Curta no Facebook

Mostrando postagens classificadas por relevância para a consulta disney. Ordenar por data Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens classificadas por relevância para a consulta disney. Ordenar por data Mostrar todas as postagens

segunda-feira, 5 de junho de 2017

“Grease - Nos Tempos da Brilhantina”, de Randal Kleiser (1978)



Se você é um humano vivendo neste planeta chamado Terra com toda certeza conhece pelo menos uma das musicas deste filme. Para minha decepção, as músicas que eu conhecia são justamente as melhores (“Summer Nights” e “You Are The One That I Want”). Todo o resto varia de "até que é legal" para "quanto tempo dura essa música, meu Deus do Céu?".

“Grease” é um "High School Musical" com "mais bolas", com o perdão do termo e até da comparação. Os dois filmes brincam com clichês e estereótipos, idealizam e segmentam jovens e têm dois protagonistas chatos. Só que “Grease” tem mais sexo, drogas e diversão, ao contrário do filme da Disney que foi produzido mais de 30 anos depois de "Grease" (!!).

Apesar de reconhecer o esforço dos atores, achei os personagens do John Travolta e da Olivia Newton-John meio água de chuchu. Sem graça. Sem gosto. Já os coadjuvantes salvaram a experiência, com destaque para a personagem de Stockard Channing e da música “Look at Me I’m Sandra Dee”, em que ela mostra que a garota perfeita não precisa ser casta, pura e virginal.

A história é bobinha, mas a direção consegue tornar momentos simples em verdadeiras celebrações ao espírito jovem. Quando dois personagens homens se abraçam e depois se sentem desconfortáveis com o gesto, pude enxergar todos os garotos heteros que convivi durante a escola. Machos demais para demonstrarem sentimentos.

“Grease” mostra que clichês estão aí para serem usados e que não há nada de errado com isso. Todo mundo é um clichê, né? Até mesmo esse “diferentões” que ficam postando foto conceitual de parede descascada no Instagram, sabe? Quem sabe, no futuro, não fazem um musical sobre eles?


por Luan Pires

terça-feira, 30 de janeiro de 2018

"Viva - A Vida é uma Festa", de Lee Unkrich e Adrian Molina (2017)



Uma das marcas mais confiáveis da indústria cinematográfica da atualidade não é necessariamente um cineasta ou uma escola, mas, sim a Disney/Pixar. Invariavelmente, suas produções, seja em curta ou longa metragens, agradam (quando não surpreendem) tanto quem busca por entretenimento quanto por arte. “Viva – A Vida é uma Festa”, de Lee Unkrich e Adrian Molina, é um bom exemplo. Para quem como eu e Leocádia, que nos sentimos desassistidos diante da grade dos cinemas comerciais, optar por ver uma animação da Pixar ao invés de qualquer blockbuster tão “real” quanto descartável é um acerto no alvo. Afora a qualidade técnica indiscutível, os filmes da produtora estabelecem alto poder de diálogo com o público adulto (às vezes, até priorizando-o, caso de “Wall-E”) e, ao mesmo tempo, divertem a criançada.
“Viva” tem, de fato, grandes méritos, tanto que é um dos concorrentes ao Oscar de Melhor Animação e Canção Original deste ano. Na história, Miguel Rivera é um menino de 12 anos que quer muito ser um músico famoso, mas ele precisa lidar com a desaprovação de sua família de tradicionais sapateiros traumatizada com um episódio do passado em que um músico os abandonou para nunca mais voltar. Determinado a seguir os passos do seu ídolo, o cantor Ernesto de La Cruz – espécie de Roberto Carlos mexicano, mas já falecido –, ele acaba desencadeando uma série de eventos e aventuras no feriado mexicano do Dia dos Mortos, celebrado com devoção no México. Estes, por sinal, envolvem tanto a sua família – sejam os entes vivos ou não – quanto o misticismo peculiar do povo mexicano, cuja linha entre vida e morte é estreita – pelo menos, quando os sentimentos estão aflorados para o feriado de finados.
O simpático Dante: mensageiro entre
os dois mundos
As cores vibrantes, a luz tropical, a musicalidade, as formas e as crenças do México são muito bem representados no roteiro, que engendra uma trama capaz de unir tudo isso sem deixar de ser um verdadeiro entretenimento. Afinal, não apenas de coisas agradáveis se compõem os fatos da trama. Se tem o colorido das roupas e da música ou a beleza onírica da mitologia, há também os tabus, como a presença permanente da morte e a passagem do tempo. Assim, a história equilibra com felicidade em seu ritmo narrativo a tríade aventura/humor/drama, sine qua non para uma produção da Pixar, com estes traços característicos da cultura mexicana, inserindo-o na narrativa tradicional do cinema norte-americano mas sem deturpá-los.
Um dos aspectos folclóricos a que me refiro é exatamente a morte e como esta se dá no imaginário do povo mexicano. A sensibilidade de artista e de criança do pequeno Miguel é usada para mostrar como a antiga cultura mexicana mistifica a morte e, ao mesmo passo, a elabora melhor do que o convencionado no Ocidente. Seja no mundo dos vivos ou dos mortos, o que mantém as relações é o afeto e a energia que este emana. Sem a energia vital, capaz de manter acesa a memória afetiva, as pessoas são esquecidas e desaparecem. Este lado espiritualista do ser mexicano, advindo dos povos indígenas originários, é abordado com delicadeza e reverência. Um exemplo são os bichos, como o simpático cão Dante, naturalmente conectado com os diferentes planos de existência por sua condição de pureza animal.
O nível de profundidade que o filme atinge é realmente louvável. Além da questão da morte e dos laços familiares e suas implicações na forma de ser e ver o mundo, a história toca, num âmbito mais apurado, na questão da identidade. A busca do menino Miguel por aquilo que lhe faz sentido, a música (mesmo que, para isso, tenha preciso mover, literalmente, “céus e terras”), bem como a ligação que isso tinha com seu laço sanguíneo, vai ao cerne dessa premissa. Seja na fase infantil ou adulta, é sempre tocante a um espectador ver numa obra de cinema o encontro emocional com as origens – mesmo que o personagem seja um desenho animado inventado e não necessariamente uma pessoa interpretando um papel.
O pequeno Miguel em sua aventura no mundo dos mortos
Outro aspecto interessante de “Viva” é a evidente valorização da música. Esta ganha nuança de arte transformadora tanto no sentido biográfico de Miguel quanto biológico, uma vez que ele guarda geneticamente o talento de seu antepassado. Porém, também pode ser vista como uma força capaz de unir as almas deste plano ou do além. Ou melhor: de provar que não existem fronteiras para quem ama. Momento muito bonito do filme é quando Miguel tenta de todas as maneiras reavivar a memória de sua “mamá”, a bisavó velhinha e praticamente sem reação sobre uma cadeira. Ele só o consegue quando toca ao violão uma música do pai dela, seu tataravô. É o reconhecimento de si mesmo na forma da vibração energética motivada pela música, bem como da apreensão, mesmo que somente naqueles instantes mágicos em que os sons ressoam, do tempo: o novo que segue, agora a seu modo, aquilo que é da essência dos Rivera. Além disso, a cena é o próprio cinema em sua acepção: o registro da memória.
Toda criança – ou adulto – tem a sua animação da Pixar preferida. Há os que adoram “Toy Story”, “Os Incríveis”, “Up – Altas Aventuras”, “Monstros S.A.” ou outro título. A variedade e a qualidade é grande. “Viva”, com certeza, passa a figurar nessa lista. Ao se valer como tema o México com suas tradições, folclores e história, o filme presta uma bela homenagem à cultura do país vizinho de Estados Unidos numa época em que este vem sofrendo com a política protecionista do governo Trump, principalmente no que diz respeito aos imigrantes. Resta ver se, na premiação do dia 4 de março, essa valorização vai realmente se concretizar. Qualidade para isso, “Viva” tem sem nenhuma dúvida.





Daniel Rodrigues

terça-feira, 2 de maio de 2023

Coleção "Os Melhores Filmes de Todos os Tempos - Terror", coordenação de Paulo Basso Jr. - ed. Europa (2020)



 

Filmes de terror
Ganhei de aniversário - a meu pedido - o livro  de Terror da coleção "Os Melhores Filmes de Todos os Tempos".
Meio decepcionante.
Uma breve coletânea de posters de grandes clássicos do gênero com algumas informações, observações e curiosidades. A verdade é que deveria ter me interado melhor do que se tratava a publicação antes de querer tê-la em minha biblioteca. Tem as obviedades, como "O Bebê de Rosemary", "A Noite dos Mortos-vivos", algumas boas surpresas, como o assustador "O Babadook", justiças, como o inovador "A Bruxa de Blair", e novos clássicos como o impressionante "A Bruxa".
Esperava uma vasta lista, com dicas improváveis, coisas pouco conhecidas, informações que me fizessem querer ver algum filme que nunca me interessara etc., mas o que ganhei foi apenas uma publicação bem básica para iniciantes no assunto.
Para ser justo, algumas das curiosidades são realmente muito interessantes e algumas delas eu sequer tinha conhecimento, como o fato de Jamie Lee Curtis só ter sido a escolhida para "Halloween" por ser filha de Janeth Leigh, a estrela do clássico "Psicose"; de Christopher Lee ter feito "O Homem de Palha" de graça e colocar o filme como o ponto alto de sua carreira; ou da Disney ter manifestado a intenção de comprar o roteiro de "A Hora do Pesadelo', com a intenção de suavizá-lo para crianças e adolescentes. Mas só seria bom mesmo se tivesse uns duzentos ou trezentos filmes, como no número anual especial da antiga revista Set, que trazia um guia com os melhores filmes de todos os tempos em cada gênero e uma publicação especial dedicada ao terror. Aquilo lá, sim, muito me serviu de base e orientação.
Quem sabe uma hora dessas encontro algo assim. 
Mas não foi dessa vez.



Cly Reis

sábado, 3 de julho de 2010

Novidades Animadas

Fiz recentemente duas aquisições relacionadas com o fascinante mundo dos desenhos animados, que de certa forma coloriram nossas infâncias e mesmo hoje ainda fazem mundo marmanjo parar na frente da TV e dar risada das "maldades" do Pica-Pau, do sadismo do Pernalonga ou do silêncio charmoso da Pantera-Cor-de-Rosa:

"ANIMAQ - O ALMANAQUE DOS DESENHOS ANIMADOS", de Paulo Gustavo Pereira

Um deles é "ANIMAQ - O Almanaque dos Desenhos Animados", uma publicação que acaba sendo um adorável exercício de nostalgia para os fãs de desenhos animados. Lembrar de desenhos esquecidos, de personagens queridos, seus gritos de guerra, seus bordões, seus uniformes. O livro faz uma linha de tempo, desde os anos 30 até hoje, com as datas de produção e exibição, com breves descrições do desenho citando origens, apetrechos, frases, temas musicais e em alguns casos episódios marcantes.
Bastante completo e bem pesquisado, vai desde Betty-Boop, passando pelos clássicos da Hanna-Barbera (Zé Colméia, Flintstones, Scooby-Doo), os da Warner Bros. (Pernalonga, Papa-Láguas, Patolino); os heróis da Marvel (Homem-Aranha, Homem-de-Ferro) e os da DC (Batman, Super-Amigos), citando mangás como Speed-Racer e Cavaleiros do Zodíaco, até chegar aos mais atuais como South Park, Dexter ou os Backyardigans.
Ponto negativo são as excessivas repetições de informação, tipo, se um desenho teve mais de uma versão em décadas diferentes, automaticamente alguma informação acaba sendo mencionada novamente no texto da outra temporada, bem como quando faz menção a desenhos relacionados (algo como, falar de Wally Gator na parte dedicada a ele e repetir a informação quando fala da Hiena Hardy porque fazia parte do Show do Wally Gator também) ou voltar a falar de todos eles nos textos especiais sobre as produtoras (HB, Warner Bros., Disney) o que acaba só acumulando linhas, páginas e deixando por vezes uma leitura ou pesquisa que deveria ser prazerosa, cansativa, repetitiva e meio chata. Mas este defeitinho não é suficiente pra derrubar o bom trabalho do autor, Paulo Gustavo Pereira, e no fim das contas o livro é uma viagem bem legal no túnel do tempo.
Nas páginas finais ainda tem uns extras com alguns textos das locuções de abertura de desenhos como o inesquecível da Corrida Maluca, "aqui estão agora os volantes mais birutas do mundo"; e letras das canções tema, como, por exemplo, a do divertido George da Floresta, "George, George, George of the Jungle/ Strong as he can be/ watch out for that tree!", aí ele dava aquele grito longo imitando Tarzã e dava com a cara na árvore.Lembram?
Pois é, o "ANIMAQ" nos traz este refresco de memória.
Um barato!

"SATURDAY MORNING - CARTOONS GREATEST HITS (1995)

E a propósito de canções de desenhos, a outra compra foi o CD "Saturday Morning", que tem trilhas de desenhos animados gravadas por diversas bandas de rock. Foi lançado em 1995 mas só agora o tenho de verdade. Tive em cassete há um tempo atrás, deixei de ter fitas, tentei baixar na internet e não encontrei, e agora como topei com ele por um precinho camarada, trouxe pra casa.
Nem tudo é MUITO BOM. Coisas como a trilha dos Banana Splits cantada por Liz Phair é bem mais-ou-menos, a dos Bugaloos com Colective Soul é outra bem fraquinha, e o Frente! tocando um tema dos Flintstones ("Open Up Your Heart and Let the Sun Shine In") é muito chato. Mas coisas como "Underdog", tema do Vira-Lata - O Super Cão, com os Butthole Surfers, "Gigantor" com o Helmet, o pequeno medley de "Johnny Quest e Pegue o Pombo" do Reverend Horton Heat, e principalmente a punkíssima versão de "Spiderman" dos Ramones, valem o CD.
Pra animar definitivamente as manhãs de sábado ou qualquer hora de qualquer outro dia da semana.

FAIXAS:
1. Tra la la Song (One Banana, Two Banana) [The Banana Splits] - Liz Phair with Material Issue
2. Go, Speed Racer, Go! [From Speed Racer] - Sponge
3. Sugar, Sugar [From the Archie Show] - Mary Lou Lord with Semisonic
4. Scooby-Doo, Where Are You? - Matthew Sweet
5. Josie and the Pussycats - Juliana Hatfield and Tania Donnely
6. The Bugaloos - Collective Soul
7. Underdog - Butthole Surfers
8. Gigantor - Helmet
9. Spiderman - Ramones
10. Johnny Quest/Stop That Pigeon - [from Dastardly and Muttley in their Flying Machines] The Reverend Horton Heat
11. Open Up Your Heart And Let The Sun Shine In - [from The Flintstones] Frente!
12. Eep Opp Ork Ah-Ah (Means I Love You) - [from The Jetsons] Violent Femmes
13. Fat Albert Theme - [from Fat Albert and The cosby Kids] Dig
14. I'm Popeye The Sailor Man - face to face
15. Friends/Sigmund And The Seamonsters - Tripping Daisy
16. Goolie Get-Together - [from The Groovie Goolies] Toadies
17. Hong Kong Phooey - Sublime
18. H.R. Pufnstuf - The Murmurs
19. Happy, Happy, Joy, Joy - [from Ren and Stimpy] Wax


Baixe para ouvir:
Saturday Morning Cartoon Greatest Hits (1995)


Cly Reis

sexta-feira, 21 de julho de 2017

"Okja", de Bong Joon-ho (2017)


Criança, porco gigante, amor, fábula, dor, tristeza e uma cruel realidade, isso é um resumo de “Okja”, e obrigado Bong Joon-ho, por esse belo filme.
Mija (Ahn Seo-Hyun), uma jovem garota que deve arriscar tudo para evitar que uma poderosa empresa multinacional de sequestre sua melhor amiga: um animal enorme chamado Okja.
Apesar do seu início fenomenal, “Okja” acaba perdendo um pouco o folego ali pela metade. E o que pode ser algo positivo (eu achei) para alguns, pode não ser para outros, e aí me refiro às diversas mudanças de gênero que o filme apresenta, fazendo que o seu ritmo oscile bastante. Seu começo fofo que passa a ter ares de ação, indo até o drama, podem confundir alguns. Os personagens caricatos demais, que mais uma vez eu gostei pelo fato de ser quase uma “fantasia”, pode incomodar o espectador, pois em alguns momentos essa caracterização soa um tanto forçada, especialmente Jake Gyllenhaal como Johnny Wilcox.
Jake Gyllenhaal, Tilda Swinton se juntam à jovem
Ahn Seo-Hyun, para dar aquele peso a esse fabuloso filme
Mas nada apaga ou sequer diminui o brilho desta obra. O longa tem um início de fábula que parece que vai nos guiar para uma história bem "amorzinho", já que a construção do relacionamento entre Okja e Mija é muito bem feita e nós, espectadores, também ficamos apaixonados pelas duas. Após esse início ao melhor estilo “Totoro”, o filme parte para uma ação/comedia com uma ótima cena de perseguição com um divertido grupo de terroristas, integrantes de uma tal de “Frente de Libertação dos Animais”. E na parte final do longa vem o drama, a parte mais forte do filme que é quando nos mostra de vez (se você não tinha entendido ainda), seu objetivo de denunciar uma triste realidade.
Se você e um fã de churrasco prepare-se para o que vai assistir em “Okja”. O filme vem para denunciar a triste realidade de dor e sofrimento que os animais passam nos abatedouros e ele não mede esforços para nos chocar. Já vou avisando que o longa pega pesado nessa parte e não precisa segurar as lágrimas.
O diretor Bong Joon-ho nos dá um presente. Seu filme, vai da de uma pureza Disney ou de uma fábula Ghibli, chegando até um drama de denúncia, sendo praticamente perfeito em sua execução. Seus enquadramentos tornam a fotografia do longa uma obra de arte. Você carnívoro inveterado, pode ficar tranquilo: o filme é forte mas sua crítica, seu alvo é a indústria dos alimentos, o sistema em si, e não diretamente as pessoas (tanto que até temos um momento cômico em que se critica as pessoas que “exageram” nas suas dietas). Os verdadeiros alvos são o capitalismo o consumo e a manipulação de informações e mentiras patrocinada pela indústria alimentícia. Não deixe de assistir “Okja”, o CGI é fabuloso! Okja é real, o amor é real e a dor também. Duvido que você não seja tocado e saia pelo menos um pouco mudado após o final deste longa. "Okja" é um filme daqueles impossíveis de se ficar indiferente.
Okja e Mija, uma amizade ao melhor estilo Ghibli
(Coisa linda de meu Deus!)


Vagner Rodrigues

sexta-feira, 3 de agosto de 2018

"Ilha dos Cachorros", de Wes Anderson (2018)


Belo, bem escrito, bem dirigido, uma  animação espetacular! O filme é fantástico, Wes Anderson é incrível, “ Ilha dos Cachorros” pode não ser perfeito mas é sublime em todos os aspectos.
Atari Kobayashi é um garoto japonês de 12 anos de idade que mora na cidade de Megasaki sob tutela do corrupto prefeito Kobayashi. O político aprova uma nova lei que proíbe os cachorros de viverem no local, fazendo com que todos os animais sejam enviados a uma ilha vizinha repleta de lixo, porém o pequeno Atari não aceita se separar de seu cachorro, Spots. Ele então convoca os amigos, rouba um jato em miniatura e parte em busca de seu fiel amigo. E essa aventura vai transformar completamente a vida da cidade.
É uma obra que você tem que assistir completamente dedicado a ela pois necessita muito da sua atenção, uma vez que é fundamentada nos diálogos e detalhes.  Apesar de ser uma animação e ter bichinhos, "Ilha dos Cachorros" não é um filme infantil. Tem seus momentos cômicos mas de um modo geral seu enredo é bastante político, além de um ritmo lento que, certamente não chama atenção das crianças em geral, não é mesmo? (Podemos dizer que nem de alguns adultos).  Portanto, não vá com espírito de ver algo Disney/Pixar, ou Dreamworks.
A nada bela ilha para onde os cães são enviados.
Visualmente falando, o filme é perfeito e logo na primeira cena você já fica impressionado com a perfeição e naturalidade dos movimentos dos bonecos, já que estamos falando de uma obra de stop-motion. A forma como a câmera passeia pelo cenário também chama muito atenção. Temos planos abertos que são obras de artee lembram muito os filmes japoneses de samurais. Temos homenagens a Miyazaki e o estúdio Ghibli, aos animes de Tezuka, e muitas outras  referências a cultura japonesa.
É curioso como ficamos distanciados e não conseguimos ter muita empatia com os personagens humanos, o que é provável que seja proposital pelo fato do elenco de cachorros ser o principal,  o que fez com que nenhum humano me cativasse muito. Já os cães, são magníficos! O trabalho de arte de movimentação, as atuações, o trabalho vocal do grande elenco do filme (Angelica Huston, Bill Murray, Bryan Craston e mais uma galera... até Yoko Ono), e as partes cômicas também ficam por conta do cães que, por sinal, se saem muito bem.
Mesmo envolto numa polêmica de uma suposta apropriação cultural, que no meu ponto de vista é muito mais como uma linda homenagem ao cinema e à cultura japonesa, o longa vem com força e se continuar assim pode ser candidato ao próximo Oscar de animação. Não é uma obra de fácil absorção até pela grande quantidade de referências à arte nipônica, o que exige um certo conhecimento para captá-las, porém a beleza visual, a sutileza do enredo podem te colocar dentro  do filme e prender sua atenção. Mais uma bela obra de Wes, que vem conquistando meu coração a cada novo filme.
O divertido grupo de cães que ajudam o jovem Atari.




Vagner Rodrigues

domingo, 14 de agosto de 2022

"Procurando Nemo", de Andrew Stanton e Lee Unkrich (2003)




O cinema tem, ao longo de sua história, tantos pais marcantes, de todos os estilos, bons, maus, amorosos, relapsos, loucos, autoritários, passivos..., mas, por incrível que pareça, dentre tantos homens, o meu pai preferido do cinema, o que mais me emociona, não é um humano. Nem toda a ascendência de um Vito Corleone em "O Poderosos Chefão", o empenho de melhora como pai, de um Ted Kramer em "Kramer vs. Kramer", uma dedicação com sentimento de impotência de um Chris Gardner em "À Procura da Felicidade", fúrias vingativas como a de um Bryan Mills em "Fúria Implacável", ou uma inconformidade transformada em criatividade de um Daniel Hillard em "Uma Babá Quase Perfeita", se igualam à figura paterna de Marlin, de "Procurando Nemo". Um peixe, num filme de animação simboliza mais do que qualquer outro a condição de pai. 
Marlin, um peixe-palhaço, é um pai solteiro, e aí entra a habilidade da Disney/Pixar em lidar com tragédias dando-lhes a devida relevância no âmbito geral da história, sem contudo, deixar o filme pesado. A mãe de seu filho morre, tragicamente, quando seu ninho com as ovas que ela pusera, é atacado por uma barracuda. Apenas um ovo se salva e este será Nemo. Nemo nasce com uma nadadeira menor que a outra, mais um ponto sensível da trama que lida com deficiências físicas de uma maneira muito natural e bonita, mas até por isso e por ser o filho único de uma ninhada quase totalmente exterminada, é tratado por seu pai com um cuidado excessivo. Merlin não permite que Nemo faça nada minimamente arriscado, que se afaste alguns metros a mais, que tente alguma coisa diferente do rotineiro, que explore possibilidades, que descubra coisas novas. Essa restrição toda faz com que Nemo, que é um bom "menino", na verdade, meio que se rebele e desobedeça o pai em uma orientação importante. Só que essa teimosia pontual, em especial, é determinante para o destino do peixinho, que acaba sendo apanhado por mergulhadores que o levarão para ser peixe decorativo em algum aquário, em algum lugar, sabe-se lá onde.
Tudo perdido! Não há como encontrar alguém assim... Pode ter ido parar em qualquer lugar do mundo. Impossível! Não para o Marlin.
Com uma determinação comovente, juntando o mínimo de pistas que vai conseguindo, a partir de uma máscara perdida de um dos mergulhadores, ele vai seguindo o rastro do filho numa contagem regressiva antes que aquele seja vendido, descartado ou comido, num destino que ele desconhece mas que sabe que precisa impedir que aconteça. Para isso ele rompe mares com uma coragem que nem ele mesmo conhecia em si mesmo, enfrentando seus piores medos e passando por cima de suas próprias regras e restrições, tudo isso contando com a "ajuda" da atrapalhada mas simpaticíssima e cativante Dory, uma peixinha cirurgiã-patela com problemas de memória que, por mais que muitas vezes ponha o amigo em enrascadas, é decisiva para que o peixe-palhaço encontre o filho. 

Cena em que um pelicano conta para Nemo
 as peripécias do pai à sua procura


Ele passa do limite que estabelecera para que o próprio filho nunca passasse, ele enfrenta tubarões famintos, ele nada entre águas-vivas, pega correntes perigosas, conhece tartarugas centenárias, pega carona numa baleia, escapa de gaivotas e, por todas essas façanhas, praticamente se torna uma lenda: a história do pai que atravessou oceanos enfrentando a tudo e a todos para encontrar o filho é contada pelos sete mares. Predadores, moluscos, crustáceos, cardumes e até pássaros conhecem a lenda e a contam, exaltando os feitos do pai-herói. E, exatamente, pelo fato da lenda ter ido tão longe e chegar até de outras espécies, um desses pássaros, um pelicano acaba tornando possível o tão improvável reencontro entre pai e filho.
Marlin é um pai exemplar, um pai que faz a gente chegar a se perguntar se iria a tal ponto, tão longe como ele foi (e a reposta acaba sendo sim). Um pai para o qual nada importa mais no mundo do que o filho. Mas Marlin é, sobretudo, um pai que aprende a lição de que é importante ser zeloso, sim, cuidadoso mas que, na verdade, não se cria um filho para si mesmo, se cria um filho para o mundo. E essa condição, a de pai, é uma condição na qual se está sempre aprendendo. e o mais importante nela é, exatamente, ficar atento às lições.
Sejamos, nós pais, todos, um pouco como Marlin, e aprendamos todos os dias mais um pouco sobre essa coisa mágica mas desafiadora que é ser pai.



Cly Reis

terça-feira, 7 de março de 2023

"Pinóquio" ou "Pinóquio por Guillermo Del Toro", de Guillermo Del Toro e Mark Gustafson (2022)

VENCEDOR DO OSCAR
MELHOR ANIMAÇÃO



O lar da sabedoria
por Cly Reis


Guillermo Del Toro é daqueles diretores que já consolidou de tal forma uma identidade cinematográfica, uma série de marcas registradas, características estéticas, que sua obra é facilmente identificável pelos admiradores de seu trabalho. "Pinóquio", embora seja uma animação com um argumento originalmente infantil, traz consigo o melhor das características de Del Toro. A adaptação do mexicano, vencedor do Oscar com "A Forma da Água (2018), em colaboração com o norte-americano Mark Gustafson, para a consagrada obra do escritor italiano Carlo Collodi, acrescenta seu tradicional tom sombrio e um olhar crítico e engajado, à singeleza do conto infantil.

O diretore se utiliza da magia da história do velho marceneiro que cria um boneco de madeira que ganha vida, para denunciar o fascismo e as sociedades conservadoras, situando sua adaptação entre as duas grandes guerras, especialmente no início da Segunda, quando a Itália encontra-se sob o governo totalitário direitista de Mussolini. Mais uma marca registrada, uma vez que não é a primeira vez que isso acontece na obra de Del Toro: ele já havia contextualizado outros filmes seus em períodos de guerra, pós ou sob regimes fascistas, como em "Labirinto do Fauno" e "A Espinha do Diabo" e mesmo quando não ambienta nessas circunstâncias, aborda situações que se assemelham ao fascismo e cerceamento de liberdade, individualidade e identidade.

No "Pinóquio por Guillermo Del Toro", depois de perder o filho Carlo, de 10 anos, num bombardeio no final da primeira guerra, o marceneiro Gepetto, depressivo e nunca totalmente conformado pela morte do garoto, dez anos depois, embriagado, num acesso de fúria, corta o pinheiro vizinho ao túmulo do filho e resolve dele fazer um boneco para 'substituir' o filho. Compadecida por tamanha dor de um pai, uma Fada da Floresta concede vida ao pedaço de madeira, no qual, por acidente, residia, antes da marcenaria, um grilo escritor e intelectual que, recusando-se a sair, assume o papel de conselheiro do boneco-menino.

E pode crer que ele precisa de um conselheiro! O boneco é  completamente espirocado. É agitado, tagarela, curioso, teimoso e incontrolável... É lógico que nem o grilo, Sebastião, com toda sua sabedoria, nem o pai, com seu zelo, conseguem pôr o guri na linha, o que resulta em inúmeros problemas para o velho. Pinóquio é um daqueles espírito livres, independentes, aquele tipo de 'gente' que não se submete, não aceita um  'não porque não', e isso incomoda a sociedade, incomoda os conservadores, os conformistas, e incomoda o poder. Assim que se apresenta ao mundo, o menino de madeira é considerado uma aberração, algo satânico aos olhos dos católicos, que insistem em não enxergar nada além da Criação Divina. Mais do que sua aparência, sua procedência, o garoto, contestador e crítico, choca por desafiar a ordem e os bons costumes. Na cena da igreja, quando todos da cidadezinha tomam conhecimento de sua existência e suas habilidades humanas, e manifestam seu espanto, desaprovação e condenação a seu convívio com os demais, Pinóquio aponta, no fundo do altar, para uma enorme imagem de Cristo crucificado, esculpido pelo mesmo marceneiro que o criara, e questiona por que gostam tanto daquela imagem da madeira e dele não. "Blasfêmia!"

Rejeitado pela sociedade por não se enquadrar nos padrões, cobiçado pelo exército do Duce por suas propriedades metafísicas, e contestado pelo próprio pai-criador por conta de seu comportamento, o garoto, em busca de aceitação, de encontrar seu lugar no mundo, iludido por um um dono de circo, abandona a escola, a cidade e o pai, e segue com a trupe em turnê, sendo exibido pelo país afora como grande atração. Aí, a partir dessa rebeldia, se desencadeiam uma série de fatos, aventuras e perigos, sendo alguns deles fatais. Sim, fatais! O garoto morre mas descobre, em meio a esse turbilhão de acontecimentos, que sempre voltará a viver, o que poderá vir a representar um fardo em sua vida, uma vez que todos que ele ama, partirão e ele, eterno, terá que lidar com essas perdas. Bom menino, amoroso, bem intencionado mas confuso, talvez tenha nesse ponto seu grande desafio enquanto ser não-humano e imortal: entender o valor da vida e de cada momento.

Obra repleta de sutilezas, questionamentos, mensagens, "Pinóquio, por Guillermo Del Toro" é mais que somente uma animação ou uma adaptação de um clássico infantil. É uma utilização de uma linguagem mais acessível, lúdica, fantástica, para transmitir uma série de pequenos recadinhos, que servem, perfeitamente, tanto para os pequenos como para os crescidinhos.

Há uma série de detalhes importantes como as mudanças na parede do vilarejo, perto da igreja, que no início do filme, enquanto Carlo ainda vivia, tinha um anúncio de produtos da região; depois, quando surge Pinóquio, passa a ter uma convocação para o exercito com a inscrição "Crer-Obedecer-Combater"; e mais tarde, quando o boneco resolve fugir, um anúncio do circo, ou seja, três maneiras de manipulação do indivíduo (capitalismo, poder e entretenimento); o fato do livro que Gepetto dá ao filho (tanto o humano quanto o de madeira), ser de História, sugerindo que quem tem conhecimento, quem sabe o que se passou, torna-se menos suscetível a ser enganado; a própria declaração do boneco, que afirma não gostar de ser chamado de marionete, rebatendo a argumentação do dono do circo, "Adoramos marionetes. São  o melhor que há"; ou mesmo a ordem de Mussolini para queimar o teatro e matar a todos, depois de desacatado pela estrela principal do espetáculo, nosso intrépido Pinóquio, só comprovando que a arte só serve para o fascista se for ao encontro de seus propósitos.

Mesmo com tantas mensagens sérias, tanta carga dramática, "Pinóquio..." é divertido e tem doses de humor na medida certa. A cena de seu "despertar", de quando ganha vida, descobrindo as coisas e perguntando a utilidade de tudo, é hilária, suas idas e retornos do mundo da morte são, ao mesmo tempo soturnas, engraçadas e graciosas; e sua inocência, sua pureza, são absolutamente cativantes.

Além de tudo, o diretor brinda os cinéfilos e amantes de filmes com diversos easter-eggs e referências a outras obras como "Moby Dick", "Nascido Para Matar", "Hellraiser III" e, "Trainspotting", até porque a voz do grilo Sebastião, é de ninguém menos que Ewan McGregor, o eterno Renton do filme de Danny Boyle. E aí, pescou todas?

Quando acabei de assistir o Pinóquio de Guillermo Del Toro já projetei que o filme não somente seria indicado ao Oscar de melhor animação como também para melhor filme na categoria principal. Me enganei... A Academia preferiu indicar coisas como o comum "Nada de Novo no Front" e o blockbuster banal "Top Gun: Maverick". Pior que, diante dos tradicionais bambambans badalados da Disney/Pixar e da DreamWorks, mesmo com todas suas qualidade e méritos, periga sair de mãos vazias. Fazer o quê? Mas certamente, independente do prêmio, seu Pinóquio terá lugar garantido em muitos corações, que, como nos ensina o filme, é onde mora a sabedoria.

O dono do circo engambelando o menino de madeira.
Sempre vai ter algum "esperto', algum explorador, 
pronto para se aproveitar da inocência.


********************



De peito aberto
por Vagner Rodrigues


Sabe quando você pega uma receita na internet, que é muito boa, e na hora de fazer você altera algo, coloca um tempero que você gosta muito e a receita se transforma e algo fabuloso? Isso é "Pinóquio por Guillermo Del Toro".

Conto de fadas clássico de um boneco de madeira que se transforma em um menino real, situada na Itália dos anos 30, quando o fascismo estava em ascensão e Benito Mussolini estava tomando controle do país.

O longa diferente da nova versão da Disney, até consegue mostrar melhor seus personagens coadjuvantes mas ainda assim, esse foi um ponto que não me agradou muito. O grilo até tem um enredo bem bacana, mas o restante dos personagens são muito rasos e só fazem a história evoluir por conveniências do roteiro.

No entanto, o que essa versão faz com o cenário em que a história se passa é algo fantástico! Todo cenário é incrível e o fato da história se passar na Itália fascista é um detalhe que só faz o longa crescer. Apesar de se tratar de uma fantasia, esse fato histórico conseguiu trazer um peso real para a obra.

Quanto ao protagonista, o que temos é mais uma versão inocente de Pinóquio, só que esta é tão exageradamente inocente que chega a nos fazer perder a paciência com o personagem, em muitos momentos. O que muito bom! Só mostra como estamos imersivos e nos envolvemos com ele e com a história. E essa ingenuidade essa pureza, é muito bem utilizada pelo diretor, deixando patente toda a evolução da aprendizagem do personagem, aumentando a sua forma de relacionar tanto com o mundo quanto com seu pai, Gepetto, cuja profundidade do personagem merece destaque, uma vez que as cenas mais comoventes e emocionantes do longa vem dele.

Essa nova versão de Pinóquio, consegue ser tão mágica e impactante quanto a primeira, preservando a magia, o encanto, mas ganhando em humanização e verdade dos personagens principais. Seus dramas se tornam mais profundos uma vez que acompanhamos com bastante clareza sua evolução emocional, o que é muito bom. 

"Pinóquio" mostra mais uma vez porque e um dos melhores diretores da atualidade consegue andar pelo drama profundo e a pureza da magia infantil, como um mestre.  Apesar de todo o esplendor visual que o longa mostra em um trabalho perfeito de stop-motion, acredito que a maior beleza esteja mesmo na sua narrativa, na mensagem sobre a vida. Como ela é compartilhada e como pegamos um pouquinho de cada pessoa com quem nos relacionamos, para o bem e para o mal, além da importância de saber lidar com tisso, de modo a construímos, a partir dessas experiências e convívios, nossa própria jornada. Recomendo muito! Vá assistir ao filme de peito aberto, assim como faria Pinóquio.

Não é todo mundo que tem o "privilégio" de voltar a viver
várias vezes até aprender algumas lições, né Pinóquio...



quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

Oscar 2016 - Os Indicados



DiCaprio tem mais uma chance de conseguir
seu tão almejado Oscar com "O Regresso".
E saiu a lista dos indicados para o Oscar 2016!
Surpresa para mim, apesar dos muitos elogios que ouvi e li a respeito, é "Mad Max: Estrada da Fúria" ter recebido 10 indicações, só atrás de 'O Regresso" de Alejandro González Iñárritu que pode fazer um bicampeonato em Hollywood. Outros que aparecem como bons candidatos, pelas qualidades que vem sendo apontadas e pelo número de indicações são 'Spotlight" (6 indicações), "Perdido Em Marte" (7) e "A Grande Aposta" (5). Tarantino, com seu "Os Oito Odiados"  dessa vez ficou de fora da corrida principal de filme e direção, e  até de sua especialidade, o roteiro original, mas  mesmo assim concorre em três categorias. Nas categorias técnicas "Star Wars: O Despertar da Força" deve fazer uma limpa, mas sempre de olho em "Mad Max" que também disputa com qualidade algumas delas.
No mais, Leo DiCaprio que goza de grande torcida feminina, muito mais por suas qualidades físicas do que técnicas, terá uma nova chance por sua atuação no filme de Iñárritu; Stallone recebe reconhecimento importante pela nominação a ator coadjuvante; e a animação brasileira "O Menino e o Mundo" tem a honra de ser indicado mas terá uma parada duríssima pele frente, o favoritíssimo "Divertidamente" da Disney/Pixar.
Conheça, abaixo, todos os indicados. A premiação ocorre no dia 28 de fevereiro em Los Angeles.



  • Melhor filme
"A grande aposta"
"Ponte dos espiões"
"Brooklyn"
"Mad Max: Estrada da fúria"
"Perdido em Marte"
"O regresso"
"O quarto de Jack"
"Spotlight: Segredos revelados"

  • Melhor ator
Bryan Cranston ("Trumbo")
Matt Damon ("Perdido em Marte")
Leonardo DiCaprio ("O regresso")
Michael Fassbender ("Steve Jobs")
Eddie Redmayne ("A garota dinamarquesa")


  • Melhor atriz
Cate Blanchett ("Carol")
Brie Larson ("O quarto de Jack")
Jennifer Lawrence (“Joy”)
Charlotte Rampling (“45 anos”)
Saoirse Ronan ("Brooklyn")


  • Melhor diretor
Alejandro G. Iñárritu ("O regresso")
Tom McCarthy ("Spotlight: Segredos revelados")
George Miller ("Mad Max: Estrada da fúria")
Adam McKay ("A grande aposta")
Lenny Abrahamson ("O quarto de Jack")


  • Melhor animação
"Anomalisa"
"O menino e o mundo"
"Divertida mente"
"Shaun, o carneiro"
"Quando estou com Marnie"


  • Melhor filme estrangeiro
"Embrace of the Serpent" (Colômbia)
"Cinco graças" (França)
"O filho de Saul" (Hungria)
"Theeb" (Jordânia)
"A war" (Dinamarca)


  • Melhor trilha sonora
"Ponte dos espiões"
"Carol"
"Os 8 odiados"
"Sicario"
"Star Wars: O despertar da força"


  • Melhor roteiro adaptado
"A grande aposta"
"Brooklyn"
"Carol"
"Perdido em Marte"
"O quarto de Jack"


  • Melhor roteiro original
"Ponte dos espiões"
"Ex Machina"
"Divertida mente"
"Spotlight: Segredos revelados"
"Straight Outta Compton"

  • Melhor design de produção
"Ponte dos espiões"
"A garota dinamarquesa"
"Mad Max: Estrada da fúria"
"Perdido em Marte"
"O regresso"


  • Melhor fotografia
"Carol"
"Os oito odiados"
"Mad Max: Estrada da fúria"
"O regresso"
"Sicario"


  • Melhor figurino
"Carol"
"Cinderela"
"A garota dinamarquesa"
"Mad Max: Estrada da fúria"
"O regresso"


  • Melhores efeitos visuais
"Ex Machina"
"Mad Max: Estrada da fúria"
"Perdido em Marte"
"O regresso"
"Star Wars: O despertar da força"


  • Melhor montagem
"A grande aposta"
"Mad Max: Estrada da fúria"
"O regresso"
"Spotlight: Segredos revelados"
"Star Wars: O despertar da força"


  • Melhor atriz coadjuvante
Jennifer Jason Leigh ("Os 8 odiados")
Rooney Mara ("Carol")
Rachel McAdams ("Spotlight: Segredos revelados")
Alicia Vikander ("A garota dinamarquesa")
Kate Winslet ("Steve Jobs")


  • Melhor ator coadjuvante
Christian Bale ("A grande aposta")
Tom Hardy ("O regresso")
Mark Ruffalo ("Spotlight: Segredos revelados")
Mark Rylance ("Ponte dos espiões")
Sylvester Stallone ("Creed")

  • Melhor edição de som
"Mad Max: Estrada da fúria"
"Perdido em Marte"
"O regresso"
"Sicario"
"Star Wars: O despertar da força"


  • Melhor mixagem de som
"Ponte dos espiões"
"Mad Max: Estrada da fúria"
"Perdido em Marte"
"O regresso"
"Star Wars: O despertar da força"


  • Melhor curta de animação
"Bear Story"
"Prologue"
"Sanjay's Super Team"
"We can't live without Cosmos"
"World of tomorrow"


  • Melhor curta de live action
"Ave Maria"
"Day one"
"Everything will be okay (Alles Wird Gut)"
"Shok"
"Stutterer"

  • Melhor cabelo e maquiagem
"Mad Max"
"The 100-year-old man who climbed out the window and disappeared"
"O regresso"

  • Melhor documentário
"Amy"
"Cartel Land"
"The look of silence"
"What happened, Miss Simone?"
"Winter on fire: Ukraine's Fight for Freedom"


  • Melhor documentário de curta-metragem
"Body team 12"
"Chau, beyond the lines"
"Claude Lanzmann: Spectres of the Shoah"
"A Girl in the River: The Price of forgiveness"
"Last day of freedom"


  • Melhor canção original
"Earned it", The Weekend ("Cinquenta tons de cinza")
"Manta Ray", J. Ralph & Antony ("Racing extinction")
"Simple song #3", Sumi Jo e Viktoria Mullova ("Youth")
"Writing's on the wall", Sam Smith ("007 contra Spectre")
"Til it happens to you", Lady Gaga ("The hunting ground")

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2020

Música da Cabeça - Programa #150


Pra que ir para a Disney se podemos viajar ouvindo o Música da Cabeça, né? No programa 150, nosso passeio começa pela entrevista exclusiva com o músico e produtor carioca Sacha Amback no quadro "Uma Palavra". Também vamos passar por Hyldon, Lou Reed, Ivan Lins, Banderas, Ed Motta e mais. O destino se chama Rádio Elétrica, e o embarque é às 21h. Produção, apresentação e turismo musical: Daniel Rodrigues.


Rádio Elétrica:
http://www.radioeletrica.com/

quinta-feira, 29 de dezembro de 2022

"Pinóquio", de Ben Sharpsteen e Hamilton Luske (1940) vs. "Pinóquio", de Robert Zemeckis (2022)

 


Uma partida que já começa com um favorito disparado: "Pinóquio" de 1940 tem mais talento, criatividade e um futebol mais vistoso, o famoso futebol arte. Já o longa recente do competente Robert Zemeckis, entra com um esquema defensivo defensiva, recuado, só espelhando a tática do adversário. Ambos começam lindamente e delicados, mas a originalidade e a delicadeza dos detalhes da animação original, se destacam muito.

Na história, que todo mundo conhece, um velho carpinteiro que faz um boneco de madeira que por meio de uma fada ganha vida e, um tanto rebelde, um tanto inocente e curioso, acaba saindo de casa e se metendo em uma série de apuros.

Os primeiros minutos são de futebol de alto nível, para frente, os dois com vontade de ganhar. "Pinóquio" de 2022 tenta inovar e mostrar que tem talento, apresentando a repaginada que deu em seus atletas e nisso bate um bolão, mas não o suficiente para superar o encanto do futebol do time de 1940, que, por sua vez, mostra que tem estrela. E é por aí que sai o 1x0. Cruzamento de Fada Azul, Gepeto escora para trás com a cabeça, e Pinóquio, mostrando que não é perna de pau, afunda a rede. 

As cenas inicias são bem parecidas, todo encanto que surge no início dos dois longas é bem impactante em ambos, mas como falei anteriormente, o primeiro, por ser original, se torna algo único e não tem como competir com a cena de Pinóquio ganhando vida, o grilo sendo introduzido como sua consciência, e uma apresentação de personagens linda e lúdica, ao passo que a nova versão apenas emula isso.

O jogo segue ainda igual, com momentos belos, mas termina o primeiro tempo bem morno. Segundo tempo se inicia sem novidades, apenas com uma certa acelerada que o jogo ganha. A equipe de 2022 coloca uma jogadora que parece que vai brilhar, a gaivota Sofia, personagem nova introduzida nessa nova versão, porém pouca coisa acontece e só vai mesmo acontecer lá pelo final do segundo tempo. Chegamos, então, aos minutos finais com cada time tentando surpreender da sua forma: o time de 2022, exagera nos ataques e fica exposto, toma o contra-ataque e... buuum!, leva o segundo gol. Acaba aprendendo que é melhor jogar simples de vez em quando. 2x0 para Pinóquio '40.


"Pinóquio" (1940) - trailer



"Pinóquio" (2022) - trailer


O novo longa tem um dos seus acertos ao nos apresentar a nova personagem que dá um sopro de originalidade ao filme e que até serve para fazer a história ir para frente, mas o roteiro faz questão de tirá-la da história e não entendi o motivo pelo qual, assim como aparece, ela some de tela. O lance da baleia ser substituída por uma fera do mar, desculpe, pode ser coisa minha, mas, particularmente, não gostei.

O quarto árbitro levanta a placa de +2 minutos e, aos 47 do segundo tempo o time de 2022 faz um gol de falta, mas já é tarde e o jogo chega ao fim. 

Por mais que eu tenha gostado do final do remake, que deixa a história muito aberta, o longa no geral não consegue ter a mesma magia do original que, desde do início já traz uma beleza, uma pureza, um encanto singulares. Devido a toda essa magia, bem característica da era de Ouro da Disney e que vale muito, o longa de 1940 sai vitorioso, e jogando muito melhor que seu adversário.

Mas esse torneio não acaba aqui! Logo logo, o time de Ben Sharpsteen e Hamilton Luske vai enfrentar um novo adversário treinado por ninguém menos que o fabuloso Guillermo Del Toro.

Continua...  

No alto, criador e criatura, o velho Gepetto e Pinóquio, à esquerda a animação e à direita o live-action;
na segunda linha, a Fada Azul das duas versões dando vida ao garoto de madeira;
e, abaixo, o que acontece quando se mente,
elemento clássico na história de Pinóquio mas que tem bem menos importância e destaque na nova versão.
 

E o filme novo ainda teve a ousadia
de tentar superar um verdadeiro clássico...
Que cara de pau!




por Vagner Rodrigues

segunda-feira, 14 de agosto de 2023

Exposições “Todos iguais, todos diferentes?” e “Orixás”, de Pierre Verger - Museu de Arte do Rio Grande do Sul (MARGS) - Porto Alegre/RS


 

"Verger era um africano nascido na França”. 
Nondichao Bacalou, assistente de Pierre Verger

"Verger é a pessoa que historicamente vem se dedicando mais a essas relações com a África”.
Gilberto Gil

Quando estivemos em Salvador, em 2015, uma das certezas as quais saímos levamos na mala era a de que queríamos ver a obra de Pierre Verger. Tanto quanto a casa de Jorge Amado e Zélia Gattai, o Pelourinho, o Elevador Lacerda, a Sorveteria da Ribeira, o Mercado Modelo, a praia de Itapuã e outros elementos turísticos e culturais da capital baiana, ter contato com o estrangeiro que melhor entendeu e melhor se hibridizou àquela cidade era um desejo alentado por Leocádia e por mim. Conseguimos visitar uma loja da Fundação Pierre Verger com um pequeno acervo próxima ao Pelourinho, onde ficamos hospedados. Saímos com alguns souvenires e roupas temáticas, que até hoje nos fazem lembrar de lá. Porém, considerando os menos de cinco dias que pudemos ficar, e que naquela época qualquer movimento maior numa cidade que não se conhece podia ser realizada apenas de táxi, pois não existiam ainda os aplicativos de transporte, a matriz da fundação, no longínquo bairro Engenho Velho de Brotas, infelizmente, não deu para irmos.

A frustração de não conseguirmos nos estender na obra de Verger, acalentada por um remoto retorno a Salvador, foi parcialmente superada com uma dupla exposição do icônico trabalho do fotográfico do etnólogo, antropólogo e escritor francês em Porto Alegre. “Todos iguais, todos diferentes?” e “Orixás” trazem o olhar de Pierre Fatumbi Verger sobre a diversidade cultural e a influência recíproca da religiosidade nas culturas africanas e afro-brasileiras. Fez-nos sentir ainda mais em Salvador o fato de que mostra é uma parceria com a Fundação Pierre Verger e as obras selecionadas pelo curador de Alex Baradel, especialista responsável pelo acervo fotográfico da Fundação.

“Todos iguais, todos diferentes?” traz um recorte dos retratos feitos por Verger a partir de seus encontros nas viagens que realizou pelo mundo durante mais de 40 anos. São imagens que, a partir de seu olhar, ressaltam os aspectos da diversidade cultural e do respeito ao outro. Vietnã, Espanha, Congo, Oceano Índico, Senegal, Bolívia, México, Togo, Peru, Mauritânia e, claro, Brasil, são alguns dos países e feições literalmente retratados no trabalho de Verger, que explora imagens em primeiro plano de indivíduos, que se tornam, mais do que apenas retratos de pessoas, mas uma intenção sociopolítica democrática e libertária típica da Antropologia Social da geração a qual ele pertenceu. Não errado dizer “de esquerda”.

Visão geral do primeiro salão de “Todos iguais, todos diferentes?”

Já “Orixás”... Nossa, “Orixás”! Este traz nada mais, nada menos do que uma seleção de fotografias ampliadas em grande formato que constam no livro homônimo de Pierre Verger, lançado pela primeira vez em 1981 e considerado como um dos 200 livros mais importantes para se entender o Brasil A exposição compila, de forma plástica e poética, as pesquisas de Verger sobre a história e mitologia dos orixás nas religiões afro-brasileiras, sobretudo em Salvador e Bahia, além de destacar a origem desses rituais na cultura e nos mitos iorubás africanos em países como Nigéria, Daomé (atual Benin) e Togo. Ao realizar esses estudos em suas viagens desde a Bahia e Recife e até a região do Golfo de Benin, entre os anos 1948 e 1978, Verger se tornou pioneiro na pesquisa quanto às influências culturais e religiosas recíprocas entre África e América, tal como passaram a se dar a partir do século XVI, com a diáspora africana ocorrida em função do tráfico de negros escravizados. As fotos são algo simplesmente arrebatador.

A sensação de penetrar no mundo de Verger ganha força a cada fotografia que se passa, a cada olhar de outra pessoa captada por ele, a cada detalhe enquadrado, a cada realidade dita em apenas um click de segundos. Ainda mais na exposição “Orixás”, que nos fez voltar àquela atmosfera da Bahia da qual nos despedimos com sentimento de incompletude. Adensa ainda mais esta percepção o fato de que a mostra é, justamente, resultado de uma parceria do Margs com a Fundação Pierre Verger e que as obras selecionadas pelo curador de Alex Baradel, especialista responsável pelo acervo fotográfico da Fundação. Só podíamos mesmo voltar à mágica Bahia de Todos os Santos, e isso sem precisar sair ali, na beira do Guaíba, abençoada por Yemanjá.

********

Iguais e, sim, diferentes


Senhora típica espanhola e um belo jovem vietnamita, em fotos dos anos 30


Trabalhadores do povo daqui e de lá


Mulher africana e Leon Trotsky no exílio México


Vista geral da mostra “Todos iguais, todos diferentes?”


A vitalidade de jovens do Vietnam e de Cuba


Detalhe do preciso sorriso de um pequeno mexicano


Composições semelhantes em Tarabuco, Bolívia (cima) e em Ocongate, no Peru


Detalhe no foco, que está no rosto da jovem em segundo plano


Expressivo retrato de um idoso no Brasil dos anos 50, interior de SP


Outra marcante foto desta linda cubana (1957)


Entre os vários amigos ilustres, Dorival Caymmi, Diego Rivera e Walt Disney, ao centro, de "gaucho"


Foto da impressionante exposição "Orixás" (anos 50)


Trabalho etnológico de Verger, que rendeu fotos históricas da religiosidade africana e brasileira


Divindades do candomblé representadas


A plasticidade própria dos cultos africanos 


Yemanjá (Salvador, 1946)


Um 360° de "Orixás"


********

“Todos iguais, todos diferentes?” e “Orixás”
Visitação até 08 de outubro, de  terça-feira a domingo, das 10h às 19h
Local: Museu de Arte do Rio Grande do Sul - MARGS - 1º andar expositivo do MARGS (Pinacotecas e sala Aldo Locatelli)
Praça da Alfândega, s/n°, no Centro Histórico de Porto Alegre - RS
Ingresso: gratuito


Daniel Rodrigues