bem que, quando apontamos no parque, ainda dava pra ouvir, mesmo que de longe, Hamilton de Holanda detonando seu bandolim. Quando nos acomodamos, já no intervalo entre uma apresentação e outra, aparecem os paulistas da Orleans Street Jazz Band tocando no meio da galera. Alto astral aquele som de jazz do sul norte-americano, com direito a tuba, trompete, trombone, sax, banjo e percussão. As melhores das boas-vindas.

Orleans Street Jazz Band no 2º Festival BB Seguridade de Blues e Jazz

Logo em seguida veio a Blues Etílicos. Embora as letras deixem a desejar, a sonoridade é do mais poderoso e original blues eletrificado. Destaque para o guitarrista Otávio Rocha e seus slides impiedosos. É ele quem segura o som de um berimbau extraído da própria guitarra na música “Dente de Ouro”, misto de baião e blues, a melhor da apresentação. Também teve participação do blueseiro gaúcho Solon Fishbone em “Puro Malte”, noutro momento muito legal em que três guitarras se somaram.
Foi então a vez de Stanley Jordan subir ao palco. Ele, que havíamos perdido de ver quando do Canoas Jazz Festival, em 2014, deu um show curto mas delicioso. Isso que o tal Dudu Lima quase pôs água no chope! O músico mineiro, baixista e líder do trio que apoiou Jordan, começou o show tocando a “Suíte BItuca”, versão jazz fusion para “Fé Cega, Faca Amolada”, de Milton Nascimento e Fernando Brant, com incursões de outras melodias, como a de “Raça”, também de Milton, e “Asa Branca”, clássico de Luiz Gonzaga. Até aí, tudo bem. Acontece que quando Jordan entra definitivamente para tocarem a primeira juntos, “Clube da Esquina nº 2”, outra de Milton, esta parceria com Lô Borges. A beleza da interpretação passa a ganhar tons de exagero por parte de Dudu Lima, que se perde, sai do compasso e inventa improvisos mais ruidosos do que melódicos.
Pensamos: “Tudo bem, vai ver que estão esquentando ainda”. Veio, então, o tema seguinte, “Regina” de autoria d Dudu. Estavam os dois ali, tocando juntos quando, no meio da execução, o autor, decerto por achar a autoria motivo para tal, desce do palco para tocar no meio do público (!). Não que não possa fazer isso, mas no SEGUNDO número? E justo ele, o coadjuvante do show? Totalmente despropositado. Jordan, na sua simplicidade, ficou no palco fazendo base para o exibido lá embaixo. O bom foi que, a partir dali, tudo se rearrumou. O mestre Jordan permanece no palco para, sozinho agora, mandar ver duas suítes solo impressionantes. Uma delas é a originalmente linda “Eleanor Rigby”, clássico dos Beatles presente no terceiro álbum de Jordan, o memorável “Magic Touch”, de 1985. Um desbunde. Ele aproveita as linhas vocais, do cello e dos violinos da original de 1966 para fazer o mesmo, só que apenas na guitarra. Usando sempre das duas mãos, as quais tocam geralmente ao mesmo tempo, o característico tapping – técnica que evoluiu com ele –, a exuberante forma de Jordan tocar comove e impressiona.
A banda volta ao palco, agora trocando seu bom baterista Leandro Scio por um verdadeiro craque: o mestre Ivan Conti “Mamão”, integrante da lendária banda de jazz-soul brasileira Azymuth. Não tinha como dar errado, e até Dudu Lima, agora mais contido, passou a contribuir com seu competente baixo elétrico. Uma linda execução de “Partido Alto”, faixa do disco da Azymuth "Light As A Feather", de 1979. Mamão, com sua experiência e suingue, dá outra atmosfera para a sonoridade, um ganho que faz com que toda a banda cresça e Jordan, por sua vez, conseguisse desenvolver ainda mais sua habilidade como solista.
A formação com Mamão arrepiou em outro jazz fusion estonteante, com variações de ritmo, agilidade e performance de todos, claro, principalmente de Jordan. É o guitarrista que puxa, enfim, novamente acompanhado do trio do começo, o número final, que o público reconhece já nos primeiros acordes. É “Stairway to Heaven”, o clássico hard-rock da Led Zeppelin. Como fizera com a canção de Lennon e McCartney, nesta Jordan utiliza todas as possibilidades harmônicas criadas pelo riff de Jimmy Page, ora valendo-se da suavidade do dedilhado, ora transformando a guitarra em piano, ora roncando em palhetadas. Até sons de bandolim e viola é possível ouvir da guitarra de Jordan. Um final digno de um show que valeu a pena aguardar esses dois anos para assistir.

vídeo de “Stairway to Heaven” por Stanley Jordan e Dudu Lima Trio



Céu azul e muita gente na Redenção.

A  Orleans Street Jazz Band toca no meio do público.

A inusitada percussão da OSJB.

A Blues Etílicos mandando ver no blues eletrificado.

No telão, Jordan e Dudu solando.

Galera aproveitando o gramado e a sombra das árvores.

Olha quem veio assitir ao festival.




por Daniel Rodrigues

quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

Velha Guarda da Portela – Parque da Redenção – Porto Alegre/RS (28/11/2014)




A Velha Guarda no palco da Redenção
(foto; Tita Strapazzon)
Corri pra ver, pra ver quem era/
Chegando lá era a Portela”.

Como são essas coisas da vida, né? Leocádia e eu não pudemos comparecer ao show do guitarrista Stanley Jordan, no Canoas Jazz Festival, o qual eu mesmo havia anunciado aqui no Clyblog como me sendo imperdível. Porém, um dia antes, tivemos a oportunidade de assistir a outro show de total arrebatamento. Pois mesmo sabendo em cima do laço, fomos. Coincidentemente antecipando a semana em que se comemora o Dia Nacional do Samba (2/12), o mais autêntico dos ritmos brasileiros pôs os dois pés em Porto Alegre. Em celebração aos 80 anos de Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), a Velha Guarda da Portela foi convidada para uma apresentação gratuita no Parque da Redenção. Um verdadeiro espetáculo, histórico na cidade, que me fez lembrar outro memorável ocorrido de 1996, quando o nobre portelense Paulinho da Viola tocou no mesmo local.

Mestre Monarco, aos 80 anos,
comandando o samba
(foto: Tita Strapazzon)
 Comandada pelo mestre Monarco (que também completou indizíveis 80 primaveras em 2014), a Velha Guarda da Portela agitou e emocionou, pondo pra sambar e cantar o grande público que esteve presente naquela noite ao ar livre. Sou apaixonado pelo conjunto desde os anos 90 quando, assistindo a um programa Ensaio, da TV Cultura, os descobri cantando junto com um de seus vários integrantes que já foram, Manacéa (o qual estava presente não só em sons como na pessoa de sua filha, Áurea Maria, uma das três pastoras do grupo). Fiquei tão maravilhado com o que vi que, guri afoito por registrar aquilo que gostava, pus um VHS para gravar o restinho de programa, que já havia começado. Bem fiz. Pude, com isso, conhecer, dentre algumas outras, pérolas como a tocante “Quantas lágrimas” (“Ah, quantas lágrimas eu tenho derramado/ Só em saber que não posso mais/ Reviver o meu passado...”) e o poup-pourriMau Procedimento/ Mulher ingrata/ Nega Danada”, ambas tocadas no show.

Mas foram muito mais que estas. Muito mais. Empolgados com a receptividade do público gaúcho, mandaram ver um show de quase 2 horas e meia, quando executaram não apenas sambas da escola que pertencem, mas de vários outros autores e agremiações, como o Império Serrano Silas de Oliveira, homenageado com “Senhora Tentação” e seu grande sucesso, o samba-enredo “Aquarela Brasileira” (considerada por Monarco como o mais bonito samba já escrito). Todo o público cantou junto de ponta a ponta a canção, que começa com os inconfundíveis versos: “Vejam essa maravilha de cenário/ É um episódio relicário...” Igualmente, a empolgante “É Hoje”, de Didi e Mestrinho, samba-enredo da União da Ilha de 1982, um dos mais célebres da história dos carnavais. Pra arrebatar os amantes do samba, Monarco, com sua voz de barítono e modos elegantes típicos de um monarca do morro, presenteou-nos com “O Sol Nascerá” (“A sorrir eu pretendo levar a vida/ Pois chorando eu via mocidade perdida...”), emblemático samba do gênio mangueirense Cartola. As emoções, no entanto, ainda não terminariam por aí.

Obras da Portela mesmo foi o que não faltou. Paulo da Portela, Chatim, Ventura, Antonio Caetano, Alvaíde, Mijinha, Chico Santana. Os nomes dos poetas e músicos desconhecidos do morro vêm à tona quando a Velha Guarda toca. A começar pelo “abre-alas” “Esta Melodia”, de Jamelão e Babu da Portela, composição híbrida das duas mais tradicionais escolas de samba do Rio, que ficou conhecida na voz de Marisa Monte. Paulo da Portela, fundador, principal compositor e exemplo para toda a geração de sambistas portelenses, foi, obviamente, lembrado mais de uma vez. “Hino Da Velha Guarda Da Portela” dele, foi executada, mas seu nome é mencionado seguidamente, como nas letras de “Corri pra ver” (“Foi mestre Paulo seu fundador/ Nosso poeta e professor”), “Passado de Glória” (“Em Oswaldo Cruz, bem perto de Madureira/ Todos só falavam Paulo Benjamin de Oliveira”) e “De Paulo a Paulinho”, que Monarco (autor também das duas anteriores) fez para homenagear o mestre e seu discípulo, unindo passado e presente: “Antigamente era Paulo da Portela/ Agora é Paulinho da Viola...”
As pastoras Áurea, Neide e Tia Surica, divinas.
(foto: Tita Strapazzon)
Paulinho, aliás, foi igualmente lembrado. “Foi um Rio que Passou em Minha Vida” foi entoada com gosto pela plateia. Candeia, outro dos grandes, também não faltou à festa, num samba cantado por Sérgio Procópio, que comandava o cavaquinho. Ele – atual presidente da Portela e parecido com Candeia, inclusive – relembrou “Dia de Graça”, dos clássicos do compositor, muito bem selecionada no set-list, pois soou extremamente adequada àquele público ligado à universidade e pela ocasião comemorativa à UFRGS. Contando a história de um filho de sambista do morro que consegue chegar à faculdade, a poética letra desfecha assim: “E cante o samba na universidade/ E verás que seu filho será príncipe de verdade/ Aí então jamais tu voltarás ao barracão”. Dele, também teve a parceria com Casquinha “Falsas Juras”, com aquela impressionante escalada vocal das pastoras no refrão: “Não adianta aos meus pés se ajoelhar/ Pode chorar, pode chorar”.

Em meio a tanta beleza, ainda tiveram a filosófica “O Mundo é Assim” (“O mundo passa por mim todos os dias/ Enquanto eu passo pelo mundo uma vez...”), de Alvaíde; “Tudo azul”, de Ventura; a linda “Lenço”, de Chico Santana e Monarco; e “Você me abandonou”, de letra extremamente feminista (“Você me abandonou/ Ô ô, eu não vou chorar/... O castigo que eu vou te dar é o desprezo/ Eu te mato devagar”), mas composta por um homem, Alberto Lonato. De Monarco, simpático e feliz pela ocasião, não faltaram igualmente suas numerosas composições importantes para o repertório do grupo. Além das já citadas, teve dele também “Portela desde que eu nasci” – seu primeiro sucesso, na voz de Martinho da Vila, quando ele, Monarco, ainda era um mero guardador de carros, nos anos 70 –, sua primeira composição, escrita quando tinha 13 anos, e os hits na boca de Zeca Pagodinho: a gostosa “Vai Vadiar” e a iluminada “Coração em Desalinho”, dos mais lindos sambas jê escritos: “Agora uma enorme paixão me devora/ Alegria partiu, foi embora/ Não sei viver sem teu amor/ Sozinho curto a minha dor”.

A comoção não parou por aí. Vieram outros clássicos como “O Amanhã” (“Como será o amanhã/ Responda quem puder...”), clássico samba-enredo, e “Portela na Avenida” (Mauro Duarte e Paulo Cesar Pinheiro), imortalizada por Clara Nunes, que pôs tudo mundo pra sambar e cantar, acendendo a galera, num verdadeiro êxtase: “Salve o samba, salve a santa, salve ela/ Salve o manto azul e branco da Portela/ Desfilando triunfal sobre o altar do carnaval”. Simplistamente um espetáculo.

A delicadeza, a simplicidade, a pureza da poesia destes sambas, unida às engenhosas e límpidas melodias que se situam entre o partido-alto, o sambe-enredo, o samba-de-roda, o batuque, o maxixe. Assim são os sambas que a Velha Guarda da Portela, com o perdão do trocadilho, guarda. Já escrevi sobre isso no meu blog: a Velha Guarda abre um real espaço documental de registro de obras que, não fosse a valorização de apreciadores ilustres – como Paulinho e Marisa, que, em épocas diferentes, motivaram sua existência e manutenção –, perder-se-iam no terreiro de Madureira num pagode qualquer e, talvez, caíssem no esquecimento dos tempos. Ainda bem que não, para o bem de amantes desses sambas como nós que podem, ainda hoje, ser arrebatados como fomos naquela histórica noite na (ou “de”) Redenção.




sábado, 25 de outubro de 2014

Stanley Jordan no 4º Canoas Jazz Festival



Jordn fazendo
seu peculiar "tapping" na guitarra


Fiquei sabendo hoje com alegria da vinda do guitarrista norte-americano Stanley Jordan ao Rio Grande do Sul para a 4ª edição do Canoas Jazz Festival. Promovido pela Prefeitura de Canoas, esse festival vem surpreendendo ano após ano com interessantíssimas programações e atrações internacionais que só se tem chance de ver dentro do evento. Ano passado, por exemplo, tive a oportunidade de ver um show histórico de Ravi Coltrane no Parque Municipal Getúlio Vargas, mas sei também que, em 2012, já havia estado por aqui outro monumento do, Dave Holland. Ou seja, além do Stanley Jordan, o próprio festival é uma atração em si por valorizar o estilo de forma tão consciente e qualificada.
Agora, com Jordan pisando mais uma vez em terras gaúchas, a ideia é não perder, tendo em vista que o músico já tocou diversas vezes por aqui desde os anos 80 e nunca o assisti. Sou fã do seu característico jeito de tocar desde pequeno, desde quando nem sabia que aquilo que ouvia chamava-se jazz. Além disso, ele é um cara envolvido com a arte da música de forma integral e profunda (Jordan é musicoterapeuta, e inclusive irá ministrar uma oficina a crianças carentes com deficiência em uma escola pública de Canoas). Por isso, promete ser um show marcante do autor de discos como “Magic Touch” e “Touch Sensitive”.
O Canoas Jazz tem na sua programação shows nas estações da Trensurb, entre os dias 20 e 27 de novembro, e shows em palco ao ar livre, no Parque Getúlio Vargas, nos dias 28 e 29 de novembro, este, dia em que está previsto show de Stanley Jordan. Vamos aguardar a programação completa, que sai em breve.


por Daniel Rodrigues