Curta no Facebook

Mostrando postagens classificadas por relevância para a consulta Vitor Ramil. Ordenar por data Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens classificadas por relevância para a consulta Vitor Ramil. Ordenar por data Mostrar todas as postagens

segunda-feira, 15 de abril de 2024

Ian Ramil - Show "Tetein" - Teatro Sicredi - Pelotas/RS (15/03/24)

 

A deriva de uma viagem talvez seja a melhor parte dela. Essa coisa de andar pelas ruas com os olhos atentos. Quando encarada com ânimo e receptividade, a deriva é capaz de trazer gratas surpresas. Foi assim quando, numa viagem a Curitiba, em 2014, durante um passeio de ônibus pela manhã, nos deparamos Leocádia e eu com o anúncio de um ótimo show na noite daquele mesmo dia. Em pleno Teatro Guairinha, assistirmos a uma homenagem a“O Grande Circo Místico”, a inesquecível obra de Edu Lobo e Chico Buarque. Foi quase sem querer que soubemos da programação. Só que não.

Desta feita, a quase coincidência foi em Pelotas, que por si só já traz sentimentos bons a nós dois visto a ligação que temos com a cidade. Numa despretensiosa visita ao Mercado Público, observamos colado em uma pilastra o cartaz de um show. Olhando com atenção, vimos que se tratava de um show de Ian Ramil, músico consagrado e que carrega nas veias o sangue de um dos clãs mais talentosos da música do Rio Grande do Sul. Seria a apresentação de lançamento de seu novo álbum, “Tetein”, e ainda por cima contaria com a participação de seu pai, o célebre Vitor Ramil. E vendo com ainda mais atenção: o show era na noite daquele mesmo dia – igual aconteceu conosco em Curitiba anos atrás.

Providenciamos os ingressos no Sesc de Pelotas, promotor do show, ali mesmo no Centro, e fomos. Além de conhecer o belo e moderno Teatro Sicredi, novo na cidade, o que mais nos interessava era, de fato, a música. Há aí um porém: mesmo com todas as coincidências boas da fluidez das coisas, não era necessariamente uma certeza para nós que fôssemos gostar. Explico, mas para isso preciso voltar a 2018, quando, em Porto Alegre, assistimos a uma breve – e desastrosa – apresentação do mesmo Ian. Fosse por inexperiência, má fase ou vaidade, o fato é que aquilo que vimos foi um artista desleixado, tocando mal e sem sintonia nenhuma com o público. Parecia que, pressionado com o peso do sobrenome, ele se revoltava com a condição e jogava esse desconforto de volta na plateia. Saímos com a pior das impressões.

Mas ainda bem que, como disse Claudinho para Buchecha, “todo mundo merece uma segunda chance, ‘fassa’”. Haviam se passado 6 anos, Ian vencera um Grammy Latino de melhor álbum de rock em português em 2016, esteve diretamente envolvido no projeto do supergrupo Casa Ramil e, no mais, a tendência era que aquele jovem de mal com a vida pudesse ter amadurecido. E valeu a pena reconsiderarmos, pois presenciamos um belo show. Com a sala praticamente lotada de conterrâneos, familiares e amigos, estávamos lá, Leocádia e eu, tornando-se mais pelotenses do que nunca. Às minhas costas, na fileira de trás, por exemplo, o padrinho de Ian, a quem Vitor, na sessão de autógrafos do seu “A Primavera da Pontuação”, na Feira do Livro de 2014, me disse ao me observar com aquele seu olhar penetrante: “Tu te parece com o meu compadre, padrinho do meu filho Ian”. Vejam só a especialidade e a simbologia desta ocasião.

Ian: revertendo qualquer
impressão negativa
A música de Ian tornou-se uma certeza para nós desde o primeiro número, com a linda faixa-título da turnê. A sonoridade de Ian, bastante influenciada pelo cancioneiro infantil desta feita – visto que sua pequena filha, Nina, foi a inspiração para o trabalho –, carrega elementos do rock, do jazz, do gauchesco, do pop, da música eletrônica e, claro, da Estética do Frio, cunhada pela genialidade de seu pai. Exemplo ele tem em casa, e soube aproveitar. Igualmente destaques a intensa “Macho-Rey”, a jazzística “Palavras-Vão”, a versão de “Pra Viajar no Cosmos não Precisa Gasolina”, de Nei Lisboa, e “Cantiga de Nina”, o samba-canção-de-nina(r) feito, óbvia e especialmente, para a filha.

Dono de uma musicalidade muito requintada, Ian e sua pequena banda (Bruno Vargas, no baixo, e Lauro Maia, programação e teclados) trouxeram ainda as excelentes “Lego Efeito Manada”, um chamamé moderno (e com lances de canto gregoriano), que faz remeter à música de Milton Nascimento, Tiganá Santana e, claro, Vitor Ramil. O timbre de voz, aliás, não deixa mentir que se trata de um Ramil, visto que, em vários lances, é possível ouvir a voz de seu pai e seus tios, Kleiton e Kledir. O artista trouxe ainda coisas mais antigas de sua carreira, como músicas do primeiro disco, de 2014, “Nescafé” e “Seis Patinhos” (visivelmente as mais fracas do set-list), e a potente “Artigo 5º”, um dos hinos da era “Fora Temer”, do seu premiado e combativo disco "Derivacivilização", a qual convidou seu pai para dividir os microfones num dos momentos altos do show.

Mas não cessou por aí. Ian realmente amadureceu como artista, como performer e, a que se vê, como pessoa, visto que se mostrou genuinamente simpático e acolhedor. Ainda tiveram a magnífica “O Mundo é Meu País”, a questionadora “Quiproquó” e, principalmente, “Mil Pares”, um manifesto distópico-utópico em que Ian imagina um cenário apocalíptico para o fim do capitalismo. Nesta, além de sopros e percussões adicionadas, ainda houve a repentina aparição de Davi Batuka com um atabaque africano, que fez o público vir abaixo. Na Pelotas das charqueadas, que tanto sangue negro viu escorrer pelas águas do Rio Pelotas há séculos, nada mais apropriado que, na mistura consciente e resistente de Ian, invocar essa ancestralidade para o palco.

Mais do que admirar o espetáculo, o mesmo nos serviu para revermos e revertermos a imagem de um artista que provou valer a pena ser escutado. Mas ainda mais significativo foi ver Ian e Vitor cantando a clássica “Joquin”, a versão de 1987 de Vitor para a música de Bob Dylan (“Joey”, de 1976), em que transpõe para a nem tão fictícia Satolep a história do genial, incompreendido e perseguido gênio inventor. Dadas as devidas proporções, a música de Vitor se tornou maior que a original, visto que, em terras gaúchas e brasileiras é um clássico e, no vasto e importante cancioneiro dylanesco, não passa de uma canção menor. Fato é que os versos iniciais do tema:“Satolep, noite”, ainda sem o acompanhamento dos instrumentos e ditos na voz de Vitor, traduziram a beleza daquele acontecimento. Estávamos ali, em nossa Satolep, dita assim mesmo, ao contrário, provocando essa inversão de percepções que Pelotas nos proporciona e numa noite muito especial. Tudo soube fazer sentido. Um acontecimento tão inesperado para nós, mas ao mesmo tempo tão significativo, que parecia estar previsto, como um presente da própria Pelotas para quando aqueles dois filhos desagarrados voltassem à deriva por suas ruas de pedras antigas.

*******

o clássico de Vitor Ramil "Joquin" cantado por ele 
e o filho-anfitrião Ian

Ian ao centro em trio com Bruno Vargas e Lauro Maia

Novamente com a excelente e versátil banda

"Ares de Milonga": canto e musicalidade de Ian típica dos Ramil

Número final, no bis, com a banda e convidados, entre eles o pai Vitor


fotos e vídeos: Leocádia Costa e Daniel Rodrigues
texto: Daniel Rodrigues

sexta-feira, 28 de outubro de 2016

Vitor Ramil & Orquestra de Câmara do Theatro São Pedro – Theatro São Pedro - Porto Alegre/RS (22/10/2016)



Visão geral do palco do Theatro São Pedro
com Vitor e a orquestra.
“Ares de milonga sobre Porto Alegre/
Nada mais, nada mais”.
da letra de
Ramilonga



Pode parecer contraditório, mas, às vezes, dependendo da intensidade emotiva que determinado show ao vivo tem para mim, é mais difícil escrever sobre ele. Foi assim com o do Paul McCartney, em 2010, do Gilbert Gil e orquestra, em 2014, e o da Meredith Monk, ano passado. Todos muito bem sorvidos pelos ouvidos e sentidos, mas que, na hora de transpor pro papel, parece que a emoção me congela. Pois outro desta lista foi o do cantor, compositor e escritor Vitor Ramil, que assisti ao lado das hermanas Leocádia e Carolina Costa em 2013. Naquela feita, como nestes outros que citei, não consegui escrever a respeito daquele que foi certamente um dos grandes shows que assisti. Música no seu mais alto nível. Pois o tempo se encarregou de me dar uma nova chance, igualmente acompanhado das duas e novamente tendo como cenário o majestoso e familiar Theatro São Pedro. E com um adicional incontestável: Vitor tocando com a Orquestra de Câmara do teatro. Ou seja, motivos de sobra para que, enfim, esse momento tão especial fosse por mim registrado.
Minha obrigação atestou-se já de início. Ainda sem o protagonista no palco, a orquestra, formada basicamente pelas cordas (cellos, violinos e violas), estremece-nos com uma luxuosa execução do Prelúdio das “Bachianas nº 4”, de Heitor Villa-Lobos. Que começo! Quando sobe finalmente, o gracioso Vitor brinca: “Quero ver se vocês vão querer me ouvir agora depois do Villa-Lobos”. “Foi no mês que vem”, de poesia romântico-lírica, numa brincadeira com o tempo cronológico e afetivo (“Vou fiquei/ No teu chegado e tu chegada ao meu/ Penso, grande é Deus/ Um paraíso prum sujeito ateu...”) dá início ao refinado e absolutamente musical espetáculo, tanto quanto o de dois anos atrás embora diferente. Não somente pelos arranjos da orquestra, assinados por Vagner Cunha e regidos pelo também bem-humorado maestro Antônio Borges-Cunha, os quais cumpriram, com muita felicidade a função de realçar os traços das canções. Mas, sim, pela obra maior de Vitor Ramil, um dos maiores músicos da atualidade no Brasil.
A habilidade como violonista e cantor destacam ainda mais o lindo timbre de voz, suave como uma pluma, e a capacidade criativa do compositor de criar melodias lindamente improváveis. O professor de artes Celso Loureiro Chaves diz, no texto do programa: “Há sempre uma surpresa nessas melodias. Quando pensamos que elas vão para um lado, elas tomam outro caminho e terminam como ninguém – a não ser Vitor – poderia ter pensado”. Essa é a sensação que se tem na tensa e quase expressionista “Livro aberto” – infelizmente prejudicada pelo pandeiro muito mal tocado por uma das integrantes da orquestra, único resvalo de todo o espetáculo –, a qual vai ganhando ares hipnóticos que as cordas ajudam a intensificar.
Para qualquer fã de Vitor, não precisa nem dizer que "Noite de São João", obra do célebre “Ramilonga”, de 1997, na qual ele musica uma poesia de Fernando Pessoa, foi das mais emocionantes. A regência de Borges-Cunha lhe empresta cores lúdicas, enquanto o músico entoa com absoluta delicadeza a melancólica e rica melodia. Igualmente de embasbacar, “Milonga das 7 Cidades” (mais uma de “Ramilonga”), a suplicante “Perdão” (“Perdoo o sol/ Que aquece meu corpo/ Perdoo o ar/ Que me alimenta/ Perdoo a dor/ Que desistiu de mim/ E a solidão/ Que não foi tanta como eu quis...”) e “Vem”, onde, a capella, Vitor arrasa no canto (a letra, fez sobre um prelúdio de Bach) enquanto o maestro conduz um belíssimo arranjo, chamando atenção para a segunda parte, em que todos abandonam os arcos para, delicada e ordenadamente, tangerem com os dedos as cordas de seus instrumentos.
Original do disco “Délibáb”, de 2010, “Querência” traz a poesia pampeana de João da Cunha Vargas, a quem muitos, incluindo a mim, passou a conhecer através das músicas de Vitor. Dos dois é outra das mais incríveis que se ouviu, esta apenas na voz e violão: “Deixando o Pago”, milonga capaz de transmitir ao mesmo tempo bravura e fragilidade, tristeza e sensação de liberdade: “Cruzo a última cancela/ Do campo pro corredor/ E sinto um perfume de flor/ Que brotou na primavera/ À noite, linda que era/ Banhada pelo luar/ Tive ganas de chorar/ Ao ver meu rancho tapera”.
No final do show, executando "Astronauta Lírico".
Hit gravado por nomes como Gal CostaMilton Nascimento, Chico César e Maria Rita, “Estrela Estrela”, amada pelo público, é a que mais foi possível ouvir o coro da plateia, silenciosa a maior parte do tempo, pois extremamente atenta a todos os acordes que se pronunciavam. Esta ganha um arranjo suave, acompanhando sua aura lunar e fugidia. Já em “Indo ao Pampa”, mais uma de “Ramilonga”, Loureiro Chaves escreve um arranjo especial no qual explora a atmosfera indiana da original e transpõe isso para a orquestra. Um show! Das melhores do set-list, a qual explode no refrão em ataques intensos das cordas. Especial também é o canto de Vitor, que avança impressionantemente de um tom médio para o agudo sem desafinar jamais. Que cantor!
 Outra das incríveis de seu repertório, igualmente adorada pelo público, “Astronauta Lírico”, levou-nos às lágrimas. Delicadeza resume bem essa canção, onde se nota novamente a esfíngica forma de Vitor compor. Valendo-se praticamente de “lugares comuns” da poesia, os versos, escritos com tamanha sensibilidade e destreza, são de uma poesia sem igual: “Quero perder o medo da poesia/ Encontrar a métrica e a lágrima/ Onde os caminhos se bifurcam/ Flanando na miragem de um jardim...”. E o refrão, em que ele consegue quebrar em três tempos uma pequena palavra como “terra”!? (sem que isso fique esquisito, aliás, pelo contrário: harmonizando lindamente palavra e som.)
 O primeiro bis é a própria “Ramilonga”, de lindo arranjo das cordas que veste a música num crescendo nesta que é a mais perfeita tradução da melancólica mas poética Porto Alegre, cidade cujos versos “nunca mais/nunca mais” se encaixam assustadoramente bem. O desfecho foi com a milonga “Mango”, talvez não a melhor escolha para um último número, haja vista a extensa lista de sucessos que fariam o público ir para casa embora levitando (“Loucos de cara”, “Joquim”, "Satolep"
, “Não é céu”), mas nada que desagradasse - pelo contrário, pois foi suficiente para, junto com o restante, fazer-nos ir para casa suspensos sim.
 Se ficou muita coisa de fora, é compreensível, pois é realmente difícil sintetizar cerca de 40 anos de música em um projeto complexo em formato e que envolve tantas mãos como este. Porém, certamente o que vimos manteve intacta a sublime obra deste gaúcho de Pelotas que tanto representa, com profundidade artística e até semiológica, a arte e o modo de ser do pampa. Vitor nos prova o quanto se é capaz de ser regional e universal ao mesmo tempo. Vitor nos mostra que existe outro Brasil que não só de Carnaval e Nordestes pasteurizados. Vitor nos evidencia que há uma beleza nessa combalida e vulgarizara imagem do ser gaúcho. Em Vitor nos identificamos e ele em nós.
 E sim, Vitor: não deixas nada a desejar diante do mestre Villa-Lobos, podes ter certeza.







por Daniel Rodrigues

segunda-feira, 30 de outubro de 2017

Vitor Ramil – Theatro São Pedro - Porto Alegre/RS (22/10/2017)



Vitor Ramil apersenta seu novo Campos Neutrais no São Pedro
Muito se falou sobre a excelência do disco e do show "Campos Neutrais" do grande Vitor Ramil. Ouvi o disco durante a semana e fui ao show no domingo, dia 22. O disco traz o rigor da gravação, do apuro técnico e da utilização dos recursos do Estúdio Audio Porto para nos deslumbrar. Já o show é a música viva, em contato com o público - sem conhecer o trabalho, em sua maioria - e respirando aquela atmosfera engendrada por Vitor, pelos percussionistas e pelo Quinteto Porto Alegre com os arranjos do Vagner Cunha.

Como me disse o próprio autor, os arranjos de sopros foram realizados após a gravação das percussões. A mistura orgânica entre os metais e ritmos percussivos chamou a atenção da minha amiga Beatriz Gil e aponta para um outro caminho melódico. As participações da sobrinha Gutcha e do genro Felipe Zancanaro são perfeitas. As letras percorrem os afetos - "Isabel", para a filha; "Ana", com a "ajuda" de Bob Dylan, para a esposa e companheira de sempre - mas também enfocam situações e narradores diversos.

Como o violinista rumo à morte em "Stradivarius" e a guarita da beira da praia em "Hermenegildo". A indignação com a política vem em forma poética em "Palavra Desordem". A importância das cidades da moradia, "Satolep Fields Forever", e da visita, "Duerme Montevideo" também está presente. Aliás, nesta última está o verso que resume bem as intenções de Vitor: "Viver é maior que a realidade". O conceito de Campos Neutrais está perfeitamente realizado, tanto no disco como no palco.


Paulo Moreira

quinta-feira, 6 de março de 2014

cotidianas #277 - Satolep



Satolep*

Sinto hoje em Satolep
O que há muito não sentia
O limiar da verdade
Roçando na face nua
Detalhe de fachada de casario da Rua Quinze de Novembro,
em Satolep (foto: Leocádia Costa)
As coisas não têm segredo
No corredor dessa nossa casa
Onde eu fico só com minha voz
A Dalva e o Kleber na sala
Tomando o mate das sete
A Vó vem vindo da copa
Trazendo queijo em pedaços
Eu liberto nas palavras
Transmuto a minha vida em versos
Da maneira que eu bem quiser
Depois de tanto tempo de estudo
Venho pra cá em busca de mim.

E o céu se rirá d'amore
No olho azul de Zenaide
Outrora... lembras flam(ingos)
Jê ne se pá, singulare
Yê na barra uruguaia
E letchussas no Arroito
Marfisas gemerão de paz
No The Lion!
La Jana torpor vadio
Cigarra sem horizonte
Lia, Alice e a lua
Num charque sem preconceito
O CISNE NEGRO APRISIONA
O bélICo AmoR perdidO
E a Esma num bissaje só
Cativa alguém
Nessa implosão de signos e princípios
Eu guardo o Joca e ele a mim.

O teu nome, Ana, escrito
No braço da minha alma
Persiste como uma estrela
Nas horas intermináveis
Chuva, vapor, velocidade
É como o quadro do Turner
Sobre a parede gris da solidão.
So-to-me-lo te verás-me
Como-lho-me verte-ás-nos
Solo te quiero dizer-te
Que me sinto mui contento
Porque vou na tua casa
E lemos cousas bonitas juntos
No silêncio eu pego em tua mão
Tu do meu lado e eu no teu quarto quieto
Teu ser se confunde no meu.

Vitorino de La Mancha
Minha luta se resume
No compasso de um tango
Na minha triste figura
Meu piano Rocinante
A YOGA e o chá no fim da tarde
E depois a noite e meu temor.
Eu converso com o Kleiton
Na mesa da casa nova
Sobre a vida após a morte
Sobre a morte após a vida
Vencedor é o que se vence
E a falta do Kleber é dura
O que a gente quer é ser feliz
A paz do indivíduo é a paz do mundo
E viva o Rio Grande do Sul!

Só, caminho pelas ruas
Como quem repete um mantra
O vento encharca os olhos
O frio me traz alegria
Faço um filme da cidade
Sob a lente do meu olho verde
Nada escapa da minha visão.
Muito antes das charqueadas
Da invasão de Zeca Netto
Eu existo em Satolep
E nela serei pra sempre
O nome de cada pedra
E as luzes perdidas na neblina

Quem viver verá que estou ali.

********************************





Satolep
(Vitor Ramil)

* Satolep, para os não familiarizados, é o apelido dado pelo cantor, compositor e escritor Vitor Ramil à sua terra-natal, a antiga e tradicional cidade gaúcha de Pelotas, situada na região Sul do Rio Grande do Sul, cuja fundação data de 1758. Trata-se de um anagrama da palavra original, ou seja, invertendo-lhe as letras de trás para diante.

quarta-feira, 4 de março de 2020

Música da Cabeça - Programa #152


Sabe o que realmente cura epidemia? Não é o óleo consagrado dos charlatões, mas ouvir o Música da Cabeça! Hoje, nossos fiéis ouvintes serão abençoados com o som de Fernanda Abreu, Vitor Ramil, Miles Davis, Talking Heads, Rita Lee, Nico e outros. Tem também "Sete-List" sobre compositores e as suas escolhidas. A profecia começa às 21h, na ungida Rádio Elétrica. Produção e apresentação: Daniel Rodrigues. Porque a doença vai cair quando chegar em você! 


Rádio Elétrica:
http://www.radioeletrica.com/

quarta-feira, 9 de março de 2016

A Pureza dos Sons

Uma das coisas mais impressionantes que já presenciei em um show de música foi numa apresentação de Naná Vasconcelos. Algo tão impressionante que me leva a relativizar, inclusive, os termos que acabo de usar: “apresentação” e “show de música”. Não me refiro necessariamente à emoção de assistir a um artista que se gosta, o que, por si, já causa impressão. Naná foi um deles, assim como foi Paul McCartneyGilberto GilMorrisseyMaria BethâniaHelmetDi MeloThe CureMonarcoPrimal ScreamMilton Nascimento, e por aí vai. Só vê-los num palco, gigantes que se tornam – alguns, de baixa estatura como Caetano Veloso ou Vitor Ramil, mas enormes entidades quando cantam –, é um momento especial.

Refiro-me a outra coisa. Esse show de Naná foi em 2010, no Salão de Atos da UFRGS, em Porto Alegre. A começar, não havia mais ninguém no palco: apenas o gênio pernambucano (mais um deles) cujos tambores e percussões foram responsáveis por virar de ponta-cabeça a música do século XX com sua arte originalmente universal, forjada no âmago mais recôndito da África negra mas sensivelmente generoso aos sons de todo o mundo. Tudo que se fala hoje em termos de inclusão, diversidade, cosmopolitismo e até sustentabilidade estavam presentes desde sempre na música de Naná. As reminiscências da humanidade estão preservadas em seus sons, a manifestação inata e orgânica do corpo em movimento também, assim como entenderam Meredith Monk, os tap dances norte-americanos, Dorival CaymmiVioleta Parra, os bluesmans do Mississipi.

Pois, por toda essa complexidade – extremamente natural de ser sorvida e apreciada com a maior das facilidades –, questiono que aquilo tenha sido uma “apresentação” e necessariamente de “música”. Ele, sozinho no palco, rodeado de alguns instrumentos percussivos (não muitos), não simplesmente apresentou, mas experenciou algo a nós, plateia. E não somente um show, o que seria simplório, mas, por cerca de 1 hora, vivemos um momento de humanidade. Conversou e contou histórias com a simplicidade contrastante de um tímido acostumado a comandar públicos há décadas. Mas, principalmente, tocou. Tangeu, atritou, bateu, produziu sons. Ele e instrumentos eram a mesma coisa. Do mesmo barro. Independia a nós, que ouvíamos sua arte e certamente, antes de mais nada, a ele  próprio, se os sons emanavam do seu aparelho vocal, do berimbau, da pancada com as mãos em sua própria pele ossuda e ressonante ou da sua respiração. Ecos, reverberações, estampidos, fala, raspados, vibrações: tudo de igual origem.

Provavelmente só vira tal integração natureza/homem quando assistira Monk ano passado, quando esta recolhera o repertório de 50 anos de pesquisas e aprofundamento de sua “música impermanente”. Com Naná, entretanto, a comunicação foi maior. Costumaz colaborador de tantos e tantos artistas e bandas pelo mundo, em realidade não precisava de mais ninguém num palco. Quando o vi, havia Naná e centenas de outros. Todos dentro dele. Naquele dia, quem teve a sorte de estar na plateia – e isso certamente ocorria a muitos e em qualquer lugar que fosse, dada a generosidade de sua arte – teve a chance de experimentar essa sensação tão natural a nós, humanos, e, curiosamente, tão inacesssada.

Foi quando, para terminar o “encontro” (nego-me a classificar somente como “show”), Naná convidou a nós da plateia a produzir o som do Rio Amazonas quando chove... Sim, o som da água, da chuva caindo no rio e na mata! Como um maestro – ou um mago –, regeu-nos. Sob seu comando emitimos sons guturais e batíamos palmas acompanhando um ritmo que ele conduzia em gestos. O resultado foi algo simplesmente transcendente. Estávamos ali, sim, imitando o som da chuva na selva. Tornamo-nos água naqueles instantes, rumamos direto para àquilo que nos forma, que nos rege, aquilo que nos compõem em maioria em termos físicos e espirituais. Vibramos todas nossas moléculas e as harmonizamos no ritmo das ondas, sob a orientação dos ventos, sob a influência dos astros. Voltamos ao útero. Sentimos a pureza.

Não sei do restante das pessoas, mas eu nunca mais fui o mesmo a partir daquele momento. Mesmo que pouco, aquela experiência me mudou para sempre de alguma maneira, a ponto de, hoje, quando Naná Vasconcelos deixa esse planeta do qual tanto compreendeu e simbolizou com beleza, lembrar-me justamente desse episódio. Ele dizia que nunca iria gravar aquilo, pois era uma experiência para ser vivida. Eu vivi. E virei água como ele.


NANÁ VASCONCELOS
(1944-2016)





quarta-feira, 2 de agosto de 2023

Música da Cabeça - Programa #329

 

sinéad o'connor não nos ensinou só a admirar a beleza de sua arte, mas a levar a música literalmente na cabeça. o programa hoje terá ela e muito mais coisas, como beck, dona ivone lara, the stranglers, vitor ramil e mais. tem, claro, a própria sinéad no quadro sete-list. combatendo o poder, o mdc entra na briga às 21h na aguerrida rádio elétrica. produção e apresentação sem comparação: daniel rodrigues 


www.radioeletrica.com

quarta-feira, 23 de janeiro de 2019

Música da Cabeça - Programa #94


Fenômenos naturais estão acontecendo. Não, não é eclipse, lua de sangue, terremoto, furacão e nem tsunami. É o Música da Cabeça dessa semana, gente! Quer fenômeno maior que Cannonball Adderley, Vitor Ramil, João Donato e The Cure juntos? E ainda tem mais! Além dos nossos quadros “Música de Fato” e “Palavra, Lê”, o “Sete List” dessa semana faz uma homenagem aos 60 anos de Nei Lisboa. Tudo isso no programa de hoje, às 21h, na Rádio Elétrica. Produção e apresentação: Daniel Rodrigues.


Rádio Elétrica:
http://www.radioeletrica.com/

quarta-feira, 27 de maio de 2020

Música da Cabeça - Programa #164


Numa semana em que Tornado faz 90 anos e Dylan chega a quase 80, a gente só pode entender que é música que nos mantém vivos. Eles e outros artistas nos ajudam a manter o sangue correndo nas veias e, mais que isso, a compor o MDC de hoje. The Cult, Vitor Ramil, Red Hot Chili Peppers, Rita Lee, R.E.M. e Françoise Hardy são alguns dos que pegam junto conosco. E os quadros "Cabeça dos Outros", "Palavra, Lê" e "Música de Fato" completam nosso programa, que vai ao ar às 21h, na longeva Rádio Elétrica. Produção, apresentação e coração batendo: Daniel Rodrigues. #ficaemcasa e #nãoteaglomeramaluco


Rádio Elétrica:
http://www.radioeletrica.com/

quarta-feira, 24 de março de 2021

Música da Cabeça - Programa #207

 

Sérias suspeitas de parcialidade recaem sobre o MDC... E estão certos! Afinal, estamos, sim, do lado que se tem que estar: da arte e da música. Melhor do que João Bosco, Herbie Hancock, Projeto Revolta, Jamelão, Deee-Lite e Vitor Ramil pra provar isso, impossível. Tem também 'Sete- List' e nossos quadros fixos. Tudo na melhor das suspeições hoje, às 21h, no tribunal insuspeito Rádio Elétrica. Produção e apresentação: Daniel Rodrigues (totalmente parcial: #forabolsonarogenicida)


Rádio Elétrica:
http://www.radioeletrica.com/

segunda-feira, 16 de abril de 2018

ÁLBUNS FUNDAMENTAIS ESPECIAL 10 ANOS DO CLYBLOG - Nei Lisboa - "Hein?!" (1988)




Causou espanto e surpresa quando, em meados dos anos 80, Nei Lisboa se declarou fã dos Engenheiros do Hawaii! “Carecas da Jamaica”, o disco, tinha até uma parceria dele com Humberto Gessinger (ainda que Nei ressalve hoje: “Peraí! Só metade do refrão de ‘Deixa o Bicho’ é dele!”). Além disso, dividia com o Gessinger os vocais da faixa-título. E havia ainda uma versão cool de “Toda Forma de Poder”, hit do primeiro LP dos Engenheiros.

Mas não seria só isso que teriam em comum. Logo Humberto e Carlos Maltz, com a saída do baixista Marcelo Pitz da banda, convidam Augustinho Licks pra vaga. Surpreendentemente, Augusto topa. E Nei se sente bastante traído – fato agravado por alguns incidentes desagradáveis em shows dos Engenheiros para os quais fora convidado a dar uma canja. 

Nei se via sem seu maior parceiro, num momento bem importante de sua carreira, de definições.

É quando, em julho de 1988, ainda contratado da EMI, Nei começa a gravar disco novo. O LP se chamaria “Hein?!” e, acreditavam todos, finalmente o projetaria nacionalmente. Ao menos era a aposta de quem acompanhava seu repertório daquele momento e o cruzava com o cenário de entressafra da MPB e do rock. No ano anterior, Vitor Ramil e Bebeto Alves haviam lançado seus discos mais populares até então,” Tango” e “Pegadas”, respectivamente. Mas faltava ainda um cara que transcendesse esse sucesso local pra pegar o Brasil pelo rabo.

As fichas locais estavam todas nele.

Só que, num intervalo das sessões, Nei volta ao Rio Grande do Sul e resolve passear na serra gaúcha com a namorada e uns amigos. E o imponderável age: um acidente de carro, perto da cidade de Nova Petrópolis. Leila, a namorada, morre.

Nada mais fez sentido. Termina o disco, é verdade. Que é, segundo muitos, seu melhor trabalho. Mas o astral era radicalmente oposto ao que tinha sido pensado. Era pra ser um LP debochado e irônico. Saiu amargo e doído.

Até a banda era das melhores e mais enxutas que ele já reuniu, com Pedro Tagliani – da banda instrumental Raiz de Pedra - no posto que fora de Augustinho, mais a cozinha de Renato Mujeiko e Fernando Paiva. Paiva logo depois se radicaria em Viena, onde se firmaria como grande instrumentista, e Pedro iria pra Munique com seu grupo. Os três juntos dão uma dinâmica e um senso de equilíbrio que resulta num disco com um raro colorido de vazios e espaços recortados por frases instrumentais inesperadas.

Alem dos três, gravados ao vivo no estúdio, pouco mais: Glauco Sagebin tocando piano e órgão numas poucas faixas, o violão de Nei em outras. Tudo mínimo, tudo cru e tudo muito sofisticado. Bem diferente dos trabalhos anteriores. Tanto que, ao contrário deles, é absolutamente atemporal. Você ouvia em 1988 e era atual. Você ouve hoje e segue contemporâneo.

Parte dos méritos disso são do produtor Mayrton Bahia, famoso pelos discos da Legião Urbana – outros que também resistem bem ao tempo (ao contrário de Reinaldo Barriga, o preferido pelo rock gaúcho de então, cujos trabalhos soam hoje retratos de época).

Além disso, estava ali a faixa-título, uma espécie de continuação de “Verão em Calcutá”, glosando o mesmo mote em versos ainda mais cínicos com relação ao circo do showbizz. E cutucando diretamente Titãs, Raul Seixas, e, também, os Engenheiros:

"Comprei uma guitarra usada, alguma namorada me passou batom.
Durou um tempo, até foi bom.
Mas quando eu disse que era o Rei, tirou o copo da minha mão e disse:
Hey! Hein?!?! Meu amigo, não se desfaça nessa fama, todo esse mundo do rock´n´roll é ruim de cama! Eles querem diversão e bolo, eles querem tudo e mais um pouco, eles querem krig-há-bandolo e champanhe. Eles querem frases nos jornais, eles querem parecer sinceros demais. (...) Eles querem te fazer de tolo, e eu também!"

 Mas o disco não é só isso. Era também um trabalho de amor. Só que, quando aconteceu o acidente, nem todas as letras estavam terminadas. Era preciso, por exemplo, escrever a última estrofe de “Baladas”. Que saiu assim: 


"Só, muito além do jardim, viajo atrás de sombras.
Não sei a quem chamar.
Mas sei que ela diria ao acordar:
Tudo bem. Você me arrasou, meu bem, e qualquer dia desses eu como as tuas bolas. Mas agora esqueça o drama na sacola... Não puxe o cobertor! Não tape o sol que resta nessa dor! Foi bom: não durou.
Oh, mama! Não vale a pena pagar um centavo, um retalho de prazer...
Oh, mama! Eu quero morrer... bem velhinho, assim, sozinho, ali, bebendo vinho  e olhando a bunda de alguém."  

Evidentemente não houve nem alma nem ânimo pra trabalhar a divulgação. Uma terrível entrevista no programa de Jô Soares é a pá de cal nas suas relações já estremecidas com a gravadora: “No momento em que aconteceu o acidente, perdeu completamente o sentido aquele jogo que ao natural já se pode considerar medíocre: dono de gravadora, rádios FMs, essa rede que compõe o mercado, a indústria cultural. E que tu és obrigado a participar, te interessar, te preocupar e agir dentro disso se tu queres ‘tar no páreo da Música Popular Brasileira. Tudo isso, ao natural, já pode parecer medíocre. E naquele instante pra mim não valia um ovo. Eu queria era chutar o balde. E foi o que eu fiz em muitos instantes. No Jô foi um.”, disse Nei posteriormente.

A lápide foi sua recusa em gravar a versão de “Hey Jude”, dos Beatles, a tábua de salvação oferecida pela gravadora. Nei disse que até topava*, desde que ele escrevesse a sua versão da letra, em português. Bateram pé na versão dos anos 60, de Rossini Pinto. Não houve acordo.

Comprovando a tese dos caras, a canção virou um big hit na voz da segunda opção de artista pra gravá-la, Kiko Zambianchi. Durante muito tempo, o pessoal romantizou o lance. Mas atualmente Nei fala disso com crua sinceridade: “Meu público básico era todo daqui. Dez, 20 mil pessoas. Universitários, classe média. Que não aceitariam de jeito nenhum me ouvir cantar uma bosta daquelas. Ia jogar minha carreira pelo ralo. Não foi um gesto de ‘Isso é ruim, eu não quero cantar’, mas sim um gesto de ‘Isso é ruim e vai fuder com a minha carreira’. Cantar, em si, não ia me doer tanto.” 

Nei também estava certo. Assim como virou um sucesso, “Hey Jude” parou ali a carreira de Kiko, que só voltou a ser comentado 15 anos depois, tocando com o Capital Inicial.

trecho do livro inédito de Arthur de Faria

********

FAIXAS:

1. Zen - 00:30
2. No Fundo - 3:30
3. Nem Por Força - 4:12
4. A Fábula (Dos Três Poréns) - 3:50
5. Faxineira - 2:30
6. Baladas - 4:28
7. Rima Rica / Frase Feita - 4:07
9. Fim Do Dia - 3:40
9. Telhados De Paris - 5:20
10. Teletransporte Nº 4 - 3:03

********

OUÇA O DISCO:
Nei Lisboa - Hein?!




Arthur de Faria é músico, compositor e arranjador. Produziu 27 discos, escreveu 35 trilhas para cinema e teatro, integra o Duo Deno, a Surdomundo Imposible Orchestra, o espetáculo Música de Cena e Música Menor – duo com o argentino Omar Giammarco. Por 20 anos liderou o Arthur de Faria & Seu Conjunto, com quem lançou cinco de seus oito discos e tocou em meia dúzia de países. Jornalista e mestre em Literatura Brasileira, ministra cursos sobre música popular brasileira no Brasil, Argentina e Uruguay, trabalha há 20 anos em rádio, publicou dezenas de ensaios, artigos, livros e fascículos sobre música popular e dedica-se há três décadas a pesquisa sobre a história da música de Porto Alegre.

sábado, 21 de novembro de 2015

61ª Feira do Livro de Porto Alegre - As Imagens







A 61ª edição da Feira do Livro acabou e mais uma vez tivemos o privilégio de apresentar o trabalho da equipe de fotografia do evento na nossa página no Facebook, graças à nossa parceira de blog, Leocádia Costa, coordenadora da equipe de fotografia do evento. Aqui fazemos uma breve retrospectiva visual com algumas das imagens mais marcantes, interessantes, curiosas, emocionantes e belas captadas pelas câmeras desses feras da fotografia.
Fiquem com as imagens da 61ª Feira do Livro:


A estátua no alto do Memorial do RS
em sintonia com o slogan da 61ª edição do evento:
"Livros Ajudam a Pensar"

A Feira emoldurada pelos prédios gêmeos da Praça da Alfândega

Alô!

Autógrafos

Até os amiguinhos de 4 patas queriam estar na Feira

Bolhinha de sabão

Cara de pipa
As pedras do chão da praça

Cultura para todas as culturas

Vamos reciclar

Equilíbrio

Escolha difícil

Na Feira todos são igualmente especiais

Afastando-se um pouco da agitação

Quem será?

Humor é coisa séria

Desenhista da Catalunha

Mambembe

Nada a impediu de ir

Orquestra Villa-Lobos

Pé de palhaço

O pior cego é aquele que não quer ler

Posso ajudar?

Sarau com café

Em cena

Sorriso

As pessoas nos corredores da Feira

Os colegas de blog Leocádia Costa e Daniel Rodrigues
com o músico e escritor Vitor Ramil



fotos: Otávio Fortes, Luís Ventura e Leocádia Costa
cedidas por Leocádia Costa
coordenadora da equipe de fotografia CRL/2015