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quarta-feira, 10 de julho de 2019

Música da Cabeça - Programa #118


O violão de João se calou, mas no Música da Cabeça a nossa obrigação é manter as notas em constante vibração. E vai ter muita música de qualidade para dignificar o mestre no programa. Confere só: Renato Russo, The Breeders, Jards Macalé, Led Zeppelin, Tom Jobim e mais. Além dos quadros fixos “Música de Fato” e “Palavra, Lê”, ainda o móvel “Cabeça dos Outros”, que vai destacar a clássica banda Jethro Tull. Tudo isso no MDC de hoje, às 21h, pelos acordes dissonantes da Rádio Elétrica. Produção, apresentação, cantinho e violão: Daniel Rodrigues.


Rádio Elétrica:
http://www.radioeletrica.com/

sexta-feira, 5 de julho de 2019

Nick Drake - "Five Leaves Left" (1969)



"O violão de Nick sempre foi perfeito, sua voz era sempre perfeita".
Joe Boyd, produtor musical

"Existe algo místico sobre Nick Drake, pois ele gravou apenas três discos e não é muito conhecido. Mas há algo mágico em sua música, uma espécie de fragilidade que muitos podem reconhecer".
Paul Weller

"Eu não acho que tencionava ser uma estrela, mas creio que ele sentiu que tinha algo a dizer às pessoas de sua própria geração, que poderia torná-las mais felizes, e ele sentiu que não havia conseguido".
Molly Drake, mãe de Nick Drake

O ano de 1969 é talvez o mais abundante da história da música moderna. Na música clássica e de vanguarda, John Cage, Dimitri Shostakovitch e sir. Maxwell Davies produziam obras referenciais como a “HPSCHD”, “Sinfonia nº 14” e “Vesalii Icones”, respectivamente. No jazz, Miles Davis trazia o duo de discos que abriria as portas para o fusion, “Bitches Brew” e “In A Silent Way”, e Manfred Eicher lançava na Alemanha o revolucionário selo ECM. No Brasil, já exportador da bossa nova, o Tropicalismo erigia seus mais pungentes manifestos ainda hoje em processo de assimilação. Se foi assim para estes gêneros, imagine para o rock! Tudo culminava naquele último ano da efervescente década de 60. A segunda geração do pós-guerra, os baby boomers, deparava-se com a emergência de uma nova sociedade num mundo em transformação, o que se expressava nas artes de maneira avassaladoramente criativa, sendo a música, especialmente o rock, a principal delas.

São deste ano, só para se ter ideia, o Festival de Woodstock, a pintura musical-impressionista “Astral Weeks”, de Van Morrison, os dois primeiros da Led Zeppelin, começo do metal/hard rock, o grito da denúncia Black Power “Stand!”, da Sly & Family Stone, a paulada inicial do punk da MC5 e da The Stooges e a perfeição do “canto do cisne” beatle, “Abbey Road”. Mais do que os dois anos anteriores, também fartos, a sensação que se tinha em 1969 era a de que se findava um ciclo sem acabá-lo. Talvez por isso a angústia gerada em artistas e músicos em simbolizá-lo, em registrá-lo, em guardá-lo para a posteridade. Uma dessas mentes impactadas pelo contexto sociocultural da época é o cantor e compositor britânico-birmanês Nick Drake. É dele um dos históricos trabalhos cunhados naquele fatídico 1969 e que está completando 50 anos de lançamento: “Five Leaves Left”.

Capaz de unir a postura transgressora do rock com a tradição dos trovadores medievais, Drake traz em seu folk uma poesia ora arcadista ora romântica. Isso aliado a uma sonoridade altamente expressiva e penetrante, reforçado por um canto sóbrio, na medida exata. Tudo numa atmosfera cult que nem Dylan e nem Donovan conseguiram atingir. Ainda, bom gosto absoluto nos arranjos de Harry Robinson e Robert Kirby, os quais, sintonizados com os gostos de Drake, traziam como referência a atmosfera vanguardista da Velvet Underground, o barroco da Beach Boys de “Pet Sounds” e o primor melódico dos mestres do folk e do blues.

Clássica sessão de fotos de Keith Morris em 1969
mostra o alto e elegante Drake
O clima sombrio e peculiar da música de Drake era fruto do gênio de um jovem alto, elegante e bonito, porém tímido e antissociável. Em contrapartida, absolutamente inventivo e capaz. Além de praticar vários esportes na adolescência, desde cedo mostrava habilidades musicais. Tocava clarinete, saxofone, piano e, com muita desenvoltura, o violão, seu instrumento-base. É do pinho que Drake tira preciosidades como “Time Has Told Me”, cuja combinação com a guitarra folk abre “Five...” numa declaração bastante confessional e sobre a passagem do tempo, tema recorrente na obra do músico: “O tempo me disse/ Você é um achado raro/ Uma cura problemática/ Para uma mente problemática”. Das mais lindas canções daquele ano – talvez da década de 60, como uma “Blackbird”, "Blowin' in the Wind" ou “Little Wing”  – “River Man” é tão melancólica e potente, que parece o escorrer de uma lágrima mansa. As cordas intensificam o sentimentalismo dos versos entoados com rara candura sobre uma sofrida personagem Betty: “Estou indo ver o homem do rio/ Indo dizer a ele tudo que eu puder/ Sobre o plano/ Pra quando desabrocharem as violetas”.

Outra de “beleza sombria e arrepiante”, como classificou o crítico musical Richie Unterberger,  vem na sequência. É “Three Hours”, um country de ares dark cujo baixo acústico mantém um tom grave enquanto o violão dedilha um riff variante, quase improvisado. As cordas orquestradas por Kirby carregam na intensidade para fazer cama à voz seca e contida de Drake, lembrando temas como “She’s Leaving Home”, dos Beatles, e aquilo que Morrissey repetiria quase duas décadas mais tarde com a igualmente arrebatada “Angel, Angel, Down We Go Together” – inclusive no final repentino.

A habilidade de criar afinações diferenciadas para o violão aparecem muito claramente em “Way To Blue”, outra cortante, e o country-rock “'Cello Song”, que tem um acompanhamento interessantíssimo de congas e, como o título indica, de um violoncelo. “The Thoughts Of Mary Jane” é, assim como “River...”, mais uma canção introspectiva que versa sobre um alter ego feminino: “Quem pode saber/ Os pensamentos de Mary Jane/ Porque ela voa/ Ou vai lá pra chuva/ Onde ela esteve/ E quem ela viu/ Na sua jornada para as estrelas”.

“Man In A Shed”, um blues “piano bar”, é cantado tão delicadamente que a voz quase se dissolve em meio ao som dos instrumentos, cujo arranjo privilegia, com muito bom gosto e economia, apenas o piano, um baixo acústico e o violão de Drake. Não dá pra dizer que seja alegre, mas é com certeza a mais animada do disco, com o arejamento jazzístico que outro contemporâneo de Drake, Tim Buckey, também apresentaria naquele mesmo ano em “Happy Sad”.

A fossa retorna, no entanto, com mais uma balada sangrenta: “Fruit Tree”. Novamente autobiográfica, como o tema de abertura, de certa forma prevê a trajetória curta que o homem/artista Nick Drake teria: “Fama é uma árvore frutífera/ Tão estática/ Que pode nunca florescer/ Até que os ramos encontrem o chão/ Alguns homens de renome/ Podem nunca encontrar um caminho/ Até que o tempo voe/ Além do dia de sua morte”. Mais uma vez o arranjo de Kirby dá cores especiais à composição sem competir com o violão cristalino de Drake, intenção esta obtida pelo produtor Joe Boyd: “Quando você ouve os álbuns dele uma das coisas que são extraordinárias é o violão, porque soa tão limpo e forte, e todas as notas são equilibradas. É muito raro isso, pois é muito complicado".

Um final digno para um disco sem ressalvas, “Saturday Sun”, a única do disco com bateria – cuja leves batidas ainda têm o acompanhamento de um elegante vibrafone –, traz em sua poesia novamente a questão do tempo emocional e a relação de seu autor com o mundo externo, revelando os elementos naturais quase como personagens: “O sol de sábado/ veio cedo em uma manhã/ Em um céu tão limpo e azul/ O sol de sábado/ veio sem aviso/ Então ninguém soube o que fazer “. E, pessimista, conclui, sua única maneira possível: “E o sol de sábado/ Se tornou a chuva de domingo/ Então o domingo cobriu o sol de sábado/ No sol de sábado/ E entristeceu-se por um dia que se foi”. De arrepiar.

Depois dessas dez obras-primas escritas para “Five...”, Drake se reclusaria cada vez mais e registaria apenas outras 21 canções, as quais compõem os discos “Bryter Layter”, de um ano depois, e "Pink Moon", de 1971. Apenas três álbuns, que, com o tempo, entraram para a história, visto que todos figuram entre os 500 Discos de Todos os Tempos da Rolling Stone, mesma consideração dada pelo livro “1001 Albums You Must Hear Before You Die”, do jornalista Robert Dimery. Que o digam Robert Smith, Paul Weller, Peter Buck, David Silvian e Renato Russo, fãs que o reverenciam e justificam a essencialidade de 100% de sua obra. A morte prematura, em 1974, aos 26 anos, por overdose, não impediu que, ao contrário dos próprios versos pessimistas, Drake se transformasse em um “homem de renome”. Desconfia-se, contudo, que tenha, na verdade, cometido suicídio - ou, talvez ainda pior, não tenha se importado em perder a vida. Como um tardio poeta romântico, o sensível e deslocado Drake morria antes do tempo para que sua obra fosse reconhecida. Fatídico, mas tragicamente procedente. Como o próprio ano de 1969: uma incompletude que não tem o que tirar nem por.

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FAIXAS:
1. Time Has Told Me - 3:56
2. River Man - 4:28
3. Three Hours - 6:01
4. Day Is Done - 2:22
5. Way To Blue - 3:05
6. 'Cello Song - 3:58
7. The Thoughts Of Mary Jane - 3:12
8. Man In A Shed - 3:49
9. Fruit Tree - 4:42
10. Saturday Sun - 4:00
Todas as composições de autoria de Nick Drake

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OUÇA O DISCO:

Daniel Rodrigues

quinta-feira, 20 de junho de 2019

"As Quatro Estações: Legião Urbana", de Mariano Marovatto - coleção O Livro do Disco - ed. Cobogó (2015)




"As Quatro Estações: Legião Urbana" é o mais fraco dos livros da coleção O Livro do Disco dos que li até agora. E olha que li vários. Não é ruim mas, sem dúvida, foi o que, a mim, leitor e fã de música, deixou menos entusiasmado. Apesar do bom trânsito entre os integrantes remanescentes da banda, especialmente com o músico Dado Villa-Lobos, e do acesso a um belo material de fitas disponibilizados pelo guitarrista da Legião Urbana, o livro de Mariano Marovatto não consegue ser muito mais do que uma grande impressão geral sem grande profundidade em nenhum sentido. Não a toa é o que tem menos páginas. Não que isso deva ser determinante. Já li muitos livros extraordinários, de diversos gêneros literários, tão curtos que, pela finura, se duvidaria do tanto que estava contido ali. "É nos menores frascos que estão os melhores perfumes", dizem, não? Não neste caso. No caso deste volume desta sempre ótima coleção literário-musical, o conteúdo parece meramente uma resenha para revista, para o caderno B de um jornal. Tem suas informações, suas curiosidades, é verdade, mas, a rigor, não acrescenta muito mais do que uma mera boa audição do disco. Embora seja inegável que o álbum tenha uma carga espiritual significativa, a abordagem do trabalho de Marovatto parece fixar-se excessivamente no tema, muitas vezes relegando a um segundo plano os elementos mais efetivamente musicais.
No mais, fãs gostarão de conhecer o processo de maturação de "As Quatro Estações", motivações de determinadas letras, alguma coisa do processo criativo de Renato Russo, curiosidades, etc., e é, de certa forma, mais um documento interessante sobre um momento bastante significativo na carreira desta que foi uma das bandas mais importantes da história do rock nacional.
Como eu disse, não é ruim. Mas quanto àquilo que eu costumava afirmar que cada livro que eu lia da coleção O Livro do Disco sempre superava o anterior, desta vez não vale para este.


Cly Reis

quarta-feira, 12 de junho de 2019

Música da Cabeça - Programa #114


BOMBA! Temos uma revelação que vai abalar as estruturas da família brasileira: hackers invadiram o Música da Cabeça e descobriram o que vai rolar no programa de hoje à noite! Quer ter uma ideia deste revelador conteúdo? Então, aí vai: Morcheeba, Dead Kennedy's, Mundo Livre S/A, Kamasi Washington, Renato Russo, Beatles e outras declarações comprometedoras. Para ter acesso à íntegra deste material, só ouvindo o MDC, às 21h, na polêmica Rádio Elétrica. Produção e apresentação: Daniel Rodrigues. Por que aqui a gente vaza mesmo.


Rádio Elétrica:
http://www.radioeletrica.com/

terça-feira, 14 de maio de 2019

Young Marble Giants – “Colossal Youth” (1980)



“Lá vem os jovens gigantes de mármore/
Trazendo anzóis na palma da mão.”
Renato Russo
da música “L’Age D’Or”, 
da Legião Urbana, de 1992

A história do rock é escrita por linhas tortas. Aliás, não poderia ser diferente em se tratando do gênero mais subversivo da história da arte musical. Seria superficial traçar um caminho direto que fosse de Berry-Elvis nos anos 50, Beatles-Stones-Velvet-Floyd nos 60, Led-Sabbath-Bowie-Pistols nos 70 e U2-Prince-Madonna-Metallica nos 80, chegando aos 90 da Nirvana-Beck-Radiohead. Às vezes, trabalhos distintos surgem para riscar um traço transversal no mapa do rock, demarcando algo novo e que se incluirá nessa linha evolutiva, influenciando artistas que virão dali para frente. Ou o que mais seria a Can, intersecção entre a psicodelia dos anos 60 e o krautcock alemão, que alimentaria as cabeças da galera da britpop dos 90? Ou Grace Jones, que, no início dos 80, se pôs entre o reggae jamaicano e a new wave para apontar rumos ao pop que viria logo em seguida?

Um desses acidentes altamente influentes na trajetória rock é a Young Marble Giants, trio indie galês que, com um único disco, “Colossal Youth”, lançado pelo icônico selo Rough Trade, em 1980, foi capaz de abrir caminho para toda uma geração influenciada pelos acordes básicos do punk mas, naquele início de década, já desejosa de uma maior leveza pop – a qual os punks, definitivamente, não entregavam em seu grito de protesto. Era o chamado pós-punk, subgênero a que a YMG é considerada precursora. Motivos para esse apontamento existem, haja vista as marcas que a música da banda deixou em ícones como R.E.M., 10.000 Maniacs, Everything But the Girl, Nirvana, Massive Attack, Air e MGMT.

E o mais legal: a YMG fez tudo isso se valendo do mínimo. O som é calcado em um riff de guitarra, base de baixo, teclados econômicos, leve percussão eletrônica e voz. Dito assim parece simplório. Mas aí é que começam as particularidades da banda. Não se trata de apenas uma voz, mas sim o belo canto de Alison Statton em inspiradíssimas melodias vocais. Os riffs, geralmente tirados da guitarra ou dos teclados de Stuart Moxham, cabeça do grupo, são bastante inventivos. Curtos, mas inteligentes, certeiros. As bases de baixo do irmão de Stuart, Phillip, seguem a linha minimalista assim como as programações rítmicas, as quais cumprem sempre um papel essencial em termos de harmonia e texturas.

"Searching for Mr. Right", que abre “Colossal...”, de cara apresenta isso: um reggae estilizado em que baixo e guitarra funcionam em complemento fazendo a cama para um vocal doce e cantarolável. Já o country rock "Include Me Out" lembra o som que outra banda britânica da Rough Trade faria alguns anos deli e se tornaria famosa: uma tal de The Smiths.

O estilo sóbrio e produzido com exatidão dá ao som da YMG uma aura de art rock, lembrando o minimalismo da The Residents mas sem o tom sombrio ou da Throbbing Gristle sem a dureza do industrial rock. Pelo contrário: a sonoridade é delicada e lírica. Até mesmo quando namoram com a dissonância, como em “The Man Amplifier” e na ótima “Wurlitzer Jukebox”, a intenção soa melodiosa.

A lista de fãs da YMG impressiona pela quantidade de ilustres. Kurt Cobain e Courtney Love, especialmente, teceram os maiores elogios aos galeses, revelando o quanto os influenciaram. ”Music for Evenings" e “Constantly Changing” deixam isso bem claro no estilo de compor, tanto no riff da guitarra, na função contrapositiva do baixo e na melodia de voz. Mas a que deixa a reverência do casal Cobain/Love mais evidente é "Credit in the Straight World", das melhores do disco e que traz todas as características do que tanto Nirvana quanto Hole produziriam anos mais tarde. Tanto é que a Hole fez-lhe uma versão em 1994, no seu exitoso disco de estreia “Live Through This”. Se o Pixies é “a banda que inventou o Nirvana”, "Credit...”, da YMG, pode ser considerada a música que cumpriu esse papel gerativo da principal banda do grunge.

A influência da YMG, no entanto, não termina aí. Percebem-se em outras faixas de “Colossal...” o quanto previram tendências do rock, que se revelariam somente mais adiante. As instrumentais “The Tax” e “Wind in the Rigging” lembram o gothic punk minimalista que Steve Severin e Robert Smith fariam no icônico “Blue Sunshine”, de três anos depois (assim como “Colossal...”, o único disco da The Glove); “Choci loni” e “N.I.T.A.” antecipam ideias da Cocteau Twins de “Treasure”, de 1984, e da Air de “Moon Safari”, de 1998; "Eating Noddemix" é tudo que a Frente!, banda dos anos 90, queria ter feito; “Violet”, maior sucesso da Hole, poderia ser denunciada como plágio de "Brand - New - Life"; e até mesmo no Brasil a bossa nova pós-punk da Fellini traz muito da construção melódica da YMG.

A considerar o hermetismo de P.I.L, Joy Division e The Pop Group, a pegada avant-garde de Polyrock e Gang of Four, a guinada para o reggae/ska da segunda fase The Clash ou a preferência synth de Suicide e New Order, a YMG pode ser considerada, sim, a precursora do pós-punk tal como este gênero ficou conhecido. Eles conseguiram unir todas essas forças sonoras advindas com o punk e a new wave e sintetizá-las de forma concisa e pop. Como que com “anzóis na palma da mão” muito bem arremessados, os“Jovens Gigantes de Mármore” lançaram ao longe as linhas que fariam içar uma série de outros organismos vivos do rock nas décadas subsequentes, marcando, com sua simplicidade e criatividade, o pop-rock até hoje. Linhas estas, aliás, tortas, evidentemente.

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FAIXAS:
1.    "Searching for Mr. Right" – 3:03
2.    "Include Me Out" – 2:01
3.    "The Taxi" – 2:07
4.    "Eating Noddemix" (Phillip Moxham/ Alison Statton) – 2:04
5.    "Constantly Changing" – 2:04
6.    "N.I.T.A." – 3:31
7.    "Colossal Youth" – 1:54
8.    "Music for Evenings" – 3:02
9.    "The Man Amplifier" – 3:15
10.  "Choci Loni" (Moxham/ Moxham) – 2:37
11.  "Wurlitzer Jukebox" – 2:45
12.  "Salad Days" (Moxham/ Statton) – 2:01
13.  "Credit in the Straight World" – 2:29
14.  "Brand - New - Life" – 2:55
15.  "Wind in the Rigging" – 2:25
Todas as músicas de autoria de Stuart Moxham, exceto indicadas.

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OUÇA O DISCO:


Daniel Rodrigues

sábado, 9 de junho de 2018

O Rappa - "Rappa Mundi" (1996)





"O futebol faz parte da cultura nacional não é à toa. 
É um esporte que representa pra caramba
a maneira que a gente vive.
O que é?
Você driblando as atrocidades,
as condições impróprias que a gente tem."
Falcão, vocalista



O rock nacional dos anos 80 já começava a dar sinais de desgaste. Cazuza já tinha morrido, Renato Russo agonizava em público e sua doença refletia nos discos da Legião, Lobão começava a perder o rumo, os Titãs perdiam integrantes e a identidade, os Engenheiros se afastavam do grande público e, só os Paralamas, mesmo com discos um tanto irregulares, tenham conseguido sustentar o sucesso comercial e o interesse do público. Nesse ínterim, naquele início de anos 90, um bom time de novas bandas nacionais começava a dar as caras vindas de diferentes lugares do Brasil e trazendo sonoridades e propostas interessantes: os calangos do Raimundos e seu hardcore irreverente e desbocado; os mineiros do Pato Fu com seu bom humor e criatividade; o pessoal do Skank, também de Minas, apresentando com um pop gostoso e contagiante; também das Gerais o Jota Quest com seu pop-soul, estes já um pouco mais apelativos comercialmente; os recifenses do Mangue-Beat misturando sons regionais com peso e tecnologia; e no Rio, O Rappa, um pessoal que fundia reggae, com hip-hop, com soul, com MPB, utilizando-se de peso de guitarras distorcidas e elementos eletrônicos como samples e batidas programadas. A banda já havia aparecido bem com seu álbum de estreia, de mesmo nome, de 1994, chamando atenção, além da sonoridade, pelas ótimas letras com abordagens de questões sociais de forma lúcida e consciente, veio a conquistar definitivamente público e crítica com seu segundo álbum, "Rappa Mundi" de 1996.
Produzido pelo mestre dos estúdios no Brasil, Liminha, "Rappa Mundi" teve uma série de grandes sucessos com suas faixas sendo executadas incansavelmente nas rádios e na MTV. Contando com as letras sempre críticas e engajadas do então baterista Marcelo Yuka e com o vocal poderoso e versátil do carismático vocalista Falcão, a banda discorria sobre temas como drogas, violência urbana, trabalho infantil, religião, racismo e pobreza, das formas mais criativas, desde a maneira mais incisiva à mais bem-humorada.
Em "A Feira", por exemplo, faixa que abre o disco, num raggae-pop descontraído e embalado, falam sobre a venda de "substâncias ilícitas" e a facilidade de se encontrar os produtos em qualquer esquina; em "Miséria S.A." Falcão interpreta como se recitasse um texto decorado a criativa letra do cantor e compositor Pedro Luís, que imita aqueles bilhetinhos que pedintes entregam aos passageiros nos ônibus, escancarando a realidade da pobreza no Brasil e as situações a que se sujeitam homens, mulheres e muitas vezes crianças; "Vapor Barato", clássico multi-regravado da música brasileira, ganha uma versão competentíssima, mais embalada e de interpretação marcante de Marcelo Falcão, incluindo-se entre as grandes versões que a canção de Waly Salomão e Jards Macalé já recebeu. "Ilê Ayê", conhecida na voz de Gilberto Gil no álbum "Refavela", vai perfeitamente ao encontro do discurso e da proposta dO Rappa e com uma pegada mais elétrica e vibrante, é outra cover que não decepciona. Assim como "Hey Joe", outra versão, esta da canção imortalizada por Jimi Hendrix, que, embora não tenha o brilho daquela do gênio da guitarra, garante uma boa releitura em português e completamente carregada no reggae.
Grande sucesso, a inspiradora "Pescador de Ilusões" é aquele trunfo radiofônico perfeito; "Uma Ajuda" juntamente com "Lei da Sobrevivência" talvez sejam as menos empolgantes do disco; já "O Homem Bomba" e "Tumulto", por sua vez são incendiárias, ambas abordando a indignação do home  comum, do cidadão tão desrespeitado no dia a dia. "Tumulto", em especial, muito a calhar, fala sobre manifestações populares, povo, não o povo da Paulista, mas o povo de comunidades, indo à rua por justiça, por igualdade, por necessidades básicas ou por conta da violência cotidiana. Mais uma porrada dO Raapa!
Altamente ligados a futebol, torcedores e frequentadores de estádios, tendo inclusive participado da coletânea de hinos de clubes brasileiros, da revista Placar, gravando o hino do Flamengo, o esporte, que segundo eles mesmos tem tudo a ver com a música e com a vida do brasileiro, aparece em vários momentos no disco. A ótima "Eu Não Sei Mentir Direito", por exemplo, começa com os versos "No país do futebol/ Eu nunca joguei bem..." revelando alguém que, numa terra de onda a malandragem é a lei, não consegue se adaptar à conduta dominante enraizada na cultura do brasileiro; "O Homem Bomba", fala em "tocar bumbo na garganta do Maracanã"; "Óia o Rappa", música que fecha o disco e que também fala sobre o jeito do cidadão se virar, refere-se a "pênalti" quando a situação fica crítica numa batida da polícia num negócio informal um tanto suspeito. Mas é em "Eu Quero Ver Gol" que a verve futebolística fica totalmente exposta retratando a realidade de um torcedor que enfrenta os perrengues do dia a dia, dá duro durante a manhã na praia, mas que não quer perder de jeito nenhum o jogo do fim da tarde e, mais do que qualquer coisa, ver seu time ganhar ("Tô no rango desdas duas e a lombra bateu/ O jogo é as cinco e eu sou mais o meu/ Tô com a geral no bolso, garanti meu lugar/ Vou torcer, vou xingar pro meu time ganhar"). A versão do especial acústico gravado para a MTV, que posteriormente viraria CD e DVD, gravada em 2005 é ainda mais "boleira" e tem mencionados, em seu final, os nomes de vários jogadores da Seleção Brasileira que estavam prestes a disputar a Copa de 2006, num final apoteótico para aquela apresentação.
Depois de "Rappa Mundi" a banda ainda apresentaria o bom "Lado B, Lado A" mas após um incidente urbano em 2001, infelizmente cada vez mais familiar a todos nós, uma tentativa de assalto que vira a deixar Marcelo Yuka, baterista e principal compositor da banda paraplégico, O Rappa, com sua saída, perdia bastante em qualidade de letras e criatividade mostrando-se irregular e inconsistente, embora ainda conseguisse sustentar um relativo sucesso comercial. Mas "Rappa Mundi" com toda sua atitude, gingado, irreverência e sonoridade já havia garantido o nome dO Rappa em destaque entre os grandes discos da música brasileira e por extensão, para nós, na galeria dos ÁLBUNS FUNDAMENTAIS do ClyBlog.
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FAIXAS:
1. "A Feira" - Marcelo Yuka (3:59)
2. "Miséria S.A." - Pedro Luís (4:01)
3. "Vapor Barato" - Waly Salomão, Jards Macalé 4:23)
4. "Ilê Ayê" - Paulinho Camafeu (3:50)
5. "Hey Joe" (participação de Marcelo D2)  - Bill Roberts, versão: Ivo Meirelles, Marcelo Yuka (4:25)
6. "Pescador de Ilusões" -  Marcelo Yuka (4:29)
7. "Uma Ajuda" - Marcelo Yuka (4:29)
8. "Eu Quero Ver Gol" - Falcão, Xandão (3:41)
9. "Eu Não Sei Mentir Direito" -  Marcelo Yuka 4:03
10. "O Homem Bomba" - Marcelo Yuka (3:14)
11. "Tumulto" - Marcelo Yuka (3:14)
12. "Lei Da Sobrevivência (Palha de Cana)" - Falcão (3:05)
13. "Óia O Rapa" - Lenine, Sérgio Natureza (6:00)

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Ouça:
O Rappa - Rappa Mundi


Cly Reis

sexta-feira, 25 de maio de 2018

Copa do Mundo Madonna

Quem foi que disse que Copa é coisa só pra marmanjo? Depois de certames futebolístico-musicais envolvendo Robert Smith e sua turma, os legionários de Renato Russo, os quatro rapazes de Liverpool e, mais recentemente a dupla de ataque Morrissey e Marr, uma representante feminina  vem pra desbancar esses cuecas. E para tal tarefa não poderia ser qualquer uma, então, assim sendo, nada melhor do que a Rainha do Pop, Madonna para tematizar a próxima Copa do Mundo Rock do ClyBlog.
A coisa vai correr no mesmo formato dos torneios anteriores: 64 músicas entram inicialmente e metade vão sendo eliminadas a cada fase pelos nossos especialistas que irão pôr em prática todo seu conhecimento madonnístico e exibir seus precisos comentários futebolísticos. Nosso time está escalado com o nosso tradicional colaborador, José Júnior; com a amiga Iris Borges e seus tradicionais comentários implacáveis, e com os titulares da casa, Daniel Rodrigues e Cly Reis.
Pois então, preparem-se porque vai começar mais um emocionante e disputadíssimo campeonato. Serão 5 fases até que seja conhecida a Rainha das Canções da Rainha do Pop e até lá, é só jogão.
Times nos vestiários, a torcida aguarda, vão entrar em campo os maiores sucessos de Madonna.



C.R.

terça-feira, 6 de junho de 2017

Tributo à Legião Urbana: Guilherme Lemos e Os Filhos da Revolução - Bar La Esquina - Rio de Janeiro/RJ (02/06/2017)




Guilherme Lemos em momento
completamente entregue
à interpretação.
Eu não vou parabenizar Guilherme Lemos e sua banda, Os Filhos da Revolução, pelo show da última sexta-feira, 02/06, no Bar La Esquina, eu gostaria de agradecer pelo show. Agradecer pelo fato de terem me feito sentir novamente a energia de um show da Legião Urbana. Não, não era a Legião, não era Renato Russo à frente da banda, mas penso que poucos artistas poderiam demonstrar tamanha vivacidade como o fizeram Guilherme Lemos e banda.
Guilherme é um representante legítimo dessa religião chamada Legião Urbana. Com seu domínio de palco, de repertório, carisma e  ele transporta-nos para o universo legionário sem muito esforço. Sua aparência física ajuda, é claro, mas o que seria de sua semelhança com Renato se não houvesse nenhum talento ou competência? Não é porque estamos VENDO Renato Russo, é porque o estamos SENTINDO.
Para que se tenha ideia da atmosfera que a banda consegue transmitir, eu, homem feito, cheguei a ficar  emocionado em diversos momentos, em parte pelo repertório sempre muito tocante, mas muito também por conta das interpretações contagiantes que o cantor imprimia às canções.
Um desses momentos mágicos foi na longa mas nunca cansativa "Faroeste Caboclo". A saga de João de Santo Cristo com suas alternâncias de ritmos e intensidades foi cantada verso por verso por toda a plateia numa apresentação nada menos que sensacional.
Guilherme e sua turma conseguiram fazer de "Love Song (Cantiga de Amor)", mais do que meramente um apêndice de "Metal Contra as Nuvens" dando a ela vida própria; e à apenas mediana "Dezesseis", dar mais vivacidade compensando um pouco suas carências. "A Dança", por sua vez, foi absolutamente vibrante, intensa; e "Química", no trecho punk final do show, foi visceral, ocasionando uma pequena festa headbanger na pista do La Esquina.
"Pais e Filhos" teve mantida intacta a emoção que era passada por Renato Russo no palco e ainda teve, assim como nas apresentações dos rapazes de Brasília, o medley com "Stand By Me", por sinal, não menos arrepiante.
 O show teve lá seus problemas técnicos, falhas de microfones, retornos, pedaleiras, mas nada que uma banda tarimbada  como é, não conseguisse tirar de letra  com muito jogo de cintura. Sinceramente, só me desagradou um pouco o fato de Guilherme Lemos dedicar parte do show a uma transmissão via celular para uma pessoal em outra cidade, em Santa Catarina. Foram duas músicas com o celular na mão dando mais atenção a quem estava do outro lado do que para o público à sua frente, mas dá para relevar por tudo que foi o show em si, ali na nossa frente.
Já havia sido convidado pela produtora e esposa do cantor, Patrícia Ferreira, algumas vezes e por circunstâncias diversas não havia conseguido ir a um show deles. Felizmente desta vez tive a oportunidade de vê-los e pude comprovar o porquê da reputação de Guilherme Lemos como o melhor cover de Renato Russo no Brasil, apoiado por uma banda competentíssima e extremamente profissional.
Obrigado à amiga Patrícia pelo convite e a Guilherme Lemos e Os Filhos da Revolução por me fazerem reviver a sensação de assistir a um show da Legião Urbana. Tenho a impressão que todas aquelas pessoas vibrando diante do palco se sentiram um pouco gratos também.



abaixo algumas imagens da noite:


Guilherme em ação no palco com sua competentíssima banda.

E que tal esse setlist?

O blogueiro com a produtora e esposa do cantor, Patrícia Ferreira.

Tietagem no camarim com o grande Guilherme Lemos.


Cly Reis


sábado, 21 de janeiro de 2017

ARQUIVO DE VIAGEM - Brasília /DF - 06/01/2016 a 13/01/2016



"Dizia ele
'Estou indo pra Brasília,
nesse país lugar melhor não há' ".



O verso do "Faroeste Caboclo" da Legião Urbana, pode não ser totalmente verdadeiro uma vez que há lugares mais aconchegantes, mais calorosos, de belezas naturais mais deslumbrantes mas não há como negar que Brasília é uma das obras mais notáveis criadas pelo homem. Uma verdadeira escultura interativa em escala real moldada em meio ao cerrado brasileiro que se não soubéssemos que fora construída poder-se-ia jurar que aqueles prédios brotaram do chão naquele lugar. O corajoso e visionário empreendimento de JK, materializado pelo traçado de Lúcio Costa e pelas linhas ousadas e artísticas de Oscar Niemeyer não a toa é Patrimônio da Humanidade. É absolutamente encantador ir desvendando o plano e entendendo-o à medida que circula-se na cidade. Há críticas, é verdade, até dos próprios habitantes; há problemas urbanos, eu sei; há distorções do projeto original, é verdade; mas para um arquiteto, só o fato de percorrer uma cidade planejada (e que funciona), já é uma enorme experiência e o melhor aprendizado de urbanismo que se possa ter mesmo que seja para a partir de seu projeto repensar soluções urbanas.
Mas além do plano, do traçado, dos palácios, a capital federal tem outros atrativos como o Parque da Cidade é uma ótima opção de lazer para a família com áreas de recreação, esporte, estar e convívio; o Parque Nacional, na Asa Norte, dentro de uma reserva ambiental com muito verde e com uma concorrida piscina natural; as lojas de discos e camisetas no CONIC, prédio "gêmeo" e rebatido do Shopping Conjunto Nacional, que apesar do mau aspecto, bem menos conservado que seu irmão espelhado do outro lado do Eixo, guarda verdadeiros tesouros em vinil; tem o simpático Lago Paranoá com belas vistas ao longo de sua extensão e áreas de circulação e lazer, além das boas opções de gastronomia no Pontão; e a propósito de comidas, tem ainda os ótimos restaurantes e barzinhos nas áreas comerciais da super-quadras.
Outro programa que vale muito é a visitação dos palácios que se não bastassem já serem obras de arte em grande escala ainda guardam grandes produções das artes plásticas especialmente de artistas brasileiros.
Fica um certo ódio ao percorrer, ali, o centro do poder sabendo de toda a lama que corre por trás daquelas paredes, dentro daqueles gabinetes, mas se o visitante não se deixar afetar de forma preponderante por esta sensação, se segurar a raiva e souber admirar o que é bonito e positivo em Brasília, certamente terá uma passagem agradável. Brasilia certamente é um lugar que merece ser visitado.

O BÁSICO E FUNDAMENTAL EM BRASÍLIA
O Congresso é visita obrigatória.
Bom, né, não tem como ir a Brasilia e não visitar o centro administrativo, o eixo monumental, o centro do poder. A ordenada Esplanada de Ministérios, a formosa Catedral com seus belos vitrais, o belíssimo Museu Nacional com suas linhas audaciosamente arredondadas, e, é claro, os prédios dos três poderes com sua arquitetura moderna e ousada. Ah, detalhe! Vale a pena conhecer o interior dos palácios que além de revelar mais da arquitetura genial de Niemeyer, tem grandes obras de arte de artistas brasileiros. O Planalto, o Itamaraty e o congresso Nacional tem visitações que podem ser agendadas. Legal também é ir mais adiante no eixo monumental e ir até a torre de TV de onde pode-se ver a cidade inteira e tirar ótimas fotos.




COMER EM BRASÍLIA
O Pontão tem excelentes opções
gastronômicas.
Olha, me surpreendi com a qualidade dos restaurantes em Brasília! Comi bem em todos os lugares em que estive, desde barzinhos mais básicos, até restaurantes um pouco mais sofisticados. É bem verdade que só comi na Sa Sul, onde estava hospedado, mas não tenho dúvidas de que no outro extremo não teria sido diferente. Destaque para o ótimo Dona Lenha com suas ótimas carnes e seus deliciosos temperos, para o bar Buteko e seus petiscos saborosos e muito bem servidos, ambos nas Quadras, e para o Sallva no Pontão do Lago Sul que além de um cardápio de muito bom gosto tem ótimo atendimento e de quebra uma bela vista para o Lago Paranoá.





COMPRINHAS E AFINS
O CONIC é o point!
Além das muitas opções de shopping centers, Brasilia oferece feirinhas de artesanato como a da Torre de TV com artigos variados de artesanato, as lojinhas dos museus com artigos personalizados e temáticos, e muitas galrias de arte espalhadas por todo o Plano. Mas o grande barato mesmo para o pessoal mais alternativo como eu que quer fugir do convencional, mais interessado por discos, camisetas, games e quadrinhos, é o CONIC, um complexo comercial com má aparência devido a um certo abandono mas que revela-se, ao contrário do que pode-se imaginar, não só totalmente seguro como absolutamente interessante. Ótimas opções em vinil com preços e estilos variados, artigos para colecionadores e amantes de HQ's e lojas de camisetas com estampas muito transadas. Destaque para a Atlântida Discos com muitos títulos em vinil, para a Berlim Discos com mais CD's que LP's; e para a excelente loja de camisetas do Natinho onde além de comprar belas camisetas com estampas feitas por ele mesmo, tive um agradável papo sobre música, literatura e cinema.



PLAYLIST
Minha cabeça é muito musical e estou sempre pensando em alguma música e situações, lugares, frases, pessoas, acabem sempre acionando aquele PLAY automático no cérebro. Nessa viagem não foi diferente, e diga-se de passagem, Brasília é um prato cheio para a memória musical de um cara como eu. Assim, aí vão algumas das músicas que acabavam sempre aparecendo, ligando, acendendo na mente diante de várias situações e por diversos motivos na capital do Distrito Federal.

1. FAROESTE CABOCLO - Legião Urbana
Legião Urbana
Mais do que qualquer outra canção, a saga de João de Santo Cristo suscita diversas "memórias" plantadas pela cinematográfica letra de Renato Russo. Desde a perspectiva da chegada à Capital com o sonho de uma vida melhor, passando por Taguatinga, Asa Norte, Planaltina, até chegar ao fatídico duelo final na Ceilândia, "Faroeste Caboclo", o quilométrico e improvável sucesso da Legião talvez seja a imagem musical mais inspiradora de Brasília. E tudo aquilo pra que? Só pra falar com o Presidente pra ajudar toda essa gente que só faz sofrer.

OUÇA: Legião Urbana - "Faroeste Caboclo"




2. BRASÍLIA - Plebe Rude
O concreto já rachou?
Ah, o riff inicial volta e meia retinia em meu ouvido mental. "Brasília" da Plebe Rude está presente a todo momento e em todo lugar: "Capital da esperança, asas e eixos do Brasil"; "Brasília tem centos comerciais, muitos porteiros e pessoas normais"; "A morte traz vida e as baratas se arrastam". Com uma abordagem mais amarga, mais angustiante e pessimista, ela afirma figurativamente que o concreto da cidade já teria rachado, ou seja que o sonho de cidade ideal já teria desmoronado há muito tempo.

OUÇA: Plebe Rude - "Brasília"




A Asa Norte do Plano Piloto
3. UM TELEFONE É MUITO POUCO - Léo Jaime
Essa não é das melhores, sei, mas não conseguia deixar de pensar nela cada vez que ia em direção à Asa Norte. "E ele foge para a Asa Norte tropeçando em ratos que saem do esgoto". E eu tinha esse disco, hein.

OUÇA: Léo Jaime - "Um Telefone é Muito Pouco"






4. FLOR DO CERRADO - Gal Costa
A flor do cerrado
Lembrei dessa inicialmente quando vi a belíssima peça em ouro de mesmo nome em exposição no Palácio do Planalto, mas depois não deixava mais de pensar nela sempre que me deparava com a espécie propriamente dita espalhada por boa parte da vegetação de Brasília, especialmente no Parque Nacional. Não conhece uma? Bom... "Da próxima vez que eu for a Brasilia eu trago uma flor do cerrado pra você".


OUÇA: Gal Costa - "Flor do Cerrado"




Hino das Diretas Já.
5. CORAÇÃO DE ESTUDANTE - Milton Nascimento
Impossível não lembrar dessa ao visitar o Memorial Tancredo Neves, localizado atrás da Praça dos Três Poderes. Um passeio pela trajetória do homem que representou esperança para o Brasil logo após o fim da ditadura militar e que morreu antes de assumir a presidência. Os comícios, as "Diretas Já", a eleição indireta, a internação e a morte são destacadas no belíssimo espaço projetado por Oscar Niemeyer e que tem trechos da canção de Milton Nascimento escritos nas paredes.

OUÇA: Milton Nascimento - "Coração de Estudante"





Nossa Senhora do Cerrado
nos proteja.
6. TRAVESSIA DO EIXÃO - Legião Urbana
Mais uma da Legião que talvez tenha sido a banda que malhor retratou e mais mencionou a cidade em suas músicas. Cada vez que pegava o Eixo Rodoviário lembrava dessa. Ah, a propósito, nem tentei atravessá-lo a pé.

OUÇA: Legião Urbana - "Travessia do Eixão"





Tema do filme
"República dos Assassinos"
7. NÃO SONHO MAIS - Chico Buarque
Essa não tem a ver diretamente com Brasília mas a menção aos candangos, denominação atribuída aos  brasilienses, a trazia à minha mente constantemente. "Meu amor, vi chegando/ um trem de candango/ formando um bando/ mas que era um bando/ de orangotango pra te pegar".


OUÇA: Chico Buarque - "Não Sonho Mais"






Na parede do Memorial.
8. UM ÍNDIO - Caetano Veloso
Lembrei dessa ao visitar o Memorial dos Povos Indígenas, onde inclusive há trechos da letra nas parede logo na entrada.


OUÇA: Caetano Veloso - "Um Índio"







Ótima capa do disco
"Vítimas do Milagre"
9. TÁ COM NADA - Detrito Federal
Essa não é tanto pela música que, embora fale de Nova República, Tancredo e tal, não faz uma menção objetiva à cidade em si. É muito mais pela emblemática capa do álbum da banda, que vem muito a propósito nos dias atuais. Sempre lembrava dela ao visualizar lá ao fundo da Esplanada do Ministérios, o Congresso Nacional.

OUÇA: Detrito Federal - "Tá Com Nada"





JK no alto de
seu Memorial.
10. FILHO ÚNICO, IRMÃO DE TODOS - Moacir Franco
Na verdade não me orgulho muito de ter lembrado dessa mas a visita ao Memorial JK fez com que inevitavelmente ela viesse à minha mente. Ouvia muito essa música, por incrível que pareça, no antigo programa Festa Baile da TVE, apresentado por Agnaldo Rayol, que minha querida vó assitia. De vez em quando Moacir Franco dava as caras por lá e cantava essa. É... A gente não tem muito controle sobre a memória, não é mesmo?

OUÇA: Moacir Franco - "Filho Único, Irmão de Todos"





Abaixo alguns registros fotográficos da capital brasileira:


"Os Guerreiros", ou "Os Candangos"
como também é conhecida a estátua
na Praça dos Três Poderes

Visitamos a Praça dos Três Poderes em dia de troca da bandeira.

Desfile militar e salva de tiros para a bandeira nacional.

Brasília vista "de trás". Fascinate de qualquer ângulo.

O Memorial Tancredo Neves.

O interior do Memorial a Tancredo com o livro de heróis nacionais (abaixo à direita)
e ao fundo um belíssimo painel sobre a Inconfidência Mineira.

O Supremo Tribunal Federal.
Será que essa justiça está sendo mesmo imparcial utlimamente?

A famosa rampa do Palácio do Planalto.

Perfil do Planalto com a bandeira ao fundo.

O interior guarda grande quantidade de obras de arte como esta,
"O Circulo".

Painel de Burle Marx no Salão Oeste.

Também no Planato, "Galhos e Sombras" de Franz Kerjcberg.

A aquitetura já é uma obra de arte no Palácio.

Onde as tramas são feitas.
O Gabinete da Presidência.

A rampa do Planato de dentro para fora
guarnecida pelos Dragões da Independência.

O blogueiro em frente ao Congresso Nacional.

Outro prédio que abriga inúmeras obras de arte´
ao longo de seus corredores, salas e salões.
Aqui o Salão Verde.

A toca dos ladrões, digo,... o plenário da Câmara

Eu no Senado.
Outro antro de... Bom, deixa pra lá.

Vista do Congresso para a Esplanada.


O belíssimo Palácio da Justiça e suas águas.

Outro admirável prédio, o Palácio do Itamaraty.
à sua frente a escultura "Meteroro" de Bruno Giorgi.

Mais uma das muitas obras de arte de Niemeyer,
a escada interna do Itamaraty.

Os jardins do Itamaraty ficaram a cargo de Burle Marx
e dividem espaço com belíssimas obras de arte.

A Biblioteca Nacional.

Mais uma impressionante obra de Oscar Niemeyer,
o Museu Nacional.

Espaço interno do Museu.

A Catedral de Brasília.

Os belíssimos vitrais da artista franco-brasileira Marianne Peretti.

Ainda no Eixo Monumental, mas afastando-se um pouco
temos a Torre de TV que proporciona de seu alto
uma privilegiada vista da cidade.

Vista de parte da Asa Sul com a Ponte Juscelino Kubitschek ao fundo.

Declaração de amor à cidade ao pé da Torre.

Mais adiante, no Eixo, o Memorial das Nações Indígenas.

Mias uma admirável obra de Oscar Niemeyer
com seu percurso circular em declive que chega ao pa´tio central.

O Memorial JK.

Grande acervo, vídeos, fotos e objetos pessoais
do homem que tirou Brasília do papel.

Em frente ao remodelado Estádio Mané Garrincha
com sua imponente colunata.

Afastando-se um pouquinho do centro o belíssimo Palácio da Alvorada.

Vegetação típica de cerrado no Parque Nacional, na Asa Norte.

A piscina de água mineral bombando no Parque Nacional.

Outra atração é o Jardim Zoológico, na Asa Sul.

O lindo tigre albino no Zoo de Brasília.

Área de estar e lazer à beira do lago Paranoá
num píer calçadão na Asa Norte.

E outra ótima opção de lazer e gastronomia à beira das águas
é o Pontão do Lago Sul.

Um dos arcos da imponente
Ponte Juscelino Kubitschek.

Aqui a Ponte JK vista por inteiro.

Bom, eu resolvi botar uma ordem nessa zona
e estou aqui para anunciar que vou assumir essa bagaça.



Cly Reis