Pois é, este ano a grande festa mundial do cinema cai junto com a festa de Momo tão celebrada pelos brasileiros. Para os amantes do cinema as atenções se voltam mesmo para Los Angeles, onde acontece a festa de premiação, no pr´ximo dia 02 de março.
Este ano, na corrida pelo prêmio de melhor filme, ao que parece, "Trapaça" de David Russel e "Gravidade" de Alfonso Cuarón saem na frente no favoritismo, mas 'zebras' como "O Lobo de Wall Street" do oscarizado Martin Scorsese, e o já cultuado "Ela" do doidão Spike Jonze, podem surpreender.
Cate Blanchett parece despontar com uma pequena vantagem sobre suas concorrentes, por seu papel em "Blue Jasmine" e Mathew McConnaughey e Bruce Dern prometem uma disputa acirrada pela estatueta de ator.
Com disputas muito equilibradas, de filmes de muito boa qualidade, a maioria das categorias não tem favoritaços disparados, embora algumas tenham bons indicativos. Mas vamos deixar para descobrir no domingo, não?
Abaixo a lista com os indicados em cada categoria:
Melhor filme Trapaça Capitão Phillips Clube de Compras Dallas Gravidade Ela Nebraska Philomena 12 Anos de Escravidão O Lobo de Wall Street
Melhor diretor David O. Russell - Trapaça Alfonso Cuarón - Gravidade Steve McQueen - 12 Anos de Escravidão Martin Scorsese - O Lobo de Wall Street Alexander Payne - Nebraska
Melhor atriz Cate Blanchett - Blue Jasmine Amy Adams - Trapaça Sandra Bullock - Gravidade Judi Dench - Philomena Meryl Streep - Álbum de Família
Melhor ator Christian Bale - Trapaça Bruce Dern - Nebraska Leonardo DiCaprio - O Lobo de Wall Street Chiwetel Ejiofor - 12 Anos de Escravidão Matthew McConaughey - Clube de Compras Dallas
Melhor ator coadjuvante Barkhad Abdi - Capitão Phillips Bradley Cooper - Trapaça Michael Fassbender - 12 Anos de Escravidão Jonah Hill - O Lobo de Wall Street Jared Leto - Clube de Compras Dallas
Melhor atriz coadjuvante Sally Hawkins - Blue Jasmine Jennifer Lawrence - Trapaça Lupita Nyong'o - 12 Anos de Escravidão Julia Roberts - Álbum de Família June Squibb - Nebraska Melhor canção original "Alone Yet Not Alone" - Alone Yet Not Alone "Happy" - Meu Malvado Favorito 2 "Let it Go" - Frozen - Uma Aventura Congelante "The Moon Song" - Ela "Ordinary Love" - Mandela Melhor roteiro adaptado Antes da Meia-Noite Capitão Phillips Philomena 12 Anos de Escravidão O Lobo de Wall Street Melhor roteiro original Trapaça Blue Jasmine Clube de Compras Dallas Ela Nebraska
Melhor longa de animação Os Croods Meu Malvado Favorito 2 Ernest & Celestine Frozen - Uma Aventura Congelante The Wind Rises
Melhor documentário em longa-metragem The Act of Killing Cutie and the Boxer Dirty Wars The Square 20 Feet From Stardom
Melhor longa estrangeiro The Broken Circle Breakdown A Grande Beleza A Caça The Missing Picture Omar Melhor fotografia O Grande Mestre Gravidade Inside Llewin Davis: Balada de um Homem Comum Nebraska Os Suspeitos
Melhor figurino Trapaça O Grande Mestre O Grande Gatsby The Invisible Woman 12 Anos de Escravidão Melhor documentário em curta-metragem CaveDigger Facing Fear Karama Has No Walls The Lady in Number 6: Music Saved My Life Prison Terminal: The Last Days of Private Jack Hall Melhor montagem Trapaça Capitão Phillips Clube de Compras Dallas Gravidade 12 Anos de Escravidão
Melhor maquiagem e cabelo Clube de Compras Dallas Vovô Sem-Vergonha O Cavaleiro Solitário
Melhor trilha sonora A Menina que Roubava Livros Gravidade Ela Philomena Walt nos Bastidores de Mary Poppins Melhor design de produção Trapaça Gravidade O Grande Gatsby Ela 12 Anos de Escravidão
Melhor animação em curta-metragem Feral Get a Horse! Mr. Hublot Possessions Room on the Broom
Melhor curta-metragem Aquel No Era Yo (That Wasn't Me) Avant Que De Tout Perdre (Just Before Losing Everything) Helium Pitääkö Mun Kaikki Hoitaa? (Do I Have to Take Care of Everything?) The Voorman Problem
Melhor edição de som Até o Fim Capitão Phillips Gravidade O Hobbit - A Desolação de Smaug O Grande Herói
Melhor mixagem de som Capitão Phillips Gravidade O Hobbit - A Desolação de Smaug Inside Llewin Davis: Balada de um Homem Comum O Grande Herói Melhores efeitos visuais Gravidade O Hobbit - A Desolação de Smaug Homem de Ferro 3 O Cavaleiro Solitário Star Trek - Além da Escuridão
Uma das melhores combinações que existem atualmente no cinema
norte-americano chama-se Scorsese/DiCaprio. Um, atrás das câmeras, e o outro, à
frente. Martin Scorsese, o mestre que soube impor à indústria mais do que
elementos narrativos, fílmicos e estilísticos da cena underground, mas, sim, o
seu próprio olhar sensível e afiado sobre a sociedade, o qual acolhe o realístico
e o fantástico. Leonardo DiCaprio, por sua vez, é o grande ator hollywoodiano da
atualidade, capaz de, como os bons da arte de atuar, encarnar os papeis desde
galã até os mais agudos sem parecer ele mesmo de uma atuação para a outra.
Pois “O Lobo de Wall Street” (2013), quinto trabalho em conjunto da
dupla, vai além da estreia da parceria no inconsistente “Gangues de Nova York”
(2002), em que é Daniel Day-Lewis quem cumpre o “fator Robert de Niro” e não DiCaprio;
de “O Aviador” (2004), épico mas de difícil deglutição, já com DiCaprio à
frente; e do brilhante e premiado “Os Infiltrados” (2006), em que o panteão de
astros (Nicholson, Damon, Wahlberg, Sheen) faz com que os holofotes se dividam.
Neste novo longa, porém, a química do trabalho entre os dois está amadurecida e
DiCaprio conduz o filme com total controle num papel de difícil equilíbrio
dramático, pois construído sobre o perfil psicológico preferido de Scorsese
muitas vezes assumido pelo talhado e exemplar de Niro: personalidade obsessiva,
ambiciosa, extravagante e depressiva mas com grande poder de atração.
O filme conta a história do “vida loka” Jordan Belfort (DiCaprio), um
jovem sem orientação dos pais que vai trabalhar como corretor em Wall Street,
onde conhece Mark Hanna (Matthew McConaughey, magnífico nos menos de 10 minutos
em que aparece), de quem recebe ensinamentos de como lidar com dinheiro, o que
acaba levando para toda a vida. A Segunda-Feira Negra, no entanto, faz com que
as bolsas caiam repentinamente e Belfort perca o emprego. Vai trabalhar, assim,
numa corretora de fundo de quintal que lida com papéis baratos. Lá tem a ideia
de montar uma empresa focada neste tipo de negócio, cujas vendas são de valores
mais baixos mas, em compensação, o retorno para o corretor é bem mais
vantajoso. Cria, então, ao lado de Donnie Azoff (companheiro de todas as horas
e carreiras de pó) e de meia dúzia de amigos na mesma vibe de enriquecer, a corretora Stratton Oakmont, uma máquina de produzir
dinheiro que faz com que todos passem a levar uma vida sem limites dedicada ao
prazer, ao sexo e às drogas.
Neste sentido, Belfort se parece com Henry Hill (Ray Liotta) de “Os Bons
Companheiros” ou Jimmy
Doyle (DeNiro) de “New York, New York”, fator este que pode ser a única
crítica possível ao filme. Ao rodar uma nova “cinebiografia sem cortes” depois
de uma fantasia infantil, "A Invenção de Hugo Cabret" (2011), e de um terror
psicológico, "Ilha do Medo" (2010) – seus dois trabalhos anteriores –, Scorsese
estaria repetindo o formato de “Os Bons...”, “Aviador” ou “Touro Indomável”.
Sim, de fato. Mas qual o problema? Além de divertir com suas tiradas e cenas de
humor grotesco (a cena em que DiCaprio cheira cocaína para anular o efeito de
outra droga e reassumir o controle do próprio corpo para salvar o amigo,
fazendo um paralelo com o desenho do Popeye comendo espinafre na televisão, é
digna dessa classificação) e da habitual montagem hábil da mestra Thelma Schoonmaker,
“O Lobo...” é exemplar em atuações, não só do protagonista (Jonah Hill, como
Donnie, merece inquestionavelmente um Oscar de Coadjuvante, o qual concorre), mas
em condução narrativa, ainda mais tratando-se de uma produção de 3 horas, que o
espectador não vê passar tamanha a capacidade de prender-lhe a atenção.
A belíssima Margot Robbie
como Naomi, a esposa de Belfort
Igualmente, o filme presenteia o mundo com a beleza e o talento da australiana Margot Robbie, no
seu primeiro papel de relevância em Hollywood, e com a sempre magnífica trilha sonora
(que contém coisas como Bo Diddley, Ahmad Jamal Trio, Alcatraz, Foo Fighters, Devo e Cypress Hill, sabidamente
resultado do gosto pessoal de Scorsese). Mas, como ressaltado anteriormente, é
a força cênica de DiCaprio que sustenta “O Lobo...”, de quem o diretor consegue
extrair a representação certa daquilo que pretende evidenciar: o sistema
esquizofrênico e superficial da sociedade moderna. Ou melhor, da construção dos
porquês desse sistema, uma vez que a biografia do contraventor Belfort
transcorre da metade dos anos 80 até os dias atuais, acompanhando fatos
históricos como a Black Monday, o avanço tecnológico, a entrada de novas drogas
no mercado, etc. O fato de o protagonista se tornar um respeitado e rico
consultor empresarial (o que, de fato, ocorre, uma vez que a história,
roteirizada por Terence Winter, é baseada na autobiografia do próprio Belfort),
em contraposição à enlouquecida investida no submundo, elemento psicológico
reforçado ao espectador durante todos os minutos antecessores, deixa claro tal
crítica. Quem são essas pessoas públicas a quem estamos endeusando? O que está
por trás dessa imagem que a mídia engendra e tenta vender ao maior número de
pessoas possível? A que caminhos levam a supervalorização do dinheiro e do
prazer físico-carnal? Perguntas que ganham novos pontos de interrogação na
abordagem realística e desmistificada impressa por Scorsese, coisa que ele
alcança novamente e “O Lobo...” assim como faz com maestria desde quando, de
fato, acertou a mão, em “Caminhos Perigosos”, de 1973.
É
satisfatório saber que “O Lobo...” já é a maior bilheteria de Martin Scorsese
em sua carreira, tanto pela torcida pelo filme e a ele, cineasta que sempre
apostou no questionamento da sociedade contemporânea e na ruptura com os
modelos pré-estabelecidos da linguagem cinematográfica (e sem deixar de
reverenciar quem gosta), quanto pelo o que isso representa para o cinema em
dias atuais: a proposição de uma visão mais integrada das coisas, sem excessos
tanto de ideologias yankees imundas
nem de rompimento total com a arte. Nem tanto para blockbuster nem para Dogma 95. Cinema, na sua essência, é saber
contar uma história em audiovisual de uma forma interessante e cativante. Pois
o novo Scorsese/DiCaprio cumpre isso muito bem. Se vai ganhar algum Oscar,
mesmo com o ator principal sendo sério candidato, não se sabe, até porque a
Academia já cometeu muitas barbaridades em nome de ideologias políticas
duvidosas, e uma implicância com alguma ferida que o filme porventura toque não
seria de se estranhar que não leve mesmo alguma estatueta. Mas a torcida é
válida, pois predicados não faltam ao longa.
Um dos maiores realizadores vivos do cinema mundial chega aos 75 anos. Não seria necessariamente motivo de comemoração, afinal, não são poucos cineastas que, longevos, atingiram idades semelhantes nos últimos tempos. Porém, está se falando de Martin Scorsese, o mestre do cinema norte-americano, ao mesmo tempo um de seus principais renovadores e um autor de estilo muito próprio e cativante, que une a cultura pop, visíveis influências escolas de grandes diretores do cinema (Kazan, Kurosawa, Kubrick, Ford, Leone) e apuro técnico muitas vezes inigualável. Pra comemorar os 75 anos de Scorsese, completos no último dia 17, nosso blogger Paulo Moreira escolheu seus 10 filmes preferidos do mestre, cada um com com pequenos comentários:
The fucking best!! Perfeição a cada fotograma. TUDO é bom até a mini-participação do Michael Imperoli dos Sopranos como o cara que servia os drinks dos mafiosos e é morto pelo Joe Pesci na mesa de jogo. Trilha-sonora de luxo!
Scorsese com o elenco de 'Goodfellas'
Como ator em 'Taxi Driver'
2 – TAXI DRIVER(1976)
A paranoia americana e novaiorquina em seu apogeu. Jodie Foster nunca foi melhor do que aqui, assim como De Niro.
3 – CAMINHOS PERIGOSOS("Mean Streets", 1973) Onde o cinema do Scorsese começa a se mostrar. Outra trilha maravilhosa.
4 – DEPOIS DE HORAS ("After Hours", 1985) Kafka em NYC. Precisa dizer mais?? E ainda tem uma cena que tira sarro da minha ídola suprema, Joni Mitchell. Griffin Dunne no maior papel de sua diminuta carreira.
5 – TOURO INDOMÁVEL ("Raging Bull, 1980) Fotografia em P&B pra não chocar com tanto sangue - mal sabia ele que os Sexta-Feiras 13 iriam dar um banho de sangue sem pudor no público. De Niro engorda, emagrece, engorda, emagrece e dá um show. Cathy Moriarty fazendo seu próprio papel de loura platinada entediada. Gostossíssima!!
Com De Niro no ringue-cenário
Outra ponta como ator
6 - O REI DA COMÉDIA ("The King Comedy", 1983) Rupert Pupkin é o fã maluco do Jerry Lewis. De Niro sensacional e a Sandra Bernhardt incrível. Porque esta mulher não deu certo?
7 – CASSINO ("Casino", 1995) "Goodfellas" parte DOIS com a atuação estelar da Sharon Stone fazendo a mais louca das mulheres loucas. De Niro & Pesci se amando e se odiando.
9 – OS INFILTRADOS("The Departed", 2006) Duelo de titãs: DiCaprio & Nicholson mais Martin Sheen, Matt Damon e Mark Wahlberg de troco.
10 – CABO DO MEDO ("Cape Fear", 1991) Lembro quando saiu este filme o Pedro Ernesto - ele mesmo, o "Demóis" - dizia que tinha de trocar o nome pra ME CAGO DE MEDO!! HAHAHAHAH O casting é outra obra: o loucaço Nick Nolte fazendo o papel de bundão; a grande Jessica Lange da esposa mala, a chatinha Juliette Lewis da adolescente putinha e o De Niro, aqui sim como o Diabo, muito melhor do que no chatérrimo "Coração Satânico".
Conversando com De Niro nos bastidores de 'Cabo do Medo'
Deve ter sido delicioso aos que, pelo menos por algum período, puderam acompanhar
just-in-time a filmografia de algum
grande diretor do passado. No caso de Alfred Hitchcock, por exemplo: o mestre
do suspense superava-se a cada produção que lançava, reelaborando às vezes a
mesma ideia ao longo do tempo, desde a fase inglesa (anos 20 e 30), passando
pelos primeiros anos nos Estados Unidos (década de 40) até chegar às
obras-primas definitivas (50 e 60). É perceptível que a confusão no teatro
lotado de “Os 39 Degraus” (1935) se repetira em “Cortina Rasgada” (1962), ou o
mesmo tenha ocorrido com a cena da escada de “Suspeita” (1941) e, depois, na
clássica de “Psicose” (1960), a que Norman Bates mata o detetive. Dois exemplos
de um realizador que soube como poucos reciclar suas próprias ideias e
progredir constantemente.
Dadas as devidas dimensões, os espectadores e cinéfilos de hoje podem gozar
dessa sensação quanto ao cinema de Alejandro González Iñárritu. Ele, que começara em alto nível com a trilogia “Amores
Perros” (2000), “21 Gramas” (2003) e “Babel” (2006), resvalou um pouco no
hiperbólico “Biutiful” (2010) mas logo retomou-se com o labiríntico "Birdman" (2014), Oscar de melhor filme do ano passado. Agora, o cineasta mexicano,
aproveitando com parcimônia elementos de todas as suas realizações anteriores,
avança em estilo e estética e lança o filme que certamente é sua obra-prima até
então: “O Regresso”. Dos favoritos
para levar o mesmo prêmio que “Birdman”, é a produção de mais indicações este
ano, 11 no total, tendo ainda grandes chances à estatueta em Melhor Ator, com Leonardo DiCaprio, e em Direção, com o próprio Iñárritu.
O filme, baseado numa história verídica (sobre o romance de Michael
Punke) situa-se na primeira metade do século XIX e conta a história de Hugh
Glass (DiCaprio), um forasteiro que parte com seu filho para o oeste americano
disposto a ganhar dinheiro caçando. Atacado por um urso na floresta, fica
seriamente ferido e é abandonado à própria sorte por um dos parceiros, John
Fitzgerald (Tom Hardy, digno de Oscar também), o qual ainda mata seu filho.
Entretanto, mesmo com toda adversidade, Glass consegue sobreviver e inicia uma
árdua jornada em busca de vingança. Dado a personagens fortes, o talentoso
DiCaprio, provavelmente o melhor ator de sua geração, se esbalda no papel. É
impressionante vê-lo na pele de Glass nas cenas de solidão desafiando a
natureza opressiva e ainda doente, com dor, fome e dilacerado por dentro pela
brutal perda do filho.
Com a ajuda de um elenco afinado e de uma fotografia acachapante (de Emmanuel
Lubezki, impecável tanto nos grandes planos quanto nos fechados), Iñárritu
compõe um filme extremamente intenso, porém rigoroso. Nada está fora do lugar,
nem mesmo a intensidade. Do roteiro (Iñarritu e Mark L. Smith) ao figurino, da
cenografia à edição de som, da trilha sonora – do mestre Ruiychi Sakamoto – à montagem (Stephen Mirrione). Tudo é muito exato, porém, sem recair no artificial, comum
ao tecnicista cinema norte-americano. Afinal, está se falando de um esteta do
cinema da atualidade. Estão preservados vários elementos estilísticos que já se
tornaram marcas de Iñárritu: sua câmara andante, contemplativa e participativa,
o estreitamento entre civilização e barbárie, o limite entre vida e morte, o
contato com o etéreo e, mais do que tudo, o animalesco instinto de
sobrevivência do bicho homem.
Com esse suco, o diretor cria um western
estilizado em que a carga emocional é permanente, mas muito bem conduzida.
Diferentemente de outros filmes seus, em “O Regresso” Iñárritu, tão louvado
pela linguagem inovadora, vale-se sem embaraço de uma narrativa clássica. E não
poderia ter sido a melhor escolha, pois o enredo se presta a isso. Neste caso,
a estrutura tradicional do cinema preenche o enredo, prescindindo da
dificultação intrínseca à linguagem moderna. Com uma trama em que os
personagens são apresentados de início e partindo de um problema, gera-se uma
“crise” na história que faz com que os caminhos se diluam e se dificultem. Esse
problema de resolução complicada é vencido pouco a pouco pelo personagem
principal, gerando tensão à história, até que este chegue a seu objetivo. Não
muito diferente de milhares de filmes nesta linha, o clímax é uma vingança. A
construção dos personagens também respeita isso: há o herói com mais qualidades
que defeitos e que, embora bruto, é movido por sentimentos genuínos. Em
contrapartida, o vilão é tomado de inveja e maldade, enquanto há aqueles que,
por não penderem nem a um nem a outro, cumprem a função de dar o contrapeso. Como
na vida. Entretanto, até nisso é dado um teor diferenciado. Seguindo a
abordagem realista que permeia toda a história, os índios não são nem os perversos
dos bang-bangs enlatados nem idiotas
indefesos. São, sim, mostrados como a História os deve ver: um bravo povo
dizimado pela gananciosa civilização do homem branco.
É interessante notar a maturidade adquirida por Iñárritu no transcorrer
de sua filmografia. Este começou com três filmes de tramas corais, quase novelas,
bastante alicerçadas no roteiro do conterrâneo Guillermo Arriaga. Em
“Biutiful”, quando tenta emancipar-se do parceiro de escrita, escorrega
principalmente neste quesito, exagerando na dose de dramaticidade. Não repete o
erro e, ainda por cima, realiza o inesperado e ousado “Birdman”, em que
apresenta uma narrativa totalmente contemporânea e igualmente distinta da
utilizada em seus primeiros filmes. Assim, em “O Regresso” Iñárritu pinça com
inteligência feições de todas as suas obras anteriores, porém, sem deixar com
que este perca personalidade. De “Biutiful”, está o aspecto espiritual do
protagonista, que mantém contato constante com a esposa morta e, depois, com o
filho. Até o enquadramento e o conceito fotográfico da tomada da copa de
pinheiros altos com fumaça e cinzar no ar sob a neve é parecida. De “Birdman”,
mesmo sendo o que mais se difere de “O Regresso” entre suas obras, é visível
que a câmera na mão, ligeira mas firme e de ritmo humano, é novamente um
personagem a mais na trama. Da trilogia
inicial, também: no segundo quadrante do filme criam-se quatro histórias
paralelas: Glass tentando voltar; os companheiros já chegados ao forte;
Fitzgerald e um comparsa a caminho; e o grupo de franceses trapaceando os
índios. De “Amores Perros”, em especial, a equiparação bicho x homem é ainda mais clara. Um pouco de cada um dos cinco
anteriores, mas principalmente do próprio “O Regresso”.
A impactante e real cena do ataque do urso.
Outro fator-base da história, também largamente usado no cinema
clássico – mas de fácil ocorrência de erros –, são os elementos da natureza simbolizando
os narrativos. A atmosfera selvagem não é apenas mostrada permanentemente
através da fotografia, inóspita e desafiadora, mas num conceito amplo em que o
homem é apenas mais um componente dentro daquele universo, assim como os animais
e as intensas intempéries. Os sentidos estão todos despertos. Do tato, a
umidade, o frio, o calor, a dor. Da audição, o zumbido do vento, o ofego do
respirar, o estrondo das quedas d’água, os ruídos da mata. Tudo se mistura e se
integra com muita propriedade à edição de som e à trilha sonora, igualmente
inserida com lucidez e sem excessos. Tudo é vivo, o que faz com que tudo seja também
morte. Dessa forma, Iñárritu se utiliza do ambiente natural e dos sentidos não
como adereço, mas numa constante construção dos personagens e da narrativa. Glass,
por exemplo, durante o seu regresso e ainda tentando se recuperar da surra do
urso, põe sobre os ombros uma pele justamente deste grande mamífero, como se
assumisse o papel do bicho. Antes mesmo, quando, muito debilitado, assiste a Fitzgerald
matar seu filho sem poder fazer nada e espuma saliva pela boca, a mesma que o
próprio urso deixa escorrer sobre seu rosto quando o ataca, pois o fazia pelo
mesmo motivo que movia Glass: proteger sua cria. Homem e animal: nenhuma
diferença.
DiCaprio, atuação para Oscar novamente.
Essa cena, aliás, é altamente impactante e merece destaque. Feita com
um urso de verdade, o mais impressionante é que o ator também é de verdade.
Sim, não é um dublê: é o próprio DiCaprio, inteiro dentro do personagem. Mesmo
contracenando com um animal adestrado, ele saiu bem machucado pelo que se tem
notícia. Valeu o esforço. Certamente é das cenas mais célebres dos últimos 20
anos, junto com a chuva de sapos de “Magnólia” ou o acidente no ringue com a
lutadora de “Menina de Ouro”. Daquelas que entra para a seleta lista de cenas
inesquecíveis do cinema mundial. Mas não apenas essa: o filme é uma sucessão de
grandes momentos e sequências, várias daqueles de tirar o espectador da
poltrona, como o ataque indígena do início, a fuga de Glass sobre o cavalo e,
obviamente, o duelo final, cujo requinte da montagem remete ao tempo fílmico de Sergio Leone e John Ford. Chega a ter parecença com o tradicional ritmo de Quentin Tarantino, que o próprio muito se valeu no seu último longa, "Os Oito Odiados", também um western eque guarda-lhe também semelhanças
estéticas. Diferentemente do filme de Tarantino, cujo proveito do máximo das
sequências e dos diálogos o tornam de fato por vezes arrastado, em “O Regresso”,
por conta da conjunção do tom realístico e da estrutura clássica da narrativa,
os tempos de tensão e distensão estão perfeitos. Simbolizam, em última
instância, a luta eterna entre o calor e o frio, entre o fogo e a água, entre o
som e o silêncio, entre o bem e o mal. Entre o espaço e o tempo.
É o próprio tempo que, já fora da tela, poderá aligeirar-se no que
tange a premiar Iñárritu dando-lhe a primazia jamais alcançada por ícones como
William Wyler, Elia Kazan e Billy Wilder: o de levar o Oscar de Diretor em dois
anos seguidos – feito obtido por apenas dois craques desde 1929: John Ford e Joseph
L. Mankiewicz. Ou, contrariamente, o mesmo tempo venha a reconhecer com atraso
DiCaprio, merecedor da estatueta há bastante tempo, seja em filmes que
concorreu (“O Aviador”, “Diamante de Sangue”, "O Lobo de Wall Street") ou não
(“Django Livre”, “J. Edgar”). Além destes, “O Regresso” desponta como favorito
para levar ainda Filme, Ator Coadjuvante, Fotografia e Edição de Som. O
reconhecimento no prêmio Bafta anteviu isso. Afinal, não se trata apenas da
melhor produção de 2016: é, sim, um dos grandes dos últimos 10 ou 15 anos. Pode-se
colocá-lo tranquilamente ao lado de títulos como “A Vida dos Outros”, "Guerra aoTerror" e “Ida”. Daqueles que vem para entrar para a lista dos essenciais do
cinema, porque o tempo (novamente ele) é quem o dignificará para a eternidade.
Ganhe o Oscar ou não.
Assisto Martin Scorsese no cinema há mais de 30 anos. Desde o célebre “Os Bons Companheiros”, em 1990, até hoje, acompanho a filmografia do cineasta nova-iorquino a cada lançamento, tendo perdido assim, na tela grande, talvez apenas uns dois nesse período. Vi desde produções menos empolgantes, como “Vivendo no Limite” e “O Irlandês” até obras-primas como “Os Bons...”, “Cabo do Medo” e “O Lobo de Wall Street”. Agora, em 2023, posso afirmar que presenciei mais uma de suas grandes realizações: “Assassinos da Lua das Flores”. Estrelado pelos dois atores favoritos do diretor, Robert De Niro e Leonardo DiCaprio, reúne pela primeira vez, por incrível que pareça, ambos em um filme sob suas lentes, celebrando o encontro de duas gerações de atores/parceiros da longa carreira.
O filme se passa no ano de 1920, na região norte-americana de Oklahoma, rica em petróleo, onde misteriosos assassinatos acontecem na tribo indígena de Osage. A série de ocorridos violentos desencadeia uma grande investigação envolvendo o recém-criado FBI, que passa a investigar um esquema maquinado pelo ganancioso pecuarista William Hale (De Niro), que convence seu sobrinho Ernest Burkhart (Di Caprio) a se casar com Mollie Kile (Lily Gladstone) para tirar-lhe as preciosas terras.
Llly no papel da rica indígena Mollie: atuação que comanda o filme
O entrosamento do diretor de “Taxi Driver” com a dupla de atores é evidente, e isso é uma das forças do filme, tendo trabalhado com De Niro por 9 ocasiões e com DiCaprio, 6, totalizando 15, quase 60% de toda a filmografia do cineasta. “Assassinos...” é conduzido pelo talento da dupla, porém, assim como já ocorreu com Sharon Stone e Margot Robbie, outra atriz tem um papel primordial na trama, formando com eles um tripé narrativo, que dá especial ação à história: Lily Gladstone, no papel de Mollie. Ela divide as atenções da câmera, não raro atraindo-a para si e, mais que isso, ditando o aspecto emocional da história. Além de bonita, Lily é daquelas figuras, que, sob o olhar de Scorsese, tem o poder de dominar a cena quando filmada, principalmente pela força de sua expressividade e olhar, misto de encantamento, força e fragilidade. Quão simbólica é a sua personagem, uma vez que evoca a importância dos povos originários formadores das Américas tão dizimados pela cultura branca europeia.
Para além das boas atuações (que se estende a todo o elenco), “Assassinos...” é tecnicamente perfeito, como é característico do perfeccionista Scorsese. A Direção de Arte, a cargo de Jordan Crockett, em especial, juntamente com a fotografia, a maquiagem e os figurinos, são impecáveis, creio que dignas de indicação ao Oscar para 2024. A trilha sonora, do amigo e ídolo Robbie Robertson, ex-líder da The Band (a qual Scorsese filmara em 1978 no doc “The Great Waltz”) falecido em agosto, é econômica, mas totalmente assertiva, misturando os sons folk do interior norte-americano, desde o blues de raiz e os spirituals de trabalho a temas indígenas típicos. Na edição, mais uma vez a parceira Thelma Schoonmaker, fazendo chover e contribuindo para que um filme de extensas 3 horas e 26 minutos de rolo não perdesse o ritmo.
A multipremiada dupla De Niro/DiCaprio: ao todo, 15 filmes com Scorsese
Aliás, embora a montagem contribua para a coesão da obra, é indiscutível que o resultado final (seja acertado ou não) se deve em última análise ao diretor. E aí entra Scorsese e sua maestria. Com o aval da indústria cinematográfica para fazer produções no formato que quiser, seja longa, curta, documentário, série ou especial, ele não abre mão de estender-se para contar a história a que se propõe. E o faz isso sem provocar sequer uma “barriga” em todo o decorrer da fita! Atuações, música, arte, edição, foto, tudo contribuiu. Mas nada disso funcionaria não fosse a mão habilidosa do cara que já experimentou diversas formas de fazer filme, mas que busca, mesmo passados dos 80 anos de vida, surpreender o espectador. Contumaz crítico da “tecnologização” exacerbada de Hollywood e suas intermináveis e interdependentes franquias Marvel, Scorsese – embora não desconsidere o uso de efeitos especiais, a se ver por “A Invenção de Hugo Cabret”, de 2011 – vale-se da gramática do cinema para extrair nuances narrativas e técnicas que produzam impacto ao espectador. Isso, sim, é inovação. O uso de imagens de arquivo em P&B antigas com imagens de arquivo ”fake”, por exemplo, embora não novos, é um recurso que funciona muito bem em “Assassinos...”, cabendo-lhe perfeitamente à narrativa.
Foto dos verdadeiros Osage usadas de forma documental no filme
O roteiro, contudo, é responsável por tamanho sucesso. Escrito pelo próprio Scorsese em conjunto com o premiado Eric Roth (Oscar de Roteiro por “Forrest Gump”, em 1994), a história se baseia no best-seller homônimo do escritor David Grann, o roteiro prevê todos os diversos pontos de flexão e inflexão, estabelecendo o ritmo de uma história complexa e rica em detalhes e delineamentos. A própria escolha do tema, aliás, faz parte de um entendimento maior e, em certo aspecto, “alternativo” de Scorsese como cidadão norte-americano. Assim como outro talentoso cineasta contemporâneo seu, Clint Eastwood, Scorsese ama seu país, mas nem por isso (e até por isso) deixa de evidenciar as barbaridades que constituíram sua sociedade. A mesma abordagem crítica de obras como “Cabo do Medo” e “Taxi Driver” se refletem na sua visão revisionista em filmes históricos, casos de “Gangues de Nova York” e “A Época da Inocência”. É preciso trazer a luz a podridão do passado para que os novos tempos corrijam os rumos.
A este aspecto o roteiro também traz méritos no que se refere à construção psicológica das personagens. A obra original favorece, mas dar corpo a personagens tão complexos no audiovisual ganha uma dificuldade diferente, visto que diversas nuances que a escrita absorve, a tela exige que se escancare. A personalidade contraditória de Ernest, por exemplo, ora um marido dedicado, ora um ganancioso induzido pelo tio, é facilmente indutora a erros, por mais talento que Di Caprio tenha.
Misturando drama histórico com faroeste, policial e filme de tribunal, Scorsese consegue forjar um filme rico em referências e qualidades diversas, que o colocam entre os melhores de sua longa filmografia. Se serão justos com o velho Scorsese ao indicá-lo ao Oscar, bem como DiCaprio como ator, Lily para atriz e DeNiro em coadjuvante, ainda é cedo para prever. É comum a Academia fazer “vistas grossas” a grandes realizadores como ele, Steven Spielberg, Spike Lee ou Brian De Palma como que fazendo de conta que eles sejam “premiáveis” por si só - erro que a leva, não raro, a ter que dar apressadamente um prêmio logo após cometerem uma descarada injustiça. Nestes vários anos que acompanho Scorsese seja na tela grande ou na televisão, ele ganhou apenas uma vez o Oscar de Direção pelo não mais que competente “Os Infiltrados”, em 2006, por terem-no esnobado pela superprodução “Gangues...” quatro anos antes. Porém, até o começo de 2024, quando começam a pipocar as previsões dos favoritos à estatueta, ainda tem bastante coisa para rolar e a indústria do cinema é muito programada para este período. Mas que seria justo, seria.
Ainda
hoje tenho certeza que foi o Christopher Walken que matou a atriz
Natalie Wood em 1981. Na fatídica noite, estavam ela, seu marido, o
ator Robert Wagner, e Walken, todos bebendo muito a bordo de um iate.
Após uma discussão entre os dois "amigos", a atriz sumiu
e só foi encontrada horas depois, morta afogada. Naquele ano o caso
foi encerrado e a causa da morte foi diagnosticada como afogamento.
Em 2011, os arquivos foram reabertos e com novas evidências,
hematomas no corpo da atriz levaram a investigação para outros
rumos que poderiam apontar um assassinato. Acusações à parte, o
certo é que Walken sempre me assustou. Aquela sua cara de “American
Psycho” poderia muito bem ter dito a Wagner; "Se você me
dedurar, será o próximo, te acharei no inferno". Eu
entenderia o aviso rapidinho.
Quatro
anos antes ele ganhava o Oscar de melhor ator coadjuvante por "O
Franco Atirador", do Michael Cimino, um filme totalmente
ambientado em diversos contrapontos que vão da loucura, drogas, sexo
etc. Pra ter uma noção do clima do filme, nas cenas de roleta
russa, os atores Robert De Niro, Walken e John Cazale chegaram a usar
balas de verdade para das mais veracidade. Cazale, que já estava com
seus dias contados por um câncer terminal, dizia que nada tinha a
perder. Na minha lista de 50 atores em grandes atuações, Walken
está presente como um símbolo de visceralidade, loucura e medo em
termos de atuação. O ator já fez mais de 100 filmes, clipes e
peças. Na vida real, ele consegue ser um dos únicos seres na terra
o qual eu temeria mesmo. Tenho um certo “amor e ódio” por sua
figura. Mas desejo longa vida ao mr. Walken, e que não saia impune
de seu(s) crime(es), se é que foi ele.
Abaixo,
senhores, minha lista de melhores atores em suas grandes atuações.
Completei com atores das listas que amigos compartilharam comigo e
fiz uma única:
E apesar de "Gravidade", do mexicano Alfonso Cuarón, ter empilhado estatuetas (7 no total), "12 Anos de Escravidão", do britânico Steve McQueen, foi quem levou o prêmio de melhor filme. O que normalmente poderia ser visto como uma incoerência, no caso da premiação deste ano mostrou-se como uma separação de critérios. Parece que a Academia reconheceu o grande trabalho, competência e qualidade de "Gravidade", a ponto de não poder negar que um trabalho tão perfeito tecnicamente merecesse ganhar o premio de direção, mas não se comprometia a ponto de ter que lhe agraciar com o de filme, preferindo para este posto algo mais característico dentro de sua tradição, com um apelo emocional mais forte, mensagens humanísticas, tons épicos e heroicos mais evidentes. Nada contra. A Academia é assim mesmo e muito raramente muda alguma coisa. Conservadorismo que aliás fazia com que qualquer um em juízo perfeito, duvidasse que "Ela", preferido dos 'cabeças', pudesse ganhar o prêmio principal da noite, mas acho que até os cults e cinéfilos mais exigentes e fervorosos, tenham se dado por satisfeitos com o reconhecimento pelo roteiro do filme de Spike Jonze.
No mais, Mathew McConaughey e Cate Blanchet eram páreos corridos para ator e atriz, respectivamente; Lupita Nyong'o não chegou a ser uma surpresa com o Oscar de atriz coadjuvante; Scorsese, depois da vitória com "Os Infiltrados", parece mesmo com um grande trabalho, ter voltado à lista dos renegados, saindo de mãos vazias com seu "O Lobo de Wall Street"; assim como o U2 que continua sem levar seu Oscarzinho pra casa, perdendo dessa vez para a trilha da animação "Frozen".
O lado negativo da festa, na minha opinião, foi a condução surpreendente ruim da apresentadora e comediante Ellen Degeneris, que, costumeiramente inteligente e espirituosa, exceção feita à tirada sobre racismo no início da festa, a brincadeira com as seguidas quedas da bela Jennifer Lawrence, foi um desastre, insistindo em situações desagradáveis, tolas, e desnecessárias. Para fazer a 'muvuca' que ela aprontou na platéia e praticamente não fazer uma observação ou piada inteligente, com certezanão seria necessário uma MC do seu calibre, muito menos ganhando o que ela deve ter levado para conduzir a cerimônia.
Sei que teve quem gostasse: "Quebrou o gelo", "Desfez a frescura", "Aproximou os artistas do público" e blablablá... Particularmente preferiria um mestre de cerimônias mais sagaz, que tivesse aproveitado as situações para compor seus comentários e atuação mas... Mas não foi o mais importante da festa. O importante foram os premiados e aí vão eles: