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quinta-feira, 10 de junho de 2021

Protagonistas coadjuvantes

Michael dando um confere bem de perto no que seu
mestre Stevie Wonder faz em estúdio, nos anos 70
Não é incomum artistas da música que, mesmo sendo astros, têm por hábito participarem de projetos de outros, seja tocando em gravações, shows ou como convidados. George Harrison, por exemplo, muito tocou sua slide guitar em discos dos amigos John Lennon e Ringo Starr. Eric Clapton, igualmente, além da carreira solo e de bandas próprias como Cream e Yardbirds, também emprestou sua guitarra para Beatles, Yoko Ono, Tina Turner, Phil Collins e vários outros. Como eles, diversos: Brian Eno, Robert Wyatt, Flea, Eddie Van Halen ou brasileiros como Herbert Vianna, Gilberto Gil, Frejat e João Donato. Todos comumente contribuem com seus instrumentos e/ou voz na música que não somente a deles próprios.

Há também aqueles que dificilmente se supõe que fariam algo fora de seus trabalhos pelos quais são mais conhecidos. Mas vasculhando com atenção as fichas técnicas dos discos, acha-se. Vez ou outra se encontra um artista que geralmente é visto apenas como protagonista atuando, deliberadamente, como um coadjuvante. E não estamos nos referindo àqueles principiantes que, posteriormente, tornar-se-iam ilustres, caso de Buddy Guy em “Folk Singer”, de Muddy Waters, de 1959, na primeira gravação do jovem Guy, então com 18 anos, com o veterano bluesman, ou Jimi Hendrix nas gravações de 1964 com a Isley Brothers anos antes de transformar-se num ícone do rock.

Aqui, referimo-nos àqueles que, já consagrados, abriram mão de seu status em nome de algo que acreditavam seja para um disco, um projeto, uma música ou um show. São momentos em que se vê verdadeiros mitos descerem de seus altares para, humildemente, colaborarem com a música alheia, seja por admiração, amizade, sentimento de dívida ou o que quer que explique. O fato é que esses “protagonistas coadjuvantes”, mesmo que estejam escondidos ou somente encontráveis nas miúdas letras da ficha técnica, abrilhantam com seus talentos peculiares a obra de outros.


Robert Smith para Siouxsie & The Banshees

Os anos 80 foram de inquietude para Robert Smith, líder da The Cure. Sua banda já era uma das mais celebradas do pós-punk britânico em 1983 quando ele, que havia lançado um ano anos o disco único “Blue Sunshine”, da The Glove, projeto em parceria com Steven Severin, decide dar um tempo com o grupo. Mas para quem estava a pleno naquela época, Bob “descansou carregando pedra”, como diz o ditado. Ele decide fazer parte da Siouxsie & The Banshees, banda coirmã da The Cure, mas estritamente como integrante. Com os vocais e o palco já devidamente preenchidos por Siouxsie, Robert assume as guitarras e une-se a Severin (baixo) e Budgie (bateria) para compor a melhor formação que a Siouxsie & The Banshees já teve. Não deu outra: dois discos, duas pérolas, para muitos os melhores da banda: “Hyenna” e o ao vivo “Nocturne”




Miles Davis
para Cannonball Adderley
Mais do que na música pop, é comum no jazz grandes astros e band leaders tocarem na banda de colegas. Isso não funciona, entretanto, para Miles Davis. O talvez mais exclusivo músico do jazz havia tocado no início da carreira para Sarah Vaughan, mas depois jamais fez nada que não fosse tão-somente seu. Até que, com jeitinho, em 1958, o amigo Cannonball Adderley convida-o para participar das gravações de um disco que ele estava por lançar e no qual teria ainda Art Blakey, na bateria, Hank Jones, no piano, e Sam Jones, no baixo. Uma sessão de gravação apenas, só cinco números, algumas horinhas de estúdio com Rudy Van Gelder na mesa, engenheiro com quem Miles tanto estava acostumado a trabalhar. "Não vai custar nada. Diz, que sim, diz que sim!" Tanto foi, que Miles topou, e saiu "Somethin' Else", aquele que é o disco que antecipa a obra-prima “Kind of Blue”, em que, reassumido o posto de front man, aí é Miles que conta com o parceiro saxofonista na banda. Tudo de volta ao normal.


Paul McCartney para Foo Fighters
É conhecida a versatilidade de Paul McCartney. Multi-instrumentista, ele é capaz de tocar, em apenas um show, vários instrumentos ou gravar um disco inteirinho sozinho sem precisar de mais ninguém no estúdio. Quem também fez isso foi Dave Grohl, líder da Foo Fighters, que, no álbum de estreia da banda, em 1995, toca não apenas a bateria, que era seu instrumento na Nirvana, como todos os outros. A amizade e talvez essa semelhança tenham feito com que chamasse o eterno beatle para uma empreitada 12 anos depois. Fã de Macca, ele convidou o veterano músico para gravar para ele não a guitarra, o piano ou a voz. Isso, muita gente já havia feito. Ele pediu para Paul tocar justamente bateria. A “brincadeira” deu super certo, como se vê na canção "Sunday Rain" presente no disco "Concrete And Gold".


Michael Jackson para Stevie Wonder
É uma música apenas, mas considerando o tamanho deste “coadjuvante”, vale por um disco inteiro. A linda e melodiosa “All I Do”, que Stevie Wonder gravaria em seu “Hotter than July”, de 1980, conta com ninguém menos que Michael Jackson nos vocais. E não se trata da voz principal, e sim do backing vocals! Surpreende ainda mais que o Rei do Pop já havia lançado à época o megassucesso “Off the Wall”, de um ano antes, com o qual revolucionaria a música pop e que quebrara os paradigmas de vendas da música negra no mundo. Mas a devoção de Michael para com Stevie era tamanha, que ele nem se importou em fazer um papel secundário. Para quem era conhecido pela habilidade de canto e arranjos de voz, no entanto, o que seria uma mera participação contribui sobremaneira para a beleza melódica da canção.



David Bowie
 para Iggy Pop
Em meados dos anos 70, Iggy Pop e David Bowie estavam bastante próximos. Bowie havia chamado o amigo para uma temporada em Berlim, na Alemanha, onde desfrutariam do moderno estúdio Hansa para erigir alguns projetos, dentre estes, “The Idiot”, no qual dividem todas as autorias e gravações. O período foi tão fértil, que rendeu também uma turnê, registrada no álbum ao vivo “TV Eye Live 1977". Acontece que, no palco, não dá para apenas os dois se resolverem com os instrumentos. Foi então que chamaram os Sales Brothers para o baixo e bateria, Ricky Gardiner, para a guitarra, e... quem assumiria os teclados? Ah, chama aquele cara ali que tá de bobeira. O próprio David Bowie. Quando se escuta as versões ao vivo de “Lust for Life”, “I Wanna Be Your Dog” e “Funtime”, acreditem: os teclados que se ouvem são do Camaleão do Rock. 



Phlip Glass
 para Polyrock
O cara já tinha composto de um tudo: ópera, concerto, sinfonia, madrigal, trilha sonora, sonata, estudos. Faltava uma coisa: música pop. Próximo do músico e produtor Kurt Monkacsi, o gênio da vanguarda californiana Philip Glass “apadrinhou” junto com este a new wave art rock Polyrock. Dizem nos bastidores, que o cérebro da banda é Glass e não só os irmãos Billy e Tommy Robertson tamanha é a identificação com a música minimalista do autor de "Einsten on the Beach". Seja por grandeza, timidez ou algum problema legal, o fato é que isso não consta nos créditos. O que consta, sim, é a participação do maestro tocando piano e teclados nos dois discos do grupo, “Polyrock”, de 1980, e “Changing Hearts”, de um ano depois, no qual, inclusive, assina oficialmente o arranjo de cordas da faixa-título. Daqueles raros momentos em que a música de vanguarda se encontra com o rock.





João Gilberto para Rita Lee
Se hoje a participação de João Gilberto tocando violão para Elizeth Cardoso em duas faixas de “Canção do Amor Demais”, de 1958, é considerado o pontapé inicial para o movimento da bossa nova, àquela época o gênio baiano era apenas um músico iniciante ao qual não se havia ouvido ainda toda sua arquitetura sonora de instrumento, voz e harmonia. 24 anos depois, já um mito, João dificilmente repetia uma ação como aquela do passado. Quisessem tocar com ele, ele que convidava. Exceção feita nos anos 80 para sua então esposa, Miúcha (e somente o violão), mas especialmente para Rita Lee. Admirador confesso da Rainha do Rock Brasileiro, João topou o convite de gravar ele, seu violão e sua atmosfera única a faixa “Brasil com S”, do disco “Rita Lee & Roberto de Carvalho”, autoria dos dois. Pode-se dizer que, como todo o cancioneiro de João, é mais uma obra-prima, porém a única em que põe sua voz à serviço de um outro artista fora da sua discografia. Privilégio.


Daniel Rodrigues

quarta-feira, 4 de junho de 2014

Sepultura - "Roots" (1996)



“Max Cavalera é uma lenda.
Nunca se vendeu, 
sempre foi verdadeiro - 
e sempre poderá dizer
‘Eu gravei Roots’.
Para mim, isso é grandioso.”
Dave Grohl (Foo Fighters e ex-Nirvana)


Um daqueles discos que mudou o rumo das coisas. "Roots", da banda brasileira Sepultura, de 1996, como se não bastasse ser legal pra caramba, deu uma nova perspectiva ao metal levando-o a uma nova dimensão. Algum douto pretensioso pedante pode alegar que "uma banda dinamarquesa lá de mil novecentos e setenta e pico já havia misturado regionalismos e folclores nórdicos ao metal e coisa e tal e blablablá..." Tá bem, tá bem. Mas tenho certeza que ninguém o fizera com tamanha qualidade, riqueza e sobretudo, com alcance, por conta do renome que o Sepultura já gozava no cenário mundial.
"Roots" conseguia a proeza de agregar ao metal ritmos brasileiros, indígenas, regionalismos, tradicionalismos e folclore, sem abrir mão do peso e da agressividade, suas marcas registradas.
É certo que seu antecessor, "Chaos A.D.", de 1993, já indicava o caminho, mas coisas como a incrível "Ratamahatta", em parceria, quem diria, com Carlinhos Brown, de letra em português com palavras soltas lançadas praticamente aleatoriamente; e a literalmente tribal "Itsári", uma levada acústica de violões acompanhada de cantos xavantes gravada na própria reserva indígena; eram a confirmação daquela tendência da banda e a afirmação da ousadia sonora em um nível poucas vezes visto no gênero.
No entanto, a melhor síntese da sonoridade pretendida e alcançada no projeto da banda fica por conta da faixa que abre o disco, "Roots", que ao mesmo tempo que mantém as características básicas da banda com todo seu peso e energia, mescla de maneira perfeita  e muito sonora, os elementos rítmicos estranhos à sua linguagem. Uma paulada metal com batucada brasileira. Genial e espetacular.
"Attitude", com seu berimbau; a excelente "Cut-Throat", influência inequívoca para o chamado Nu-Metal com sua estrutura toda quebrada ; a batucada à Olodum de "Breed Apart"; e a ótima "Born Stubborn" em ritmo de ponto de umbanda, também são dignas de nota, bem como o metal-industrial, "Lookaway", que conta com a participação de Mike Patton do Faith No More. Algumas edições do álbum trazem ainda faixas extras como a versão para "Procreation (of the Wicked)" do Celtic Frost e a competente cover do Black Sabbath, "Symphtom of the Universe".
Muitos fãs torceram o nariz para o trabalho mas não há como negar o caráter absolutamente inovador da proposta. Aquilo havia sido algo novo e inusitado e era tão interessante que não só viria a dar rumo aos novos caminhos musicais que a própria banda seguiria, como influenciaria diversas bandas e artistas da cena musical dali por diante.
Um daqueles álbuns que mudou o rumo das coisas.
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FAIXAS:
1-Roots Bloody Roots
2-Attitude
3-Cut-Throat
4-Ratamahatta
5-Breed Apart
6-Straighthate
7-Spit
8-Lookaway
9-Dusted
10-Born Stubborn
11-Jasco
12-Itsári
13-Ambush
14-Endangered Species
15-Dictatorshit

16-Canyon Jam

17-Procreation (Of The Wicked) – Celtic Frost Cover*
18-Symptom Of The Universe (Black Sabbath Cover)*


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Ouça:
Sepultura Roots


Cly Reis

sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

"O Lobo de Wall Street", de Martin Scorsese (2013)






Uma das melhores combinações que existem atualmente no cinema norte-americano chama-se Scorsese/DiCaprio. Um, atrás das câmeras, e o outro, à frente. Martin Scorsese, o mestre que soube impor à indústria mais do que elementos narrativos, fílmicos e estilísticos da cena underground, mas, sim, o seu próprio olhar sensível e afiado sobre a sociedade, o qual acolhe o realístico e o fantástico. Leonardo DiCaprio, por sua vez, é o grande ator hollywoodiano da atualidade, capaz de, como os bons da arte de atuar, encarnar os papeis desde galã até os mais agudos sem parecer ele mesmo de uma atuação para a outra.

Pois “O Lobo de Wall Street” (2013), quinto trabalho em conjunto da dupla, vai além da estreia da parceria no inconsistente “Gangues de Nova York” (2002), em que é Daniel Day-Lewis quem cumpre o “fator Robert de Niro” e não DiCaprio; de “O Aviador” (2004), épico mas de difícil deglutição, já com DiCaprio à frente; e do brilhante e premiado “Os Infiltrados” (2006), em que o panteão de astros (Nicholson, Damon, Wahlberg, Sheen) faz com que os holofotes se dividam. Neste novo longa, porém, a química do trabalho entre os dois está amadurecida e DiCaprio conduz o filme com total controle num papel de difícil equilíbrio dramático, pois construído sobre o perfil psicológico preferido de Scorsese muitas vezes assumido pelo talhado e exemplar de Niro: personalidade obsessiva, ambiciosa, extravagante e depressiva mas com grande poder de atração.

O filme conta a história do “vida loka” Jordan Belfort (DiCaprio), um jovem sem orientação dos pais que vai trabalhar como corretor em Wall Street, onde conhece Mark Hanna (Matthew McConaughey, magnífico nos menos de 10 minutos em que aparece), de quem recebe ensinamentos de como lidar com dinheiro, o que acaba levando para toda a vida. A Segunda-Feira Negra, no entanto, faz com que as bolsas caiam repentinamente e Belfort perca o emprego. Vai trabalhar, assim, numa corretora de fundo de quintal que lida com papéis baratos. Lá tem a ideia de montar uma empresa focada neste tipo de negócio, cujas vendas são de valores mais baixos mas, em compensação, o retorno para o corretor é bem mais vantajoso. Cria, então, ao lado de Donnie Azoff (companheiro de todas as horas e carreiras de pó) e de meia dúzia de amigos na mesma vibe de enriquecer, a corretora Stratton Oakmont, uma máquina de produzir dinheiro que faz com que todos passem a levar uma vida sem limites dedicada ao prazer, ao sexo e às drogas.

Neste sentido, Belfort se parece com Henry Hill (Ray Liotta) de “Os Bons Companheiros” ou Jimmy Doyle (DeNiro) de “New York, New York”, fator este que pode ser a única crítica possível ao filme. Ao rodar uma nova “cinebiografia sem cortes” depois de uma fantasia infantil, "A Invenção de Hugo Cabret" (2011), e de um terror psicológico, "Ilha do Medo" (2010) – seus dois trabalhos anteriores –, Scorsese estaria repetindo o formato de “Os Bons...”, “Aviador” ou “Touro Indomável”. Sim, de fato. Mas qual o problema? Além de divertir com suas tiradas e cenas de humor grotesco (a cena em que DiCaprio cheira cocaína para anular o efeito de outra droga e reassumir o controle do próprio corpo para salvar o amigo, fazendo um paralelo com o desenho do Popeye comendo espinafre na televisão, é digna dessa classificação) e da habitual montagem hábil da mestra Thelma Schoonmaker, “O Lobo...” é exemplar em atuações, não só do protagonista (Jonah Hill, como Donnie, merece inquestionavelmente um Oscar de Coadjuvante, o qual concorre), mas em condução narrativa, ainda mais tratando-se de uma produção de 3 horas, que o espectador não vê passar tamanha a capacidade de prender-lhe a atenção.

A belíssima Margot Robbie
como Naomi, a esposa de Belfort
Igualmente, o filme presenteia o mundo com a beleza e o talento da australiana Margot Robbie, no seu primeiro papel de relevância em Hollywood, e com a sempre magnífica trilha sonora (que contém coisas como Bo DiddleyAhmad Jamal Trio, Alcatraz, Foo Fighters, Devo e Cypress Hill, sabidamente resultado do gosto pessoal de Scorsese). Mas, como ressaltado anteriormente, é a força cênica de DiCaprio que sustenta “O Lobo...”, de quem o diretor consegue extrair a representação certa daquilo que pretende evidenciar: o sistema esquizofrênico e superficial da sociedade moderna. Ou melhor, da construção dos porquês desse sistema, uma vez que a biografia do contraventor Belfort transcorre da metade dos anos 80 até os dias atuais, acompanhando fatos históricos como a Black Monday, o avanço tecnológico, a entrada de novas drogas no mercado, etc. O fato de o protagonista se tornar um respeitado e rico consultor empresarial (o que, de fato, ocorre, uma vez que a história, roteirizada por Terence Winter, é baseada na autobiografia do próprio Belfort), em contraposição à enlouquecida investida no submundo, elemento psicológico reforçado ao espectador durante todos os minutos antecessores, deixa claro tal crítica. Quem são essas pessoas públicas a quem estamos endeusando? O que está por trás dessa imagem que a mídia engendra e tenta vender ao maior número de pessoas possível? A que caminhos levam a supervalorização do dinheiro e do prazer físico-carnal? Perguntas que ganham novos pontos de interrogação na abordagem realística e desmistificada impressa por Scorsese, coisa que ele alcança novamente e “O Lobo...” assim como faz com maestria desde quando, de fato, acertou a mão, em “Caminhos Perigosos”, de 1973.

É satisfatório saber que “O Lobo...” já é a maior bilheteria de Martin Scorsese em sua carreira, tanto pela torcida pelo filme e a ele, cineasta que sempre apostou no questionamento da sociedade contemporânea e na ruptura com os modelos pré-estabelecidos da linguagem cinematográfica (e sem deixar de reverenciar quem gosta), quanto pelo o que isso representa para o cinema em dias atuais: a proposição de uma visão mais integrada das coisas, sem excessos tanto de ideologias yankees imundas nem de rompimento total com a arte. Nem tanto para blockbuster nem para Dogma 95. Cinema, na sua essência, é saber contar uma história em audiovisual de uma forma interessante e cativante. Pois o novo Scorsese/DiCaprio cumpre isso muito bem. Se vai ganhar algum Oscar, mesmo com o ator principal sendo sério candidato, não se sabe, até porque a Academia já cometeu muitas barbaridades em nome de ideologias políticas duvidosas, e uma implicância com alguma ferida que o filme porventura toque não seria de se estranhar que não leve mesmo alguma estatueta. Mas a torcida é válida, pois predicados não faltam ao longa.

trailler "O Lobo de Wall Street"




sábado, 21 de setembro de 2013

ClyBlog 5+ Shows


Em época de grandes apresentações ao vivo por essas bandas, é interessante também saber com os amigos quais foram os grandes espetáculos musicais que presenciaram. Palco, luzes, a banda ali pertinho, o empurra-empurra, pegar a palheta do guitarrista, filas, subir no palco pra fazer jump-stage, poguear na roda-punk, ir ao camarim, ouvir a banda tocar sua música preferida, são coisas que só quem esteve lá pôde sentir. Por isso, em mais uma dos 5 anos do clyblog, 5 convidados nos contam quais os 5 shows que, de alguma forma marcaram suas vidas.
Com vocês clyblog 5+ shows:



1 Marcos Rocker Mattos
analista de logística e DJ
(São Paulo)
"O Peter Murphy, no Carioca Club, foi muito bacana, esse ano."


Peter Murphy em ação, em SP

1. Einstürzende Neubauten - SESC Belenzinho- São Paulo/ SP
2. The Cure - (Hollywood Rock 1996) - Pacembu- São Paulo/ SP
3. Teenage Fanclub (Whisky Festival) - The Week- São Paulo/SP
4. Primal Scream - HSBC Hall - São Paulo /SP
5.  Peter Murphy - Carioca Club- São Paulo/ SP




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2 Anderson Reis
estudante
(Porto Alegre)

"O Nightwish foi incrível 
mas no Lacuna Coil a vocalista me viu e abanou pra mim."




1. Guns'n Roses (Chinsese Democracy Tour) - FIERGS - Porto Alegre/RS
2. Ozzy Osbourne - Gigantinho - Porto Alegre/RS
3. Nightwish - Opinião - Porto Alegre
4. Lacuna Coil - Opinão - Porto Alegre/RS
5.  Evanescence - Pepsi on Stage - Porto Alegre/RS



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3 Christian Ordoque
consultor de História
colaborador do ClyBlog
(Porto Alegre)
"This boy 'craiou' horrores "

1. Paul McCartney - Beira-Rio - Porto Alegre/RS
2. The Cure - Arena Anehmebi - São Paulo/SP


3. Echo and the Bunnymen - Opinião - Porto Alegre/RS
4. Legião Urbana (turnê "O Descobrimento do Brasil") - Gigantinho - Porto Alegre/RS
5.  Camisa de Vênus (turnê "Viva") - Gigantinho - Porto Alegre/RS

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4  Lucio Agacê
músico, DJ
colaborador do ClyBlog
(Sapucaia do Sul/RS)

"Teve vários, mas o ParaNóia foi o primeiro de todos
e a minha incursão no movimento Punk RS.
Suicidal e Biohazard, no Opinião, foram shows nos quais
tive o prazer de abrir, com a Grosseria"


Tá pensando que é só show de rock que é bacana? 
Bezerra detonou, na opinião de Lúcio Agacê

1. Insanidade (Festival "Não ParaNóia 0) - Novo Hamburgo/ RS
2. Bezerra da Silva - Auditório Araújo Vianna - Porto Alegre/RS
3. B-Negão com Autoramas (Fórum Social Temático) - São Leopoldo - Porto Alegre/RS
4.  Suicidal Tendencies - Opinião - Porto Alegre/RS
4.  Biohazard - Opinião - Porto Alegre/RS



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5 Tiago Bagesteiro Mafra
funcionário de transportadora
baterista
(São Bernardo do Campo/SP)

"Teria muito mais pra colocar nessa lista.
Tentei escolher os melhores."


1. Rolling Stones - Pacaembu - São Paulo/SP
2. The Cure (Hollywood Rock 1996) - Pacaembu - São Paulo/SP
3. Aerosmith (Hollywood Rock 1994) - Pacaembu - São Paulo/SP
4. Ramones - Palace - São Paulo/SP
5.  Foo Fighters (Lollapalooza 2012)  Jockey Club -São Paulo/SP

quinta-feira, 11 de abril de 2013

The Cure - Arena Anhembi - São Paulo / SP(06/04/2013)



Just Like Old Days!
por Christian Ordoque


foto:Iris Borges
Toda década tem o U2 que merece. “Mas tu não foi num show do The Cure seu doente ? E vem me falar em U2 ?!?!?”. Explico. Nos anos 60, teve Beatles/Stones, nos 70 teve Pink Floyd/Led, nos 80 teve Cure/U2, Iron e AC/DC/Bon Jovi, Kraftwerk e Depeche/Pet Shop Boys e Erasure, nos 90 teve Metallica/Guns, e a partir dos 2000 teve R.E.M./Radiohead e Nirvana/Foo Fighters. O que eu quero dizer com isso. Tem bandas que são as que aparecem para a mídia (e que permanecem no tempo), que se consolidam como “A cara” do momento, da época.

Entretanto existe outro tipo de banda que faz um som um pouco mais elaborado e não tão pop / radiofônico que são tão boas ou até mesmo melhores que as da vitrine. Grosso modo coloquei as de som elaborado como as primeiras e as mais pop como o segundo exemplo na comparação acima. E é bom que assim seja, pois uma faz o papel de fundamentação do estilo musical da década e outra o de divulgação. Mais ou menos como trabalhos de academia e revistas de divulgação científica. American Journal of Medicine e Superinteressante. Ok ?

“Eu vou, retomar o raciocínio”. Show The Cure. Começou antes com o show bem indie e bem bonzinho da Lautmusik com uma vocalista muito afinadinha e uma banda tocando competentemente músicas pops curtas e rápidas. Sobre a segunda banda me lembrou um Pink Floyd com distorção. “Vamos falar de coisa boa ? Vamos falar de Tekpix ?”.

Começaram com 'Tape', música de abertura da época do Show e mantendo o clima veio a 'Open' que é música de passagem de som disfarçada, distorções, correções, “Aumenta o baixo, dá um gás na guitarra, não ta pegando o tom tom” e essas coisas. 'High' e 'The End of The World' bem meia boca. "Lovesong" ainda arrumando o som com uma musica mais suave. (pensa que me engana seu Bob Smith, em matéria de Cureologia conheço suas manhas seu Bob Smith. “20 anos de curso !”).

E daí o bicho pegou pela primeira vez na noite com a (ainda não inventaram adjetivo para descrever, quem quiser colaborar, por favor, a casa é sua) "Push". O cara ouve esta música desde sempre e ficava imaginando com era ao vivo e quem tocava o que etc e tal. E daí a banda tá ali na tua frente e os guitarristas esmerilhando de forma parelha neste clássico. A bem da verdade, o Gabrels algumas vezes fazia a cama para o Smith deitar e rolar, o que se repetiu várias vezes durante o show. Uma hora ia um, outra hora ia outro a solar ou fazer base. Lá pelas tantas pensei: “Vai faltar voz na ‘The only way to beeeeeee’”. Não faltou. "In Between Days" empurradaça na base do violão assim como a 'Just Like Heaven' termina o primeiro bloco radiofônico da noite que tinha começado com a supracitada "Push".

A banda durante a execução de "Lovesong"
(foto: Iris Borges)
E daí vem a 'From the Edge of the Deep Green Sea'. Musicaço guitarreiro no último grau, quebrando de modo magistral o bloco anterior e serviu para mostrar que o “novo” guitarrista do Cure toca horrores quando quer. E é isso que faz de um instrumentista um músico, saber quando é necessário encher de notas e firulas uma canção e não sempre. Não precisa ficar em toda santa música se debulhando, só quando precisa, e ele sabe disso.

"Pictures of You", "Lullaby", "Fascination Street" e 'Sleep When I´m Dead'. "Pictures of You" e "Fascination Street" são duas aulas de baixo. Aliás como o Cure é uma banda que é fundamentada no baixo. E o Simon é um monstro, um absurdo.

'Play for Today', como estávamos ali entre as 15 primeiras filas, a galera cantava junto e coisetal e esta foi muito legal com o coro de “O oo oo oo” que ouvi pela primeira vez no ao vivo 'Paris' e 'A Forest' com toda a cerimônia que a música evoca e necessita. Música extremamente envolvente que eu de novo eu pensei: “Vai faltar voz no ‘Againandagainandagainagainandagainagainandagain’”. Não faltou.

Bananafishbones do "The Top" foi um presente para os fãs hardcores, Começou com o Robert tocando uma gaitinha de boca das mais bizarras e um show de guitarra do Reeves, de como utilizar o pedal de wha-wha. E emendou direto e reto na Shake Dog Shake, como teclado um pouquinho acima do tradicional nas partes de suspense e no “Wake up, wake up!” o povo cantou todo em volta. Me senti em casa cercado de fãs hardcores.

'Charlotte Sometimes'. Que beleza ! Comecei a prestar atenção nesta música através de um cover que tem num CD que comprei no primeiro show que vi deles (agora posso dizer isso, já vi 2 :P). Não gostava por causa do clipe, mas ao vivo... Bah ! Depois veio a dançante e que na boa, deveria ser tocada só em baixo e bateria 'The Walk' e que mostrou que finalmente o Jason ta tocando muito direitinho e nessa música, enfiando o braço. 'Mint Car' e 'Friday...' para o povo do rádio, ok. 'Doing the Unstuck' foi outro regalo do Disco 'Wish', música alegre e faceira.

'Trust'. Poisé né... Outra do 'Wish'. Teclados com climão e dedilhados e bom... né. Quem conhece sabe do que eu tô falando. 'Want', a única música que presta do 'Wild Mood...' e que abriu o show de 96. 'Hungry Ghost', whatever... A bem da verdade trocaria taco a taco a 'Hungry Ghost', a 'Sleep when I´m Dead' e a 'The End of The World' por 'M', "Strange Day", e 'There Is no If', mas enfim, nada é perfeito, nem o show do Cure, nem o do Macca e nem eu, veja você...

'Wrong Number' foi outra que cresceu em peso, velocidade e revezamento entre os guitarristas. Fui surpreendido pela execução ao vivo desta música. E já estávamos chegando ao final do show com a "One Hundred Years". Que coisa séria. O cara já acha uma baita música e aqui toda a banda carrega o piano para ele tocar, fazer solo e cantar. Baixo e bateria excelentes, lembrando os primeiros discos ao vivo e bootlegs do Cure. E terminou com 'End'.

Bis. Quando vi o setlist do RJ, me dei conta que eles tocaram 'Plainsong', 'Prayers for Rain' e 'Disintegration' e achei péssimo #prontofalei. E em SP o que aconteceu ? Tocaram 'The Kiss' com o botão de F*&%-se ligadaço no máximo, como se dissessem. “Agora vamos mostrar como se toca de verdade !”. O momento instrumentista da banda com muitas, mas muitas notas por minuto. Em seguida a maravilhosa 'If Only Tonight We Could Sleep' e terminaram com o tijolo quente nos tímpanos 'Fight' !!! Daí sim ! Trocaram as mais xaropentas por 3 clássicos.

Bis 2. Jogando pra torcida e dando olé agora, só sucessos pop. 'Dressing Up', 'Lovecats' (outro baixo absurdo !), 'Catterpilar'. Na "Close to Me" (foi quando ele fez, segundo a Iris Borges, a dança de "Bonecão do Posto", que já tinha arriscado lá na "Lullaby") o povo da frente ficou batendo palmas como no clipe. Ele o o O´Donnel ficaram faceiros e sorriram com esta interação. Aliás, faceiro tava o tecladista, credo ! 'Hot, Hot, Hot!!!', 'Let´s go to Bed', 'Why Can´t I Be You', encerram esta fase pop do segundo bis.

E daí vem o triunvirato 'Boys Don´t Cry', '10:15 Saturday Night' e a impressionante 'Killing An Arab' com uma pitadinha punk na bateria e o Robert mostrando que quem faz os solos nessa música é ele. Terminando com a rotação em alta ! E para mim uma referência muito bacana, pois descobri o Cure ouvindo o 'Concert' que termina justamente com esta música.

No chorômetro (aparelho que marca quantas vezes a pessoas chora em músicas nos shows) ficou assim: "Push", 'Play for Today', 'A Forest', 'Charlotte...', 'Trust', "One Hundred Years", 'If Only Tonight...' e 'Boys Don´t Cry'.

Olha Mr. Smith, acho que o Sr está errado. This boy “craiou” horrores.
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foto: Christian Ordoque
SETLIST
Open
High
The End of the World 
Lovesong 
Push
In Between Days
Just Like Heaven 
From the Edge of the Deep Green Sea 
Pictures of You 
Lullaby
Fascination Street
Sleep When I'm Dead
Play for Today
A Forest
Bananafishbones
Shake Dog Shake
Charlotte Sometimes
The Walk
Mint Car
Friday I'm in Love
Doing the Unstuck
Trust
Want
The Hungry Ghost
Wrong Number
One Hundred Years
End


Bis:

The Kiss
If Only Tonight We Could Sleep
Fight


Bis 2: 
Dressing Up 
The Lovecats 
The Caterpillar 
Close to Me 
Hot Hot Hot!!! 
Let's Go to Bed 
Why Can't I Be You? 
Boys Don't Cry 
10:15 Saturday Night 
Killing an Arab





terça-feira, 26 de abril de 2011

Foo Fighters - "Foo Fighters" (1995)

"Foi necessário trazer tudo isso à tona para conseguir fazer esse disco. Não estaria fazendo o que estou fazendo se não fosse pelo Nirvana".
Dave Grohl



Uns dizem que Dave Grohl, medíocre ex-baterista do Nirvana, teria contado com a ajuda do falecido vocalista Kurt Cobain (ainda em vida) para compor as músicas do primeiro álbum do que viria a ser sua futura banda; outros afirmam que o próprio Kurt teria composto quase todas, senão todas, as faixas para Grohl; outros ainda que, na verdade,  o material era de sobras da famosa banda de Seattle; ou ainda, e o mais provável, até que se prove o contrário, que Grohl, oficialmente compositor de todas as faixas, além de co-produtor e executor de praticamente todas, estivesse altamente inspirado. Mas independentemente do que tenha acontecido, o fato é que o Foo Fighters, embora tenha alcançado e mantido o sucesso comercial ao longo de sua carreira, nunca mais produziu um disco como seu primeiro, "Foo Fighters" de 1995 que, senhores, é um discaço!
A comparação com Nirvana é inevitável no início do Foo Fighters. Muito ainda enquadrada na sonoridade que consagrou o legendário grupo do qual Grohl fez parte, as canções soavam ainda muito 'grunge', por assim dizer, e mantinham uma estrutura muito similar ao que fizeram principalmente em "Nevermind".
Contudo, ainda que mostrasse peso, energia, influências de punk-rock e metal, o disco já soava mais pop e acessível que seus contemporâneos, representando neste sentido, um passo à frente no que dizia respeito à aproximação com o grande público, o que viria a se confirmar, sobremaneira com os trabalhos posteriores da banda.
Mas, "Foo Fighters", o álbum, sem analisarmos o que a banda acabaria fazendo futuramente, é um ótimo trabalho. Tem pegada, tem força, tem melodia e se constitui num dos melhores e mais importantes discos dos anos 90.
O início do disco é de tirar o fôlego com três tiros certeiros: "This is a Call" começa o álbum em grande estilo, transitando entre o melodioso e o enérgico com uma levada, ao mesmo tempo doce e forte; já traz na colada, praticamente emendando "I'll Stick Around" que entra com tudo com uma bateria furiosa introduzindo para um riff vibrante e empolgante; "Big Me" baixa a rotação mas não a qualidade e nos apresenta uma balada graciosa com levada mais lenta e pendendo pro acústico.
Aí o caldo engrossa com o peso de "Alone+Easy Target" e com o hardcore furioso de "Good Grief". "Oh, George" volta a dar uma cadenciada e é igualmente um dos destaques do disco; "Weenie Beenie" detona tudo; "For all the Cows" outra das grandes é uma espécie de jazz de cabaré com rompantes ocasionais; "Wattershed" volta a atacar furiosamente num hardcore pesado e distorcido; e o disco fecha espetacularmente com a majestosa "Exhausted" com suas guitarras belas e rascantes de arrepiar, num grand-finale digno de um álbum fundamental.
Não sei o que é verdade ou o que é lenda a respeito deste disco, a respeito de Grohl e do Foo Fighters, o que me interessa é o som, o que fazem, o que produzem e o que ouvi da banda depois deste disco não me agrada muito, aliás muito pouco. Porém, o que se escuta neste álbum de estreia da banda é um avanço técnico e compositivo em relação à própria fonte de inspiração, o Nirvana, com uma sonoridade mais limpa, mais uniforme e que, aqui, ainda não perdia a autenticidade do som e sua a agressividade natural.
Agora, independente do quanto Dave Grohl tenha de parcela de composição, genialidade, de inspiração, mesmo que só o tivesse tocado as músicas, pode-se dizer que o fez muito bem. E se as canções eram de Kurt, do Corgan, da Courtney ou fosse lá de quem, não teria havido demérito algum em, a partir delas ter constituído uma obra de grande qualidade. Quantos artistas não compõe uma nota e consagraram-se, assumidamente, interpretando ou tocando composições de outros?
Agora, o que eu acho? Particularmente acho que algum dedo do falecido Cobain tem por aí. Não me parece por acaso que a inspiração nunca mais tenha batido à porta do sr. Dave Grohl. Mas o que importa?
Se o disco é do Foo Fighters, então vamos curtir um Foo Fighters.
Então... Aperte o play.
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FAIXAS:
1. "This Is a Call" 3:53
2. "I'll Stick Around" 3:52
3. "Big Me" 2:12
4. "Alone+Easy Target" 4:05
5. "Good Grief" 4:01
6. "Floaty" 4:30
7. "Weenie Beenie" 2:45
8. "Oh, George" 3:00
9. "For All the Cows" 3:30
10. "X-Static" 4:13
11. "Wattershed" 2:15
12. "Exhausted"

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Ouça:
Foo Fighters 1995


Cly Reis

terça-feira, 5 de maio de 2009

Prodigy - "Invaders Must Die"

De Olhos Fechados


Há pouco tempo atrás havia uma série de artistas ou bandas que assim que eu sabia que tinham lançado algo novo, eu saía para comprar de olhos fechados. Sim, saía para COMPRAR porque, via de regra, apesar das facilidades de download que se tem hoje em dia, não gosto muito da qualidade de CD's gravados. E quando digo que comprava de "olhos fechados" não exagero muito não. Na maioria das vezes não precisava nem ter ouvido o single, ter visto um clipe, ter lido uma crítica. Para Cure, Madonna, U2, New Order, Chemical Brothers, Prodigy, Morrissey eu sequer pestanejava. Não interesava!
Com o tempo e com a minha "chatice" aumentando passei a ficar menos tolerante com algumas coisas. Bandas que por mais que eu gostasse insitiam em se repetir, em se auto-imitar em lançar álbuns só por lançar, pra encher as burras de dinheiro ou pra cumprir compromisso com as gravadoras.
The Cure, que é provavelmente a minha banda preferida, desde o álbum "Wild Mood Swings" que eu adquiri logo de cara e que era um lixo, que eu não compro mais nada (nem baixo arquivos). Ainda dei chances. Me disseram que o tal do "Bloodflowers" era um bom álbum. Que nada! É insosso. Li em algum lugar que o álbum "The Cure" era interessante e tal... Hmmfff! Disquinho que não fede nem cheira. Não tem pegada, não tem novidade, não tem vida. Desde então desconsidero o Cure. Fico com a história dele.
Madonna é outra que desde o "American Life" que também é uma droga, vive numa montanha-russa de qualidade. Faz um disco interessantíssimo como o "Confessions on a Dance Floor" ceio de conceito, experimentação, ousadia e uma porcaria como "Hard Candy" onde ela se limita a imitar quem ela criou, aquele bando de loirinhas magricelas como a Britney, Aguilera e outras. Da Madonna eu não desisti, mas tenho que ouvir antes de botar meu dinheiro.
Outro dos meus preferidos é Stephen Morrissey, ex-vocalista dos Smiths que logo no seu primeiro trabalho solo, "Viva Hate", do qual todos duvidavam pela ausência de seu parceiro musical, Johnny Marr, faz um discaço. Seguem-se outros bons trabalhos, com diferentes produtores, idéias diferentes, mas que mantém o interesse. Mas nos últimos tempos também tem feito uns disquinhos meio que... sei lá. Parece que todas as músicas são iguais. É só a mesma lamentação, a mesma melosidade e o "algo mais" que é bom, nada! Até que,dando um desconto pro cara, este último disco lançado essse ano, "Years of Refusal" é legal, masaté então vinha de uns dois ou três que naõ faziam diferença no mundo. Ou seja: é outro que eu tenho que ouvir antes de encarar.
Mas falo tudo isso pra dizer que comprei sem ter ouvido nehuma faixa anteriormente, o novo disco do Prodigy. E, cara... É MATADOR!!!
Em "Invaders Must Die" o Prodigy parece que achou o ponto certo entre o estilo mais "pista" do início da carreira, a influência raggae, a house e a pancadaria do "Fat of the Land". O disco é pesado mas não é punk!
Tem inserções de samples de guitarras e efeitos o suficiente para carregar o som enão para ditar a linha do disco.
Exceção é "Piranha", faixa que é tão pesada que conta até mesmo com a bateria de David Grohl, do Foo Fighters e ex-Nirvana, mas que ainda assim ela é menos humana e mais autoática que a detonadora"Fuel my Fire", por exemplo de outra época mas com proposta semelhante. Um barato também é "Thunder" com seu vocal bem carregado de raggae, lembrando os tempos de 'Out of Space" do primeiro disco.
Mas minha preferida mesmo é "Omem" uma pedrada com a dupla Maxim e Flint matando a pau.
Prodigy comprovou que ainda goza de minha inteira confiança e que eu posso ir à loja e comprar de olhos fechados.

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FAIXAS:
01. Invaders Must Die
02. Omen
03. Thunder
04. Colours
05. Take Me To The Hospital
06. Warrior's Dance
07. Run With The Wolves
08. Omen Reprise
09. World's On Fire
10. Piranha
11. Stand Up

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Ouça:
Prodigy - Invaders Must Die