Evoé, MDC! Na roda viva da vida, a arte perde ZÉ CELSO, mas ganha a afirmação de sua eternidade. Celebrando este sempre, o programa traz ele e muitas outras peças, que vão de MY BLOODY VALENTINE a TIM MAIA, de CAN a GERALDO AZEVEDO, de ZÉ MIGUEL WISNIK a ANDRÉ ABUJAMRA. Desafiando a plateia, subimos ao palco hoje às 21h na inquieta RÁDIO ELÉTRICA. Produção, apresentação e "merda!": DANIEL RODRIGUES.
quarta-feira, 12 de julho de 2023
quarta-feira, 8 de junho de 2022
Música da Cabeça - PROGRAMA ESPECIAL Nº 270
MDC especial nº 270
entrevista com o ator, produtor
e professor de teatro
EDUARDO ALMEIDA
Rádio Elétrica:
http://www.radioeletrica.com/
domingo, 15 de agosto de 2021
O Dia em que a Arte Dramática Brasileira Morreu
Em 2007, quando, com diferença de menos de 24 horas, os cineastas Ingmar Bergman e Michelangelo Antonioni faleciam, aquela fatídica virada de 29 para 30 de julho ficou conhecida como o “dia em que o cinema moderno morreu”. Semelhante sensação de perda e de triste coincidência se abateu sobre o mundo das artes dramáticas brasileira entre 11 e 12 deste mês de agosto ao despedirmo-nos de dois ícones: Paulo José e Tarcísio Meira. Poucas vezes em tão pouco tempo foi-se embora tanta beleza, tanta significância, tendo em vista a história de cada um para o cinema, a TV e o teatro brasileiros. Até mesmo na vida pessoal pareceram-se. Um, com 84, o outro, com um ano a mais. Na vida pessoal, amaram com fidelidade poucas mulheres igualmente do seu ciclo de atores: Tarcísio, casado com Glória Menezes por 61 anos; Paulo, viúvo de Dina Sfat e, posteriormente, parceiro da também atriz Zezé Polessa.
Paulo em "O Palhaço": sensibilidade de veterano |
Mas é no audiovisual que a carreira tanto de um quanto de outro se fez popular, por vários antagônicos motivos – o que só prova suas versatilidades. Como outro grande das artes cênicas recentemente falecido, o sueco Max Von Sydow, capaz de interpretar Jesus Cristo e um cavaleiro assombrado pelo Diabo, Tarcísio, especialmente, foi da cruz ao inferno. Assim como Sydow, o brasileiro foi o Salvador em “A Idade da Terra”, de Glauber Rocha e, noutro extremo, fez a encarnação do demônio ao interpretar o vilão Hermógenes, de “O Grande Sertão: Veredas”, série dirigida por Walter Avancini para a Globo. Com Paulo, não é tão diferente. Se viveu o angustiado religioso de “O Padre e a Moça”, também vestiu o fanfarrão “Macunaíma”, noutro marco do Cinema Novo.
Tarcisão na atuação premiada de "A Muralha" |
Paulo, por sua vez, esteve sob as lentes de Joaquim Pedro de Andrade, Jorge Furtado, Domingos Oliveira, Júlio Bressane... Como não lembrar de seus papéis em “Faca de Dois Gumes”, do Murilo Salles, “O Palhaço”, do Selton Mello, “O Rei da Noite”, do Babenco?... Isso quando não era ele mesmo quem dirigia! Paulo oportunizou algo que une e simboliza a obra desses dois gigantes quando dirigiu, gaúcho como era, a série “O Tempo e o Vento”, da obra de Erico Verissimo, dando a Tarcísio com sabedoria o papel de Capitão Rodrigo, aquele que talvez melhor tenha marcado o ator paulista, mas que, com seu talento, identificou-se profundamente com os gaúchos.
Considerando que, desta geração nascida por volta dos anos 30 e que erigiu a arte de encenar no maior país da América depois dos Estados Unidos, resta apenas Fernanda Montenegro (vida longa!), não é exagero dizer que esta semana de agosto de 2021 poderá ser lembrada pelo “dia em que a arte dramática brasileira morreu”.
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quinta-feira, 4 de fevereiro de 2021
"A Tempestade", de William Shakespeare (1612-13) - Coleção Universidade de Bolso - ed. Ediouro
Edição que eu tinha em casa e que li pela primeira vez. |
A bem da verdade, tudo em "A Tempestade" é "dos mais": Próspero é dos melhores protagonistas; Miranda é das damas mais adoráveis; a ambientação é das mais originais; o enredo é dos mais envolventes... Se este foi o primeiro, depois já li muitos outros Shakespeare e, embora tenha enorme admiração por outras obras desse mestre da literatura, me renda inevitavelmente, como qualquer outro, à grandeza de seus clássicos como "Macbeth", "Hamlet" e "Otelo", "A Tempestade", por ter sido o primeiro e por toda sua magia, tem lugar cativo no meu coração como um de meus preferidos.
quinta-feira, 19 de julho de 2018
"O Rei da Vela", de Oswald de Andrade - Coleção Teatro Vivo - ed. Abril Cultural* (1976)
É impressionante a quantidade de vezes que nos deparamos com um texto, música, crônica, quadro, peça que nos desperta aquela sensação de que, independente do momento em que tenha sido concebida, continua atualíssimo em seu conteúdo e abordagem crítica em relação à situação brasileira. Talvez isso se dê porque o problema, basicamente, continue o mesmo desde o descobrimento destas terras: uma burguesia vaidosa e egoísta que, cada vez que vê posta em risco sua posição de privilégios, e ameaçada sua perpetuação, dá um jeito de virar a mesa nem que para isso o maior sacrificado tenha que ser exatamente o Brasil. Há muito tempo tinha vontade de conhecer a peça "O Rei da Vela", de Oswald de Andrade, e calhou de, dia desses, ela vir parar em minhas mãos. Ela é mais um destes casos em que a gente não consegue conter a exclamação, "Incrível, o quanto essa peça continua atual!". Escrita em 1933 , ela, incrivelmente, trata dos mesmos temas que afligem a sociedade brasileira nos dias de hoje como se tivesse sido escrita especialmente para esta atual fase pós-impeachment. Empresários inescrupulosos, oportunistas, tramas entre os poderes, conchavos, trocas de favores, entreguismo para o estrangeiro, falsa moralidade da "família brasileira", indiferença em relação ao povo e explorado apoiando o explorador... Nossa! Parece que o autor tinha uma bola de cristal, não? Não! É que nos anos 30, o país vivia crise financeira semelhante e assim como agora, o empresariado se movimentou para garantir o seu e, como de costume, fazer o povo pagar a conta.
Um empresário de um ramo decadente, com a ajuda dos americanos, dá um jeito de sucatear os serviços ligados à sua atividade de modo a que esta volte a tornar-se essencial e que ele se torne novamente um magnata no mercado. Qualquer semelhança não terá sido mera coincidência. Abelardo I, empresário casado com a filha de um latifundiário, aproveita-se cada crise econômica e sabota a indústria nacional de modo a fazer o país voltar praticamente à era medieval no que diz respeito à infraestrutura, tornando-se assim um dos mais poderosos empresários do país por atuar no ramo de velas. ("Descobri antes a regressão parcial que a crise provocou... Descobri e incentivei a regressão, a volta à vela... sob o signo do capital americano (...) As empresas elétricas fecharam com a crise... Ninguém mais pode pagar o preço da luz... A vela voltou ao mercado pela minha mão previdente.")
Isso mesmo: velas de sebo. Símbolo mais que apropriado para o atraso causado continuamente por interesses mesquinhos das classes dominantes brasileiras. Voltar a ser iluminado pelo fogo. País do futuro? Nunca será.
Escrita em três atos, ligados pelos personagens mas de certa forma independentes, a peça, de escrita e estrutura sofisticadas e inovadora, gira em torno desta família burguesa, de seus procedimentos comerciais escusos, suas relações promíscuas e interesseiras, e perifericamente a isso apresenta o povo, retratado como algo desprezível e meramente útil, mantido numa jaula, afastado por uma grade à qual só pode transpor para pagar seus abusivos encargos.
"O Rei da Vela", que voltou a ganhar montagem recente pelo mesmo Grupo Oficina, de Zé Celso Martinez, que o encenou em 1967, em plena ditadura militar, infelizmente (para o Brasil) é atualíssimo agora como teria sido em 1889; como foi em 1930; como serviria para 1954; para 1961; para 1964; e como se aplicou, mais recentemente, ao golpe de 2016. E, a impressão que dá é que um texto como este continuará sendo pertinente sempre que alguém acenar com alguma medida que diminua os privilégios de uma minoria que concentra a riqueza do país e enquanto o povo médio, supondo que faz parte dessa casta, continue a servi-los como patos, sempre que for conveniente.
"Voltará [o cidadão instruído]! De camisa amarela, azul ou verde. E de alabarda. E ficará montando guarda à minha porta! E me defenderá com a própria vida da maré vermelha que ameaça subir, tomar conta do mundo! O intelectual deve ser tratado assim. As crianças que choram em casa, as mulheres lamentosas, fracas, famintas são a nossa arma! Só com a miséria eles passarão a nosso inteiro e dedicado serviço! E teremos louvores, palmas e garantias. Eles defenderão as minhas posições e a tua ilha, meu amor."
Nada mais atual...
* refiro-me aqui à edição da Abril Cultural, de 1976, porque foi a que tive a oportunidade de ter em mãos e, a propósito, recomendo a quem ainda encontrar por conta de toda a parte introdutória, bastante completa, com a biografia do escritor, histórico da peça e comentários, muito interessantes e valiosos. Contudo, para facilitar a quem se interessar pela leitura e desejar encontrar o livro, há uma edição recente, de 2017, da editora Companhia das Letras.
quarta-feira, 25 de janeiro de 2017
peça "Leite Derramado", de Chico Buarque – Cia. Club Noir - Sesc Ginástico – Rio de Janeiro/RJ
Crítica social ressignificada na montagem teatral. foto: divulgação |
Impressionante jogo de luzes e cenário. foto:divulgação |
A impactante atuação de Juliana
no papel masculino do protagonista.
foto: divulgação
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terça-feira, 9 de outubro de 2012
Cabeça de Vento
Cabeça de Vento é o segundo espetáculo infantil da Cia. Pandorga que apresenta montagens infanto-juvenis teatrais com “ar” de gente grande. É a constatação de que a verdadeira conversa entre adultos e crianças pode e deve ser inteligente, desafiadora e criativa. Numa demonstração prática de respeito à criança - indivíduo repleto de potencial e que nessa fase de formação precisa ser bem nutrida, contatando uma Arte sensibilizadora – o espetáculo cumpre com o seu objetivo – refletir de uma maneira sensível e ao mesmo tempo lúdica sobre os processos de morte.
O protagonista Léo e seu pai.
Entendendo a vida e a morte.
(foto: Cristina Froment)
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encontrando personagens como o cientista e inventor Benjamin Franklin, a guerreira e rainha chinesa Fu Hao e Ricardo Coração de Leão, rei da Inglaterra. Essa é a história central do espetáculo que mostra também paralelamente a origem e a história da pipa, através do olhar infantil.
Sua grande paixão: as pipas
(foto: Cristina Froment)
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O espetáculo traz imagens maravilhosas, como a de dormir entre os bambus, uma simbologia do sono aconchegante no colo do pai. A referência aos apelidos de uma forma afetiva e não preconceituosa, constrói as relações entre pai e filho que transformam Léo, afetivamente em Leléo. Lidar com tantos personagens que possibilitam reflexão sobre inimigos internos, vindos da lucidez da filosófica oriental, e de insights como “a memória viverá para sempre”, ensina que essa vivência pode ser transformadora e de fato é em qualquer idade.
Nas 'viagens' de Léo, ele encontra
a rainha chinesa Fu Hao
(foto: Cristina Froment)
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Pronto agora mantenha seus pés no chão, reserve linha, papel, cola e bambu. Deixe sua cabeça ao flutuar pelo ar, monte sua pipa e embarque nessa aventura de descoberta e libertação. Bom espetáculo!
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Próximas apresentações 2012:
- No dia 14 de outubro “Cabeça de Vento” estará no Teatro SESC São João de Meriti/Rio de Janeiro.
- A próxima temporada “Cabeça de Vento” no Rio de Janeiro será de 03 a 11 de novembro, sempre aos sábados e domingos, às 17h, no Teatro SESC Tijuca.
- No dia 13de novembro “Cabeça de Vento” estará no 40º Festival Nacional de Teatro de Ponta Grossa/Paraná.
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Premiações 2012:
Em agosto no XIII FESTIVAL NACIONAL DE TEATRO DE GUAÇUÍ/ES em agosto de 2012 de Melhor Ator – Jan Macedo/ Melhor Atriz – Luciana Zule/ Melhor Figurino – Daniele Geammal/ Melhor Trilha Sonora – Gustavo Finkler/ Melhor Maquiagem – Rodrigo Reinoso e Francisco Leite e teve indicações nas categorias: espetáculo, direção, texto, iluminação, ator coadjuvante e cenário.
Em setembro no IX FESTIVAL NACIONAL DE TEATRO DE DUQUE DE CAXIAS recebeu os prêmios: Melhor Espetáculo/ Melhor Texto Original/ Melhor Ator - Jan Macedo/ Melhor Ator Coadjuvante - Eduardo Almeida/ Melhor Iluminação - Tiago Mantovani e teve indicações nas categorias: direção e cenário.
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