Cary Grant e Randolph Scott |
sexta-feira, 19 de junho de 2015
A Hollywood que não pode sair do armário
terça-feira, 4 de novembro de 2008
Os mais sexy do cinema
O site Première, especializado em cinema, publicou sua lista dos 100 mais sexy do cinema em todos os tempos. Dessa vez gostei da lista. Tirando uma coisinha aqui, outra ali fora de lugar, como pro exemplo a Halle Berry estar entre os 10, o que acho demais pra bolinha dela, se bem que ruim é que ela não é, né? (Vamos combinar).
quinta-feira, 29 de junho de 2017
Morrissey - "Your Arsenal" (1992)
Não, aquele topete não é por acaso. Fã de nomes como Elvis e James Dean, e apreciador da cultura dos anos 50 e 60, Morrissey sempre deixou transparecer essa predileção, desde a época dos Smiths com capas de discos como a de "The World Won't Listen" na qual um grupo de jovens ao estilo rockabilly aparece meio de costas na capa, nas de singles como o de "Bigmouth Strikes Again" na qual James Dean aparece montado em uma lambreta, ou do single "Shoplifters of the World Unite" com Elvis Presley, e em músicas como "Rusholme Ruffians", pra citar um bom exemplo, uma vez que esta , diretamente inspirada no Rei do Rock, ganhou inclusive na versão ao vivo do disco "Rank", um medley de introdução com "(Marie's the Name) His Latest Fame", tal a semelhança entre as duas.
Embora seus discos solo tivessem trabalhos de produção bem variados, de certa forma o espírito rock'roll sessentista sempre esteve intrínsecamente presente nos trabalhos, fosse em seus astros decadentes, nas brigas de gangues ou nos garotos rebeldes. Era o universo, os personagens, "o mundo de Morrissey".
E essa veia rock'roll aparece com força mesmo é no terceiro disco do cantor. Em "Your Arsenal", Moz convocava uma gangue de jovens topetudos e carregando no rockabilly revitalizava seu som e reoxigenava sua trajetória naquele momento.
Pra não deixar dúvida das intenções, já sai chamando de cara com a espetacular "You're Gonna Need Someone on Your Side" um rockabilly invocado, distorcido e acelerado de riff minimalista que destila todo o habitual rancor de Morrissey, "Day or night/ There's no diference/ You're gonna need someone on your side" ("Dia ou noite, não faz diferença/ Você vai precisar de alguém a seu lado").
"Glamorous Glue" é um típico glam-rock em uma das tantas referências, diretas ou indiretas a David Bowie no disco. Não por acaso, uma vez que "Your Arsenal" fora produzido por Mick Ronson, guitarrista do Camaleão na época do clássico ht"Ziggy Stardust". "We Let You Know" surge como uma balada acústica e, entre ruídos de multidão, vai crescendo até explodir num final grandioso, numa das grandes interpretações de Morrissey no disco.
A polêmica "The National Front of Disco", salvo sua, talvez, infeliz referência à Frente Nacional, que custou a Morrissey acusações de racismo e xenofobia, é uma baita duma música! Um pop rock tão delicioso e empolgante que faz perdoar qualquer equívoco involuntário deste grande letrista.
Não menos deliciosa é "Certain People I Know", outro rock com cara de anos 60, desta vez com uma pegada um pouco mais country.
"We Hate When Our Friends Become Successfull", o grande hit do disco e um dos maiores da carreira do cantor, talvez tenha um dos melhores refrões que eu já tenha escutado na vida, apenas com a risada de Morrissey soando mais sarcástica do que nunca, no que muitos dizem ser um deboche ao, até então, fracasso da carreira solo do ex-parceiro de Smiths, Johnny Marr.
Moz banca um Roberto Carlos e homenageia os gordinhos na adorável "You're The One For Me, Fatty", que, brincadeiras à parte só faz repetir a atenção que o artista sempre dedicou aos menos lembrados.
As duas baladas que se seguem, "Seasick, Yet Still Docked" e "I Know It's Gonna Happen Someday" são bastante parecidas embora esta última seja bastante superior com uma carga emotiva impressionante numa interpretação extremamente intensa de Morrissey, assumidamente muito inspirada nas baladas de David Bowie, terminando inclusive aos acordes de "Rock'n Roll Suicide".
Mais uma peça carregada de rock, "Tomorrow", se encarrega de botar ponto final em tudo com destaque para o baixo de Boz Boorer, de certa forma, grande impulsionador da tendência roqueira daquele momento da carreira de Morrissey.
Morrissey com "Your Arsenal" honrava o topete e fazia a alegria dos fãs mais afeitos ao seu lado rock. Com uma discografia idolatrada, embora nem sempre muito inspirada, "Your Arsenal" era e continua sendo um dos trabalhos mais coesos de sua carreia e para muitos, o melhor disco de sua história sem o parceiro Johnny Marr. Morrissey abria seu arsenal e mostrava armas que não vinham sendo usadas com a devida ênfase. O resultado foi um balaço.
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FAIXAS:
- "You're Gonna Need Someone on Your Side"
- "Glamorous Glue"
- "We'll Let You Know"
- "The National Front Disco"
- "Certain People I Know"
- "We Hate It When Our Friends Become Successful"
- "You're the One for Me, Fatty"
- "Seasick, Yet Still Docked"
- "I Know It's Gonna Happen Someday"
- "Tomorrow"
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Ouça:
Morrissey - Your Arsenal
quinta-feira, 24 de setembro de 2020
Morrissey - Bar Opinião - Porto Alegre/RS (Março /2000)
Morrissey chicoteando o ar com o fio de seu microfone em uma apresentação da Oye Esteban Tour. |
Depois disso até já vi Morrissey, aqui no Rio de Janeiro, mais uma vez e quase vi uma terceira vez quando ele teve que cancelar por problemas de saúde, mas aquele show no Bar Opinião, em Porto Alegre, guarda o encanto de ser ainda o momento mágico de ter à minha frente pela primeira vez um dos meus maiores idolos e um dos grandes nomes da história do rock. Preferia que fosse com Johnny Marr mas... já que não tinha jeito mesmo, parte do desejo estava cumprido e, diga-se de passagem, a parte mais significativa. Sim, eu tinha visto Morrissey.
terça-feira, 20 de julho de 2010
cotidianas #35 - Um Passeio Pelo Lado Selvagem
Eis aí abaixo uma das suas músicas mais conhecidas, "Walk on the Wild Side" que tem bem essa cara "cidade-suja", lado B das ruas. Bem cotidiana.
Passeio pelo lado selvagem
Holly veio de Miami, Flórida
Atravessou os Estados Unidos pegando carona
Fez as sobrancelhas no caminho
Depilou as pernas, e então ele virou ela
Ela diz :"ei baby, dê um passeio pelo lado selvagem"
Candy veio de fora da ilha
No quartinho dos fundos, ela era querida de qualquer um
Mas ela nunca perdeu a cabeça
Mesmo quando estavam lhe chupando
(as garotas pretas cantam :"doo do doo do doo")
Little Joe nunca chegou a revelar
Todo mundo tinha que pagar e pagar
Um michê aqui, um michê ali
New York é o lugar onde eles dizem :"hey baby, dê um passeio pelo lado selvagem
A bicha Sugar Plum veio e caiu na rua
Procurando 'soul flood' e um lugar pra comer
Foi ao Apollo, você deveria ter visto eles dançando go-go
Jackie só está acelerando agora
Pensou em ser James Dean por um dia
Aí acho que ela tinha mesmo que bater, Valium deve ter ajudado nessa doidera
Hey dê um passeio pelo lado selvagem
E as garotas pretas cantam :"doo do doo do doo"
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Walk on the Wild Side
Lou Reed
do álbum "Transformer" (1972)
Ouça:
Lou Reed Walk On The Wild Side
segunda-feira, 29 de setembro de 2008
"Sindicato dos Ladrões", de Elia Kazan (1954)
O canal TCM de clássicos tem me proporcionado sessões fantásticas de obras que até então não tinha visto por falta de oportunidade ou porque preferi pegar algo mais atual na locadora e fui deixando o clássico pra depois, depois, depois... e no fim não vi.
Vi ontem Sindicato dos Ladrões (1954), com Marlon Brando, no especial Elia Kazan que o canal está exibindo.
Não é à toa que este filme tem a fama que tem. É um grande filme, mesmo! Um clássico!
Uma direção preciosa com uma fotografia fantástica e uma atuação incrível de Marlon Brando, que lhe valeu um Oscar de Melhor Ator, além dos outros sete que o filme levou, incluindo Melhor Filme.
A película conta a história de um ex-boxeador que é usado, sem saber, numa cilada que leva à morte de um dos estivadores do cais do porto que desafiou o poder chefão do sindicato. O boxeador se envolve com a irmã da vítima e com isso, aos poucos, se volta contra os chefões e abraça a causa dos trabalhadores.
Remete muito ao neo-realismo italiano de Rosselini, De Sicca e Viscontti, com características mais hollywoodianas é claro, mas que não o fazem perder a qualidade. Destaque também para a ótima música de Leonard Bernstein que valoriza e pontua cada cena de maneira vibrante e emocionante.
quinta-feira, 5 de novembro de 2020
Gal Costa - "Legal" (1970)
Ao mesmo tempo em que começa a se tornar cada vez mais comum ver os ídolos brasileiros da geração dos anos 50/60 se irem, caso de João Gilberto, Sérgio Ricardo, Moraes Moreira, Luiz Melodia e, mais recentemente, Gerson King Combo, em contrapartida, é uma enorme satisfação presenciar estas mesmas figuras referenciais chegarem à idade avançada. É mais do que só um motivo de comemoração, e sim de emoção. Caso da "água viva" da MPB: Gal Costa, que, mais do que viva, está operante e produzindo muito bem, obrigado. Gal chega aos 75 anos de idade e 55 de carreira celebrada como uma das maiores vozes do Brasil, posto que ocupa desde os anos 60 quando, junto com Gilberto Gil, Caetano Veloso, Tom Zé, Mutantes e toda a turma da Tropicália, revolucionou a musica brasileira para sempre. Parte dessa revolução, contudo, está de aniversario junto com ela: o genial disco da artista “Legal”, de 1970, que completa 50 anos de lançamento.
O contexto no qual o lançamento de “Legal” ocorreu, no entanto, não foi nada festivo. O que faz aumentar ainda mais seus méritos. AI5 em vigor há pouco mais de um ano; Caê e Gil exilados em Londres; Allende eleito no Chile; Seleção de Pelé e Jairzinho fazendo a alegria do povo; Estados Unidos bombardeando o Vietnã; Roberto Carlos tornando-se um rei “adulto”. Tudo isso sob a capa negra da “linha dura” da Ditadura Militar, que reprimia, perseguia, sequestrava, torturava e matava. Afora esta pior parte das violações à liberdade imposta pela ditadura, a repressão recaía, em maior ou menor grau, sobre qualquer um que se opusesse ao Estado. Para isso, os militares contavam, inclusive, com o policiamento da própria sociedade civil. Gal, que permaneceu no Brasil com a missão de manter tesa a sina do tropicalismo, não o fez sem vigília ou pressões. Ela conta que chegou, àquela época, a ser quase linchada em praça pública por "cidadãos do bem", que a viam como uma hippie subversiva e comunista. Afinal, pensar definitivamente não é um atributo de quem domina pela força.
Gal em 1970: cabelos repartidos ao meio em novo visual, que inspirou Oiticica |
E Gal tinha urgência. O rock com influências soul dessa indignada Etta James dos trópicos tem nos sopros arranjados por Chiquinho de Moraes e na guitarra rascante de Lanny a velocidade certa para acompanhar a cantora. Ou seja: com muita rapidez! Os garotos que andavam ao seu lado tinham certeza que ela andava mesmo apressada. Em resposta, a banda pratica o que em teoria musical se chama de “antecipação”, quando se encurta o tempo entre os acordes e joga-se uma nota estranha à harmonia, a qual, se verá logo em seguida que pertence ao acorde seguinte. Se Gal havia permanecido no Brasil, sua terra, ouvi-la dizer “Eu corro mesmo aqui no chão” fazia realmente muito sentido.
Se “Legal” começa assim, mostrando que não veio para brincadeira, o negócio era prender o fôlego e acostumar-se, pois seria assim até a última rotação da agulha no sulco. Em novo recado pros militares, Gal manda na sequência “Língua do Pe”, do exilado Gil. Já que o parceiro não podia como ela estar no seu próprio país, Gal dava um jeito de materializá-lo. Um novo rock se anuncia... só que não! Subvertendo a si mesma, de repente, a música torna-se um xaxado “pé de serra” animado no melhor estilo Luiz Gonzaga: zabumba, triângulo e sanfona. A letra, cifrada, tirava um sarro dos milicos: “Garanto que você/ Nãpão vapai não vai/ Compomprepeenpendeper/ Bulhufas”. Não compreenderam bulhufas, mesmo.Não precisa mais do que duas faixas pra se notar que “Legal”, contrariamente ao vocábulo, não se presta a ser nada amigável com os hipócritas devotos da moral e dos bons costumes. De pura ironia e musicalidade, “Love, Try And Die”, este Broadway jazz chistoso tem a luxuosa participação de dois mitos da música pop brasileira: o jovem Tim Maia, que recém havia lançado seu exitoso disco de estreia, e de Erasmo Carlos, que, na direção oposta do pop romântico de Roberto no pós-Jovem Guarda, corajosamente alinhava-se aos tropicalistas. Autoria de Gal com seus fiéis escudeiros Macalé e Lanny, lembra a invencionice transgressora de "Cinderella Rockfella", de Rogério Duprat com os Mutantes, de 1968, e a galhofa que os próprios Roberto e Erasmo criariam em 1971 com a canção "I Love You", o solfejo tropicalista de RC.
Novos petardos: uma versão futurista de “Acauã”, de Zé Dantas, reafirmando a cultura do Nordeste como desde o início propôs o tropicalismo. A pegada regionalista, contudo, vem empunhando uma peixeira como Lampião. Inversamente a “Língua do Pe”, que inicia rocker e depois alivia, aqui é o folk regional que prevalece até boa parte da faixa, mas que ganha uma reviravolta para um baião-heavy de dar inveja a qualquer guitar band enfezada. Bem que dava para desconfiar quando Gal, no começo da música, calmamente entoa os versos: “Teu canto é penoso e faz medo/ Te cala, acauã/ Que é pra chuva voltar cedo”.
Mais uma inédita de Gil: a psycho-bossa “Mini-Mistério”. Uma só dele seria pouco pra confrontar os militares. E se “Língua do Pe” soa quase anedótica, o recado desta é bem mais direto: "Compre, olhe/ Vire e mexa/ Não custa nada/ Só lhe custa a vida". Ou que tal isso aqui?: “Procure conhecer melhor/ O cemitério do Caju/ Procure conhecer melhor/ Sobre a Santíssima Trindade/ Procure conhecer melhor/ Becos da tristíssima cidade/ Procure compreender melhor/ Filmes de suspense e de terror”. E Gal, que não tinha medo nem de filmes de suspense e de terror, repete ostensivamente a última palavra: “Terror, terror, terror, terror”. Afinal, este era o melhor termo para definir o sentimento que tomava conta daquele Brasil de terríveis minimistérios: delações, perseguições, olhos vigiando por todos os cantos, amigos presos, “amigos sumindo, assim, pra nunca mais”. Sob um suingue jazzístico acachapante, Gal ainda aconselha: “Ande muito/ Veja tudo/ Não diga nada/ Além de dois minutos”.
Gal e Macalé: alta qualidade musical contra a repressão |
Jards, totalmente presente na concepção do disco, vem com outras duas suas. Primeiro, a emblemática e não menos provocativa “Hotel das Estrelas” (“No fundo do peito esse fruto/ Apodrecendo a cada dentada/ Mas isso faz muito tempo...”), que o próprio gravaria apenas dois anos depois em seu primeiro álbum solo. Interpretação tristonha e sensual de Gal na primeira parte, quando um blues jazzístico. Mas o andamento é bem mais variante que isso, e a banda acelera o ritmo para entrar numa soul quase gospel e, daí, voltar novamente à melancolia. Um arraso! De Jards e de Duda Mendonça também é o falso jazz “The Archaic Lonely Star Blues”. Falso até no idioma, pois, iniciando com versos em inglês, envereda, em seguida, para um samba-canção em que Gal deita e rola na interpretação sob o arranjo de cordas primoroso de Chiquinho de Moraes.
Transgressão pouca era bobagem para a combativa Gal. Ela guardava ainda mais munição em sua metralhadora sonora e poética. E, como as canções de Gil, vinham encomendadas também da Inglaterra as do mano Caetano. Primeiro, a carnavalesca “Deixa Sangrar”, cujo duplo sentido do título, obviamente, não é mera coincidência: “Deixa o coração bater, se despedaçar/ Chora depois, mas agora deixa sangrar/ Deixa o carnaval passar”. Alguma semelhança com a situação política de então? Neste aspecto, “Legal” ainda se beneficia pelo fato de ter sido lançado logo após o endurecimento da ditadura, ainda muito mais preocupada em reprimir a luta armada do que necessariamente censurar músicas – isso, até perceberam em seguida que o “perigo” era justamente a junção dos dois. Talvez por isso (e pela letra em inglês, esta na totalidade) tenha-se liberado “London London”, o tristonho canto de exílio de Caetano que atravessou o Atlântico trazendo ao Brasil os gélidos ventos do Velho Mundo poucos meses depois do próprio autor tê-la gravado no seu álbum londrino. Nesta rumba desenhada pela guitarra de Lanny e uma gaita de boca bem rithum n’ blues, toda a estridência que domina boa parte do disco dá lugar de vez à cantora melodiosa e de profundo apuro técnico.
Igual à matadora versão de “Falsa Baiana”, reduzindo de vez o compasso em alta voltagem que havia iniciado o disco lá em “Eu Sou Terrível”. Bossa nova pura. Leve e melodiosa. Um contraste tremendo com o fervente início do disco. Os distraídos podem até achar que se trata de uma contradição por não perceberam mais uma ironia. “Falsa baiana” não é necessariamente aquela que "requebra direitinho", mas a que, contrariando a pecha de um povo "preguiçoso" e "acomodado", se levanta contra a atrocidade humana. Fora isso, Gal, saudavelmente apressada de novo, antecipa justamente seu mestre João Gilberto, que gravaria este samba de Geraldo Pereira somente três anos depois em semelhantes moldes.
Arte de Oiticica completa, com as duas faces: capa e contracapa |
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Gal Costa cantando "Acauã", programa Ensaio (1970)
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1. “Eu Sou Terrível” (Erasmo Carlos, Roberto Carlos) - 2:30
2. “Lingua Do P” (Gilberto Gil) - 3:40
3. “Love, Try And Die” (Gal Costa, Jards Macalé, Lanny Gordin) - 2:23 – partic.: Tim Maia e Erasmo Carlos
4. “Mini-Mistério” (Gil) - 4:16
5. “Acauã” (Zé Dantas) - 2:49
6. “Hotel Das Estrelas” (Duda Machado, Jards Macalé) - 4:22
7. “Deixa Sangrar” (Caetano Veloso) - 2:53
8. “The Archaic Lonely Star Blues” (Duda, Macalé) - 3:03
9. “London, London” (Caetano) - 4:00
10. “Falsa Baiana” (Geraldo Pereira) - 2:11
quinta-feira, 7 de dezembro de 2017
Os 10 melhores filmes de Robert Altman
O cinéfilo e meu querido colega José Fernando Cardoso veio novamente me provocar com sua lista de 5 filmes preferidos do gigantesco diretor americano Robert Altman, um titã da cinematografia mundial e, concordando com o Zé, o único a rivalizar com o Scorsese em termos de qualidade e quantidade nos últimos 50 anos. Vou incrementar a lista dele e colocar 10 filmes do Altman (de quem recentemente lembrou-se da data de morte, 20 de novembro, em 2006), que fizeram a minha cabeça na adolescência naquelas sessões do cinema Bristol, em Porto Alegre, onde iniciei minha educação cinematográfica, “in the nineteen-seventies”, como diria o Neil Young.
Por favor, os filmes não estão em ordem de preferência, senão teria de botar os 10 filmes no primeiro lugar, de tanto que eu gosto deles.
1 - NASHVILLE (1976)
No ano do bicentenário americano, Altman destrói o sentimento patriótico do universo da country music, jogando na tela uns 20 personagens, todos colidindo uns com os outros e fazendo um painel do que era a América naquele período pós-Nixon e Watergate. Impossível destacar alguém do elenco, mas Keith Carradine fez muito sucesso com sua música "I'm Easy".
2 - CERIMÔNIA DE CASAMENTO (“A Wedding”, 1978)
O que fez com a música country em "Nashville", Altman faz aqui com uma das instituições mais cultuadas no mundo ocidental: o casamento. A demolição acontece a cada fotograma, especialmente com a irmã da noiva, interpretada pela Mia Farrow, marcando território com o noivo numa rapidinha atrás da cortina. O entra-e-sai de figuras patéticas só ajuda a demolir a aura de felicidade de um casamento.
3 - ONDE OS HOMENS SÃO HOMENS (“McCabe and Mrs. Miller”, 1971)
Um faroeste existencial no meio da neve com fotografia belíssima de Vilmos Zsigmond e música de Leonard Cohen. Julie Christie esplendorosa e Warren Beatty brigando com Altman o tempo inteiro mais aquela turma do Altman que sempre estava de coadjuvante: René Aberjounois, Michael Murphy, Bert Remsey e Shelley Duvall.
4 - VOAR É COM OS PÁSSAROS (“Brewster McCloud”, 1970)
A história de um guri recluso que sonha em voar e constrói um par de asas artificiais com a ajuda de sua madrinha. Bud Cort, saindo do sucesso de "Ensina-me a Viver" encarnando o "menino maluquinho” e a deliciosa Sally Kellerman fazendo o papel da dinda. Um detalhe interessante: enquanto as aventuras de Brewster McCloud são mostradas, há uma aula de ornitologia ministrada pelo professor René Auberjonois, que vai se transformando em pássaro à medida em que o filme avança. No final, o veterano ator William Windom apresenta o elenco num picadeiro. Maluquice total, porém muita divertida!
5 - M.A.S.H. (1970)
No auge da Guerra do Vietnam, Robert Altman usa a sátira sexual para demolir o exército e suas idiossincrasias durante o conflito na Coreia. A dupla Elliot Gould e Donald Sutherland fez tanto sucesso que acabou fazendo uma série de outros filmes. A cena mais emblemática é a da gostosa porém maluca Lábios Quentes (Sally Kellerman) tomando banho e a catrefa toda abrindo a cortina e dando nota para seus "atributos", por assim dizer. O primeiro grande momento da carreira do diretor. Virou série de sucesso.
6 - BUFALLO BILL E OS ÍNDIOS (“Buffalo Bill and the Indians” ou “Sitting Bull's History Lesson” 1976)
Depois de “Nashville”, Altman continuou na sua busca de escrachar os símbolos americanos. Com o herói Búfalo Bill, não foi diferente. Seus cabelos longos são uma peruca, suas atitudes são inventadas e as batalhas com índios e bandidos são ensaiadas para que ele ganhe. Paul Newman mandando brasa no papel-título. Na época, não foi bem recebido, mas merece uma revisão.
7 - O PERIGOSO ADEUS (“The Long Goodbye”, 1973)
Baseado em Raymond Chandler, mas Altman desloca a ação dos anos 40 para a década de 70, no porre pós-Watergate, Woodstock e do movimento hippie. O detetive Phillip Marlowe tem de localizar seu amigo Terry Lennox acusado de matar a esposa. A trama de Chandler está intacta, mas o diretor imprime um clima de fim de festa à investigação, que é difícil não torcer pelo private investigator. Durante a busca, os personagens mais incríveis se sucedem. Elliot Gould arrasando como o Marlowe existencial.
A turma do jaazz reunida interpretando os mestres |
Pode dizer que estou puxando a brasa pro meu assado, porque é isso mesmo. O filme nem é tão bom assim, mas com toda aquela turma do jazz dos anos 80 e 90 (David Murray, Joshua Redman, James Carter, Craig Handy e Geri Allen) tocando e interpretando os mestres da década de 30, a gente nem presta muita atenção à história, um filme de gangsters em Kansas City. Jennifer Jason Leigh e Miranda Richardson são as femmes fatales e Michael Murphy e Harry Belafonte são os principais atores masculinos. Médio, porém bom. Dá pra entender?
9 – O JOGADOR (“The Player”, 1992)
Hollywood estava querendo fazer um mea culpa por ter vilipendiado o independente Altman a vida inteira e adotou “O Jogador” como veículo desta “valorização”. O filme ganhou 3 indicações ao Oscar mas não ganhou nenhuma (aí ia ser demais, não é Academia?). Tim Robbins faz o executivo de Hollywood que mata um aspirante a roteirista que acredita estar mandando ameaças de morte. “O Jogador” é um who’s who de quem era alguma coisa na cidade dos sonhos naquele momento. São 65 aparições de gente como o diretor Sidney Pollack, os atores Dean Stockwell e Whoopi Goldberg e o cantor country Lyle Lovett. O plano-sequência de 7 minutos e 47 segundos já te ganha no começo do filme. E tem até a Joyce Moreno na trilha!
10 – SHORT CUTS - CENAS DA VIDA ("Short Cuts", 1993)
Os contos do minimalista Raymond Carver são a base para as histórias contadas neste filme, que tem dois artistas da música em papéis principais: a cantora de jazz Annie Ross e o cantor e compositor Tom Waits. As angústias da classe média americana misturadas com a possibilidade da sorte e/ou do azar mudar sua vida. Mais um filme de Robert Altman onde a força do grupo de atores é mais importante do que as performances individuais.
terça-feira, 12 de fevereiro de 2019
Os filmes favoritos de todos os tempos (segundo os amigos de Facebook)
"Laranja Mecânica", um dos mais admirados pelos facebookers |
O que se viu durante umas duas ou três semanas foi uma gostosa chuva de posts de amigos – e amigos de amigos – a cada filme revelado, a cada imagem descoberta ou não a que obra pertencia, a cada gosto partilhado, a cada surpresa pelo filme escolhido. Esta matéria, assim, traz a listagem de alguns desses facebookers de vários lugares e ocupações, que toparam o desafio de revelar suas preferências cinematográficas e, além disso, a difícil tarefa de escolher APENAS uma dezena. Num mar de filmes marcantes e adorados, selecionar apenas alguns poucos exige esforço. Mas um esforço bom, haja vista que o exercício fez com que se perscrutassem os íntimos à procura daquilo que realmente faz sentido em termos de 7ª Arte. Aqueles filmes que se levaria para uma ilha deserta.
O carisma de Jerry Lewis o fez aparecer mais de uma vez |
Tarantino: destaque entre os diretores |
Seja um filme visto no Corujão da Globo, o que provocou arrebatamento na tela grande, aquele que se alugou na videolocadora ou mesmo o assistido via streaming. Independe a ocasião ou plataforma. Seleções como estas mostram o quanto as imagens em movimento mexem conosco e como são importantes na construção de nossos imaginários ao longo do tempo.
Por fim, a ordem dos títulos respeita a de postagens de cada pessoa, mas não quer dizer necessariamente que se trate de uma ordem de preferência do mais gostado para o menos. O importante é que todos os títulos citados, na opinião e no sentimento de cada um, estão guardados na retina e no coração.
2 - Janela Indiscreta, de Alfred Hitchcock (1954)
3 - O Sacrifício, de Andrei Tarkowsky (1986)
4 - Outubro, de Sergei Einsenstein (1927)
5 - A Marca da Maldade, de Orson Welles (1958)
6 - Intolerância, de D. W. Griffith (1916)
7 - Laranja Mecânica, de Stanley Kubrick (1971)
8 - Coração Selvagem, de Alan Parker (1985)
9 - Farenheit 451, de François Truffaut (1966)
10 - Gosto de Cereja,de Abbas Kiarostami (1997)
2 - O Poderoso Chefão, de Francis Ford Coppola (1971)
3 - Fellini 8 e ½, de Federico Fellini (1963)
4 - Os Sete Samurais, de Akira Kurosawa (1954)
5 - Fanny & Alexander, de Ingmar Bergman (1982)
6 - Laranja Mecânica, de Stanley Kubrick (1971)
7 - Farenheit 451, de François Truffaut (1966)
8 - Stalker, de Andrei Tarkowsky (1978)
9 - Touro Indomável, de Martin Scorsese (1980)
10 - O Anjo Exterminador, de Luis Buñuel (1962)
2 - O Castelo Animado, de Hayao Miyazaki (2005)
3 - Lilo e Stitch, de Chris Sanders e Dean DeBlois (2002)
4 - O Cemitério Maldito, de Mary Lambert (1989)
5 - O Segredo da Cabana, de Drew Goddard (2012)
6 - Alien, o 8º Passageiro, de Ridley Scott (1979)
7 - Legalmente Loira, de Robert Luketic (2001)
8 - Casa Comigo?, de Anand Tucker (2010)
9 - O Auto da Compadecida, de Guel Arraes (1998)
10 - Cats, de Tom Hooper (2019)