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quarta-feira, 23 de dezembro de 2020
Música da Cabeça - Programa #194
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quinta-feira, 30 de agosto de 2018
cotidianas #586 - Jogo da Forca
- Nove letras...
- Por favor, por que você tá fazendo isso comigo? Por que? Me deixa ir embora. Eu faço o que você quiser.
- Eu quero que você arrisque uma letrinha. Vai arrisca. É a única maneira de você sair daí. - apontando para o banquinho sobre o qual se apoiava, a muito custo, quase na ponta dos pés, aquele homem desesperado com a corda no pescoço. - Completa a palavra e eu te solto.
- Mas por que eu? Por que?
- Acho que você sabe... Lembra de um assalto na Via Leste? Uma mulher sozinha num Ride preto?...
Os olhos do homem amarrado às costas se arregalaram.
- Pelo visto, acredito que você tenha lembrado?
- Eu não queria... Eu pensei que ela tava armada. Por favor, cara. Eu não fui eu. Foi um acidente. Eu.. eu não tinha o que comer. Minha filha tava morrendo. Me dá uma chance...
- Eu estou te dando uma chance. - retorquiu calmamente. - Ao contrário do que você fez com ela, eu estou lhe dando uma chance.
Caminhou lentamente pelo galpão abandonado dando uma volta em torno do refém equilibrado naquele apoio nada estável e prosseguiu:
- Poderia simplesmente lhe dar um tiro agora e pronto, mas você não merece morrer rapidamente. No jogo da forca, normalmente se acrescenta um bracinhos, uma perninha, ao enforcado pra cada letra que errada. Não teria como acrescentar membros a você, não, amigo? Imagina, você ficaria uma espécie de polvo ou algo assim. - riu - Então resolvi, e espero que não se incomode, mudar um pouco as regras do passatempo.
Disse esta última frase abaixando- se para pegar alguma coisa numa espécie de baú que encontrava-se ali por perto, no chão. Ergueu-se empunhando uma motosserra cuja mera visão alvoroçara a tal ponto o cativo que chegara mesmo a quase comprometer seu vital equilíbrio sobre a banqueta.
- Eu sou meio que um assassino como você, sabe. Sou escritor. De romances policiais. Você usa balas, eu uso letras. Cada um usa as armas que tem, não? Pois então decidi apelar para a minha arma para decidir essa questão de justiça. Adoro as palavras, sabe? Amo-as quase tanto quanto amava minha esposa. Já que um de meus amores não está aqui para me ajudar a decidir sobre seu destino, por sua causa, diga-se de passagem, nada mais justo que minha outra paixão tenha o poder de lhe salvar a vida ou condená-la. Pois seja, se você desvendar a palavra oculta sob aqueles enigmáticos tracinhos, - apontando para uma parede já bastante suja e pichada - mostrará ser, apesar de um assassino, um homem de algum valor, de bom vocabulário e eu aprecio muito pessoas inteligentes. Você será absolvido pelas palavras. Para ver como eu as prezo, hein. - observou ironicamente - Do contrário, para cada letra errada de seu palpite, ao invés de colocar uma parte do corpo, eu terei que tirar uma. - e anunciou isso dando alguns leves tapinhas na motosserra que carregava consigo.
O homem agora gritava e, com algum cuidado para não se desequilibrar totalmente, se debatia.
- Não, não... Não adianta de nada essa gritaria toda. Eu quero letras. Uma letra de cada vez. Conscientize-se, meu caro. É sua única chance. Melhor sair sem uma mão, um braço, do que sem a vida, não acha? Arriscando você pode acertar ou não, mas não tentando você será cortado da mesma forma sem possibilidade de lucro algum. O que acha? E então?
Em meio ao desespero mas suficientemente lúcido para perceber que melhor era um chute lotérico que lhe trouxesse algum benefício do que a inutilidade de seu choro ou suas súplicas, mal conseguindo pronunciar o som de uma letra pelo cansaço que as horas ali dependurado chorando lhe causaram, optou por simplesmente abrir a boca e deixar escapar um som que ao mesmo tempo exprimia sua dor, sua fadiga e atendia ao que lhe exigia seu algoz:
- A...
- Boa escolha! "A" é uma letra que costuma aparecer muito. - observou o macabro mediador do jogo - Vamos ver...
Foi até a parede onde o jogo estava traçado com giz, olhou os nove espaços colocados em sequência, fez uma expressão como se estivesse avaliando a palavra invisível sobre as lacunas e por fim anunciou:
- Hum... que azar. Nessa palavra não tem "A". - disse já puxando a corda da motossera.
O ronco ameaçador e impio da máquina cortou o silêncio da noite.
quinta-feira, 16 de fevereiro de 2023
U2 - "Zooropa" (1993)
Atento, bebê?
Nunca acreditei em “Achtung Baby”, o tão celebrado disco da U2 de 1991. É este mesmo o termo: "acredito". Não se trata de "gostar", mas sim de crer. Aliás, gostar, até gosto. "One", "Until the End of the World" e “Acrobat” estão aí para provar. Porém, estas e todas as demais nove faixas de “Achtung...” são, a rigor, de longe menos inspiradas do que diversas outras da banda e, principalmente, graus abaixo do que Bono Vox, The Edge, Larry Mullen Jr. e Adam Clayton têm condições de entregar. Por que, então, falo de credibilidade e não necessariamente de qualidade? E por que abro o texto indo na contramão da maioria falando de uma obra consagrada e não daquela que motiva este artigo, “Zooropa”? Afora a ordem sucessória entre um disco e outro, é necessário que se volte alguns anos antes ao grande sucesso comercial e de crítica da U2 nos anos 90 para entender aquela que considero a maior farsa planejada da música pop moderna.
O ano é 1988. A U2 ostentava a posição de grande banda do rock internacional. Com o término da The Smiths e os às vezes errante caminhos da The Cure, a U2 somava todos os elementos para ocupar tal posição, rompendo a linha que divide o underground do início da carreira para o status de lotadores de estádio. Musicalmente, um fenômeno gerador de hits, vendas de discos e canções clássicas. Tinha um vocalista de admiráveis qualidades vocais e letrísticas, um guitar hero sofisticado e criativo e a "cozinha" mais competente do rock 80. Politicamente, foi o grupo mais engajado da sua geração. A coroação veio com “The Joshua Tree”, de 1987, que deu aos irlandeses discos de ouro, platina e diamante em vários países e um Grammy de Álbum do Ano, consolidando-os no mercado mundial com sucessos como "With ir Without You" e "I Still Haven't Found What I'm Looking For".
Arte do famigerado "Achtung...", de 1991 |
Surgidos como revelação da música pop, Fab Morvan e Rob Pilatus foram acusados de não interpretarem as próprias músicas. Desmascarados, foram demitidos da gravadora que os fez vender milhões e tiveram que devolver o Grammy que venceram. Morvan e Pilatus precisaram convocar uma vexatória coletiva para confessarem que, de fato, apenas faziam playback em cima do palco e que ghostsingers cantavam por eles em estúdio. Justificaram que haviam sido recrutados pelo visual, como uma estratégia de publicidade. Bono, então, ouviu e ligou os pontos: “Fraude, Grammy, publicidade, paradas de sucesso, personagens...”. Deu-lhe um estalo: ali estava a chave para os problemas da U2.
Não é possível medir o quanto Bono ficou impactado com tal ocorrido, embora a polêmica da Milli Vanilli tenha ganhado tamanha proporção que, provavelmente, deu um sinal de alerta para qualquer um que pertencesse à indústria cultural. Bono, ao que tudo indica, perspicaz como é, captou a essência da discussão, mas injetou-lhe doses de ironia. Numa fase de “crise de identidade”, o negócio era assumir uma “não identidade”. Genial! Já distante da figura politizada que os consagrou e diante da incerteza que o estrelato provocou, a escolha da U2 foi criar uma nova imagem pública: dar vida a personagens fictícios e produzir músicas de fácil assimilação.
Os riffs de “Achtung...”, basta notar, são bastante simples, até simplórios em alguns casos em se tratado da alta técnica de The Edge. "Who's Gonna Ride Your Wild Horses", "The Fly", "Mysterious Ways", "Tryin' To Throw Your Arms Around The World" são assim: quase sem graça. O minimalismo característico de The Edge transformou-se em preguiça. Praticamente todas as faixas têm o mesmo embalo. Mas, claro, com a caprichada produção de Brian Eno, que mascarava tudo. Além disso, fotos e clipes de Anton Corbijn, mixagem de Daniel Lanois e Robbie Adams e engenharia de som de Flood. Invólucro perfeito, como todo produto premium de supermercado. Para arrematar a traquinagem, o disco é gravado na mesma Alemanha em que David Bowie e o mesmo Eno conceberam a nova música pop no final dos anos 70. Mas também a mesma Alemanha da Milli Vanilli...
Agora, valendo!
Jamais a U2 tinha feito algo tão raso como “Achtung Baby”, e isso queria dizer alguma coisa. O circo foi tão bem montado que, com absoluta unanimidade, todos caíram na deles. Público e crítica elevaram o disco a obra-prima mesmo sem ter um riff à altura de “Bad”, “Red Hill Minning Town”, “God Part 2”, “Like a Song...” e por aí vai. Quando um artista chega a determinado estágio, o que se espera é que, no mínimo, supere o que já fez. Mas diante da incapacidade crítica da pós-modernidade, a U2 percebeu que isso não se aplicaria a ídolos acima de qualquer suspeita como eles. Na verdade, fizeram o contrário: ao invés de evoluir, deram passos para trás, mas com muita inteligência e marketing. E ego. Bono encarnava personagens como The Fly e The Macphisto com visível falta de habilidade cênica, mas suficiente para encantar os fãs. A piada foi tão bem contada que, somado ao respeito e a credibilidade de que jamais uma banda “séria” como a U2 faria algo assim, ninguém desconfiou de nada.
Por sorte, a enganação deliberada de “Achtung...” foi, em trocadilho com o próprio título, apenas para ver se a galera estava “atenta”. Como ninguém estava, no fundo o tiro saiu pela culatra. O negócio era desistir da palhaçada e fazer algo bom novamente. Fruto de canções surgidas durante a turnê e de suspeitas “sobras” do afamado disco anterior, “Zooropa” mostra porque a U2 chegava, enfim, à maturidade. Improvisos, experimentações, ousadias, ludicidade. É possível sentir um clima de liberdade criativa em suas faixas. Se a ida para Berlim anos antes foi, como fez Bowie, para se afastar do burburinho da mídia, enfim a intenção funcionava para a U2.
Um rápido paralelo entre as faixas de um disco e outro provam que a turma estava mesmo interessada em fazer o que sempre soube: pop-rock forjado no pós-punk, somado aos elementos do tecno, como downtemto, synth pop e experimental. Na abertura, para uma pirotécnica ”Zoo Station”, mandam ver “Zooropa”, extensa, pouco vendável, sem pressa para começar e nem para terminar. Riff bem elaborado que, lá pelas tantas, ainda sofre uma virada que acelera seu compasso, gerando quase que uma outra música. Excelente cartão de visitas para deixar claro que a U2, definitivamente, havia deixado as máscaras de mosca em segundo plano.
A melódica “Babyface”, algo semelhante em atmosfera a “So Cruel”, de “Achtung...”, faz homenagem ao músico de R&B que influenciaria bastante o som da banda naquele momento. Esta antecipa a primeira obra-prima do álbum: “Numb”. Desviando os holofotes quase monopolizados por Bono, a banda realiza de vez o que prenunciavam na capa de “Rattle...” com The Edge fazendo as vezes de protagonista. E aqui Eno, novamente recrutado como um quinto integrante, faz valer sua arte de produção. E não para “salvar” a música, mas para potencializá-la. Construtiva, a partir de uma programação eletrônica e um riff estetizado, “Numb” vai agregando elementos como bateria, efeitos de teclados, frases de guitarras, sintetizadores e contracantos, como o belo falsete de Bono dizendo versos como: “I feel numb” e “Too much is not enough”. Tão original que é sem comparação com qualquer uma de “Achtung...”.
Outra pérola: “Lemon”. Mais uma cantada em falsete, agora com Bono retomando o centro do palco, lembra “Misterious Ways” por certa latinidade da percussão de Mullen Jr. Mas apenas de longe, pois é muito melhor e bem mais elaborada. A começar pelo riff, este sim minimalista como The Edge é craque, mas saborosamente criativo, forjado apenas no efeito de pedal, que se forma através de ressonâncias. O baixo de Clayton, idem: seguro como sempre, fazendo a base perfeita para esta world music moderna. Mas principalmente: o arranjo de Eno. Nesta faixa fica evidente o quanto o papel do eterno Roxy Music foi fundamental para a retomada da U2 à sua raiz de beleza estética com liberdade e ousadia. Os coros em tom menor, com contracantos acentuados, dão um exótico ar étnico à música. Impossível não lembrar das contribuições de arranjo e melodia de Eno para a Talking Heads em “Remai in Light” (“Born Under Punches”/“Crosseyed and Painless”/”The Great Curve”), de 1980, ou músicas de seus trabalhos solo como “No One Receiving” (de “Before and After Science”, 1977).
Se “Daddy’s...” lembra em certa medida “The Fly” e “Zoo Station”, de “Achtung...”, “Some Days Are Better Than Others” equivale a "Tryin' To Throw Your Arms Around The World". Novamente, contudo, vencendo a disputa. E quão simbólica a letra para aquele momento de autorreconhecimento, quase um mea culpa: “Alguns dias você usa mais força do que o necessário/ Alguns dias simplesmente nos visitam/ Alguns dias são melhores do que outros”. Já a escondida “The First Time” é uma surpresa altamente positiva, que começa com uma leve base de baixo sob a linda voz de Bono para ir ganhando, aos poucos, outros instrumentos/elementos, que lhe aumentam a emotividade. Além disso, faz analogia com “Love Is Blindness”, última do trabalho antecessor. Mas como assim, se ela não encerra “Zooropa”? Aham! A estratégia narrativa usada para gerar estardalhaço anteriormente, agora era empregada a favor da feitura da obra. “The First...” prepara o terreno para a penúltima faixa, “Dirty Day”, outra que, assim como “Zooropa”, não se apressa em começar e a se desenrolar. Pop eficiente, tem o detalhe da voz de Bono sobre todos os outros sons, como que viva diante do microfone, expediente imortalizado por Eno e pelo produtor Tony Visconti em “Heroes”, de Bowie, em 1978, daquela mesma inspiradora fase alemã do Camaleão do Rock.
Eno com Edge e Bono em estúdio dando as coordenadas pra banda |
E quanta beleza em “The Wanderer”! Escritos para o barítono embriagado Cash, os versos (de Bono, credite-se) largam dizendo: “I went out walking/ Through streets paved with gold/ Lifted some stones, saw the skin and bonés/ Of a city without a soul” (“Eu saí caminhando/ Pelas ruas pavimentadas com ouro/ Levantei algumas pedras, vi pele e ossos/ De uma cidade sem alma”). Uma clara referência ao clássico “Walked in Line”, imortalizada na voz do errante Homem de Preto, mas também à própria consciência da U2 pelas perigosas trilhas da fama. “The Wanderer” ainda serviu como uma homenagem em vida a Cash. Eterno outsider e já no ostracismo naqueles idos, ele viria a se revitalizar como artista e gravar seus últimos álbuns na série “American”, morrendo 10 anos depois daquela gravação (a versão definitiva de “One”, aliás, é de seu “American III”, de 2000). Um digno final de disco da U2, o mais tocante e melhor de sua discografia, mais bonito até do que “MLK” encerrando “The Unforgatable Fire” ou do que “All I Want Is You” fechando “Ratlle...”. Um final para desfazer mal-entendidos e enterrar qualquer piada de mal gosto que um dia tenham feito.
“Zooropa”, o melhor disco da banda em toda a década de 90 e seu último grande álbum, completa 30 anos de lançamento. Isso nos leva a deduzir que, há três décadas, a U2 desfazia um erro grotesco chamado “Achtung Baby” para, responsavelmente para com sua própria obra, dignidade e reputação, conceber “Zooropa”. O processo de concepção conduzido por Eno, livre das amarras do enterteinment e voltado às origens deles como músicos, foi tão rico, que rendeu, dois anos depois, o ótimo “Passengers: Original Soundtracks 1”, em que encarnam com humildade a inédita nomenclatura para compor trilhas sonoras para diversos filmes. Um pouco do que já era “Zooropa”: uma narrativa, uma história.
O certo seria Bono, Edge, Mullen Jr., Clayton e Eno, assim como fez a Milli Vanilli no passado, chamar a imprensa para uma coletiva e confessarem o engodo de "Achtung Baby" – de preferência, em Berlim, cidade acostumada a reconstruções e onde a farra foi cometida. Mas isso jamais acontecerá. Para mim, contento-me em ouvir “Zooropa” e saber que ele veio reestabelecer minha relação com a U2, o que vinha gradativamente perdendo força e sofrera considerável abalo quando do meu desmascaramento solitário. “Zooropa”, com sua força e identidade, zerou tudo. A U2 está para sempre desculpada.
terça-feira, 24 de janeiro de 2023
Oscar 2023 - Os Indicados
O fraquissimo "Top Gun" Maverick" foi um dos destaques nas indicações. |
Tenho que admitir que, por enquanto, não assisti a muitos ainda, mas hoje em dia com a facilidade dos streamings, a oportunidade está dada para quem quiser, a partir de agora, maratonar os filmes até 12 de março, quando serão conhecidos os vencedores.
"Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo", lidera as indicações com 11, seguido por "Os Banshees de Inisherin" e pela produção alemã "Nada de novo no Front", com 9, esta disputando, inclusive, por melhor filme e melhor filme internacional. "Elvis", da brilhante atuação de Austin Butler, aparece com 8, "Os Fabelmans", de Steven Spielberg, com 7, e o badalado "Top Gun: Maverick", com 6, e destaque também para o vencedor da Palma de Ouro do ano passado, "Triângulo da Tristeza", indicado a melhor filme, além de outras duas categorias.
Particularmente, me chamou atenção a indicação de "Top Gun: Maverick", para melhor filme, a meu juízo um gloriosa porcaria; as indicação de "Batman", com 3; e a não indicação da animação "Pinóquio" de Guillermo del Toro para a categoria principal de melhor filme, o que não foi exatamente uma surpresa, mas era uma expectativa tal a qualidade do filme. Quanto ao mais indicado "Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo" , embora já tenha aparecido aqui no ClyBlog, na opinião do nosso parceiro Vagner Rodrigues, de minha parte não posso fazer juízo, por enquanto, mas fico com a impressão positiva pelo que foi descrito na resenha.
Mas chega de papo. Fiquem com a lista dos indicados:
- Melhor Filme
Nada de Novo no Front
Avatar: O Caminho da Água
Os Banshees de Inisherin
Elvis
Tudo em Todo Lugar Ao Mesmo Tempo
Os Fabelmans
Tár
Top Gun: Maverick
Triângulo de Tristeza
Women Talking
- Melhor Ator
Austin Butler (Elvis)
Colin Farrell (Os Banshees de Inisherin)
Brendan Fraser (A Baleia)
Paul Mescal (Aftersun)
Bill Nighy (Living)
- Melhor Atriz
Cate Blanchett (Tár)
Ana de Armas (Blonde)
Andrea Riseborough (To Leslie)
Michelle Williams (Os Fabelmans)
Michelle Yeoh (Tudo em Todo Lugar Ao Mesmo Tempo)
- Melhor Atriz Coadjuvante
Angela Bassett (Pantera Negra: Wakanda Para Sempre)
Hong Chau (A Baleia)
Kerry Condon (Os Banshees de Inisherin)
Jamie Lee Curtis (Tudo em Todo Lugar Ao Mesmo Tempo)
Stephanie Hsu (Tudo em Todo Lugar Ao Mesmo Tempo)
- Melhor Ator Coadjuvante
Brendan Gleeson (Os Banshees de Inisherin)
Brian Tyree Henry (Causeway)
Judd Hirsch (Os Fabelmans)
Barry Keoghan (Os Banshees de Inisherin)
Ke Huy Quan (Tudo em Todo Lugar Ao Mesmo Tempo)
- Melhor Direção
Martin McDonagh (Os Banshees de Inisherin)
Daniel Kwan e Daniel Scheinert (Tudo em Todo Lugar Ao Mesmo Tempo)
Steven Spielberg (Os Fabelmans)
Todd Reid (Tár)
Ruben Ostlund (Triângulo de Tristeza)
- Melhor Animação
Pinóquio por Guillermo del Toro
Marcel the Shell with Shoes On
Gato de Botas 2
A Fera do Mar
Red: Crescer é uma Fera
- Melhor Curta de Animação
The Boy, The Mole, The Fox and the Horse
The Flying Sailor
Ice Merchants
My Year of Dicks
An Ostrich Told Me The World is Fake and I Think I Believed It
- Melhor Roteiro Original
Os Banshees de Inisherin
Tudo em Todo Lugar Ao Mesmo Tempo
Os Fabelmans
Tár
Triângulo de Tristeza
- Melhor Roteiro Adaptado
Nada de Novo no Front
Glass Onion: Um Mistério Knives Out
Living
Top Gun: Maverick
Women Talking
- Melhor Curta em Live-Action
An Irish Goodbye
Ivalu
Le Pupille
Night Ride
The Red Suitcase
- Melhor Design de Produção
Nada de Novo no Front
Avatar: O Caminho da Água
Babilônia
Elvis
Os Fabelmans
- Melhor Figurino
Babilônia
Pantera Negra: Wakanda Para Sempre
Elvis
Tudo em Todo Lugar Ao Mesmo Tempo
Sra. Harris vai a Paris
- Melhor Documentário
All That Breathes
All the Beauty and the Bloodshed
Fire of Love
A House Made of Splinters
Navalny
- Melhor Documentário em Curta-Metragem
The Elephant Whisperers
Haulout
How Do You Measure a Year?
The Martha Mitchell Effect
Stranger at the Gate
- Melhor Som
Nada de Novo no Front
Avatar: O Caminho da Água
Batman
Elvis
Top Gun: Maverick
- Melhor Direção de Fotografia
Nada de Novo no Front
Bardo
Elvis
Empire of Light
Tár
- Melhor Edição
Os Banshees de Inisherin
Elvis
Tudo em Todo Lugar Ao Mesmo Tempo
Tár
Top Gun: Maverick
- Melhores Efeitos Visuais
Nada de Novo no Front
Avatar: O Caminho da Água
Batman
Pantera Negra: Wakanda Para Sempre
Top Gun: Maverick
- Melhor Maquiagem e Cabelo
Nada de Novo no Front
Batman
Pantera Negra: Wakanda Para Sempre
Elvis
A Baleia
- Melhor Filme Internacional
Nada de Novo no Front (Alemanha)
Argentina, 1985 (Argentina)
Close (Bélgica)
EO (Polônia)
The Quiet Girl (Irlanda)
- Melhor Trilha Sonora Original
Nada de Novo no Front
Babilônia
Os Banshees de Inisherin
Tudo em Todo Lugar Ao Mesmo Tempo
Os Fabelmans
- Melhor Canção Original
Diane Warren – “Applause” (Tell It Like a Woman)
Lady Gaga – “Hold My Hand” (Top Gun: Maverick)
Rihanna – “Lift Me Up” (Pantera Negra: Wakanda Para Sempre)
M.M. Keeravaani e Chadrabose – “Naatu Naatu” (RRR)
Ryan Lott, David Byrne, Mitski – “This Is a Life” (Tudo em Todo Lugar Ao Mesmo Tempo)
Que comece a maratona!
C.R.
quinta-feira, 28 de agosto de 2008
MGMT - "Oracular Spectacular" (Espetacular, mesmo!!!)
quinta-feira, 25 de dezembro de 2014
Phil Spector & Vários – “A Christmas Gift for You from Phil Spector” (1963)
segunda-feira, 14 de junho de 2021
R.E.M. - "Out of Time" (1991)
Talvez por terem demorado três anos para lançar algo novo ou por virem de uma série de ótimos discos, desembocando no acachapante “Green”, a impressão que dava era a de que eles haviam se livrado dessa cobrança. A ausência do peso da responsabilidade foi positiva, pois fez com que a chegada de “Out of Time” fosse ainda mais impactante naquele ano de 1991. O primeiro single, "Losing My Religion", cujo videoclipe foi ao mesmo tempo um choque e um sucesso imediato, tratava-se de um perfect pop com as características que lhe são comuns: refrão pegajoso, riff fácil e inteligente, melodia envolvente, evolução com carga emotiva. Mas, mais do que isso, um tom melancólico, grave, contristado, algo entre uma balada com ares sacros e um pop rock de massas. Fora isso, o instrumento principal é um incomum bandolim. E que letra! “Aquele sou eu no canto/ Aquele sou eu sob os holofotes/ Perdendo minha religião/ Tentando te acompanhar/ E eu não sei se eu consigo fazer isso”. Sabia-se que se estava presenciando o nascimento de um clássico do rock.
Dada a primeira boa impressão, o então novo disco da R.E.M., porém, levou um pouco para chegar no ainda atrasado mercado fonográfico do Brasil daqueles idos. "Losing My Religion", por sua vez, cumpria o papel de reacender os holofotes para o quarteto Michael Stipe, Peter Buck, Mike Mills e Bill Berry. A se ver pelo primeiro hit, prenunciava-se um disco acima da média. Foi então que o dia de conhecer “Out...” chegou ao Rio Grande do Sul (provavelmente, se não o primeiro estado no Brasil, dos primeiros a ter esse privilégio) através da finada Rádio Ipanema, que aos finais de tarde geralmente rodava na íntegra alguma novidade do mundo do rock.
E as expectativas foram todas confirmadas. “Radio Song”, que abre o álbum, assinalava que a R.E.M. vinha, sim, para engrossar a fila das bandas veteranas em plena forma naquela virada de anos 80 para os 90. Um britrock ao estilo das melhores coisas da Ride e Stone Roses, com um ritmo funkeado, riff matador e carregado das guitarras espetaculares de Buck. Ainda assim, o arranjo também comportava uma orquestra de cordas e uma boa dose de variações de andamento. Mas isso não é tudo: dividindo os vocais com Stipe está o rapper KRS-One. Primeiro, soltando frases e melismas com o sotaque das ruas norte-americanas, o que dá uma personalidade totalmente própria à música. Depois, ao final, KRS-One engata, aí sim, somente ele um rap, encerrando a canção com o provavelmente quarto ou quinto ritmo apresentado na melodia. Que cartão de visitas “Radio Song”!
A audição de “Out...” se desenrolava e, a cada nova faixa, mais se confirmava que se estava diante de um grande disco. "Low" emulava com competência The Doors, tanto no canto de Stipe a la Jim Morrison e no riff de guitarra circunspecto, que lembra temas como "When the Music's Over" e "Strange Day", quanto, principalmente, no órgão Hammond como o de Ray Manzareck. Bem ao estilo guitar melody, a R.E.M. volta à sua pegada dos discos “Document”, “Reckoning” e, principalmente, “Green”, em "Near World Heaven", outra música de trabalho do disco, esta, cantada por Mills. Conforme se avança no sulco, percebem-se semelhanças com a construção de repertório desses álbuns anteriores que tão certo havia dado, os quais intercalam temas mais alegres com outros mais melancólicos, mais agitados com lentos, mais distorcidos com melodias doces. Mérito do produtor Scott Litt.
O que “Out...” guarda também, no entanto, são mais maravilhas. A emocionante instrumental "Endgame" é um country altamente melodioso em que, além da instrumentalização caprichada com escaleta, violão, cordas e percussões delicadas, ouve-se a voz de Stipe apenas para cantarolar melismas como mais um instrumento. Após uma canção tristonha, vem mais uma pulsante. E em alto astral, por sinal. Sinônimo de música pop alegre, o segundo maior hit do disco, "Shiny Happy People", traz, além do termo "alegria" no próprio título, a esfuziante participação de Kate Pierson, da B52's, musa da divertida new wave, dividindo os microfones com Stipe, que pega emprestada a ideia tão bem executada por Iggy Pop com a cantora um ano antes noutro sucesso daquele começo de década, "Candy". Assim como “Losing...” e espelhando-se num tema de função parecida de “Green”, “Stand”, é mais um perfect pop que também marcou época por conta de sua melodia animada e de seu clipe, que trazia uma cenografia festiva e colorida como a música.
O pop rock eficiente de "Belong" completa-se com uma nova redução na rotação e mais uma bela canção: "Half a World Away", balada misto da atmosfera folk de "Endgame", o vocal anasalado típico de Stipe em "Losing...", as cordas de “Radio Song” e a levada Doors de "Low" – desta vez trocando o órgão por um cravo. Na sequência, Mills encabeça outro tema assim como fez em “Near...”. É “Texarcana”, novamente um rock com magnífico riff e complemento de cordas. A construção do repertório é tão parecida com a de “Green”, que mais uma vez as faixas se espelham. Caso de “Country Feedback”, balada que remete a “The Wrong Child” do álbum anterior. Esta prepara o terreno para o encerramento com "Me in Honey", em que se repete a dobradinha Stipe-Pierson num tema pop se não à altura de grandes faixas do próprio “Out...” e nem do gran finale de “Green” (o rockasso "I Remember California"), ao menos mantém com dignidade a boa qualidade.
Chegado ao final daquela primeira audição de “Out...”, ação se repetiria centenas de vezes nesses últimos 30 anos que o disco completa em 2021, ficava evidente que a R.E.M. se superava. E se não era melhor do que seu antecessor “Green” – difícil tarefa que a banda jamais atingiria até se dissolver, em 2011 – ao menos aperfeiçoava seu estilo e discurso. Adicionava-se às guitarradas de Buck outras formas de criar riffs; ampliava-se a instrumentalização; aprofundam-se na raiz da música norte-americana; Stipe apurava ainda mais sua poesia e canto. Presente em listas de grandes discos dos anos 90, como a dos 100 Álbuns das revistas Rolling Stone e Slant, “Out...” ganhou três Grammy Awards em 1992 (Melhor Álbum de Música Alternativa e dois para "Losing My Religion"). E se hoje o disco é considerado um clássico, à época de seu lançamento ele alçava o grupo a um novo patamar: o de banda que transpunha a fronteira do alternativo para o pop. O esquecimento temporário da R.E.M. havia feito bem tanto para poderem apresentar aquele novo trabalho quanto, principalmente, para atingirem livres de preconceitos um feito que poucos conseguem: o de tornar-se internacionalmente conhecido, mas manter o status de cult.
FAIXAS:
2. "Losing My Religion" - 4:26
3. "Low" - 4:55
4. "Near Wild Heaven" - 3:17
5. "Endgame" - 3:48
6. "Shiny Happy People" - 3:45
7. "Belong" - 4:05
8. "Half a World Away" - 3:26
9. "Texarkana" - 3:37
10. "Country Feedback" - 4:07
11. "Me in Honey" - 4:06
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sexta-feira, 30 de maio de 2014
The Beatles Rock Cup - confrontos da primeira fase
Saiu o sorteio da primeira fase da Copa do Mundo TheBeatles.
Se achavam que a competição já estava difícil, não viram nada.
Clássicos como Eleonor Rigby, Helter Skelter, Drive My Car e outros tiveram que encarar numa pré-fase pelo fato de não terem um bom 'rankeamento', por assim dizer na parada de sucessos, só que agora, na primeira fase, efetivamente do torneio, entram exatamente as 32 mais bem colocadas no ranking da Billboard e aí, véi, a coisa vai ficar feia!
Só pra que se tenha uma ideia, nessa fase teremos clássicos como Ticket to Ride x Strawberry Fiedls Forever, Help x Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band, Love Me To x Dear Prudence, só para ficar em algumas. Vai sair lasca!
Confira abaixo todos os jogos da primeira fase da Copa das Copas, a Copa do Mundo TheBeatles do clyblog:
sábado, 26 de agosto de 2023
SUPER-ÁLBUNS FUNDAMENTAIS Especial de 15 anos do ClyBlog - 15 discos impecáveis da primeira à última faixa
2. "The Thin Ice"
3. "Another Brick in the Wall (Part I)"
4. "The Happiest Days of Our Lives"
5. "Another Brick in the Wall (Part II)"
6. "Mother"
7. "Goodbye Blue Sky"
8. "Empty Spaces"
9. "Young Lust"
10. "One of My Turns"
11. "Don't Leave Me Now"
12. "Another Brick in the Wall (Part III)"
13. "Goodbye Cruel World"
14. "Hey You"
15. "Is There Anybody Out There?"
16. "Nobody Home"
17. "Vera"
18. "Bring the Boys Back Home"
19. "Comfortably Numb"
20. "The Show Must Go On"
21. "In the Flesh"
22. "Run Like Hell"
23. "Waiting for the Worms"
24. "Stop"
25. "The Trial"
26. "Outside the Wall"
- I. The Solid Time of Change
- II. Total Mass Retain
- III. I Get Up I Get Down
- IV. Seasons of Man
- I. Cord of Life
- II. Eclipse
- III. The Preacher the Teacher
- IV. The Apocalypse
2. "Chegando da Terra"
3. "Arpoador"
4. "Cochabamba"
5. "Brejeiro"
6. "Espírito Infantil"
7. "Festa na Rua"
8. "Eleanor Rigby"