Perseguidora e perseguido. A dupla de protagonistas de brilhantes atuações |
sábado, 11 de novembro de 2023
"Holy Spider", de Ali Abbasi (2022)
sábado, 20 de agosto de 2022
'Um Herói", de Asghar Farhadi (2021)
Rahim está na prisão devido a uma dívida que não pôde pagar. Durante uma licença de dois dias, ele tenta convencer o seu credor a retirar a sua queixa contra o pagamento de parte da soma. Mas as coisas não correm de acordo com o plano.
Por mais que haja uma barreira cultural por não ser um país com o qual tenhamos forte ligação cultural, isso não chega a atrapalhar a apreciação do filme do iraniano Ashgar Farhadi. O que realmente pode fazer o espectador virar a cara, um pouco, e que, particularmente, senti que atrapalhou minha experiência, é a forma como a história é narrada. Focando na vida de Rahim, o filme nos mostra as consequências das suas decisões e atitudes, com um olhar todo especial em seu passado e a importância que aquele momento tem em seus atos, sem contudo, nos mostrar muito, de fato. Há algumas lagunas não preenchidas que, particularmente, gostaria de ver esclarecidas. É claro que essa é uma visão muito pessoal e qualquer outro espectador pode não sentir falta dessas respostas. A ligação com o passado está lá, é forte, mas parece que faltou algo...
Um grande destaque para atuação de Amir Jadidi como Rahim, ele está impecável e o personagem é muito mais que aquilo que ele apresenta em tela. Seu jeito calmo e pacato, meio “bobo” inocente, esconde uma certa violência.
Não é e nem tem a pretensão de ser um grande clássico. "Um Herói" tem suas falhas narrativas, parece que falta algo (ou eu que não peguei), mas a mensagem é bem passada e você entende a proposta do filme, tratando da questão moral de "fazer o bem porque é a algo certo" vs. "fazer o bem pensando em ganhar algo em troca", mesmo que em ambas as hipóteses se esteja fazendo o bem. Mas o dilema deixa questões: é a mesma coisa? As consequências dos dois pode ser muito diferente?.
Veja uma cultura diferente, veja uma bela atuação e veja como esta a sua moral e ética. Por exemplo: o que você faria com a bolsa de ouro? Recomendo muito “Um Herói”.
Um atuação bastante silenciosa mas muito impactante. |
por Vagner Rodrigues
terça-feira, 10 de agosto de 2021
74º Festival de Cinema de Cannes - Os Premiados
O bizarro "Titane" ficou com o prêmio principal. |
- Palma de Ouro: "Titane", da francesa Julia Ducournau
- Grande Prêmio: "A Hero", do iraniano Asghar Farhadi e "Compartment N. 6", do finlandês Juho Kuosmanen
- Prêmio do Júri: "Ahed's knee", do israelense Nadav Lapid e "Memoria", do tailandês Apichatpong Weerasethakul
- Melhor Direção: o francês Leos Carax por "Annette"
- Melhor Roteiro: os japoneses Ryusuke Hamaguchi e Takamasa Oe por "Drive my car"
- Melhor Atriz: a norueguesa Renate Reinsve por "The worst person in the world"
- Melhor Ator: o americano Caleb Landry Jones por "Nitran"
- Palma de Ouro de Honra: a atriz e diretora americana Jodie Foster e o diretor italiano Marco Bellochio
- Câmera de Ouro: "Murina", da croata Antoneta Alamat Kusijanovic
- Palma de Ouro de curta-metragem: "All the crows in the world", da honconguesa Tang Yi
- Menção Especial de curta-metragem: "Céu de Agosto", da brasileira Jasmin Tenucci
quarta-feira, 21 de agosto de 2019
"Todos Já Sabem", de Asghar Farhadi (2018)
O encontro de um ótimo diretor com um ótimo elenco só poderia render um espetacular filme, com uma história que nos prende até o último segundo, como uma festa que a gente não quer ir embora.
Quando sua irmã se casa, Laura (Penélope Cruz) retorna à Espanha natal para acompanhar a cerimônia mas por motivos de trabalho, o marido argentino (Ricardo Darín) não pode acompanhá-la. Chegando no local, Laura reencontra o ex-namorado, Paco (Javier Barden), que não via há muitos anos. Durante a festa de casamento, uma tragédia acontece. Toda a família precisa se unir diante de um possível crime de grandes proporções enquanto se questionam se o culpado não está entre eles. Na busca por uma solução, segredos e mentiras são revelados sobre o passado de cada um.
É um roteiro muito bem construído e amarrado. Alguns podem achar que ele enrole demais, perca um certo tempo, especialmente no segundo ato, nos momentos de dramas e inúmeras cenas de diálogos. mas acredito que essa paciência, essa ausência de pressa, tenha sido uma forma que o diretor encontrou para nos colocar mais próximos e íntimos dos personagens.
As atuações estão nos detalhes, no choro, numa troca de olhares, nos diálogos, em pequenas frases. Penélope Cruz, Ricardo Darín e Javier Bardem mantém seus níveis altos de atuação, contudo, o que brilha mesmo é o roteiro. O longa consegue ir de um início divertido, leve e alegre para um drama pesado, de fotografia escura, em um apagar e acender de luzes. O diretor Ashgar Fahradi soube com maestria criar um clima de suspense, tensão e mistério e um ótimo exemplo disso é o momento em que descobrimos o sequestro, no pagamento do resgate. Você sente que tudo pode acontecer.
As vantagens de se viver numa cidadezinha tranquila já sabemos, mas e as desvantagens? As fofocas, a falta de privacidade, todo mundo sabendo a vida de todo mundo, a dificuldade de se guardar segredos são, assim como brigas por terras, fantasmas do passados, amores mal resolvidos, e patriarcalismo, são elementos presentes no instigante “Todos já sabem”. O filme consegue abraçar todos estes itens e ainda contar uma história intrigante, com uma narrativa fluida que, mesmo após seu término, nos deixa inquietos, pensado no que será daquela família e daquela cidade depois de toda essa história.
Do drama profundo, da dor... |
...à festa e alegria, e mais festa. |