Bombardeio 1 |
Bombardeio 2 |
Assistir ao filme do multiartista Luis Fernando Verissimo é vivenciar a passagem do tempo e a chegada da maturidade de um homem perto de completar os seus 80 anos de vida.
O filme começa de uma forma muito bonita, revelando o dia a dia, a rotina desse escritor, a sua escuta permanente de todos os sons ao redor, a sua relação íntima com a família (com a esposa Lúcia, com os filhos Pedro, Mariana e Fernanda, com os netos Lucinda e Davi), a sua predileção apaixonada pelo time do coração, Internacional. Aliás, essa é uma das paixões, além da literatura, que temos em comum, pois também me tornei igualmente torcedora, de forma irreversível, após sucessivas experiências traumáticas: vestir uma camiseta pinicante do Grêmio quando criança, uma apreensiva ida ao estádio clássico da Medianeira e passar 90 minutos na iminência de receber um saco de urina na cabeça, e por fim, namorar um gremista... disso tudo se salva somente a entrada do almoço do restaurante Mosqueteiro, que era “mara” e onde fui com meus pais algumas vezes ainda na primeira infância.
Voltando ao filme: o documentário mostra uma série de relações que foram se estabelecendo no decorrer do tempo entre a sua produção literária, a sua produção jornalística e a sua forma de estar no mundo. É um filme que encanta a gente! Deixa-nos ver de forma tão íntima a rotina dele e nos permite encontrar um escritor com o corpo idoso, mas com uma mente superligada em tudo que está acontecendo. Verissimo tem uma incrível curiosidade, um senso de humor permanente, né? E de uma forma muito imediata, embarcarmos naquilo que a gente poderia dizer que é o imaginário dele, sabe?
Momento de intimidade com os netos |
O filme me fez lembrar também da primeira vez que eu entrei na casa dos Verissimo. Porque essa casa tem uma identidade muito forte: é uma casa que estrutura parte da história de uma família, desde a existência dos pais do cronista, o renomado Érico Verissimo e a Dona Mafalda. Interessante perceber que pai e filho souberam costurar o tempo em suas existências. Foi ali que o valioso núcleo familiar vivenciou e construiu suas vidas em Porto Alegre. Ver Luis Fernando ali, nesse ambiente tão fértil, e ao mesmo tempo, tão sólido, onde tudo continua existindo é, sim, parte dessa história.
Lembrei-me da primeira e única vez que eu entrei, lá em 1997, quando eu fui entrevistá-lo para o meu Trabalho de Conclusão de Curso da PUCRS, em Comunicação Social – Publicidade intitulado: “Comédias da Vida Privada – uma produção ficcional na televisão brasileira”. Quem conseguiu o contato foi a minha queridona Gagá (Maria da Graça Dhuá Celente), que era amiga da família, coordenava o Departamento de Publicidade da FAMECOS/PUCRS, onde eu, estudante quase me formando, era sua monitora e na mesma instituição que eu havia sido sua aluna. Ela, com toda a gentileza, colocou-me em contato com a agente literária e com a esposa do Verissimo. Eles se conheciam acredito que dos tempos da publicidade em que Verissimo foi redator no Rio de Janeiro, mesma cidade em que conheceu sua esposa, Lúcia. Uma ponte muito amorosa se ergueu naquele momento, reverberando posteriormente na minha entrada em outros mundos literários. Gagá me ingressou na Publicidade e, de certa forma, me fixou na Literatura.
Em 09 de junho de 1997, foi apresentado o TCC para uma banca potente, com a cineasta Flávia Seligman, a Gagá e o professor Bob Ramos, além da minha orientadora, Ana Carolina Escosteguy. Falar nessa produção do “Comédias da Vida Privada”, que era muito contemporânea, ainda fresca e presente na televisão e que me deixava totalmente arrebatada, foi algo ousado, mas somente hoje, depois de 27 anos, é que percebo isso. Naquela ocasião, tinha o dever de concluir, em meio a tantos compromissos, uma faculdade. Percebi, muito jovem, esse trâmite entre a Literatura e o Audiovisual, e as entrevistas que se sucederam com Jorge Furtado e Carlos Gerbase me deram essa certeza de que estava com uma percepção fina da realidade.
Como leitora do Verissimo, eu vi verter das páginas que ele tinha escrito, diálogos para televisão com atores e atrizes de uma geração supertalentosa e muito bem dirigidos. Ao entrar naquela casa fui bem recebida pela Dona Lúcia e por ele, que chegou silenciosamente e timidamente sentou-se numa cadeira thonart em frente à minha. Ficamos os dois em cadeiras por alguns minutos ali. Um pouco tímida, fui fazendo perguntas para ele e ele me respondendo, algumas de forma mais breve e outras com o maior profundidade, com a maior atenção.
O som da rua e o som do relógio estavam presentes naquele meu encontro com Verissimo, como se um estivesse conectado ao mundo externo e o outro marcasse o tempo interno. E no filme esse quase personagem constante se mostra pelo som, o que me trouxe a mesma sensação de quando entrei na casa.
O reservado Verissimo em seus momentos de retiro |
Eu estava na frente de uma pessoa que eu admirava muito e simpática a mim, mas totalmente reservada. Ele escutava muito, e isso para mim, que sou super tagarela, foi me dando um senso maior de responsabilidade do que dizer sem ser óbvia ou burra. Mas o fato é que a entrevista foi muito boa, me rendeu algumas informações direto do autor daquela produção toda, que eu rapidamente adicionei no meu trabalho. Um tempo depois enviei uma cópia do TCC para ele ter/ler e fiquei muito surpresa quando soube que ele havia adicionado ao site que ele mantinha com indicações de obras, entre outros itens e indicações de trabalhos sobre a sua produção. Então, acabei concluindo que ele leu e gostou!
No filme aparece uma cena poética desse respeito que ele tem com as pessoas que se dirigem a ele, como leitoras ou como referência, na espera de uma leitura daquilo que escrevem. O retorno que ele proporciona para quem abre esse diálogo sincero com ele é muito bonito! Um misto de gentileza com escuta, algo cada vez mais raro na sociedade em que se vive. Enquanto eu assistia ao filme tudo isso emergiu, revelando, inclusive, algumas pessoas importantes da minha biografia, além do próprio Verissimo e da Gagá. Relembrei que havia conhecido a Lúcia Riff (agente literária dele e de boa parte dos escritores brasileiros) não num trabalho da Casa de Cultura Mario Quintana, através do Sergio Napp e, sim, nesse momento aí, do TCC, sendo que a Lúcia até hoje é uma pessoa importantíssima em minha vida. Ela foi quem sempre me apoiou e me deu aval para que eu pudesse desenvolver vários trabalhos com a obra do Mario Quintana e foi muito bonito rever a nossa história a partir deste filme. Além dela, outras personagens importantes aqui da nossa cidade aparecem e se relacionam com a momentos da vida de Verissimo e da minha: o inventivo Cláudio Levitan, o poeta Mario Pirata e a pesquisadora Maria da Glória Bordini, pessoas que fazem parte da história de Porto Alegre.
Foi muito emocionante para mim assistir Verissimo completar 80 anos através deste filme, pela TV após ter sido impedida de ver no cinema, em maio deste ano, em função das enchentes que atingiram não somente a programação da estreia mas a sala de cinema onde aconteceria a exibição. Verissimo sempre esteve muito presente na minha casa, era lido por meus pais, muito antes de eu ser sua leitora. Nestes mais de 40 anos que eu convivo com seus pensamentos e senso de humor muito lúcidos e geniais, volto a dizer que os artistas não deveriam se afastar dos seus ofícios. Sendo eternos mesmo quando se tornam um dia invisíveis à nossa percepção, a obra, o olhar e o recorte do tempo permanecerão imortais para quem os leu profundamente. O tempo é uma realidade com a qual precisamos saber lidar. Afinal, somos nós quem passamos por ele e, Verissimo faz isso de maneira suave, constante e inspiradora.
Obrigada, Verissimo, por tanto! E agradeço também por esse encontro às sensíveis e generosas mulheres Gagá e as “Lúcias” Verissimo e Riff.
*********
🎬🎬🎬🎬🎬🎬🎬🎬🎬🎬
Juntamente com meus colegas de associação, Adriana Androvandi, André Bozzetti, Carol Zatt, Cristiano Aquino, Mônica Kanitz e Paulo Casa Nova, deliberamos este prêmio da crítica ao agora, uma semana depois, multipremiado “Pastrana”, de Melissa Brogni e Gabriel Motta, tendo em vista que o filme levou também Kikitos na Mostra de Curtas-Metragens Nacionais, incluindo o principal, o de Melhor Filme. O quase solitário destaque que demos a “Pastrana” na mostra gaúcha (recebeu apenas mais o singelo troféu de Melhor Produção Executiva), quando subi ao palco para entregar-lhes o certificado e nosso livro, foi, de certa forma, chancelado na mostra nacional, que, além do grande prêmio, conferiu ainda o reconhecimento por Fotografia e Montagem a esta homenagem para Allysson Pastrana, skatista de downhill, que faleceu em 2018 durante uma competição.
vídeo da cerimônia de entrega da Mostra de Curtas Gaúchos - Prêmio Accirs
Mas existe ainda mais um fator de especialidade a esta nova participação minha em Gramado. Havia composto o júri da crítica na 49º edição, em 2021, alto da pandemia da Covid-19, o que obrigou a que todo o festival fosse virtual, inclusive a contribuição do grupo do qual estive. Desta feita, no entanto, outra felicidade me aproximou diretamente dos filmes, que foi integrar a comissão de seleção dos curtas-metragens nacionais, empreitada que encarei entre junho e julho ao lado de três competentes mulheres: a atriz e diretora Fernanda Rocha, do Rio de Janeiro; a professora da UFMS Daniele Siqueira, do Mato Grosso, e a cineasta, professora e minha colega de Accirs Daniela Strack.
Cartaz do excelente "Pastrana", conquistas nas mostras gaúcha e nacional |
Ainda sobre os pagos daqui, do Prêmio Sedac/Iecine de Longas-Metragens
Gaúchos – que celebrou a produção indígena “A Transformação de Canuto”, de
Ariel Kuaray Ortega e Ernesto de Carvalho, com o prêmio de Melhor Filme –, não
assisti a nenhum deles por não estar mais em Gramado quando de suas exibições,
o que desejo fazer em breve assim que estes começarem a rodar nas salas de
Porto Alegre. Já em relação aos documentários, que foram exibidos apenas no
Canal Brasil e não no Palácio dos Festivais, dois deles perdi, mas vi o
vencedor, “Clarice Niskier: Teatro dos pés à Cabeça”, de Renata Paschoal, embora
um doc de estrutura convencional, pareceu-me merecedor num primeiro momento.
Por fim, os longas brasileiros. Foi-me possível conferir
apenas dois concorrentes quando em Gramado: “O Clube das Mulheres de Negócios”,
de Ana Muylaert, que levou somente Prêmio Especial do Júri pelo conjunto do
elenco, mas que, a meu ver, se credenciava a, quem sabe, Trilha Sonora ou Atriz
(Cristina Pereira); e “Estômago 2: O Poderoso Chef”, de Marcos Jorge, uma
coprodução Brasil-Itália totalmente equivocada capaz de deturpar e diminuir o
excelente filme original, de 2007, um cult do cinema nacional. Roteiro confuso,
inconsistente e banal, que compromete todo o filme, desde seu ritmo narrativo
até as atuações, a ponto de apagar aquele que deveria ser o personagem
principal, o chef de cozinha agora presidiário Raimundo Nonato, vivido pelo
ator João Miguel.
Cena de "Oeste Outra Vez", grande vencedor do ano |
Os outros longas não tive, assim como os gaúchos dessa
metragem, a oportunidade de assistir, mas ao que parece, pela reação geral, a
redenção dos erros de avaliação foram os prêmios da crítica, para “Cidade;
Campo”, de Juliana Rojas, e a escolha do grande filme do ano de Gramado: o goiano "Oeste
Outra Vez", de Erico Rassi, que realmente se destaca diante dos outros nas
poucas cenas que vi. O faroeste à brasileira, que traz uma narrativa centrada
em um universo masculino rural, conquistou também os prêmios para Melhor
Fotografia e Melhor Ator Coadjuvante, para Rodger Rogério.
Enfim, uma premiação com altos e baixos (como são na
maioria), mas que, independentemente disso, não tira de mim a alegria de ter
participado de forma tão mais consistente do Festival de Gramado.
A clássica foto final com os premiados |
Confira, então, os premiados da edição de 2024:
LONGAS-METRAGENS BRASILEIROS
Melhor filme: ‘Oeste Outra Vez”, de Erico Rassi
Melhor direção: Eliane Caffé, por “Filhos do Mangue”
Melhor ator: João Miguel e Nicola Siri, por “Estômago 2: O Poderoso Chef”
Melhor atriz: Fernanda Vianna, por “Cidade; Campo”
Melhor roteiro: Bernardo Rennó, Lusa Silvestre e Marcos Jorge, por “Estômago 2: O Poderoso Chef”
Melhor fotografia: André Carvalheira, por “Oeste Outra Vez”
Melhor montagem: Karen Akerman, por “Barba Ensopada de Sangue”
Melhor ator coadjuvante: Rodger Rogério, por “Oeste Outra Vez”
Melhor atriz coadjuvante: Genilda Maria, por “Filhos do Mangue”
Melhor direção de arte: Fabíola Bonofiglio e Massimo Santomarco, por “Estômago 2: O Poderoso Chef”
Melhor trilha musical: Giovanni Venosta, por “Estômago 2: O Poderoso Chef”
Melhor desenho de som: Beto Ferraz, por “Pasárgada”
Prêmio especial do júri: “O Clube das Mulheres de Negócios”, de Anna Muylaert
Júri popular: “Estômago 2: O Poderoso Chef”, de Marcos Jorge
Júri da Crítica: “Cidade; Campo”, de Juliana Rojas
CURTAS-METRAGENS BRASILEIROS
Melhor filme: “Pastrana”, de Melissa Brogni e Gabriel Motta
Melhor direção: Lucas Abrahão, por “Maputo”
Melhor roteiro: Adriel Nizer, por “A Casa Amarela”
Melhor ator: Wilson Rabelo, por “Ponto e Vírgula”
Melhor atriz: Edvana Carvalho, por “Fenda”
Melhor trilha musical: Liniker, por “Ponto e Vírgula”
Melhor fotografia: Livia Pasqual, por “Pastrana”
Melhor montagem: Bruno Carboni, por “Pastrana”
Melhor direção de arte: Coh Amaral , por “Maputo”
Melhor desenho de som: Felippe Mussel, por “A Menina e o Pote”
Prêmio especial do júri: “Ponto e Vírgula”, de Thiago Kistenmacher
Júri popular: “Ana Cecília”, de Julia Regis
Prêmio Canal Brasil de Curtas: “Maputo”, de Lucas Abrahão
Menção honrosa
“Ressaca”, de Pedro Estrada
“Via Sacra”, de João Campos
“Navio”, de Alice Carvalho, Larinha R. Dantas e Vitória Real
LONGAS-METRAGENS DOCUMENTAIS
"Clarice Niskier: Teatro dos pés à Cabeça”, de Renata Paschoal
LONGAS-METRAGENS GAÚCHOS
Melhor filme: "A Transformação de Canuto", de Ariel Kuaray Ortega e Ernseto de Carvalho
Melhor Direção: Ariel Kuaray Ortega e Ernseto de Carvalho, por "A Transformação de Canuto"
Melhor Ator: Fabrício Benitez, por "A Transformação de Canuto"
Melhor Atriz: Cibele Tedesco, por "Até que a Música Pare"
Melhor Roteiro: Thais Fernandes, Rafael Corrêa e Ma Villa Real, por "Memórias de um Esclerosado"
Melhor Fotografia: Camila Freitas, por "A Transformação de Canuto"
Melhor Direção de Arte: Adriana do Nascimento Borba, por "Até que a Música Pare"
Melhor Montagem: Jonatas Rubert e Thais Fernandes, por "Memórias de um Esclerosado"
Melhor Desenho de Som: Kiko Ferraz, por "Memórias de um Esclerosado"
Melhor Trilha Musical: André Paz, por "Memórias de um Esclerosado"
Júri Popular: "Infinimundo", de Bruno Martins e Diego Müller
CURTAS-METRAGENS GAÚCHOS - PRÊMIO ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DE CINEMA
Melhor filme; "Chibo", de Gabriela Poester e Henrique Lahude
Melhor direção: Rodrigo Herzog, por "Está Tudo Bem"
Melhor atriz: Jéssica Teixeira, por "Noz Pecã"
Melhor ator: Victor Di Marco, por "Zagêro"
Melhor roteiro: Victória Kaminski e Rubens Fabrício Anzolin, por "Posso Contar nos Dedos"
Melhor fotografia: Eloísa Soares, por "Cassino"
Melhor direção de arte: Denis Souza, Victoria Kaminski e Nadine Lannes Maciel, por "Posso Contar nos Dedos"
Melhor trilha sonora: Edneia Brasão e Pedro Erler, por "Não Tem Mar Nessa Cidade"
Melhor montagem: Marcio Picoli e Victor Di Marco, por "Zagêro"
Melhor desenho de som: Fábio Baltar, por "Flor"
Melhor produção executiva: Graziella Ferst e Marlise Aúde, por "Pastrana"
FILMES UNIVERSITÁRIOS - PRÊMIO EDINA FUJII – CIA RIO
“A Falta que Me Traz”, de Laura Zimmer Helfer e Luís Alexandre, da
Universidade de Santa Cruz do Sul
Disso, porém, uma coisa foi quase unânime: a reclamação dos votantes de que é difícil compor uma lista dessa natureza. Todos os que se dispuseram a realizar essa tarefa quase trocaram o prazer em compô-la por dúvidas atrozes ou, pior, a angústia por não poder escolher mais títulos além de apenas 10. Compreensível. Quando fizemos, em 2022, uma listagem semelhante a esta para o aniversário de outro mestre da música brasileira, Gilberto Gil, o sentimento foi o mesmo. Isso sem falar, após a divulgação, da transformação desse desconforto em arrependimento por não se ter lembrado de incluir esta ou aquela canção...
O fato é que amamos a obra de Chico, e nisso me incluo tanto quanto todos os nossos outros 6 fãs, que toparam comigo e Cly, a ingrata missão de listar apenas 10 músicas da vasta e qualificadíssimo cancioneiro buarqueano. Pois, realmente, 10 é muito pouco para dar a dimensão do quanto o admiramos e da importância de sua obra. Sabemos. Mas, de modo a contemplarmos pelo menos 8 destes ardorosos fãs, a matemática nos obriga a separar apenas uma mísera dezena para podermos completar 80 escolhas celebradoras de suas 80 primaveras.
Para tanto, reunimos um time especial de “buarqueiros” de diferentes áreas. Jornalistas, escritores, publicitários, ilustradores, produtoras culturais. Há, mas são poucos os que não gostam de Chico – e quando gostam, é assim, de “Todo o Sentimento”. A ponto de fazer canção em sua homenagem, como um dos nossos convidados, o músico radicado em Londres Thomas Pappon - da Fellini, Tres Hombres, Voluntários da Pátria, Smack, The Gilgertos e outros vários projetos – coautor da bela “Chico Buarque Song”, da Fellini. Ou mais do que isso: alguém que dedica-lhe uma obra, caso do jornalista e escritor Márcio Pinheiro, esporádico colaborador do blog, que acaba de lançar o livro "O que Não tem Censura nem Nunca Terá: Chico Buarque e a Repressão Artística na Ditadura Militar".
Afora os impasses, o legal é que existe um Chico para cada um. “Paratodos”, mais certo dizer. Há músicas desde sua fase inicial, nos anos 60, dos tempos da “capa do meme”, até a mais recente produção, deste “Velho Francisco” agora oitentão. 80 músicas é pouco, sim. Melhor seriam mais “Umas e outras”, mais um “Frevo Diabo”, mais um “Tango do covil”, um “Partido alto”, uma “Opereta de casamento”. E “Que tal um samba?”, um pra Vinicius, um de Orly, um de adeus?... “Qualquer canção”, desnaturada, inédita, de Pedroca. Não? Então, como diz ele mesmo, “palmas para o artista confundir”. Que prazer é essa confusão de não saber o que mais nos toca da maravilhosa obra de Chico Buarque.